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CURSO DE FARMÁCIA BACHAREL Farmácia hospitalar cada vez mais presente nos hospitais ANÁPOLIS, GOIÁS 2019 MRIAN ZIMERMANN Farmácia hospitalar cada vez mais presente nos hospitais Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Linguagem, Tecnologias e Produção Textual no Curso de Farmácia da Universidade Estadual de Goiás, como exigência parcial de avaliação, sob orientação da Professora Dra. Olira Saraiva Rodrigues. ANÁPOLIS-GO 2019 INTRODUÇÃO Com o passar do tempo vivenciamos muitos avanços tecnológicos em diversos ramos da ciência, inclusive no desenvolvimento na rede hospitalar de qualquer região e que passaram a integrar os serviços oferecidos nos hospitais modernos. Históricamente, os hospitais foram criados com o objetivo de acolher pacientes enfermos. Diante desta modernização das atividades hospitalares, a necessidade da participação de diversos profissionais foi intensificada. Uma gama de profissionais passou a compor o quadro de funcionários hospitalares com o propósito de melhorar o atendimento e a eficiência dos tratamentos. Nos hospitais atuais, considerados de ponta, encontramos muitos equipamentos sofisticados que auxiliam nos complexos procedimentos cirúrgicos, assim como os recursos de informática cada vez mais presentes neste espaço. No entanto, uma das coisas que não mudam no decorrer do tempo é o uso de medicamentos. Os medicamentos permanecem como um dos insumos mais importantes na manutenção da saúde, representando um poderoso personagem capaz de curar, remediar e prevenir doenças. Todavia, não podemos considerá-lo como similar de saúde, pois sua efetividade só é garantida quando usado de forma prudente. Neste sentido, para maximizar os benefícios e minimizar os riscos do uso de medicamentos é incontestável a necessidade de um profissional capacitado cuidando, principalmente, da dispensação deste produto. Logo, o profissional farmacêutico é o responsável por todo o ciclo do medicamento dentro do hospital, desde sua seleção, negociação com fornecedores, armazenamento, controles, dispensação e o uso pelo paciente. No que se refere especificamente à gestão de compra, estoques e controle de validade de medicamentos em um hospital, o gestor responsável que cuidará desse proccesso, no caso um farmacêutico, possui uma grande responsabilidade financeira, pois seu setor é um dos que movimenta um valor monetário muito alto, podendo trazer prejuízo se não for atento a sua função. Diante da importância deste profissional, iremos decorrer neste estudo, uma breve exposição da evolução da farmácia hospitalar no Brasil e alguns pontos da legislação que regulamentam a sua atuação em uma unidade hospitalar. Da mesma forma as áreas de atuação do farmacêutico hospitalar, com a descrição de algumas das suas atribuições nas principais atividades que podem ser desenvolvidas nesta área. FARMÁCIA HOSPITALAR E SEU RECONHECIMENTO No período da idade Média até século XVII, as farmácias eram na forma de boticas, nas quais utilizavam as plantas medicinais como base da terapia. O cenário foi modificado e assim criada a farmácia hospitalar, como uma área especifica do profissional farmacêutico. Entretanto esta não satisfazia os padrões ideais, tendo em vista que era raro encontrar um profissional farmacêutico que atuasse dentro dos hospitais e os poucos que encontravam nessa área tinham que descobrir qual o seu papel dentro das instalações. Em 1752 surgiu o primeiro hospital da Pensilvânia (EUA) que contemplava a farmácia hospitalar semelhante às atuais. No Brasil, a partir de 1950, os serviços de farmácia hospitalar, que eram representados pelas Santas Casas de Misericórdia e hospitais-escola, passaram a se desenvolver e a se modernizar. Também não existia uma preparação maior desse profissional nas isntituições de ensino. Dantas (2011) nos relata que o farmacêutico Dr. José Sylvio Cimino, diretor do Serviço de Farmácia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, destacou-se muito nesta fase, sendo, inclusive, autor da primeira publicação a respeito da farmácia hospitalar no país no ano de 1973, intitulada “Iniciação à Farmácia Hospitalar”. Os profissionais que se destacavam na área, nesta época, aprendiam suas funções na prática, através da observação e do bom senso, ou recorriam a cursos no exterior para se aprimorar. Somente em 1979 foi criado o primeiro serviço de farmácia clínica brasileiro, no Hospital das Clínicas do Rio Grande do Norte, hoje Hospital Universitário Onofre Lopes (DANTAS, 2011). Já em 1995 foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), que contribuiu intensamente para a dinamização da profissão e para o desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência farmacêutica hospitalar conforme Gomes e Moreira Reis (2011). Nesse sentido os autores abordam a importância da presença de um profissional farmacêutico nas redes hospitalares quando dizem: “Considerando a atual estrutura dos serviços de saúde e a situação econômica do país, a atuação do farmacêutico nas instiuições hospitalares é de suma importância para garantir uma assistência farmacêutica adequada dentro de critérios técnico- científicos e utilizando mecanismos gerenciais para uma administração eficaz e racional.” (GOMES, MOREIRA REIS,2011). As palavras de Gomes e Reis (2011) só solidificam o fato de que, com tantos desenvolvimentos técnicos e científicos ao longo dos tempos, é fundamental e necessário que dentro de uma unidade hospitalar, as atividades relacionadas à assistência farmacêutica devem ser dirigidas exclusivamente por farmacêuticos que devem, ainda, compor a estrutura organizacional do hospital integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente. Por fim, Gomes e Reis (2011) indicam que nos tempos atuais o foco da farmácia hospitalar tem por objetivo a clínica‑assistencial. O profissional deverá atuar em todas as etapas da terapia medicamentosa, zelando, em cada momento, por sua adequada utilização nos planos assistenciais, econômicos, de ensino e de pesquisa, formando, assim, um profissional dinâmico em todas as áreas. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA Para o auxilio do exercício da profissão farmácia hospitalar, o Ministério da Saúde, por meio da portaria Nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010, aprova as diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais no Brasil. A abrangência destas diretrizes e estratégias são aplicáveis às farmácias em hospitais que integram o serviço público, da administração direta e indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de entidades privadas com ou sem fins lucrativos e filantrópicos. Destacamos na figura 1 e figura 2 abaixo, algumas legislações e regulamentações relacionadas às atividades desenvolvidas pelo profissional farmacêutico em uma unidade hospitalar. Estas e outras legislações e regulamentações são fornecidas pelo Conselho Federal e os Regionais de Farmácia. Consideramos imprescindível que o farmacêutico hospitalar detenha conhecimentos além dos preceitos técnicos, os requisitos legais e regulamentares pertinentes a sua área de atuação. Figura 01: legislções e regulamentações Fonte: CRF-requisitos legais e regulamentaresda fármacia hospitalar- 4edição. Figura 2: legislações e regulamentações Fonte: . CRF-requisitos legais e regulamentares da farmácia hospitalar- 4edição De acordo com a análise destas leis e regulamentações percebemos que é de consenso geral a importância da presença de um profissional acompanhando todo o processo que envolve um medicamento. Sempre priorizando a preservação da segurança do paciente durante a distribuição de medicamentos e de outros produtos para a saúde. No que tange o contexto da segurança, a portaria Nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010, prevê a avaliação farmacêutica nas prescrições médicas, pois é de conhecimento popular que muitas vezes a grafia da receita pode induzir ao erro. O profissional deve priorizar aquelas que contenham antimicrobianos e medicamentos potencialmente perigosos, observando concentração, viabilidade, compatibilidade físico-química e farmacológica dos componentes, bem como a dose, dosagem, forma farmacêutica, via e horários de administração,que deve ser realizada antes do início da dispensação e manipulação. Com base nos dados da prescrição, é dever registrar todas as informações relacionadas ao atendimento da mesma ou à manipulação da formulação prescrita, sendo apostos e assinado pelo farmacêutico. Notamos, então, a importância de um profissional farmacêutico hospitalar especializado e se responsabilize por tudo que estiver relacionado a medicamentos. Não obstante, a lei nos garante que todo o estabelecimento, em conformidade com a complexidade das ações desenvolvidas, deve dispor de local para o atendimento individualizado e humanizado ao paciente em tratamento ambulatorial e/ou em alta hospitalar. Ademais, farmácia hospitalar deve promover ações de educação permanente dos profissionais que atuam no hospital nos temas que envolvam as atividades por elas desenvolvidas. Contudo, segundo a mesma, a responsabilidade técnica da farmácia hospitalar é atribuição do farmacêutico, inscrito no Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição. Os hospitais devem focalizar seus esforços para o fortalecimento dos recursos humanos da farmácia hospitalar, adotando práticas seguras na assistência e cuidados de saúde, bem como propiciar a realização