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Escoamento em condutos livres Prof.ª Tainara Ramos da Rocha Lins de Brito Rodrigues tainara.rodrigues@ifal.edu.br 1 Aspectos gerais • Um escoamento pode ser classificado, quanto à pressão reinante em: • Forçado pressão maior que a atmosférica; • Livre pressão igual a atmosférica. 2 Aspectos gerais 3 forçado livre Escoamento em condutos livres 4 Escoamento em condutos livres • Há ao menos uma superfície de contato com a atmosfera – Patm. • As condições de contorno não são tão bem definidas como nos condutos forçados variáveis no tempo e no espaço. • A maioria dos escoamentos livres ocorrem: • Em grandes dimensões físicas; • Elevados Re; • Raramente laminares. 5 Escoamento em condutos livres 6 Riacho Pau D’Arco – Avenida Leste Oeste. Rio Reginaldo – ladeira da moenda, entre Feitosa e Pitanguinha. Escoamento em condutos livres 7 Ponte Canal – Delmiro Gouveia – AL. Canal do Sertão – Delmiro Gouveia – AL. Escoamento em condutos livres • O que é um bueiro? “Buraco circular ou quadrado praticado num muro, terreno ou estrada, com tubulação embutida para dar escoamento a águas pluviais, lençóis subterrâneos, riachos, rios etc. 8 Bueiro localizado no Canal do Sertão próximo ao trecho da Ponte Canal – Delmiro Gouveia – AL. Escoamento em condutos livres • Grande variabilidade da rugosidade ao longo do escoamento. • Conta com a presença de deformabilidades extremas na superfície livre do escoamento: • Remansos • Ressalto hídráulico 9 Escoamento em condutos livres 10 Escoamento em condutos livres • Maior variabilidade quanto à forma e à rugosidade das paredes dos condutos livres, quando comparado aos condutos forçados. • Acarretando em uma maior complexidade nas formulações matemáticas relativas aos escoamentos livres. • Apesar disso, usam os mesmos princípios matemáticos básicos: Equação da Continuidade, Equação da Quantidade de Movimento e Conservação de Energia. 11 Escoamento em condutos livres • Equação da Continuidade • Equação da Quantidade de Movimento • Conservação de Energia 12 2211 UAUAQ 1122 UUQR h g U yZ g U yZ 22 2 2 22 2 1 11 y P Escoamento em condutos livres • Representação da linha de energia em condutos forçados. 13 Escoamento em condutos livres • Representação da linha de energia em canais. 14 Parâmetros geométricos e hidráulicos 15 Parâmetros geométricos e hidráulicos B largura superficial y profundidade (fundo à superfície) A seção ou área molhada P perímetro molhado yh A/B profundidade hidráulica Rh A/P raio hidráulico 16 Parâmetros geométricos e hidráulicos • A profundidade y muitas vezes é assimilada a uma altura de escoamento perpendicular ao fundo do canal – h. • Nas condições usuais de declividades reduzidas, pode-se tomar as duas grandezas como equivalentes. 17 Parâmetros geométricos e hidráulicos • O perímetro molhado leva em conta somente a parte em contato com o líquido. 18 Seções com geometrias conhecidas 19 Seções com geometrias conhecidas • Para algumas seções, de forma geométrica definida, os elementos podem ser analiticamente expressos em função de y (profundidade da água). • A figura a seguir mostram as características geométricas fundamentais das seções mais comumente usadas. 20 Seções com geometrias conhecidas 21 Seções com geometrias conhecidas 22 Seções com geometrias conhecidas Seções retangulares e trapezoidais • Comuns em canais abertos. • As trapezoidais algumas vezes são preferidas por não necessitar de estruturas rígidas para estabilizar os taludes. • Podem precisar de mais espaço nas laterais. 23 Seção trapezoidal – Canal do Sertão – AL. Seções com geometrias conhecidas Seções retangulares e trapezoidais • Comuns em canais abertos. • Os retangulares requerem estruturas mais resistentes para estabilização de seus taludes. 24 Seção retangular aproveitando a rocha – Canal do Sertão – AL. Seções com geometrias conhecidas Seções circulares e triangulares • Circulares • Vazões mais reduzidas; redes de esgotamento sanitário e pluvial, bueiros. • Triangulares • Canais de pequenas dimensões; sarjetas rodoviárias e urbanas. 