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INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS FUNDAMENTOS SOCIOANTROPOLÓGICOS DA SAÚDE Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Organizou e sistematizou os pressupostos teóricos e metodológicos da sociologia na segunda metade do século XIX – Empirismo positivista transformado em rigorosa postura empírica (verificação, mensuração e interpretação dos fatos). Preocupava-se com as leis gerais que explicam a evolução das sociedades, com as particularidades da sociedade em que vivia, com os mecanismos de coesão dos pequenos grupos e à formação de sentimentos comuns resultantes da convivência social (relação entre geral e particular) Dedicou-se a diversos temas: - Emergência do indivíduo à origem da ordem social; - Da moral ao estudo da religião; - Da vida econômica à análise da divisão social do trabalho. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Utilizou a história, a etnografia (estudo descritivo das características antropológicas de um povo), estudo das leis, estatística e filosofia para fazer suas análises. “As regras do método sociológico” (1895): - Herdeiro também do positivismo, dedicou-se a constituir o objeto da sociologia e as regras para desvendá-lo. - Procura delimitar a fronteira entre a sociologia e demais ciências conferindo objetividade e autonomia a ela. - Define o conceito de fatos sociais. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Fatos sociais - Distinguem-se dos fatos orgânicos ou psicológicos por se impor ao indivíduo como uma poderosa força coercitiva e à qual ele deve se submeter (idioma, organização familiar, sentimento de nação). São suas características: Coerção social – força impositiva da coletividade e sociedade sobre a vontade individual. - A força coercitiva dos fatos sociais se manifesta pelas sanções legais (prescritas pela sociedade sob a forma da lei que define a infração e a penalidade) ou espontâneas (resposta a condutas consideradas inadequadas por um grupo ou sociedade) a que o indivíduo está sujeito quando tenta se rebelar contra ela. - Um comportamento desviante em um grupo social não pode ser penalizado por lei, mas é possível uma punição espontânea pelo grupo (fere valores e princípios). - A educação adequa os indivíduos à sociedade - permite a internalização das regras sociais e as transforma em hábitos. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Exterioridade – Fatos sociais existem e atuam independentemente da vontade ou adesão consciente dos indivíduos, sendo exteriores a eles. - As regras sociais, costumes e leis são prévias ao indivíduo de modo que somos coagidos a aceitar por meio de coerção. - Não há possibilidade de opinar ou escolher, sendo independente da vontade. Fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência anterior às consciências individuais. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Generalidade – Fatos sociais não se apresentam como fatos isolados, são dotados de generalidade, envolvem muitos indivíduos e grupos ao longo do tempo, repetem-se e difundem- se, permitindo uma grande sondagem. - A frequência de um determinado fato em uma sociedade indica sua importância e a necessidade de estudá-lo (estatística como ferramenta de objetividade e controle para o sociólogo). - A generalidade denota a natureza coletiva dos fatos sociais, observáveis ou morais. É o consenso social, a vontade coletiva. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Distância e neutralidade: - Desenvolveu uma metodologia própria dos estudos sociológicos defendendo a distância e da neutralidade do cientista diante de seu objeto de estudo para uma ciência objetiva (influência positivista e cartesiana). - O cientista social deve apreender a realidade sem distorce-la (abdicar de valores e sentimentos pessoais) - A mobilização dificulta o conhecimento verdadeiro. - Fatos sociais devem ser encarados como “coisas”, exteriores ao sociólogo, e analisados através de instrumentos que permitem medir suas minúcias e regularidades (observação, descrição, comparação e estatística). - Propõe o exercício da dúvida metódica - Questionamento do cientista sobre a veracidade e objetividade dos fatos estudados, procurando anular a influência de seus desejos, interesses e preconceitos. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Suicídio: - Um fato social por sua presença universal em todas as sociedades e por suas características exteriores e mensuráveis, independente das razões do suicídio. - Apesar de uma conduta individual interessa ao sociólogo pelo que tem em comum e coletivo e que escapa às consciências individuais dos envolvidos. - O suicídio depende de leis sociais e não da vontade dos sujeitos - a regularidade da variação das taxas de suicídio se relacionam com as alternâncias das condições históricas. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Como todo organismo, a sociedade apresenta estados considerados “normais” (saudável) e “patológicos” (doentio). - Fato social normal Se encontra generalizado pela sociedade ou desempenha alguma função importante para sua adaptação ou evolução (Ex: crime é um fato social normal por ocorrer em qualquer sociedade e por integrar as pessoas em torno de um valor e reforçá-lo quando ocorre a punição). Tem função social – justifica a existência de um determinado comportamento por sua contribuição na manutenção do todo no qual se insere. Acontecimentos com uma incidência “normal” do ponto de vista estatístico (relacionado com uma postura metodológica e não de um julgamento ético). A generalidade de um fato social (unanimidade) é a garantia de normalidade - representa o consenso social (coesão entre seus membros prevalecendo o interesse coletivo), a vontade coletiva ou o acordo de um grupo a respeito de uma questão. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Consciência coletiva: - No interior de qualquer grupo ou sociedade, observa-se formas padronizadas de conduta e pensamento - Os fatos sociais têm existência própria e independem do pensamento e ação individual (consciência individual). - Está disseminada por toda a sociedade e revela o tipo psíquico da sociedade que se imporia aos indivíduos e perduraria através de gerações. - É a moral vigente na sociedade, aparecendo como um conjunto de regras fortes estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos individuais. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Morfologia social: - Estudo comparativo dos sistemas estruturais de diferentes comunidades para classificar as espécies sociais (como na Biologia) - Comparação das sociedades. - Toda sociedade evoluiria de uma forma social mais simples (horda), constituída de um único segmento de indivíduos, e das combinações entre essas formas simples e igualitárias se originaram as sociedades mais complexas (clãs e tribos). - Diferencia as espécies sociais das fases históricas - As transformações históricas são efêmeras, enquanto a diversidade de espécies é mais constante. - Identificação de dois tipos de solidariedade provenientes da divisão social do trabalho: solidariedade mecânica e orgânica. Primeiros sociólogos: Émile Durkheim Divisão social do trabalho – Organização da sociedade em diferentes funções exercidas pelos indivíduos ou grupos. Nas sociedades mais simples essa divisão era baseada no sexo e idade, nas mais complexas há uma gama de funções e atribuições diferenciadas. Solidariedade mecânica – Predominavanas sociedades pré- capitalistas, em que os indivíduos se identificavam por meio da família, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão social do trabalho (consciência coletiva exerce o poder de coerção sobre os indivíduos). Solidariedade orgânica – Típica das sociedades capitalistas, em que pela divisão do trabalho, os indivíduos se tornavam interdependentes, o que garantia a união social (consciência coletiva se afrouxa e cada qual tende a ser mais autônomo). Primeiros sociólogos: Max Weber Sistematizador da sociologia na Alemanha, mostrou a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais, além da descoberta da importância da subjetividade na ação e na pesquisa social. • França e Inglaterra - Primeiras escolas sociológicas, valorizavam a universalidade (influencia do colonialismo – integração das sociedades colonizadas à cultura europeia). • Alemanha - Interesse pela história como ciência da integração, da memória e do nacionalismo, tendo como consequência o direcionamento do pensamento alemão para o reconhecimento das diversidades da vida social (preocupação com o estudo da diferença cultural, característica de sua formação política e de seu desenvolvimento econômico, somada a herança puritana de interpretação de escrituras e livros sagrados). A associação entre história, esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades caracterizou o pensamento alemão e influenciou muitos cientistas. Primeiros sociólogos: Max Weber Idealismo: – Escola filosófica alemã que teve destaque no processo de formação da intelectualidade germânica, caracterizada pela valorização da história. - Preconizou debates com os positivistas e os marxistas. - Wilhelm Hegel: Preconizou que a razão é histórica, sendo a verdade construída no tempo. O ser está em constante transformação e para se conhecer a verdade não se deve centrar no estático (existente), mas no que está por vir (movimento) anunciado nas contradições da realidade. A história não é um acúmulo e justaposição de fatos acontecidos, mas resultado de um processo determinado pelas contradições. Cada sociedade é particular e única, determinada pelo seu processo histórico; e os indivíduos têm um papel relevante pois sua ação interfere na realidade. Primeiros sociólogos: Max Weber O contraste entre o positivismo durkheimiano e o idealismo alemão se expressa na forma como cada corrente encara a história: Positivismo – A história é o processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar sociedades humanas de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade se dilui na lei geral construída pelos positivistas. Max Weber – A pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades, sendo a pesquisa a partir de documentos e interpretação das fontes um recurso entender as diferenças sociais (contradições sociais) que seriam de gênese e formação e não de estágios de evolução. - O caráter particular e específico de cada formação social deve ser respeitado e o conhecimento