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SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO rev7

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SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO: CELAS 
SUPERLOTADAS GARANTEM UMA SOCIEDADE MENOS 
VIOLENTA? 
 
Denilson Shaffer 
Gustavo Peres Lozzer 
Jéssica Ramos Azeredo 
Letícia Miranda Lourenço 
Matheus Ferreira 
 
RESUMO – O presente artigo salienta a importância e urgência de medidas 
que podem auxiliar no processo de ressocialização de detentos, com 
direcionamento voltado à estrutura do sistema prisional, explicitando suas 
deficiências e demonstrando por meio de dados comparativos a eficácia de 
inteligentes ações de governo. Para a discussão tem-se como fundamento a 
argumentação de alguns teóricos do tema. Dessa forma, sob uma ótica 
puramente racional e não-vingativa compreenderemos que ao passo no qual a 
sociedade evolui e a realidade nos acorda cada vez mais cedo, faz-se 
indispensável um investimento na estrutura social e, singularmente, no sistema 
carcerário para que os reclusos possuam um mínimo de condição e preparo 
para convívio em sociedade. 
Palavras-Chave: Violência. Superlotação. Sociedade. 
 
ABSTRAT – This article emphasizes the importance and urgency of measures 
that can help in the process of resocialization of detainees, directed towards the 
structure of the prison system, explaining their deficiencies and demonstrating, 
through comparative data, the effectiveness of intelligent government actions. 
For the discussion one has as basis the argumentation of some theorists of the 
subject. Thus, from a purely rational and non-vengeful point of view, we will 
understand that as society evolves and reality awakens us earlier, it becomes 
indispensable to invest in the social structure and, in particular, in the prison 
system so that prisoners have a minimum of condition and preparation for living 
in society. 
Keywords: Violence. Over crowded. Society. 
 
I. INTRODUÇÃO 
O artigo em questão traz à tona um assunto que diariamente é noticiado pelos 
canais, especialmente, televisivos de comunicação. Seja qual for sua opinião, é 
sempre polêmico discutir o sistema carcerário brasileiro. O que as notícias 
pouco enfatizam são as condições sub-humanas ao qual são submetidos os 
detentos, muito menos a relação existente entre o Estado e os ex-presidiários, 
alvos de um alto nível de violência que reflete exclusivamente em suas 
percepções sociais após possíveis saídas. 
 
Discutiremos aqui a importância desse tipo de abordagem no quesito 
segurança pública, os números alarmantes no tocante a densidade 
demográfica, bem como, apresentaremos análises comparativas do mesmo 
sistema em outros países. Esse estudo se fará através de uma revisão literária 
e análise de dados, para demonstrar o impacto que a falta de estruturação no 
sistema carcerário causa na sociedade, além de quais medidas seriam viáveis 
para a reversão dessa infeliz realidade. 
 
A necessidade de garantir a paz como um interesse da maioria, surgiu após a 
criação do Estado, onde a sociedade guiada por sólidas regras via-se em 
obrigação de punir, constatando que este método com única e exclusiva 
pretensão de castigar o infrator, suficientemente resguardaria a eficácia das 
regras comuns de convivência. 
 
Na antiguidade, época em que a pena para os que descumprissem as regras 
era inicialmente de ordem privada, punições poderiam ser fixadas entre 
sacrifícios e castigos desumanos sobre os que cometessem tais atos, mas a 
partir do instante que todo processo se reestruturou mediante a Lei de Talião, 
registrada pelo Código de Hamurabi em 1680 a.C, foi imposto a 
proporcionalidade entre a conduta do infrator e sua punição. 
 
Após a passagem desse momento histórico, as punições alternaram-se para a 
esfera pública no intuito principal de garantir os interesses do Estado, sendo 
desta forma iniciada a privação de liberdade como forma de preservar o réu até 
ser realizado seu julgamento e estipulada a sua sentença, embora ainda 
utilizassem os julgamentos de forma publica como modelo intimidativo. O 
objetivo primário embasava os conceitos de fé, para que a população 
acreditasse em uma representação da ira divina, logo, onde a alma do 
delinquente no ato de atrocidade seria purificada. 
 
A crueldade e os absurdos realizados para execução de penas somente foram 
contrariados através do Movimento Humanitário, este que se tornou um 
símbolo de reação ao atual e vigente sistema penal da época, servindo como 
contexto base para a criação do direito penal moderno e a Declaração do 
Direito dos Homens e do Cidadão durante a Revolução Francesa. 
 