25 Aplicação do conteúdo EXERCÍCIO 1: Calcular o raio hidráulico e a profundidade hidráulica do canal trapezoidal da figura, sabendo-se que a profundidade do fluxo é de 2 m. 26 Seções com geometrias irregulares 27 Seções com geometrias irregulares • Para seções irregulares, como as dos canais naturais, as relações analíticas mostradas anteriormente não podem ser usualmente estabelecidas. • Eventualmente, pode-se tentar ajustar curvas para representar as relações conhecidas, como parábolas, para cursos d’água de pequenas dimensões. 28 Seções com geometrias irregulares • Pode-se supor um conjunto de trapézios, triângulos ou retângulos pequenos o suficiente. 29 Seções com geometrias irregulares • Nos canais naturais de grandes larguras e pequenas profundidades: • Trabalha-se com as chamadas Seções Retangulares Largas. • Supõe-se que a profundidade é desprezível em relação à largura do curso d’água, ou seja, o perímetro molhado pode ser assimilado à largura. 30 ByA BP yRh Seções com geometrias irregulares • Quando a seção do conduto é constante ao longo de toda a sua extensão, diz-se que o canal é prismático. • Os canais e condutos prismáticos são os únicos que nos permitem obter um escoamento uniforme, ou seja, com profundidades constantes ao longo do escoamento, para uma dada vazão. 31 Seções com geometrias irregulares • Tendo em vista que o escoamento livre se processa exclusivamente em função da gravidade, os desníveis desempenham um papel fundamental. • Declividade • Corresponde ao parâmetro característico. • Adimensionais, expressas em “metro por metro” (m/m); • Razão entre o desnível e a distância horizontal; • Também pode aparecer em %, ou seja, uma declividade de 4% corresponde a uma declividade de 0,04 m/m. 32 Variação de pressão 33 Variação de pressão • A variação de pressão é mais importante nos canais livres do que nos condutos forçados. • Nos condutos forçados a pressão é praticamente constante em toda a seção. • Nos casos dos condutos livres, esta consideração não pode ser efetuada, a pressão é função da profundidade. 34 Variação de pressão • Nos escoamentos livres, a diferença de pressões entre a superfície livre e o fundo não pode ser desprezada. • Não havendo interferências devidas à turbulência, a pressão em qualquer ponto da massa líquida é aproximadamente proporcional à profundidade Lei de Stevin. Onde: P: pressão; : peso específico do fluido; h: profundidade do ponto considerado. 35 hP Variação de pressão • As linhas de corrente são retilíneas quando o escoamento ocorre de forma paralela – Escoamento Paralelo. • Esse tipo de fluxo ocorre apenas em situações de escoamento uniforme. • Todavia, para objetivos práticos, pode-se considerar também os escoamentos gradualmente variados como sendo paralelos; assume-se também para estes uma distribuição hidrostática de pressões. 36 Variação de pressão • Nos escoamentos bruscamente variados, quando a curvatura das linhas de corrente no sentido vertical é significativa, caracteriza-se o Escoamento Curvilíneo, ocasionando uma alteração na distribuição hidrostática das pressões. • Em escoamentos curvos, convergentesou divergentes, observa-se a presença de forças inerciais, que correspondem às acelerações tangenciais e normais, que alteram a distribuição hidrostática de pressões. 37 Variação de pressão • Em perfis côncavos, observa-se uma sobrepressão adicional. • Em perfis convexos, constata-se uma redução da pressão hidrostática. 38 PPP ' r U g h P 2 . Variação de pressão • Um outro aspecto que deve ser considerado é o efeito da declividade na distribuição das pressões. • Para canais com declividades, a distribuição de pressões afasta-se da hidrostática relativa a um canal de largura unitária e inclinação θ, em condições de escoamento uniforme. 39 2cos..' yPB Variação de pressão • Esta pressão é denominada pseudo-hidrostática. • Difere da hidrostática apenas pelo fator cos² θ. • Com o aumento da declividade, o fator cos² θ cresce, tornando a diferença mais significativa. 