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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO: ................................................................................................... 3 2 CONTRIBUIÇÃO ROMANA AO DESENVOLVIMENTO DO DIREITO: 4 3 EVOLUÇÃO DO DIREITO ROMANO: ........................................................... 4 3.1 PERÍODO ARCAICO: ........................................................................................ 4 3.2 PERÍODO CLÁSSICO: ....................................................................................... 5 3.3 PERÍODO PÓS-CLÁSSICO: .............................................................................. 5 4 INFLUÊNCIAS DO DIREITO ROMANO ............................................................ 5 5 A FUNDAÇÃO DA CIDADE E A POVOAÇÃO DO LÁCIO: OS CONTRATOS DO UNIVERSO ETRUSCO: ......................................................... 5 6 OS SETE REIS DE ROMA: MITOS E ANTIGAS TRADIÇÕES: ................. 6 7 FAS – O DIREITO SAGRADO: .......................................................................... 6 8 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS DA REALEZA: ................................................. 7 8.1 OS REIS ROMANOS DA ANTIGUIDADE: ...................................................... 8 8.2 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA MONARQUIA ROMANA: ............... 8 9 ORGANIZAÇÃO SOCIAL, FAMILIAR, RELIGIOSA E POLÍTICA JUDICIÁRIA ÀS FONTES DO DIREITO: ........................................................... 9 10 O DIREITO QUIRITÁRIO (IUS QUIRITIUM): ............................................. 10 11 O DIREITO ROMANO DA REALEZA (753–510 A.C): ................................. 11 12 O DIREITO ROMANO NA REPÚBLICA (510-27 A.C.): .............................. 12 13 A LEI DAS DOZE TÁBUAS: ............................................................................. 12 14 OUTRAS LEIS DO PERÍODO REPUBLICANO E A ATIVIDADE DOS JURISCONSULTOS: ............................................................................................... 13 15 O DIREITO ROMANO NO ALTO IMPÉRIO (27 A.C - 284): ...................... 14 16 O DIREITO ROMANO NO BAIXO IMPÉRIO (284-565): ............................ 14 17 CONCLUSÃO: ..................................................................................................... 16 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 17 3 1 INTRODUÇÃO: Esse trabalho tem como objetivo destacar a importância do Direito romano como ordenamento influenciador do Direito moderno. Para tanto, serão elencadas as peculiaridades desta civilização, bem como aspectos fundamentais de sua história e de sua constituição social. Será ainda discutida a evolução do ordenamento jurídico romano a partir da divisão proposta por Rodrigo Freitas Palma, em sua obra História do Direito (1915), que prevê uma trajetória de estudos baseada na seguinte classificação: A Realeza (753-510 a. C.); a República (510-27 a. C.); o Alto Império ou Principado (27 a. C. -284) e o Baixo Império ou Dominato (284-565). 4 2 CONTRIBUIÇÃO ROMANA AO DESENVOLVIMENTO DO DIREITO: Os romanos desenvolveram com extrema competência e dedicação doutrinas teóricas, exemplo disso são os institutos jurídicos que ainda observamos. Países da América Latina e Europa, foram influenciados por seus preceitos, devido a isso, no mundo contemporâneo é justamente o sistema de Direito Romano-Germânico o mais usual. Mais de 1.1445 artigos do nosso Código Civil de 1916, segundo Moreira Alves, possui essencialmente, base romanística. Infelizmente, existe um extremo descaso ao estudo sobre a construção do Direito romano, principalmente nas faculdades de Direito do Brasil. Enquanto, em países como a Inglaterra, esta ciência é de suma importância. Vale destacar a colocação do professor Mário Curtis Giordani, que em outras palavras pontua que é essencial o ser humano ter o conhecimento de sua história e principalmente a da Civilização Ocidental, devendo compreender a cultura geral das civilizações e o estudo ainda que superficial do Direito Romano. 