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AULA 3 BIOPROCESSOS TAÍS HELENA MARTINS LACERDA BIOPROCESSOS (1) Normalmente empregam fase aquosa como solvente (2) Operam em condições brandas (fisiologicamente compatíveis) - as enzimas são biomoléculas que atuam em faixas estreitas de temperatura, pressão, pH, potencial redox, força iônica e pressão osmótica (3) A energia gerada nas reações é a energia química proveniente da transformação da molécula do substrato (matéria prima, reagente). Não necessita normalmente de energia térmica ou radiante (4) Os processos bioquímicos podem ser enquadrados como processos fermentativos (promovidos pela ação de microrganismos) ou enzimáticos (promovidos por enzimas) (Schmidell et al., 2001) INÓCULO O inóculo pode ser representado por uma cultura pura, onde todas as células são representadas por uma mesma espécie ou, uma cultura mista, representada por um conjunto de espécies. Os agentes microbianos podem ser isolados de recursos naturais, adquiridos em coleções de cultura, obtenção de mutantes naturais, mutantes induzidos por métodos convencionais e obtidos pela recombinação de técnicas de engenharia genética. Ser de fácil cultivo: (1) Exigência nutritiva simples, (2) Não ser patogênico, (3) Não produzir subprodutos tóxicos, permitindo elevado acúmulo de substâncias no meio (efeito de inibição, custo de purificação, alta quantidade resíduos de processo), (4) Não produzir substâncias incompatíveis com o produto (ex.:proteínas x proteases), (5) Constância no comportamento fisiológico, (6) Produtividade mais alta possível, (7) Elevada conversão de substrato em produto e, (8) Não apresentar facilidade de mutação. PREPARO DO MEIO – CARACTERÍSTICAS DO MEIO Ser o mais barato possível (abundância, disponibilidade da matéria-prima) Atender exigências nutricionais do microrganismo Auxiliar no controle do processo (efeito tamponante, evitar formação de espuma) Estabilidade dos componentes durante armazenagem Ter composição razoavelmente fixa Não causar dificuldades na recuperação do produto ou no tratamento final do(s) resíduo(s) COMPONENTES DE UM MEIO DE FERMENTAÇÃO: (1) Macronutrientes – fonte de carbono, nitrogênio, sais inorgânicos, fontes orgânicas, fontes de fósforo e enxofre (2) Micronutrientes – potássio, magnésio, ferro, fatores de crescimento, água e oxigênio TIPOS DE MEIO DE FERMENTAÇÃO TIPO COMPOSIÇÃO CARACTERÍSTICA Sintético Composição qualitativa e quantitativa bem definidas Meios de alto custo Complexos Contém produtos cuja composição química não é bem definida Menos onerosos mas, a composição é variável, necessitando de instalações para o ajuste da composição EXEMPLOS DE MATÉRIAS PRIMAS E SUBSTRATOS Matérias primas e teores fermentescíveis Classificação das matérias primas EXEMPLOS DE MATÉRIAS PRIMAS E SUBSTRATOS Matérias primas convencionais DIVERSIDADE ENZIMÁTICA NOS MICRORGANISMOS BIORREATORES OU FERMENTADORES São dornas grandes (escala industrial), tem a finalidade de obtenção do produto. Possuem aparatos que permitam dar condições adequadas de crescimento ao microrganismo e monitorar a formação do produto (sistema de agitação, aeração para o processo aeróbico, registrador de temperatura e pH, serpentina, um local apropriado para a adição do inóculo, por exemplo). Quanto da natureza do meio de fermentação podem ser classificados em: (1) Fermentação submersa – meio líquido e, (2) Fementação Superficial - meio sólido Podem ser abertos ou fechados e, o material de construção usado em madeira, alvenaria, aço carbono, aço inoxidável, aço carbono revestido, resinas e plástico e resinas. Quanto a configuração: Tipo tanque (altura/diâmetro ≤ 3), Tipo Coluna (altura/diâmetro ≥ 3), Reator de Mistura Completa (CSTR), Reator de Fluxo Pistão BIORREATORES OU FERMENTADORES Exemplos de Reatores / Configuração: Reator tipo Tanque Fabricação de Antibiótico Reator tipo Coluna Fabricação de Cerveja TIPOS