histórico, como busca de evidências, é um poderoso instrumento para o cientista social. - Combina duas abordagens: a histórica (respeita as particularidades de cada sociedade) e a sociológica (ressalta elementos mais gerais de cada fase do processo histórico). Primeiros sociólogos: Max Weber Descartava em suas análises históricas todo determinismo e a ideia de uma sucessão necessária de estágios pelos quais passariam todas as sociedades. Rejeitava princípios idealistas que avaliavam a vida social por meio de juízos de valor e não análise empírica. Reconhecia que as informações obtidas por estudos históricos e análise de documentos são dados esparsos que podem ser interpretados pelo cientista social, resultando em uma compreensão lógica de acontecimentos – Emprestava um caráter geral à elucidação da vida social através da indução e da análise empírica. Primeiros sociólogos: Max Weber Método compreensivo: - Diferente do modo explicativo (das ciências naturais) que busca a causa dos fenômenos, a compreensão (das ciências humanas) não busca determinar as causas imediatas, mas compreender os processos da ação humana e dela extrair seu sentido. - Seu objeto de investigação é a ação social, conduta humana dotada de sentido (com uma justificativa subjetivamente elaborada). Ação social: - Designa toda ação humana que é influenciada pela consciência da situação na qual se realiza e pela existência das ações e reações dos outros agentes sociais que estão envolvidos. - O motivo individual e subjetivo é também social (leva-se em conta a resposta do outro). - É possível decompor a ação social em diferentes etapas desvendando suas conexões. Primeiros sociólogos: Max Weber Tipos de ação social de acordo com a motivação: - Ação tradicional orientada pelo costume, tradição ou hábitos familiares. - Ação afetiva resultante das pulsões e paixões. - Ação racional guiada por um valor de ordem ética, estética ou religiosa. O motivo da ação social permite desvendar o seu sentido, pode ser expresso pelo agente ou estar implícito em sua atitude ou comportamento Cabe ao cientista compreender o sentido das diferentes ações sociais e prever suas consequências Não há oposição entre indivíduo e sociedade (na sociologia positivista a ordem social é uma força exterior), sendo as normas sociais concretizadas quando se manifestam em cada indivíduo. Primeiros sociólogos: Max Weber Normas sociais: - A vida social resulta em grande parte da integração de dois mecanismos de funcionamento – as normas (restrições e coerções) e os valores sociais (o objetivo da ação social). - São mecanismos que asseguram a regularidade da vida social e a existência de suas instituições, além de certa reciprocidade nas ações individuais. Ao identificar a motivação de uma ação social, são desvendadas diferentes instâncias da vida social, política, econômica ou religiosa. Uma ação, mesmo que individual, envolve a ação de outros sendo a teia de ações interdependentes a característica da vida social. Pela frequência de uma ação social o cientista pode conceber as tendências gerais que levam indivíduos de uma sociedade a agir de determinado modo. Para que se estabeleça uma relação social é preciso que o sentido seja compartilhado. Primeiros sociólogos: Max Weber As crenças do cientista devem estimular sua análise (sem comprometer o estudo da realidade) e aceita a parcialidade da explicação científica – não exige neutralidade e não considera o objetivo da sociologia a transformação social (pensamento de Durkheim). Não valoriza a análise quantitativa dos fenômenos sociais - O método de interpretação científica e compreensão dos fatos garantem a cientificidades das análises. Os acontecimentos tem diversas determinações que se combinam e se complementam – Causas econômicas, políticas ou religiosas estão na raiz do comportamento social, sem nenhuma primazia de uma sobre a outra. Primeiros sociólogos: Max Weber Tipo ideal: - Construção teórica e abstrata elaborada através de estudo sistemático das diversas manifestações particulares de um fenômeno, no qual acentua o que parece característico ou fundante - Sintetizao que é essencial na diversidade das manifestações da vida social permitindo identificar exemplares em diferentes tempos e lugares. - Nenhum dos exemplos representará de modo perfeito e acabado o tipo ideal, mas manterá com ele uma grande semelhança e afinidade, permitindo comparações e percepções de semelhança e diferenças. - É um instrumento de análise científica, numa construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar na realidade observada suas manifestações e compará-las. - Reúne características gerais que definem a forma como dado fenômeno se manifesta, embora não precise estar presentes em sua totalidade nem da mesma forma. - Não tem relação com as espécies sociais de Durkheim que pretendiam ser exemplos de sociedades observadas em diferentes graus de complexidade (Continuum evolutivo). Primeiros sociólogos: Max Weber Racionalidade: - Uma das características predominantes do capitalismo industrial – busca constante por determinados fins cuja trajetória não estivesse marcada pelas tradições nem pelos costumes. - Ao se impor sobre os valores éticos e religiosos mais profundos determina