Outros fatores foram de caráter decisivo para estimular a aplicação da prisão 
como sentença; a remoção do processo de castigos físicos, o aumento da 
criminalidade por toda Europa em razão das guerras e também da urbanidade, 
geraram um vulto de pobreza e violência. Mediante ao crescimento da 
delinquência, a pena de morte tornou-se insuficiente e inadequada, 
ocasionando a conveniência da aplicação de sanções privativas de liberdade. 
Assim, a pena de prisão solidificou-se como principal modalidade punitiva, 
embora a sua execução permanecesse primária e desumana. 
A realidade do sistema penitenciário brasileiro ainda é desumana mesmo nos 
dias de hoje, se comparando a uma fábrica de doenças e de proliferação das 
mesmas, isto, em razão de crimes sexuais que ocorrem nos bastidores da 
superlotação. O artigo 5º, XLIX, da Constituição Federal, prevê que: “é 
assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. 
 
Mas na prática, não há quem assegure tais direitos. Não deveria, mas essa 
parcela de população é a última a ser cogitada a receber uma ação, isso 
quando é lembrada no que tange melhoria de sistema. Um dos reflexos para 
essa narrativa seria a criação do Comando Vermelho, uma facção criminosa 
brasileira com o pressuposto de existência mediante aos maus tratos 
diariamente lapidados dentro da cadeia. 
 
Dessa forma, a necessidade de medidas arquitetadas pelo Estado torna-se 
indispensável, ao passo que a autonomia dos reclusos aumenta 
gradativamente, cujo auxílio tecnológico e ademais fatores ante apresentados, 
regulamentam o acesso a aparelhos celulares, formação, e mão de obra 
criminosa que permite o controle absoluto de detentos por facções de grande 
porte. 
 
A superlotação é inevitável, haja vista que além da falta de novas instalações, 
muitos ali já cumpriram penas e são esquecidos. A falta de capacitação dos 
agentes, a corrupção, a falta de higiene e assistência ao condenado também 
são fatores que contribuem para a falência do sistema. O Estado tenta realizar, 
na prisão, durante o cumprimento da pena, tudo o que deveria ter 
proporcionado ao cidadão. Contudo, o próprio Estado contribui para a 
crescente periculosidade do sistema, permitindo que as prisões fabriquem 
delinqüentes mais perigosos, e de dentro das cadeias eles próprios possam 
cometer e comandar novos crimes, modulando uma sociedade individual 
distinta à nossa. 
 
O despreparo dos agentes exalta uma cultura de “disciplina carcerária”, onde 
pelo uso descabido da violência regras são impostas e comumente, estes ficam 
impunes. Não diferente da realidade dos detentos que já estando em situação 
criminalizada, praticam deliberadamente a violência, dominando outros 
reclusos e instalando uma hierarquia de continuidade similar a uma cadeia 
alimentar, onde somente os mais fortes sobrevivem. 
 
São Paulo, 1992, 111 presos executados, (Revista Veja, 14 de Outubro de 
1992) conhecido como o Massacre do Carandiru. Após as rebeliões os 
detentos eram agrupados e apanhavam dos agentes, vez ou outra essa 
“punição” extrapolava, e ocorriam mortes, a exemplo o caso citado. 
 
II. SUPERLOTAÇÃONASCELAS E CONDIÇÕESSUB-HUMANAS 
RELACIONADAS À SAÚDE 
A superlotação e a falência do sistema penitenciário brasileiro são assuntos 
bastante debatidos. Houve um aumento de 113% dos presos de 2000 a 2010, 
de acordo com dados do Ministério da Justiça (DIAS, 2016). Combinando isso 
à falta de investimento e manutenção das penitenciárias e presídios, esses 
locais tornaram-se verdadeiros depósitos humanos. Essa situação acaba 
colaborando com fugas e rebeliões. 
 
 
A superlotação das celas, sua precariedade e sua 
insalubridade tornam as prisões num ambiente propício à 
proliferação de epidemias e ao contágio de doenças. Todos 
esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos 
presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e 
toda a lugubridade da prisão, fazem com que um preso que 
adentrou lá numa condição sadia, de lá não saia sem ser 
acometido de uma doença ou com sua resistência física e 
saúde fragilizadas (DIAS, 2016). 
 