DE BIOPROCESSOS ALGUNS EXEMPLOS DE BIOPROCESSOS TRADICONAIS (1) FERMENTAÇÕES que se desenvolvem em resíduos agroindustriais ou florestais (palha, bagaço, serragem, etc.). Trata-se de fermentação em meio sólido umedecido empregada para produção de alimentos, cultivo de fungos, fermentação do cacau, chá e café. Na Ásia, a preparação de koji, que é a soja fermentada, é a base de alimentos tradiconais (tofu, missô, shoyi e sakê). (2) FERMENTAÇÃO para produção tradicional do vinagre (processo francês ou Orleans), onde o vinho é inoculado com bactérias Acetobacter, que irão formar na superfície a mãe do vinagre (película que flutua em função dos pedaços de cortiça, onde o microrganismo cresce em contato com o meio líquido e o ar, simultaneamente. Trata-se de processo lento, exige espaço, onde a capacidade de cada barril é de 200L. TIPOS DE BIOPROCESSOS Reator para a fermentação sólida Reator para a produção de vinagre (Método Orleans) TIPOS DE BIOPROCESSOS ALGUNS EXEMPLOS DE BIOPROCESSOS SUBMERSOS Maioria dos processos industriais se desenvolve em cubas de vidro ou de aço (20L). Os agentes biológicos se encontram submersos no meio de cultivo e, ocupa aproximadamente 75% da cuba. Geralmente é necessário injetar ar e, em muitas fermentações pode ocorrer a formação de espuma. O desenho do biorreator deve adequar aos objetivos do processo tais como: (a) Esterilização do sistema (podendo ocorrer dentro ou fora do fermentador, do ar com emprego de filtros, por exemplo) (b) Aeração e homogeneização do meio (aeração e agitação mecânica na maioria das vezes, facilitando a distribuição dos nutrientes mas, gera calor que deve ser eliminado pela passagem de água fria) (c) Acréscimo de nutrientes e aditivos antiespuma (d) Manutenção do pH TIPOS DE BIOPROCESSOS Modelo de reator empregando fermentação submersa DO LABORATÓRIO À INDUSTRIA MUDANÇA DE ESCALA Um fermentador de laboratório possui de 1 a 10L onde são conduzidas as experiências de bancada (análise das variáveis físico-químicas), uma planta piloto até 5.000L e uma planta industrial até 100.000 litros. Quando se aumenta a escala (planta piloto) a relação superfície/volume é alterada e, a operação desse fermentador deve ser ajustada até se aproximar a um processo comercial. A automatização do monitoramento e do controle da fermentação permite que a informação sobre os aspectos físico-químicos (pH, temperatura, oxigênio, velocidade de agitação) seja recolhida por sondas ou sensores. Para que o processo se aproxime das condições ideais, a informação é analisada em relação a um modelo previamente estabelecido. DO LABORATÓRIO A INDÚSTRIA MONTAGEM DE ENSAIO MONITORAL EM ESCALA LABORATORIAL 2ª Fase - Multiplicação celular 3ª Fase - Fermentação Alcoólica 1ª Fase - Laboratório TIPOS DE FERMENTAÇÕES SUBMERSAS Fermentações, agentes biológicos e biorreatores CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Os processos fermentativos podem ser conduzidos de maneira contínua ou descontínua (batelada) Processo Descontínuo – o fermentador é carregado com matéria prima e inóculo, e a fermentação ocorre até o esgotamento dos nutrientes. Concluído o processo é extraído o produto e esvaziado o fermentador, limpo e esterilizado para receber outra carga. (1) Entre uma carga e outrahá um tempo improdutivo (2) Sistema flexível, pois ele pode ser empregado na fabricação de vários produtos (3) Muito empregada na indústria farmacêutica em função do risco de contaminação ser baixo CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Descontínuo – É o mais utilizado na indústria de alimentos e bebidas, como: iogurte, cerveja, vinho, picles, chucrute, etc. Permite o conhecimento básico da cinética de fermentação, para que se possa propor alternativas de condução de processo. Os tipos de inóculo usados em processos descontínuos: (1) com um único inóculo por fermentação (cultura pura com pouco risco de contaminação); (2) Com