40 Em canais com declividades inferiores a 0,1 m/m, a diferença seria menor do que 1 %, tornando, portanto, realista desprezar-se essa correção no desenvolvimento de cálculos práticos em Hidráulica. Variação de pressão • Pode-se introduzir um critério de declividade para distinguir dois tipos de canais e, consequentemente, as simplificações passíveis de serem consideradas: • Canais com declividade reduzida (I ≤ 10%) distribuição hidrostática de pressões; • Canais com grandes declividades (I > 10%) distribuição pseudo-hidrostática de pressões. 41 Variação de pressão • Distribuição de pressões no escoamento em um vertedor, evidenciando zonas de: • Subpressão (crista) • Sobrepressão (pé) 42 • Distribuição pseudo-hidrostática ao longo da sua calha. Variação de pressão • A subpressão observada na crista pode levar, eventualmente, a valores de pressão efetiva inferiores à atmosfera, conduzindo a problemas de cavitação e consequente desgaste da estrutura. 43 • Da mesma forma, elevados valores de sobrepressão observados no pé do vertedor podem também conduzir à deterioração estrutural. Aplicação do conteúdo EXERCÍCIO 2: Durante uma cheia, um vertedor de altura igual a 8,00 m e largura 5,00 m descarrega uma vazão de 22,00 m³/s. Os raios de curvatura do vertedor nos pontos A e C são, respectivamente, 1,20 m e 4,00 m. A calha (ponto B) tem uma inclinação de 90%. Sabendo-se que no ponto A a lâmina d’água atinge 1,40 m de altura, e nos pontos B e C as velocidades de escoamento são 9,00 m/s e 13,00 m/s, respectivamente, pede-se calcular a pressão hidrostática nestes três pontos. 44 Variação de velocidade 45 Variação de velocidade • Nos condutos livres, a presença de superfícies de atrito distintas, correspondentes às interfaces líquido-parede e líquido-ar, acarreta uma distribuição não uniforme da velocidade nos diversos pontos da seção transversal. 46 Variação de velocidade • Distribuição de velocidades nas seções transversais através das Isótacas (curvas de igual velocidade), em algumas seções usuais artificiais. 47 Variação de velocidade • Em canais naturais, a distribuição de velocidades é mais complexa. • Em canais curvos a distribuição das velocidades é ainda mais complexa. 48 Isótacas observadas no rio Amazonas. Variação de velocidade • De forma geral, no sentido horizontal as velocidades em uma seção vão de valores nulos, junto às margens, a valores máximos nas proximidades do centro do escoamento. • Já em na vertical, o perfil de distribuição das velocidades é aproximadamente logarítmico. • Vmáx ocorre entre 5% e 25% da profundidade • Vméd é aproximadamente a média entre V20% e V80%. • Ou aproximadamente V60%. 49 Variação de velocidade • Perfil da velocidade média 50 Variação de velocidade • A distribuição das velocidades em uma seção é bastante complexa. • Pode-se trabalhar com as velocidades médias nas equações de Bernoulli e do Teorema de Euler, utilizando o coeficiente de Coriolis (α) e de Boussinesq (β), para levar em conta as irregularidades da distribuição das velocidades nas seções sem, no entanto, adotar uma abordagem tridimensional complexa. 51 Variação de velocidade α é o fator de correção de energia (Coriolis). β é o fator de correção da Quantidade de Movimento (Boussinesq). 52 AU dAv A 2 2 AU dAv A 3 3 Variação de velocidade • A partir da discretização das equações para obtenção de α e β temos: 53 AU Av AU dAv n ii A 2 1 2 2 2 AU Av AU dAv n ii A 3 1 3 3 3 Variação de velocidade • Supondo uma distribuição logarítmica das velocidades em uma vertical, os coeficientes α e β podem ser expressos em função de uma relação entre as velocidades médias (U) e máximas (Vmáx) em uma seção. 54 32 231 21 1 U Vmáx Variação de velocidade • A determinação das velocidades em uma seção só é possível através de medições diretas. • Usualmente efetuada por meio dos molinetes. • Instrumento que associa a velocidade de escoamento à rotação de uma hélice. • Há também equipamentos mais modernos para medição de velocidade, baseados na reflexão de ultrassons e raios laser. 