Uma cela fechada que abriga um número maior de pessoas que a sua 
capacidade acarreta em problemas como o calor e a pouca ventilação, a falta 
de espaço faz com que os presos precisem se revezar para dormir. “O número 
de colchões é insuficiente e nem a alternativa de pendurar redes nas celas faz 
com que todos possam descansar ao mesmo tempo” (DIAS, 2016). Outro 
problema é a falta de mobilidade, a comida tem que passar de mão em mão 
para chegar aos apenados que estão no interior da cela e a dificuldade de 
chegar aos banheiros fazem os presos procurarem alternativas, tais como a 
utilização das embalagens das marmitas para satisfazer as necessidades e até 
mesmo urinar para fora da cela. 
 
Não há privacidade alguma em penitenciárias e presídios 
superlotados. O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, 
admitiu que o sistema prisional chega a ser praticamente 
medieval, após a divulgação de um estudo da Anistia 
Internacional, apontando a degradação do sistema 
penitenciário nacional. Para reduzir o problema da 
superlotação, foi criada a Lei nº 12.403, de 4 de maio de 2011, 
possibilitando alternativas à prisão provisória para presos não 
reincidentes que cometeram delitos leves com pena privativa 
de liberdade de até quatro anos, como fiança e monitoramento 
eletrônico. A liberação desses acusados pode causar uma 
sensação de insegurança (DIREITONET, 2016). 
 
Os presos adquirem as mais variadas doenças no interior das prisões, as mais 
comuns são a tuberculose e a pneumonia já que são doenças respiratórias, 
além de AIDS, hepatite e doenças venéreas. Para serem levados para o 
hospital necessitam de escolta da Polícia Militar (PM), o que dificulta ainda 
mais o tratamento do doente. Apesar de todo o planejamento da cartilha sobre 
o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, é totalmente duvidosa a 
concretização de tais projetos, pois já é visto que neste país é difícil os 
recursos públicos serem reservados para o que deveriam ser propriamente 
destinados (DIREITONET, 2017). 
 
Podemos citar como exemplo o sistema prisional de Campinas, 
no qual a tuberculose é considerada como ameaça já que sem 
o devido controle dentro das prisões, talvez não seja possível 
controlar a reincidência fora delas. Pouca ventilação, 
superlotação, condições sanitárias adversas, baixo nível sócio 
econômico, tempo de permanência na penitenciária e uso de 
drogas favorece a proliferação de doenças como a tuberculose. 
Portanto, risco de contaminação e possível epidemia para com 
a comunidade perto da penitenciária, como os familiares e 
policiais, é incisivo (DIREITONET, 2016). (...) 
 
A AIDS no meio carcerário é muito comum devido à 
possibilidade de ser transmitida com o uso de drogas injetáveis, 
podendo ser considerada como epidemia. A doença na prisão 
põe em perigo a vida dos “pacientes” por causa da falta ao 
acesso de médicos especialistas em HIV/AIDS e, do acesso 
limitado a todos os tratamentos disponíveis e terapias 
alternativas. Por isso, os prisioneiros com HIV/AIDS não têm as 
mesmas taxas de esperança de vida que uma pessoa com 
HIV/AIDS que vive na parte externa. Todavia, mais uma vez o 
Estado deixa a desejar no que diz respeito à saúde pública, 
demonstrando assim, que o preso com HIV/AIDS já adquiriu 
fora da cadeia ou contagiou-se por alguém que já tinha antes 
de ser detido (DIREITONET, 2016). 
 
A manutenção do encarceramento de um preso com um estado deplorável de 
saúde estaria fazendo com que a pena não apenas perdesse o seu caráter 
ressocializador, mas também estaria sendo descumprindo um princípio geral 
do direito, consagrado pelo artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, o 
qual também é aplicável subsidiariamente à esfera criminal, e por via de 
consequência, à execução penal, que em seu texto dispõe que “na aplicação 
da lei o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum” (DIREITONET, 2016). Dessa forma, fica claro que o sistema é 
falho e deixa de cumprir seu papel ressocializador, tendo os presos seus 
direitos mínimos negados e ocorrendo assim a dupla penalização, devido a 
falta de estrutura e manutenção, descumprindo a preceito expostos na Lei de 
Execução Penal. 
 
A ineficácia do sistema penitenciário brasileiro no âmbito de ressocialização de 
ex-detentos nos dias atuais está evidente no Brasil, e se torna um reflexo das 
condições e do tratamento que o condenado é submetido ao ambiente 
prisional. A indiferença no qual são tratados após readquirir sua liberdade é 
outro fator agravante para o insucesso desse processo. 
 