de ações de educação permanente para farmacêuticos e auxiliares. ATRIBUIÇÕES E PERFIL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO Muitas são as atribuições e funções de diferente natureza e de crescente complexidade e responsabilidade do profissional farmacêutico hospitalar, o que exige do profissional um perfil específico e eficiente. Observamos no Manual de Farmácia Hospitalar (2005) como os serviços farmacêuticos relacionados à manipulação/produção dos medicamentos estão dispostos conforme o circuito na Figura 3. Figura 3 - Fluxograma do Ciclo de Serviços Farmacêuticos Fonte: Manual da Farmácia Hospitalar, 2005 De maneira macro na organização e divisão de trabalho hospitalar, podemos agrupar as principais atribuições do farmacêutico em cinco grandes áreas (figura 4): atividades logísticas; atividades de manipulação/produção; atividades focadas no paciente; controle de qualidade; e atividades intersetoriais. Figura 4 – Atividades do Farmacêutico Hospitalar Fonte: Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - Abril/2013 Baseado nas figuras 3 e 4, podemos perceber a ampla exigência do farmacêutico hospitalar. Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento que descreve o papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde de forma a destacar sete qualidades deve apresentar, sendo este um prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde capaz de tomar decisões, comunicador, líder, gerente. atualizado permanentemente e que seja educador. (FERRACINI; BORGES FILHO, 2011) Assim, o farmacêutico que deseja atuar em instituições hospitalares e de saúde deve possuir conhecimentos básicos de administração, habilidade para coordenação, liderança e domínio de uso das tecnologias. O profissional deve ser multidisciplinar, com habilidades de gestor, de coordenador e de lider. Estes pré-requisitos podem se estender a outras instituições de serviços de saúde, como atendimento pré-hospitalar, postos de saúde, ambulatórios, centros de diagnóstico e/ou medicina nuclear, equipes de visita domiciliar e congêneres. CONCLUSÃO A abordagem do serviço de farmácia hospitalar neste trabalho foi de grande valia por expor a importância do profissional farmacêutico dentro de uma unidade hospitalar. Sabemos que foi parte de uma evolução, antes o farmacêutico hospitalar era dispensável. no entanto, ao decorrer dos anos, o profissional qualificado foi ganhando cada vez mais espaço e, consequentemente, mais responsabilidade em diversas atividades impactando de maneira positiva na saúde dos pacientes. Na medida em que seu trabalho se torna indispensável, os índices de mortes por erros de medicamento reduziram, os gastos após uma boa gestão de estoque também reduziram, e, com isso, toda uma categoria se valoriza. Contudo, percebemos que esse reconhecimento foi gradativo ao longo da história da farmácia hospitalar e, infelizmente, ainda encontramos localidades em que a presença deste profissional não é exigida. Outro ponto interessante é o fato de cada paciente possuir diversas necessidades e requerir das farmácias hospitalares um desempenho em uma série de atividades coordenadas. Tais funções exigem do farmacêutico hospitalar um maior comprometimento com os resultados gerais dos seus serviços e não somente com o fornecimento de medicamentos. Contudo, por mais que ainda no Brasil encontramos uma série de limitações, principalmente na área da saúde, mais especificamente as relacionadas às estruturas físicas, processos e procedimentos, não deixamos de vislumbrar um eficaz e eficiente atendimento nas instutuições da saúde, particulares ou privadas. Sendo o nosso objetivo maior, como futuros profissionais farmacêuticos, contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos usuários da rede de farmácias hospitalares. REFERÊNCIAS DANTAS, S. C. C. Farmácia e Controle das Infecções Hospitalares. Pharmacia Brasileira. Brasília, nº 80, fev/mar 2011. FERRACINI, Fábio Teixeira; BORGES FILHO, Wladimir Mendes. Farmácia Clinica: Segurança na Prática Hospitalar. São Paulo: Editora Atheneu, 2011. ISBN 978-85-388- 0260-0 GOMES, Maria José Vasconcelos de Magalhães; MOREIRA REIS, Adriano Max. Ciências Farmacêuticas- uma abordagem em Farmácia Hospitalar. 1ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2011. REVISTAS PESQUISADAS: CRF-requisitos legais e regulamentares da farmácia hospitalar- 4edição Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - Abril/2013. Para acessar o texto completo das legislações, recomenda-se: Para as Resoluções do Conselho Federal de Farmácia: http://www.crf-pr.org.br Para as Leis e Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego: http://www.mte.gov.br/legislacao/
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