55 Variação de velocidade 56 Exemplo de um molinete. Variação de velocidade • A velocidade média e a vazão podem ser então calculadas de acordo com as seguintes expressões: 57 n i iAA n i ii AvQ . A Q U Aplicação do conteúdo EXERCÍCIO 3: Em um canal retangular, com lâmina d’água de 1,50 m de altura, foram efetuadas medições da velocidade de escoamento a 0,30 e 1,20 m de profundidade, obtendo-se respectivamente 1,50 e 0,90 m/s. Sabe-se que a velocidade superficial é de 1,40 m/s e supondo-se que a velocidade máxima seja 15% superior a esta, pede-se calcular para esta seção os parâmetros α e β. 58 Regimes de escoamento 59 Regimes de escoamento • A energia correspondente a uma seção transversal de um canal é dada pela soma de três cargas: cinética, altimétrica e piezométrica. 60 g U yzH 2 2 Carga Altimétrica Carga Piezométrica Carga Cinética Regimes de escoamento • Pode-se considerar a quantidade de energia medida a partir do fundo do canal – energia específica. E aquela disponível numa seção, tomando como referência um plano horizontal passando pelo fundo do canal, naquela seção. 61 g U yE 2 2 Regimes de escoamento • Adotando α = 1 e substituindo a velocidade média pela vazão através da equação da continuidade, temos: 62 Q Datum y Nova referência (z = 0) z 2 2 2gA Q yE Regimes de escoamento • Considerando a área como uma função da profundidade: • Pode-se dizer que a E é a distância vertical entre o fundo do canal e a linha de energia, correspondendo, portanto, à soma de duas parcelas, ambas funções de y. 63 2 2 )(2 ygf Q yE 21 EEE yE 1 2 2 2 )(2 ygf Q E Regimes de escoamento • A energia específica não é uma função monótona crescente com y, existe um valor mínimo de energia – Profundidade Crítica – yc. • A energia correspondente à yc é a Energia Crítica – Ec. 64 E ∞ Regimes de escoamento • Para um dado valor de energia, superior a Ec existem dois valores de profundidade, yf e yt, denominadas Profundidades Alternadas. • Logo, existem dois regimes de escoamento – Regimes Recíprocos. • Os escoamentos que acontecem em cada profundidade são: • yf escoamento Superior, Tranquilo, Fluvial ou ainda Subcrítico• yt escoamento Inferior, Rápido, Torrencial ou Supercrítico • y = yc escoamento Crítico 65 Regimes de escoamento • Da mesma forma pode-se também introduzir o conceito de Declividade Crítica. • Pode-se supor, inicialmente, uma vazão constante escoando em um canal prismático com uma profundidade superior à crítica. • Ao aumentar a declividade do canal constata-se um aumento da velocidade de escoamento. 66 Regimes de escoamento • Pela equação da continuidade, a esse aumento corresponde uma redução da seção molhada, ou seja, uma redução da profundidade de escoamento, podendo-se chegar a um ponto em que a profundidade atinge o valor crítico. • Tem-se então a Declividade Crítica – Ic. 67 Ic conduz à yc Regimes de escoamento • Declividades superiores a essa serão declividades supercríticas, pois conduzem a profundidades de escoamento inferiores à crítica, y < yc. • O mesmo raciocínio leva à conclusão de que declividades inferiores à crítica, conduzindo a profundidades elevadas, serão subcríticas. 68 O conceito de Velocidade Crítica também está associada às condições críticas de escoamento. Regimes de escoamento • Cada valor de vazão escoando por um canal determina uma curva de energia específica. • Para um determinado canal, tem-se uma família de curvas de energia específica, justapostas e de forma semelhante. 69 Regimes de escoamento • Assim, uma determinada profundidade de escoamento no canal pode ser subcrítica ou supercrítica, de acordo com a vazão em trânsito. • Um canal pode funcionar ora em escoamento subcrítico, ora em escoamento supercrítico, de acordo com a vazão em trânsito. 70 Vazão Crítica aquela que conduz à condição crítica em um dado canal. Regimes de escoamento • O crescimento da vazão em um canal leva ao aumento da profundidade de escoamento, bem como da profundidade crítica. • De acordo com a relação entre as duas profundidades pode ocorrer uma mudança de regime de escoamento. • A presença de singularidades nos canais pode também conduzir a mudanças de regime de acordo com a vazão. 71 Regimes de escoamento • No ponto A, tem-se um escoamento supercrítico para a vazão Q1 e escoamento subcrítico para as vazões Q3 e Q4, em função do deslocamento de um ressalto hidráulico. 