3 EVOLUÇÃO DO DIREITO ROMANO: O direito romano é o complexo de normas vigentes em Roma desde a sua fundação lendária, no século VIII a.C., até a codificação de Justiniano, no século VI d.C., ocorreram períodos em sua história como: A Realeza, A República o Alto Império ou Principado e o Baixo Império ou Dominato. Para melhor compreender esta evolução vamos delimitá-los a período arcaico, da fundação de Roma até o século II a.C.; período clássico, até o século III d.C.; e o período pós-clássico, até o século VI d.C. 3.1 PERÍODO ARCAICO: Sua característica mais acentuada era o formalismo e a primitividade. Havia regras religiosas, guerras e punições para delitos mais graves. Com a evolução rumo ao cidadão com maior autonomia, codificou-se o direito arcaico vigente nas XII Tábuas, em 450 a.C. Possuía disposições extremamente cruéis. 5 3.2 PERÍODO CLÁSSICO: A transição para esse período ocorreu pela conquista romana de todo o Mediterrâneo, exigindo assim inovações no direito vigente. Levando a modificações práticas, aplicadas pelos magistrados e jurisconsultos, de forma a suprir lacunas na lei e até mesmo contrariá-las ou negá-las. 3.3 PERÍODO PÓS-CLÁSSICO: Esse período, resume-se a uma codificação do legado jurídico clássico, sem grandes produções de cunho original além das constituições imperiais, acompanhando a decadência da civilização em quase todos os setores. 4 INFLUÊNCIAS DO DIREITO ROMANO: O Direito romano é um conjunto de costumes de diversas origens indo-europeias. Dentre muitos povos que poderiam ser citados, é importante destacar os sabinos e etruscos. Suas contribuições foram desse ao campo do Direito Privado a um senso de administração municipal e conhecimento mercantil. Todavia, na época da fundação de Roma, a civilização vigorosamente floresceu na Mesopotâmia, onde desenvolvia-se a escrita cuneiforme (daí o emprego da expressão “direitos cuneiformes”). Vale ressaltar que existe uma suposta influência grega no processo legislativo romano, que ainda é muito questionada. Há também a cogitação de uma influência cristã, admitindo que está ocorreu principalmente no Direito de Família romano. 5 A FUNDAÇÃO DA CIDADE E A POVOAÇÃO DO LÁCIO: OS CONTRATOS DO UNIVERSO ETRUSCO: Embora existam divergências acerca do processo de povoação da Itália, é sabido que esse território foi habitado por povos como os etruscos, sabinos, latinos, volscos, úmbrios e oscos, que viviam em estado de constante tensão entre si. Desses grupos, os mais conhecidos são os etruscos, seguidos pelos sabinos, dos quais, especula-se, teriam se originado os primeiros reis de Roma. A eles também se atribui a divisão de classes em patrícios, clientes e plebeus. Além disso, teriam criado as primeiras instituições jurídicas da região do Tibre. 6 6 OS SETE REIS DE ROMA: MITOS E ANTIGAS TRADIÇÕES: A história de Roma é povoada por mitos, lendas e fábulas. Já que não se possui documentos legítimos de seus primeiros tempos, muito se fantasia a este respeito. Em busca de explicar a origem de seus habitantes primitivos, surgiu uma das mais famosas lendas, que narra a história dos irmãos Rômulo e Remo, os quais teriam se alimentados do seio de uma loba. De acordo com essa lenda, Rômulo, ao matar o irmão, torna-se o primeiro reida cidade. Especialistas no estudo desta civilização cogitam que, provavelmente, o herói romano, caso este tenha existido, teria sido um importante líder guerreiro local imortalizado pela memória coletiva. Acredita-se que Rômulo (753-715 a. C.), supostamente assassinado pelos senadores, tenha sido sucedido por um rei sabino, de nome Numa Pompílio (715-673 a. C.), um pacificador comprometido, sobretudo, com a religião. A expansão territorial de Roma se deve particularmente ao sucessor de Numa Pompílio, Tulo Hostílio (672-641 a. C.), comprometido com as guerras de conquista, postura repetida pelo monarca que lhe herda o trono, Anco Márcio (640-617 a. C.), ambos de origem sabina. O primeiro rei etrusco é Tarquínio Prisco (616-578 a.C.), que se dedicou à construção de grandes obras na cidade, como uma rede de saneamento com vistas à diminuição de enfermidades e também o Circo