Após a conquista da liberdade, o Estado como um todo se mostra em um total 
desamparo para com o ex-detento, de forma a fazê-lo enxergar como única 
forma de sobrevivência retornar ao mundo do crime. 
 
Além disso, a partir do momento em que o preso passa a ser tutelado pelo 
Estado, ele não perde somente o direito à liberdade, mas também é perdido 
todos os outros direitos fundamentais previstos que não foram atingidos pela 
sentença que se faz cumprir, passando por mais variados atos de castigos, 
degradação de sua personalidade e perda de sua dignidade, sendo um 
processo que não oferece qualquer tipo de condições para prepará-lo para o 
seu retorno à sociedade. 
 
As garantias aos direitos fundamentais previstas em diversos estatutos legais e 
em nível mundial como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a 
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e a Resolução da 
ONU são os órgãos que prevêem acima de tudo regras mínimas para o 
tratamento de um preso. No entanto, o que tem ocorrido na prática é a 
constante violação destes direitos e a total ineficácia da execução das normas 
para essa garantia. 
 
Em nível nacional a nossa Carta Magna contém 32 incisos do artigo 5° que 
trata dos direitos e das garantias fundamentais do preso, e ainda a legislação 
específica contida nos incisos I a XV do artigo 41 da Lei de Execução Penal. 
 
Se tratando de legislação o estatuto Executivo Penal é tido como um dos mais 
avançados, onde se lapida que a execução de uma pena privada de liberdade, 
acima de tudo, deve se estabelecer sobre os princípios da humanidade, sendo 
qualquer punição desnecessária, cruel ou degradante considerada como um 
ato de ilegalidade. 
 
Contudo, ainda podemos observar como um paralelo, vinculando o aumento do 
índice de criminalidade ao agravamento da crise no sistema carcerário. O fato 
de o crime ser um ato de cunho social faz com que o aumento da criminalidade 
venha ser refletido diretamente no quadro de segurança em que o país se 
encontra atualmente. 
 
III. SISTEMAS PRISIONAIS EM OUTROS PAÍSES: COMO O BRASIL SE 
COMPARA COM RESTO DO MUNDO? 
O Brasil é o terceiro país commais presos no mundo. Segundo um 
levantamento feito pelo departamento Penitenciário Nacional (Infopen) de 2015 
e 2016, a população carcerária foi de 698.618, em 2015 para 726.712 em 
2016. A comparação com outras nações só foi feita em 2015. O Infopen é um 
banco de dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério 
da Justiça. 
 
Nesse mesmo ano, o Brasil (698,6 mil) ultrapassou a Rússia (646,1 mil) e só 
ficou abaixo de Estados Unidos (2,14 milhões) e China (1,65 milhão). Logo 
após o Brasil, vem a Índia, em quinto, com 419,62 mil detentos. O Marrocos 
tem a menor população carcerária em números absolutos: 79,37 mil. 
 
O número de internos mais do que dobrou em relação a 2005, quando 316,4 
mil pessoas estavam presas. Em 1990, começo da série histórica, a quantidade 
era oito vezes menor do que a de hoje: 90 mil. 
 
O Brasil é o terceiro em taxa de ocupação das cadeias (188,2%), atrás apenas 
de Filipinas (316%) e Peru (230,7%), e o quarto em taxa de aprisionamento por 
cem mil habitantes. O índice brasileiro, ainda para 2015, é de 342, menor 
somente do que Estados Unidos, Rússia e Tailândia. "Nos últimos cinco anos, 
Estados Unidos, Rússia e China diminuíram suas taxas de aprisionamento, 
enquanto no Brasil esta taxa aumentou", ressalta o estudo. 
 
Verifica–se que a superlotação não é a única causa da crise no sistema 
carcerário brasileiro, outros fatores determinantes são: o excesso de prisões 
provisórias e prisões que não cumprem seu papel de ressocialização o que 
acaba fortalecendo o crime. 
 
Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 250mil, ou 40% do total, 
são presos provisórios. A maior parte dessas prisões surge depois de uma 
prisão em flagrante, que levam a prisões provisórias em 94,8% dos casos, 
segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Infopen revela que 26% 
desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de pessoas 
que viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais de dois meses no 
cárcere. 
 
Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido usada mais como 
regra do que exceção – e que ela se tornou uma forma de antecipar a 
execução da pena. Tomar medidas para alterar esse quadro pode melhorar a 
situação do sistema, pois uma parte desses presos poderia ser liberada. Uma 
forma de atenuar o problema é a audiência de custódia, em que o preso em 
flagrante tem acesso a um juiz em até 24 horas após a prisão. 
 
O Ministro Ricardo Lewandowski, apresentou uma proposta de reforma do 
Código de Processo Penal (CPP). A mudança na lei obriga os juízes a se 
manifestarem sobre a possibilidade de aplicação das medidas cautelares 
alternativas previstas no artigo 319 do CPP, antes de ser determinada a prisão 
em flagrante ou preventiva. 
 
Lewandowski disse que a proposta tem como objetivo mudar o que ele chamou 
de “cultura do encarceramento” que existe no País. Segundo ele, qualquer 
pessoa detida nos dias de hoje fica presa por meses ou anos, sem maiores 
indagações e sem que haja um exame mais apurado da sua situação concreta, 
explicou. 
 
Cerca de 40% dos mais de 500 mil presos, no Brasil, são presos provisórios. 
“Isso, obviamente, contribui para a superlotação dos presídios”, disse o Ministro 
do STF. 
 
Com o problema da superlotação e cadeias precárias, é quase impossível 
pensar em políticas de ressocialização no Brasil. Nesses ambientes insalubres, 
o crime organizado encontra espaço para se fortalecer e desenvolver suas 
atividades. É das cadeias que facções têm planejado e executado a venda e 
distribuição de drogas. As prisões também são oportunidades de aliciamento 
de novos traficantes. Para garantir sua própria sobrevivência, outros presos, 
menos perigosos, acabam se submetendo à hierarquia das gangues presentes 
nos presídios. Quando tais pessoas deixam o cárcere, voltam ainda piores para 
o convívio social. 
 
Finalmente, é preciso destacar que o Estado também falha em fornecer 
estrutura adequada nas penitenciárias, de forma que em muitos casos não 
ocorre separação adequada dos presidiários, nem atividades que visem à 
ressocialização do preso, como educação e cursos profissionalizantes.Na 
contramão do Brasil, dois países podem servir de modelos para a mudança do 
nosso sistema carcerário, são eles: Noruega e Holanda. Os dados básicos 
sobre cada sistema prisional são da World Prison Brief, base de dados da 
International Centre for Prison Studies. 
 
A Noruega com uma quantidade de presos de 3.874 (128º do mundo), taxa de 
encarceramento de 74 (169º do mundo) e taxa de ocupação de vagas de 
89,8(141ºno mundo) consegue manter baixo nível de encarceramento e 
garantir tratamento mais humano aos condenados. Parte do sistema 
penitenciário do país é composto por “casas de adaptação”, que são descritas 
como algumas das melhores dependências para detentos no mundo. Para a 
Noruega, a rotina na prisão deve ser a mais normal possível, sem maiores 
diferenças com a vida fora dela, por isso, os presos podem fazer diversas 
atividades como jogar videogame e xadrez, ver televisão, cozinhar, praticar 
esportes, tocar instrumentos musicais, entre outras coisas. 
 
A Noruega também evita penas longas: a maior parte dos presos não fica um 
ano – e a sentença máxima é de 21 anos. Isso também torna a reabilitação dos 
presos uma questão de necessidade, pois rapidamente eles voltam ao convívio 
social. As políticas prisionais da Noruega se refletem em baixa taxa de 
reincidência estando na casa de 20%, entre as mais baixas do mundo. 
 
A Holanda também possui políticas mais liberais em relação ao sistema 
prisional penal. Tendo uma quantidade de presos de 11.603 (85º no mundo), 
taxa de encarceramento de 69 (174º no mundo) e taxa de ocupação de vagas 
de 77% (170º no mundo). 
 
As cadeias holandesas em nada lembram as do Brasil: contam com amplas 
áreas verdes, bibliotecas, mesas de piquenique e redes de vôlei. Os detentos 
são autorizados a circular livremente por esses espaços e podem até usar 
facas para cozinhar. Adota-se, novamente a ideia de que a rotina na cadeia 
não deve ser muito diferente da rotina fora dela. Essa abordagem ajudaria o 
preso a retomar a vida mais facilmente ao sair da prisão. Por fim, a 
recuperação do preso é personalizada e procura abordar as causas que 
levaram a pessoa a cometer o crime. Assim como na Noruega, as sentenças 
também são curtas, 91% dos condenados na Holanda cumprem penas de um 
ano ou menos. 
 