72 Número de Froude 73 Número de Froude • Utilizado para caracterizar os regimes de escoamento quanto à energia. • Número adimensional obtido a partir da equação de energia específica. 74 g U yE 2 2 Número de Froude • Assim: • Como no escoamento crítico, a energia específica é mínima, ou seja, a derivada E em relação a y é nula, tem-se: 75 21 Fr dy dE 0 dy dE 1Fr hgy U Fr Número de Froude • y < yc dE/dy < 0 1 – Fr ² < 0 Fr > 1 • y > yc dE/dy > 0 1 – Fr ² > 0 Fr < 1 76 Fr 1 crítico > 1 supercrítico < 1 subcrítico Número de Froude • Interpretação energética para o Fr: • U energia cinética • 𝑔𝑦ℎ energia potencial • Quando ocorre uma preponderância da energia cinética sobre a potencial, quando houver um escoamento rápido, tem-se Fr > 1 regime supercrítico; • Ao contrário, quando a energia potencial é superior à cinética, tem-se Fr < 1 regime subcrítico; • O regime crítico (Fr = 1) corresponde à uma condição de equilíbrio entre as duas formas de energia. 77 21 Fr dy dE hgy U Fr Número de Froude • Interpretação cinética do Fr através da comparação entre: • A velocidade de escoamento; e • A velocidade de propagação das ondas gravitacionais (perturbações superficiais). • A velocidade de propagação dessas ondas é denominada Celeridade. • Portanto: 78 hgyc c U Fr Número de Froude • U > c Fr > 1 Escoamento Supercrítico • U < c Fr < 1 Escoamento Subcrítico • U = c Fr = 1 Escoamento Crítico 79 No escoamento subcrítico as perturbações propagam-se para jusante e montante; já no escoamento supercrítico as perturbações propagam-se apenas para jusante. Caracterização do escoamento crítico 80 Caracterização do escoamento crítico • O escoamento crítico é caracterizado pelo número de Froude igual à unidade. • Sabendo que 𝑦ℎ = Τ 𝐴 𝐵 e 𝑄 = 𝐴𝑈 e que o regime crítico se dá quando 𝑦 = 𝑦𝑐, para seções retangulares, temos: 81 1 hgy U Fr hgyU 3 2 3 2 2 g q gB Q yc Por razões de ordem prática q = Q/B Ocorrência do regime crítico 82 Ocorrência do regime crítico • A condição crítica de escoamento corresponde ao limite entre os regimes fluvial e torrencial. • Quando ocorre a mudança do regime de escoamento, a profundidade deve passar pelo valor crítico. • A passagem pela condição crítica se dá de forma distinta de acordo com o regime inicial – fluvial ou torrencial. 83 Ocorrência do regime crítico • Passagem do escoamento subcrítico a supercrítico: • Passagem de uma declividade subcrítica para uma declividade supercrítica; • Queda livre, a partir de uma declividade subcrítica a montante; • Escoamento junto à crista de vertedores. 84 Ocorrência do regime crítico • Passagem do escoamento subcrítico a supercrítico: 85 I < Ic I > Ic mudança de declividade Esc. junto à crista de vertedores Ocorrência do regime crítico • A passagem do regime supercrítico a subcrítico é verificada em mudanças de declividade e em saídas de comporta. • Essa passagem não é feita de forma gradual. • Nesses casos, observa-se a ocorrência de um fenômeno bastante importante, o Ressalto Hidráulico. 86 Ressalto Hidráulico Escoamento bruscamente variado, caracterizado por uma grande turbulência e uma acentuada dissipação da energia. Ocorrência do regime crítico • Passagem do escoamento supercrítico a subcrítico: 87 I < Ic I > Ic canal com mudança de declividade Saídas de comporta Ocorrência do regime crítico 88 Seção de controle seção para a qual se conhece a profundidade de escoamento, condicionada pela ocorrência do regime crítico ou por uma estrutura hidráulica, ou uma determinada condição natural ou artificial qualquer, que de alguma forma controla o escoamento. Ocorrência do regime crítico • SC Crítico onde ocorre a yc. • SC Canal y é determinada pelas características de atrito ao longo do canal, ou seja, quando houver a ocorrência de escoamento uniforme. 89 • SC Artificial associada a uma situação na qual y é condicionada por uma ocorrência distinta do regime crítico. Ocorrência do regime crítico • A aplicação da noção de controle hidráulico conduz à identificação de duas possibilidades distintas, associadas aos regimes de escoamento nos trechos em análise. • Nos trechos de escoamento supercrítico, quando a influência de obstáculos a jusante não pode afetar os escoamento a montante, pois apenas o nível d’água a montante controle o escoamento pode-se definir o controle como sendo de montante. • Por outro lado, o controle é dito de jusante com referência ao escoamento subcrítico, ou seja, a profundidade jusante pode afetar, pode controlar o escoamento a montante. 