Máximo para a diversão da população. O penúltimo rei de Roma foi Sérvio Túlio (577-535 a.C.) que se destacou pela implementação de reformas sociais que beneficiaram a classe dos Plebeus, de modo a permitir-lhes a participação gradual na vida cívica do país. Em contrapartida, Tarquínio, o soberbo (534-510 a.C.) exerceu um reinado de terror que se eternizou na memória do povo romano. O modo como conduziu o governo despertou a revolta dos patrícios, que organizaram um golpe de Estado, obrigando o monarca a fugir de Roma. 7 FAS – O DIREITO SAGRADO: Nos primeiros séculos de sua história, o Direito romano se marca por uma dimensão sagrada, ou seja, suas leis eram atribuídas às divindades. Paulatinamente, com a implantação da República e a reestruturação política das cidades, o direito passa por um processo de 7 laicização, que não se deu de modo pleno, já que o jus divinum permaneceu de modo implícito na construção das normas e de forma muito viva no imaginário jurídico dos cidadãos. 8 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS DA REALEZA: Trata-se do período histórico em que Roma foi governada pelos reis, compreendendo uma faixa de aproximadamente 250 anos, segundo os cálculos de VARRÃO, desde a fundação de Roma, em 753 a.C., até o desaparecimento do trono, com Tarquínio, o Soberbo, em 510 a.C. Roma era governada por reis escolhidos pela Assembleia Curial, formada por cidadãos em idade militar que detinham as seguintes tarefas: escolher os reis e elaborar e votar as leis. O poder da Assembleia Curial era limitado pelo Senado (ou “conselho de anciãos”), um órgão consultivo, que tinha o direito de aprovar ou vetar as leis elaboradas pelo rei. Nesse período o rei acumulou as funções executiva, judicial e religiosa, mas os poderes eram limitados na área legislativa. Tornava-se obrigatório admitir que o rei de Roma era de certa maneira a expressão de vontade das famílias reunidas em assembleias. O rei gozava de admiração, respeito e veneração de seus subordinados e deveria se portar como guardião de seus compatriotas. Uma das funções principais do monarca, além da garantir a estabilidade de seus protegidos englobava a propositura de leis, as quais por sua vez demandavam a aprovação nos comícios curiatos. A organização interna de Roma durante a Realeza foi resumida entre as funções políticas, judiciárias e religiosas. Portanto, durante a Realeza, o Poder Público em Roma era composto por três elementos: o Rei (rex), o Senado (senatus) e o Povo (populus romanus), este último constituído apenas por patrícios. Enquanto o rei, indicado por seu antecessor ou por um senador, era detentor de um poder absoluto, ou imperium, com atribuições políticas, militares e religiosas, sendo ao mesmo tempo chefe de governo e de Estado, o Senado era um órgão de assessoria do rei, com função predominantemente consultiva. Era, pois, o Senado detentor da auctoritas, sendo ouvido pelo rei nos grandes negócios do Estado. Cabe ainda destacar que apenas a monarquia não era hereditária e que sabinos e etruscos se alternavam à frente dessa instituição. 8 Ao que tudo indica, a escolha do rei acontecia inicialmente no âmbito do comício curiato, não sendo possível afirmar se por eleição ou outro método que exigisse aclamação do candidato. Acredita-se na prerrogativa que a indicação do rei cabia na verdade, ao Senado Romano. Essa forma de Estado acabou se mostrando odiosa aos romanos especialmente após o governo de Tarquínio, o Soberbo. Nesse contexto, Roma teve sete reis: Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo. No ano de 509 a.C, uma revolta patrícia depôs o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, no mesmo instante de uma insurreição geral das cidades do Lácio contra a dominação etrusca. 8.1 OS REIS ROMANOS DA ANTIGUIDADE: - 753 a. C. - 716 a. C. - Rômulo (fundador de Roma junto com o irmão Remo); - 716 a. C. - 674 a. C. - Numa Pompilio; - 674 a. C. - 642 a. C. - Túlio Hostilio; - 642 a. C. - 617 a. C. - Anco Marcio; - 617 a. C. - 579 a. C. - Lúcio Tarquinio Prisco; - 579 a. C. - 535 a. C. - Servio Tulio; - 535 a. C. - 509 a. C. - Tarquinio, o Soberbo. 