Com cada vez menos detentos, o governo holandês tem fechado várias 
prisões. Estas acabam servindo para outros fins: viram centros de triagem de 
refugiados, hotéis de luxo ou prisões para detentos de países vizinhos. Além 
disso, penas alternativas têm sido adotadas mais frequentemente pelos juízes, 
especialmente quando o indivíduo é pouco perigoso. 
 
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O sistema carcerário brasileiro é defasado, algo inegável em concepção dos 
dados anteriormente apresentados no texto. Outro fator imprescindível é visto 
ao utilizar o reflexo de ademais nações como fonte de estudo, perpassando 
diretamente o fato de que uma boa estruturação, em longo prazo, pode ser a 
resposta para a diminuição abrupta da criminalidade por meio da 
ressocialização dos detentos. 
 
Sabe-se que a população brasileira é retida historicamente por grandes índices 
de violência diária, seja nos televisores e meios de comunicação ou 
cotidianamente em suas próprias casas, o que pode influenciar de forma direta 
em complexos vingativos ou indiferença com tais indivíduos e a situação 
precária ao qual se encontram. A má administração governamental e o 
desinteresse em tais espectrospode ser uma das principais razões para o 
descaso. Entende-se, entretanto, através dos dados dissertados durante o 
texto, que a violência não é a resposta imediata para a diminuição da 
criminalidade, tampouco um método efetivo. 
 
Ao replicar métodos violentos, estamos forjando armamentos psicológicos para 
a entrada de facções dentro dos presídios, e principalmente, fundamentando a 
ausência de esperança dos detentos, que vêem no crime a única forma de 
sobreviverem. Não se espera, entretanto, que uma nação de escala continental 
possa reproduzir economicamente, ou mesmo efetivamente, processos 
utilizados em países que investem há décadas em formas efetivas de 
diminuição da criminalidade. O mínimo que deve ser garantido, como 
predisposto na Organização das Nações Unidas, é o direito à dignidade 
humana, um fator completamente secundário em meio ao ambiente antagônico 
dos presídios nacionais. 
 
Portanto, com este estudo, não existe uma crença utópica de que o Brasil 
torne-se uma nação tão distante quanto a Noruega, mas que consiga garantir 
prioritariamente a saúde, alimentação e privacidade dos detentos com o intuito 
de possivelmente ressocializá-los para viver em sociedade. Seja através de 
trabalhos remunerados ou investimentos no sistema carcerário, desde estrutura 
à formação de novos agentes penitenciários. Com isso, não somente a 
diminuição da criminalidade é ambicionada, como também métodos funcionais 
de trabalho correlacionados às inúmeras camadas sociais pertencentes ao 
nosso país. 
 
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à 
sociologia do direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Revan. 2002. Acesso em: 
31 mai. 2017. 
BBC. Holanda enfrenta 'crise penitenciária': sobram celas, faltam 
condenados. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
37966875. Acesso em: 20 jun. 2019. 
BBC. Por que a Noruega é melhor país do mundo para ser preso. Disponível 
em: 
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160317_prisoes_noruega_tg. 
Acesso em: 12 jun. 2019. 
BOCALETI, J. M. D. R; OLIVEIRA, D. G. P. Superlotação e o sistema 
penitenciário brasileiro: É possível ressocializar?. Actio, Maringá, PR, v. 1, n. 27, 
p. 1-13, ago./2017. Disponível em: 
<http://www.actiorevista.com.br/index.php/actiorevista/article/view/62>. Acesso 
em: 18 jun. 2019. 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Geopresídios. Disponível em: 
http://www.cnj.jus.br/inspecao_penal/mapa.php. Acesso em: 20 jun. 2019. 
CORRÊA, P. C. M. et al. A Progressiva Violência Urbana adstrito à 
criminalidade: seu impacto perante o corpo social. Jornal Eletrônico, Juiz de 
Fora, Minas Gerais, v. 10, n. 2, p. 1-20, dez./2018. Disponível em: 
<https://www.vianna.edu.br/wp-content/uploads/anais-feira-livro-2019/Art-1-A-
PROGRESSIVA-VIOLENCIA-URBANA-ADSTRITA-A-CRIMINALIDADE.pdf>. 
Acesso em: 17 jun. 2019. 
DIAS, Cláudio Cassimiro. Realidade do Brasil. Disponível em: <http://www. 
direitonet.com.br/artigos/exibir/3481/A-realidade-atual-do-sistema-penitenciario-
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