reaproveitamento de células para o inóculo (empregando as células da fermentação anterior); e (3) Com inóculo por sistema de corte. CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Descontínuo com um único inóculo Processo Descontínuo com reaproveitamento do inóculo CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Descontínuo Com cortes A condução da fermentação em “corte” pode ser feita na fase exponencial, quando deseja-se propagar inóculo, ou após o fim da fermentação. Inocula-se uma dorna, quando é atingido um estágio apropriado de fermentação, passa-se parte do conteúdo para uma dorna vazia, em seguida enche-se as duas dornas com meio. Pode levar a sérias quedas de rendimento. O controle do rendimento pode indicar quando deve-se interromper os cortes e iniciar nova fermentação com novo inóculo. CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Descontínuo Alimentado – ou batelada alimentada, onde periodicamente, parte do conteúdo (meio de cultivo + produto) é retirado e substituído por meio fresco. Trata-se de um sistema intermediário entre batelada e contínuo. No Brasil, a predominância é pelo processo batelada alimentada com reciclo de células. É um processo que minimiza repressão catabólica e os efeitos do controle do metabolismo celular (exemplos: produção de determinados antibióticos como neomicina, estreptomicina, bacitracina, sofrem repressão pela presença de glicose em concentrações mais elevadas e, evita que elevadas concentrações de substrato causem inibições da fermentação como no caso da concentração de glicose superiores a 100 g/L podem causar inibição em fermentação alcoólica com Saccharomyces cerevisiae). ). CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Contínuo – o acréscimo de nutrientes e a retirada de produtos ocorrem simultaneamente ao longo do processo, eliminando quase que totalmente o tempo improdutivo. O risco de contaminação aumenta. O sistema se adapta a processos que não exijam assepsia, como a produção de proteína microbiana e de etanol e, o tratamento de águas residuárias. Ou seja, caracteriza-se por possuir uma alimentação constante de meio de cultura com uma determinada vazão (constante), sendo o volume de meio no reator, mantido inalterado através da retirada contínua de caldo fermentado. A operação inicia-se como um processo descontínuo e a partir de um dado momento inicia- se a alimentação de nutrientes e a retirada de meio fermentado. Após um tempo o sistema convergirá ao estado estacionário. CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Contínuo • Sem reciclo de célula • Com reciclo de célula Em um único estágio • Com uma única alimentação (com ou sem reciclo de célula) • Com múltiplas alimentações (com ou sem reciclo de células) Múltiplo estágio CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Contínuo em um Único Estágio Sem reciclo de células Com reciclo de células CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Contínuo com Múltiplos Estágios e uma Única Alimentação Sem reciclo de células Com reciclo de células CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO Processo Contínuo com Múltiplos Estágios com Múltiplas Alimentações Sem reciclo de células Com reciclo de células RECUPERAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO PRODUTO Downstream process Se o produto for secretado fora da célula, estará disperso em um grande volume de água e, será necessário separá-lo por decantação ou filtração (aminoácidos, ácidos orgânicos, álcoois, enzimas, alguns antibióticos), Se o produto permanecer dentro da célula, estas deverão ser desintegradas para proceder a sua extração (vitaminas, algumas enzimas e alguns antibióticos). Emprego de operações unitárias: (1) Floculação e decantação (2) Filtração (3) Centrufugação (4) Extração com solventes (5) Destilação (6) Cristalização (7) Desidratação
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