8.2 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA MONARQUIA ROMANA: - Escolha dos reis de acordo com suas virtudes; - Governo vitalício; - O rei era considerado pelo povo como uma espécie de mediador dos deuses. Portanto, possuía autoridade religiosa; - O rei também era o chefe judicial, possuindo poderes absolutos sobre as leis; - Na monarquia romana havia também a Assembleia e a Cúria, porém com poucos poderes políticos em comparação aos poderes reais; - O monarca possuía poderes militares e também de escolher cargos públicos. 9 9 ORGANIZAÇÃO SOCIAL, FAMILIAR, RELIGIOSA E POLÍTICA JUDICIÁRIA ÀS FONTES DO DIREITO: Haviam quatro classes distintas de habitantes na Roma antiga: os patrícios, os clientes, os escravos e os plebeus. Os patrícios eram homens livres, e descendentes deles, fundadores da cidade, que eram compilados em clãs familiares patriarcais (sistema social que os homens adultos detinham o poder primário e predominavam nas funções liderísticas, tanto política, quanto moral, privilégio social e controle das propriedades) denominados gentes, os quais formavam a classe que detinha o poder e era privilegiada (FIUZA, 2014). Já os clientes, que eram de diversas origens, sendo em sua grande maioria escravos alforriados ou estrangeiros, eram os que submetiam-se ao patriarcado patrício, ao poder do chefe de família do clã, entregando a eles seus patrimônios em troca de proteção dos mesmos (FIUZA, 2014). Os escravos eram conhecidos como a mão-de-obra responsabilizada por relativamente universalidade da economia romana da época da realeza. Os mesmos viviam sob as ordens dos seus senhores, ou paters. E, por fim, os plebeus, os quais não faziam parte das gentes, eram os de posicionamentos mais inferiores, porém sempre sob a proteção do seu rei (CRETELLA JÚNIOR, 2010). A plebe, até o reinado de Sérvio Túlio, não fazia parte da organização política de Roma, não sendo pólo da mesma. Postamente, com as transmutações estabelecidas por este rei, é que os plebeus tornaram-se polo ativo, adquirindo cidadania, podendo fazer parte dos comícios centuriatos, pagando impostos e prestando serviços militares (RAMOS, 2013). Como uma sucinta sociedade com seu governo particular, a família patrícia era conduzida e chefiada pelo pai. Exercendo este as funções de nível mais contempladoras, sendo os demais participantes desta pequena sociedade, submissos aos poderes dele. A submissão relativizada, para Magalhães(2015, p. 1), dava-se latu sensu, eis que o pater, pai, detinha dentro do seu clã próprio poderes ilimitados, até mesmo decisões de juiz, as quais não tinha nenhuma autoridade que pudesse fazer tal reforma. Desta forma, o pai era comparado a um “deus”, sendo este responsável e protetor de todos os demais. Caso o pater viesse a falecer, o cargo era sobreposto e atribuído ao seu filho primogênito, se não o existisse, era adotado um. Sendo que, não se deixava ocorrer vacância em seu lugar, tendo em vista a pena de não ser contínuo o culto familiar, esvaindo-se tal clã. 10 O nome do pater antepassado era perpetuado, por seus gens (o conceito de gens refere- se ao conjunto de pessoas da linha do sexo masculino que provém de um antepassado comum), com o mesmo resguardo de seu culto familiar, sendo transmitido de geração em geração. Para o desenvolvimento das regras comercial de Roma, fia-se que essa organização familiar tratou-se de objeção, uma vez que, decorrente da indústria doméstica, eram prosperadas relações não jurídicas e contábeis entre pater e filhos, sendo todas as decisões dessas relações, conforme supracitado anteriormente, estando sob a aprovação e arbitrariedade do detentor do poder maior do clã, em suma, do poder patriarcal. Destaca-se que a sociedade Romana no período da realeza (743 a.c a 510 a.c) foi acamada pela sedimentariedade social, encontrando-se distintamente o rei, o Senado e o povo, como detentores do poder público, deixando claro e específico a parcela de cada em suas linhas de particularidades. Não resta dúvidas que o fato mais marcante do período foi a prerrogativa da cidadania à plebe, pelo então rei Sérvio Túlio, qual as tirou de posição de inferioridade tornando-as pólo ativo no direito de criação das leis. Este momento histórico abriu precedentes de suma importância para o direito, sendo essencialmente basilado em costumes e leis. Os quais estavam intimamente correlacionados à religião, sendo que a sociedade acreditava piamente que os deuses dominavam os indivíduos. Todavia, as leis neste período versavam apenas em fatos corriqueiros específicos que ocorriam com os indivíduos da população. 