as relações sociais promovendo o “desencantamento do mundo”. Dominação: - Aspecto da vida social moderna cujas estruturas estão relacionadas ao uso de força (dominação coercitiva) e a legitimidade das leis (dominação diretiva). - É a possibilidade uma pessoa encontrar outra disposta a obedecer a uma ideia ou a uma situação, podendo esta submissão ser justificada por uma motivação que a legitima. - Na sociedade moderna o Estado é a estrutura mais importante por deter as instituições racionais de dominação, o monopólio da violência. Primeiros sociólogos: Max Weber Formas de dominação conforme a motivação: - Dominação tradicional É o poder que decorre das tradições (gerontocracia e patriarcalismo). - Dominação carismática Decorre da personalidade de um líder e de sua capacidade de mobilizar pessoas, seja por suas qualidades pessoais, ideias ou mecanismos como propagandas ou apresentações públicas (profetas e políticos). - Dominação legal O poder das instituições modernas – impessoal e garantido por lei -, aquele que goza uma autoridade de acordo com seu cargo em uma hierarquia. Primeiros sociólogos: Max Weber Ética protestante e o espírito do capitalismo: - Estuda a relação entre a racionalidade e crença religiosa tendo como objeto o protestantismo e o comportamento capitalista ocidental – Expões as relações entre religião e sociedade e desvenda particularidades do capitalismo. - A partir da frequência da proeminência de adeptos do protestantismo, procurou estabelecer conexões entre a doutrina protestante e seus efeitos no comportamento dos indivíduos e no desenvolvimento do capitalismo – os valores do protestantismo atuavam sobre os indivíduos. - Mostra a formação de uma nova mentalidade, costumes e hábitos propícios ao capitalismo oposta a atitude contemplativa do catolicismo (oração, sacrifício e renúncia da vida prática). Primeiros sociólogos: Karl Marx Com o objetivo de entender o sistema capitalista e modificá-lo escreveu sobre filosofia, economia e sociologia. Pretendia não apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social. Sua obra destinava-se a qualquer pessoa, não apenas cientistas, e suas formulações adquiriram dimensões de ideal revolucionário e ação política efetiva. O pensamento marxista foi sintetizador de diferentes preocupações filosóficas, políticas e científicas de sua época. Primeiros sociólogos: Karl Marx Influências : - Pensamento hegeliano - A história é um processo coeso que envolve diversas instâncias da sociedade e cuja dinâmica se dava por oposições entre forças antagônicas (tese e antítese) gerando a síntese que fecha o movimento dialético da história. - Os agentes sociais não são os únicos responsáveis pelos acontecimentos. - Socialistas franceses e ingleses (séc. XIX) - Influenciados por Rousseau que atribuiu a origem das desigualdades sociais ao advento da propriedade privada - Tinham propostas de transformação social implantando uma ordem social justa e igualitária sem individualismo, competição e propriedade privada. Primeiros sociólogos: Karl Marx Leitura crítica do pensamento clássico dos economistas ingleses (Adam Smith e David Ricardo) que resultou no desenvolvimento de conceitos importantes como: alienação, classes sociais, valor, mercadoria, trabalho, mais-valia e modo de produção. Foi interlocutor de Friedrich Engels, cofundador do socialismo científico (comunismo) – doutrina que demonstrava pela análise científica e dialética da realidade social que as contradições históricas do capitalismo levariam à sua superação por um regime igualitário e democrático que seria sua antítese ou seu aprofundamento na barbárie social. Dialética Contraposição de forças de oposição em dado momento histórico, cujo confronto provoca a transformação social. Primeiros sociólogos: Karl Marx Materialismo histórico: - Metodologia para explicar o desenvolvimento histórico da sociedade humana desde sua origem. - Toda e qualquer transformação social tem origem nas bases materiais da vida social (infraestrutura). As condições naturais e históricas da atividade produtiva (estrutura da sociedade) reflete o modo de produção (forma de organização para a produção social de bens) e engloba dois fatores fundamentais: Forças produtivas – Constituem as condições materiais de toda produção (matéria prima, ferramentas, homem – principal elemento faz a ligação entre as forças). A cada forma de organização das forças produtivas corresponde uma determinada forma de relação de produção. Relações de produção - Formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva (como são utilizados os elementos do processo de trabalho). Podem ser cooperativistas (mutirão), escravistas, servis ou capitalistas. Primeiros sociólogos: Karl Marx As relações de produção são as mais importantes entre as relações sociais existentes - Modelos de família, leis, religião, ideias políticas, valores sociais estão relacionados aos modos de produção. As mudanças nos modos de produção ao longo da história estão relacionadas às lutas de classes (contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a apropriação dos produtos gerados). O estudo do modo de produção é fundamental para saber como se organiza e funciona uma sociedade. desigualdade de