90 ESCOAMENTO UNIFORME 91 Escoamento uniforme • O escoamento uniforme ocorre quando: • A profundidade, a área molhada, a velocidade, a rugosidade e a forma da seção transversal permanecem constantes; • A linha de energia, a superfície da água e o fundo do canal são paralelos. 92 Escoamento uniforme • Esta condição de escoamento pressupõe que o líquido não sofra nenhuma aceleração ou desaceleração a velocidade é a mesma emtodas as seções. • Situação de equilíbrio das forças atuantes no volume de controle. 93 Escoamento uniforme • Pode ocorrer em canais muito longos, retos e prismáticos. 94 Nestes canais, a Δh devida ao escoamento turbulento é balanceada exatamente pelo decréscimo de energia potencial. Escoamento uniforme Equações básicas • Equação da Continuidade, Equação da Quantidade de Movimento e Equação da Energia. • Considerações: • Escoamento permanente e uniforme • Escoamento à profundidade constante (profundidade normal) • Escoamento incompressível • Escoamento paralelo e à declividade baixa 95 Escoamento uniforme Equações básicas • Equação da Continuidade • Como A1 = A2: 96 222111 AUAU 2211 AUAU 21 UU Escoamento uniforme Equações básicas • Equação da Quantidade de Movimento • Escoamento paralelo distribuição de pressão hidrostática • Inclinação do canal pequena θ ≈ 0 • Da equação da continuidade 97 12 UUQRx 12 UUQFF BxSx Resultante das forças em x forças de superfície forças de corpo 0 BxSx FF Escoamento uniforme Equações básicas • Equação da Quantidade de Movimento • Força de corpo peso componente W.senθ • Força de superfície força de atrito Ff • A força de pressão líquida é zero 98 0 WsenFf WsenFf supAF Wf Escoamento uniforme Equações básicas • Equação da Energia • Para o caso do escoamento permanente, incompressível e uniforme. • Perda de carga = desnível • As linhas de energia, piezométrica e de fundo do canal são paralelas. 99 h g U yZ g U yZ 22 2 2 22 2 1 11 JLZZh .21 Escoamento uniforme Equações de resistência – Equação de Chézy e de Manning • Equação de Chézy (1769) • Efetua a descrição matemática do escoamento uniforme em condutos livres. • A grande dificuldade está na definição do fator de resistência C 100 IRCU h 6/11 hR n C Escoamento uniforme Equações de resistência – Equação de Chézy e de Manning • Equação de Manning (1889) • Bastante utilizada para cálculos hidráulicos relativos a canais naturais ou artificiais. • A grande dificuldade está na definição de n. Onde: Q: vazão (m³/s); A: área (m²); Rh: raio hidráulico (m); I ou S: declividade (m/m); n: coeficiente de rugosidade de Manning. 101 2/13/21 IAR n Q h Estimativa do coeficiente de resistência 102 Estimativa do coeficiente de resistência • No cálculo do escoamento uniforme, a grande dificuldade é avaliar os fatores de atrito, que traduzem a perda de carga. • Na equação de Manning, o maior problema está na definição do coeficiente de rugosidade “n”. • Há alguns procedimentos para a determinação deste: • Determinação direta do coeficiente de rugosidade • Estimativa do coeficiente de rugosidade 103 Estimativa do coeficiente de resistência Determinação direta do coeficiente de rugosidade • Baseada na medição de vazões e de características das seções. • Raramente efetuada envolve trabalhos de campo. • Implicando em prazos e recursos relativamente elevados. • Procedimento: • Determinar as cotas de fundo e as características hidráulicas em duas seções (1 e 2), separadas pela distância Δx; • Determinar as velocidades médias de escoamento nas duas seções; 104 Estimativa do coeficiente de resistência Determinação direta do coeficiente de rugosidade • Aplicar a equação de Bernoulli entre as duas seções, para obtenção da declividade da linha de energia; 𝐽 = 𝑧1 + 𝑦1 + ൘ 𝑈1 2 2𝑔 − 𝑧2 + 𝑦2 + ൘ 𝑈2 2 2𝑔 ∆𝑥 • Calcular o n “médio” pela aplicação da fórmula de Manning, utilizando as características médias entre as seções. 