10 O DIREITO QUIRITÁRIO (IUS QUIRITIUM): É de fundamental importância, antes de compreender o conceito Direito Quiritário, a compreensão do que vem a ser Ius Civile, conceito este que se atrela ao primeiro. Para Rodrigo Freitas Palma, o Ius Civile, em seus primórdios, resumia-se ao Direito Quiritário, que excluía as demais classes sociais, se resumindo em um próprio Direito patrício, essencialmente excludente. Segundo a obra introdutória ao Direito romano de Thomas Marky, a primeira forma de propriedade romana, já formalmente conceitual e abstrata, o denominado dominium ex iure quiritiu, exigia, para sua configuração, o atendimento de alguns requisitos legais: Pressupõe, naturalmente, que seu titular seja cidadão romano. Outro pressuposto é que a coisa, sobre o que recaía a propriedade quiritária, possa ser objeto dela. Então nesta 11 condição todas as coisas corpóreas, in commercio, exceto os terrenos provinciais. Terceiro pressuposto é que a coisa tenha sido adquirida, pelo seu titular, por meio reconhecido pelo Ius Civile. Tais meios eram: 1º) os modos de aquisição originários; 2º) o usucapião; 3º) para as res mancipi, a simples traditio(...)1. Entendia-se que o Ius Civile era rígido e complicado demais para o desenvolvimento dos negócios, pois o comércio, exigia menos formalidade, como a transmissão da propriedade pela simples tradição (res mancipi). A propriedade quiritária exigia a concorrência de três requisitos: fundo romano, proprietário romano e a aquisição de acordo com o Direito civil. 11 O DIREITO ROMANO DA REALEZA (753–510 A.C): O Direito romano primitivo ou arcaico abrange toda a época da realeza e uma parte do período republicano. De acordo com várias teses os etruscos teria sido o povo que fundou Roma, após subjugar os povos locais substituindo a pecuária pastoril pelo desenvolvimento da agricultura; deram a primeira organização política para Roma no período da Realeza. Surgem algumas instituições político-jurídicas ainda muito vinculadas à existência de um Estado Teocrático. O rei assume o cargo tendo por atribuições ao mesmo tempo chefe político, jurídico, religioso e militar, ou seja, o rei era o único magistrado, vitalício e irresponsável. Existiam também alguns cargos auxiliares ao rei, assessores militares; encarregados da custódia da cidade; funções judiciárias; magistrados encarregados do julgamento do assassínio voluntário de um pater famílias pelo seu filho e nas funções religiosas. O Conselho do Rei era o Senado, este ficava subordinado ao rei e por ele era convocado, quando surgia necessidade consultiva e não deliberativa. É importante salientar que o Direito era essencialmente costumeiro. Autores como Pompônio admitiam: “No começo a nossa nação vivia sem leis e sem direito certo, tudo se regendo pelo arbítrio dos reis.” Surge-se então um conceito de direito de propriedade onde os mortos se tornariam posse do solo, ninguém tem o direito de privá-los da terra que ocupam, as mais severas leis proibiam destruir ou deslocar os túmulos que ali estavam. Essa porção de terra tornou-se 1MARKY, Thomas. Op. Cit. 12 objeto de propriedade perpétua de cada família. O solo onde repousam os mortos converte-se em propriedade inalienável e imprescritível. Se as instituições jurídicas derivam da descendência sabina, a preocupação em garantir o mínimo de estabilidade social se deve aos etruscos, portanto as “leia régias” teriam surgido dos últimos, elas existem devido as iniciativas e ao apurado senso de organização do rei etrusco Sérvio Túlio. Ele tinha o intuito de evitar rebeliões entre plebeus e, logo percebeu que a probabilidade de elas acontecerem em regiões denominadas “periferias” era maior. O período da Realeza veio a se encerrar com a queda de Tarquínio, o soberbo. 