propriedade contradições processo revolucionário derrocada modo de produção ascensão modo de procução Primeiros sociólogos: Karl Marx Alienação: - Conceito desenvolvido a partir da pesquisa sobre a origem e desenvolvimento do capitalismo e sua relação com a história das nação através do materialismo histórico. Rosseau – Sentido de privação, falta ou exclusão Hegel e Feuerbach – Sentido de desumanização e injustiça (sentido absorvido por Marx). Considera que a indústria, a propriedade privada e o assalariamento alienam ou separam o operário dos “meios de produção” e do fruto do seu trabalho (propriedade do empresário capitalista) – Operário alienado à natureza onde vive, a si mesmo e aos demais seres humanos. Homem alienado pela ideia de Estado como órgão político imparcial, representante e diretor da sociedade (liberalismo) –Na sociedade de classes o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme os interesses desse segmento social. Primeiros sociólogos: Karl Marx Classes Sociais: - Conceito fundamental do marxismo. - Liberdade e a justiça (direitos inalienáveis e naturais pelo liberalismo) não resistem às desigualdades sociais promovidas pelas relações de produção - divisão em proprietários e não proprietários dos meios de produção. Proletários – Trabalhadores que não possuem meios de produção e vendem a força de trabalho em troca de salário. Burgueses – Donos dos meios de produção sob a forma legal da propriedade privada, se apropriam do produto do trabalho dos operários em troca do salário. - Estabeleceram uma relação de desigualdade entre os homens e relações de antagonismo e exploração derivadas de interesses inconciliáveis entre as classes – As divergências e antagonismos entre grupos estão subjacentes a toda relação social nos diversos níveis da sociedade. Primeiros sociólogos: Karl Marx - São também complementares e interdependentes (uma em função da outra). - A oposição será superada na medida que a classe trabalhadora derrubar o capitalismo (sociedade sem classes). - As diferenças entre classes sociais expressam também uma diferença de existência material – Uma classe social partilha situações de classe comum (valores, comportamentos, regras de convivência e interesses). - Diferenças econômicas e sociais são seguidas de desigualdade na distribuição de poder – Classes economicamente dominantes se apropriam do Estado e legitimam seus interesses sob a forma de leis e planos econômicos e políticos. Primeiros sociólogos: Karl Marx Origem do Capitalismo: - As desigualdades sociais resultam da concentração de riquezas na Europa, entre poucos indivíduos com a possibilidade de acumular bens e lucros entre o século XIII e XVIII. - A Revolução Industrial acelerou o processo de alienação do trabalhador dos meios e dos produtos do seu trabalho – trabalho artesanal substituído por oficinas organizadas por comerciantes ricos que tinham aos meios de produção. - Formação de uma nova classe social – A classe operária. Primeiros sociólogos: Karl Marx O capitalismo transformou o trabalho em mercadoria, sendo a força de trabalho a única capaz de criar valor – Trabalho como a verdadeira fonte de riqueza das sociedades. Tempo de trabalho socialmente necessário à produção - Ao valor da mercadoria era incorporado várias habilidade profissionais exigidas e tempo necessário para produzi-la. Mais-valia: - O valor excedente produzido pelo operário (além do valor do seu salário) é o lucro do capitalista. - Pode-se obter mais-valia aumentando a jornada de trabalho (mais-valia absoluta), melhorando a tecnologia de produção (aumento da produtividade), mecanização (a qualidade do produto depende menos do trabalhador). - Força de trabalho com menos valor e maior capacidade de produção aumentada pelas máquinas (mais-valia relativa). Primeiros sociólogos: Karl Marx Cada sociedade representava uma totalidade – Um conjunto único e integrado das diversas formas de organização humanas na suas mais diversas instâncias. Apesar de sua perspectiva histórica extraiu conclusões de caráter geral e aplicáveis a formas sociais diferentes. Ideias com caráter militante – voltadas para ação prática e para práxis revolucionária (passou a ser identificado com todo movimento de combate a desigualdade). Objetividade científica como consciência crítica: - A ciência, assim como a ação política, só pode ser verdadeira e não ideológica se refletir uma situação de classe e uma visão crítica da realidade. - Objetividade não é questão de método, mas de como o pensamento científico se insere no contexto das relações de produção e na história. Primeiros sociólogos: Karl Marx A sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social – Luta, contradição, revolução e exploração não são disfunções sociais mas aspectos constitutivos de momentos históricos. Contribuições da teoria marxista à sociologia: - Abordagem do conflito; - Dinâmica histórica; - Relação entre consciência e realidade; - Correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social; - Deslocamento do geral para o particular, das leis macrossociais para suas manifestações históricas, do movimento estrutural da sociedade para a ação humana individual e coletiva.
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