𝑛 = 𝑅ℎ 2/3 𝐽1/2 ഥ𝑈 105 Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Na impossibilidade de determinar n diretamente, como frequentemente ocorre, é necessário estimar o valor deste. • Há diversas metodologias para determinação de n: • Cálculo de n a partir da granulometria da superfície de contato; • Utilização da metodologia baseada na incrementação de um valor básico de n, em função de diversos aspectos pertinentes; • Tais como: alinhamento do canal (meandros), presença de vegetação, irregularidades, etc. 106 Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Utilização de tabelas que fornecem o valor de n em função das características das superfícies de contato com o líquido; • Utilização de fotos de canais e cursos d’água naturais, que permitem, por analogia, a escolha de um valor adequado de n. 107 Vale ressaltar que todos estes procedimentos revestem-se de uma certa dose de subjetividade, dependendo da experiência prática do engenheiro e exigindo bastante critério para sua utilização. Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • A partir da granulometria • Há várias expressões de natureza empírica. • Destaca-se a expressão de Meyer-Peter e Muller, aplicável em leitos com proporção significativa de material graúdo. Onde: d90: diâmetro da peneira (m) correspondente à passagem de 90% do material em peso. 108 6/1 90.038,0 dn Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através da incrementação – Método Cowan • Método interessante por permitir a análise dos diversos fatores intervenientes e uma melhor compreensão dos processo físicos envolvidos com a resistência do escoamento. 109 543210 .mnnnnnn Estimativa do coeficiente de resistência Onde: n0: valor básico do coeficiente para um canal retilíneo, uniforme e com superfícies planas, de acordo com o material associado à superfície de contato; n1: valor adicional correspondente às irregularidades presentes no curso d’água, tais como erosões, assoreamentos, saliências e depressões na superfície, etc.; n2: valor correspondente à frequência de ocorrência de variações de forma no curso d’água, analisada segundo as possibilidades de causar perturbações no fluxo; n3: valor baseado nas presenças de obstruções no curso d´água, tais como deposição de matacões, raízes, troncos, etc., avaliados segundo sua extensão no sentido da redução da seção e sua possibilidade de causar turbulência no escoamento; n4: valor baseado na influência da vegetação no escoamento, devendo ser avaliado segundo o tipo, densidade e altura da vegetação nas margens, bem como a obstrução acarretada na seção de vazão; m5: valor baseado no grau de meandrização do curso d’água, avaliado como sendo a razão entre o comprimento efetivo do trecho e a distância retilínea percorrida. 110 543210 .mnnnnnn Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através da incrementação – Método Cowan 111 543210 .mnnnnnn Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas • Encontra-se na literatura um grande número de tabelas, obtidas a partir de ensaios e medições de campo. 112 Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas 113 Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas • Condutos livres Fechados 114 *Valores aconselhados para projetos. Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas • Condutos livres Artificiais Abertos 115 *Valores aconselhados para projetos. Estimativa do coeficiente de resistênciaEstimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas • Condutos livres Artificiais Abertos (continuação) 116 *Valores aconselhados para projetos. Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de tabelas • Condutos livres Naturais Abertos (Arroios e Rios) 117 *Valores aconselhados para projetos. Estimativa do coeficiente de resistência Estimativa do coeficiente de rugosidade • Através de analogia com canais existentes • Associação do curso d’água em estudo com um canal existente, para o qual o coeficiente já foi determinado. • Para aplicação desta metodologia, recorre-se a publicações que apresentam coletâneas de fotos de canais existentes e os correspondentes coeficientes de rugosidade medidos. 