12 O DIREITO ROMANO NA REPÚBLICA (510-27 A.C.): Pode-se dizer que a República surgiu no Direito Romano, no ano de 510 a.C., em decorrência da derrocada do rei Tarquínio, mais conhecido como “o Soberbo”, resultante de uma revolução chefiada por patrícios e militares. A partir deste momento, buscava-se implantar um sistema político que melhor se adequaria à sociedade. Roma então elege cônsules, eleitos em número de dois, no qual tinham por objetivo governar durante 1 ano, alternadamente 1 mês cada. Os eleitos tinham poder de veto em caso de discordância do seu oponente. Isso fez com que a população participasse ativamente, fazendo com que as funções dos cônsules se dividissem, formando novos cargos como o de pretor (onde o magistrado que se encarregava da aplicação da justiça), os juízes (designados por esses pretores) e o jurisconsulto (quem tinha conhecimento das leis). O Senado também começa a ter participação ativa, onde antes só tinha função consultiva. Nesse mesmo período surge a Lei das Doze Tábuas. A população passa a ser constituída por patrícios e plebeus, no qual possuíam poder de voto. Porém, vale ressaltar que somente a elite teria acesso ao estudo das leis e os plebeus viviam sob os desmandos dos patrícios. 13 A LEI DAS DOZE TÁBUAS: Os plebeus, em decorrência do descaso que sofriam, ameaçavam constantemente abandonar as cidades. Em resposta a essas ameaças, os patrícios se justificavam evocando como pretexto “costumes imemoriais”. No ano de 494 a.C., a plebe começa a ter participação, 13 tendo direito de se representaratravés dos chamados “tribunos da plebe”, onde eles teriam direitos de se opor às decisões dos senadores e cônsules. Acreditava-se ainda que a forma de acabar com as constantes crises, seria a elaboração de leis que concedesse direitos em favor da plebe negligenciada. Foram então criadas, dez varões (decênviros), em tábuas de marfim que foram colocadas em praça pública para o conhecimento de todos. Aos descênviros fora concedida a liberdade de correção e interpretação dessas leis, sem que houvesse a interferência dos magistrados. Entretanto, ainda faltavam algumas coisas nessas leis, e foi assim que, no ano seguinte, foram adicionadas mais duas tábuas. Sendo assim, no ano de 451 a.C. foram finalizados os trabalhos que levaram o nome “Lei das Doze Tábuas.” Curiosidade: A Lei das Doze Tábuas originais foram escritas no ano 387 a.C. em bronze. Entretanto elas foram saqueadas e destruídas pelo fogo enquanto estavam no edifício do fórum romano, onde eram expostas. Como as leis estão tão impregnadas na mente da população, não foi difícil reconstituí-las. 14 OUTRAS LEIS DO PERÍODO REPUBLICANO E A ATIVIDADE DOS JURISCONSULTOS: Outros fatos importantes também marcaram esse período, como a Lei da Canuleia, que permitia o casamento entre plebeus e patrícios e a aprovação de um conjunto de leis chamados “licínias”, que incluíam a plebe no programa de divisão e utilização das terras que foram objeto de conquista e que também fizeram com que eles tivessem representatividade. A Lei Ogúlnia reconhecia uma série de direitos religiosos que antes eram negados. E, a Lei Hortênsia delimitou a derradeira conquista da plebe. O Direito Romano estava bem desenvolvido nessa época. As leis emitiam pareceres jurídicos sobre as questões práticas a ele apresentadas, instruía as pessoas a agir de forma correta e orientava leigos na realização de negócios jurídicos. Mário Cutis Giordani apresenta 4 razoes fundamentando o motivo de estabelecer uma igualdade entre os plebeus e os patrícios: • Havia necessidade de se manter uma igualdade entre os patrícios e os plebeus, até que, novamente, uma aristocracia fosse instaurada. • Participação ativa da plebe • Havia uma necessidade de se juntar as classes para que juntos vencessem as greves militares. 