118 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções simples com rugosidade variável • Frequentemente há situações em que a rugosidade varia ao longo do perímetro do canal e conforme o nível d’água atingido na seção. • A velocidade média, entretanto, pode ainda ser calculada levando-se em conta a seção como um todo, sem a necessidade de efetuar-se uma subdivisão desta. 119 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções simples com rugosidade variável • Nestes casos torna-se necessária a ponderação da rugosidade, permitindo levar em conta as diferenças existentes e chegar a um coeficiente de rugosidade global. 120 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções simples com rugosidade variável • Segundo Chow, pode-se adotar a seguintes ponderação pelo perímetro molhado associado a cada superfície de atrito: Onde: n: coeficiente de rugosidade global; P: perímetro molhado total; Pi: perímetro molhado associado à superfície “i”; ni: coeficiente de rugosidade associado à superfície “i”. 121 3/2 1 2/3 P nP n m i ii Aplicação do conteúdo EXERCÍCIO 4: Calcular o coeficiente de rugosidade global para o córrego Ressaca, em Belo Horizonte, sendo que sua seção transversal é constituída parcialmente com gabiões (n = 0,030) e solo com revestimento vegetal (n = 0,040). 122 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas • Em diversos tipos de canais artificiais e em cursos d’água naturais, apresentam-se situações de seções compostas. • No Brasil, a metodologia mais utilizada consiste na proposta pelo U.S. Corps of Engineers. • Cálculo de uma Rugosidade Equivalente, proporcional às áreas de escoamento associadas a cada valor de n. 123 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas • A delimitação das áreas associadas aos diferentes coeficientes de rugosidade é efetuada de forma arbitrária, através de verticais. Onde: n: coeficiente de rugosidade equivalente; A: área total; Ai: área associada à superfície “i”; ni: coeficiente de rugosidade associado à superfície “i”. 124 A An n m i ii 1 Aplicação do conteúdo EXERCÍCIO 5: Calcular o coeficiente de rugosidade equivalente para o córrego Ressaca, figura a seguir, utilizando a equação para obtenção do n de seções compostas. Dados: Gabiões (n = 0,030) e solo com revestimento vegetal (n = 0,040). 125 Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas • Há um segundo método que consiste na divisão da seção composta nas diversas subseções com características distintas. • Para cada subseção calcula-se um parâmetro denominado Fator de Condução, definido como a vazão que potencialmente pode ser transportada por ela. 126 3/2 3/53/2 .Pn A n AR K h Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas • Assim, a vazão associada a cada subseção é obtida simplesmente pela equação: • A vazão total é obtida pela soma das vazões de cada subseção. • A velocidade média pode ser calculada por simples aplicação da equação da continuidade. 127 IKQ . Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas 128 1 2/3 11 1 n RA K 2 2/3 22 2 n RA K Soma de condutâncias hidráulicas IKQ N 1i iKK i 2/3 ii i n RA K A An n N 1i ii e Estimativa do coeficiente de resistência Coeficientes de rugosidade para seções compostas • A adoção deste procedimento permite também calcular os coeficientes de Coriolis e Boussinesq. • Estes podem desempenhar um papel importante em situações de ocorrência de seções compostas. 129 m i i i m i i m i i A K K A 1 2 3 3 1 2 1 . m i i i m i i m i i A K K A 1 2 2 1 1 . Algumas recomendações de projeto 130 Algumas recomendações de projeto 1. O projetista deve prever o “envelhecimento” do canal nprojeto = 10 a 15% maior que o ntabelado. 2. Deixar uma folga de 20 a 30% acima do nível máximo de projeto, sobretudo para canais fechados. 3. Preferir o método de soma de condutâncias hidráulicas para cálculo de seções compostas. 131 SKQ N 1i iKK i 2/3 ii i n RA K Algumas recomendações de projeto 4. A velocidade média em um intervalo que evite deposições e erosões. 5. Observar a inclinação máxima dos taludes. 132