14 • Grande redução da população patrícia, resultado das guerras Mesmo com o projeto de expansão e a redução das crises internas devido à concessão de direitos a plebe, Roma ainda não se encontrava rigorosamente na vanguarda do domínio do mundo conhecido. Muitas guerras ainda predominavam e havia uma grande concorrência mercantil com as terras situadas no Norte da África, o que acabou por dar início às Guerras Púnicas. 15 O DIREITO ROMANO NO ALTO IMPÉRIO (27 A.C - 284): O período chamado de Alto Império ou Principado se estende desde o reinado de Otavio em 27 a.C, até 284 d.C. o qual foi uma época marcada pela consolidação e apogeu do poder romano. Na fase inicial do império, tanto o Imperador como o senado conjugaram esforços para governar o país, apesar de a figura do primeiro ter a sua autoridade máxima e o seu poder ser partilhado com o outro. Por ser uma fase com caráter de transição, numerosas são as fontes de direito romano. Sendo elas, as fontes da República (costumes, leis, editos dos magistrados, senatusconsultos), e também as constituições imperiais e as respostas dos jurisconsultos que são uma espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do príncipe, passam a ter força de lei. Além disso, os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito, eis que o povo romano é extremamente conservador. Quanto às leis, adquirem maior a importância as leges rogatae e as leges datae, que perdem relevância nessa época. 16 O DIREITO ROMANO NO BAIXO IMPÉRIO (284-565): Justiniano (482-565) marcou profundamente o que se denominou Baixo Império romano com a construção de um grande legado no campo jurídico. Ele ordenou que se constituísse a maior consolidação de leis que o mundo ocidental já havia conhecido – Corpus Juris Civilis. A expressão Corpus Juris Civilis não foi lançada por Justiniano, mas pode ser creditada ao estudioso do Direito romano Denis Godefrroy, a que atribuiu a compilação de quatro livros, Institutas, Pandectas ou Digesta, Codex e Novellae feitos por uma comissão de juristas dirigidos por Triboniano. Essa comissão foi designada para compilar o Direito do 15 período clássico romano feito pelos jurisconsultos antigos do período clássico (Digesta e Pandectas). Queriam também compilar as constituições imperiais (Codex) e criar o material didático acessível ao Direito romano para o estudante de Direito (Institutas). A recolha das constituições promulgadas pelo imperador após a promulgação do Codex (Novellae). Esse trabalho de sistematização do Direito romano foi a mando do imperador Justiniano. Se hoje conhecemos o direito romano grande parte é graças ao resgate dessas compilações, principalmente das Institutas2. 2GILISSEN, John. Introdução histórica ao Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian 1979, p. 92. 16 17 CONCLUSÃO: Conclui-se assim, que o Império Romano teve início com a fundação de Roma e que sua compreensão se realiza por meio de sua evolução histórica, demarcada por períodos, onde ocorreu inúmeros marcos para a sociedade, como a constante evolução política, social, econômica e a afirmação da lei escrita. Observou-se o desenvolvimento de sua base jurídica e sua grande influência no ocidente, constatando-se que mesmo tendo passado por adaptações, ainda na contemporaneidade o sistema romano-germânico (baseado no Direito Romano) é o sistema jurídico mais disseminado no mundo. Sendo assim, é inegável sua importância para o legado da humanidade. 17 REFERÊNCIAS PALMA, Rodrigo Freitas. História Do Direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. cap. XII. INTRODUÇÃO histórica ao Direito Romano. A Medium Corporation. Disponível em: <https://medium.com>. Acesso em: 3 mai. 2019. WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos de História do Direito. 7. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2012. O DIREITO Romano e suas fases: principais eventos, organização social, política, judiciária e fontes do direito. Âmbito Jurídico. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br>. Acesso em: 7 mai. 2019. DIREITO Romano: Aspectos mais importantes durante a Realeza, a República e o Império. Direito Net. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br >. Acesso em: 7 mai. 2019.
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