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FocoMED Cálculos Biliares – Gastro >>>>> By. Keila Crystini By. Keila Cystini Estudante de Medicina UPE-Garanhuns GASTRO CÁLCULOS BILIARES 1 Epidemiologia Mais frequente em mulheres, maior recorrência após os 50 anos. Patogênese Os cálculos biliares são formados devido a uma composição anormal da bile. Se dividem em dois tipos: Cálculos de colesterol e cálculos pigmentares. CÁLCULOS DE COLESTEROL (VB = Vesícula Biliar; CB’s = Cálculos Biliares) Colesterol é hidrofóbico, sua dispersão aquosa depende de micelas ou vesículas sendo necessária a presença de um segundo lipídeo para solubilizá-lo. Em forma de vesículas unilamelares de 2 camadas que são transformadas em micelas mistas, é constituída de ácidos biliares, fosfolipídeos e colesterol. Excesso de Colesterol em relação aos demais constituintes = há persistência de vesículas instáveis ricas em colesterol que se aglomeram em grandes vesículas multilamelares a partir do qual ocorre precipitação dos cristais do colesterol. Ocorrer por hipersecreção do colesterol ou por hipossecreção de ácidos biliares e de fosfolipídeos. Mecanismos de formação da Bile Litogênica (Formadora de Cálculos): ➢ Fatores ambientais: obesidade, síndrome metabólica, dietas com alto teor calórico e ricas em colesterol ou medicamentos que pode resultar do aumento de atividade da HMG-CoA, a enzima limitadora de velocidade da síntese hepática de colesterol e da captação hepática de colesterol a partir do sangue. ➢ Fatores genéticos (25%) - polimorfismo de nucleotídeo o Gene que codifica o transportador de colesterol hepático (ABCG5/G8) – por ganho de função contribui para a hipersecreção de colesterol. (Alta prevalência de cálculos biliares em parentes de primeiro grau); o Transformação hepática prejudicada do colesterol em ácidos biliares o Mutação do gene CYP7A1 - deficiência da enzima colesterol 7-hidroxilase – catalisa a etapa inicial do catabolismo do colesterol e da síntese dos ácidos biliares = hipercolesterolemia e cálculos biliares. o Mutação no gene MDR3 - codifica a bomba de exportação dos fosfolipídios na membrana canalicular dos hepatócitos, podem causar alteração na secreção dos fosfolipídeos e consequente supersaturação do colesterol. o Distúrbio metabólico de aceleração na transformação do ácido cólico em ácido desoxicolato, com a substituição do reservatório do ácido cólico pelo reservatório de ácido desoxicólico. Maior secreção de desoxicolato que está associada a hipersecreção de colesterol. OBS.: Em pacientes com CB, o colesterol da dieta aumenta a secreção biliar de colesterol. Isso não ocorre em pacientes sem CB. OBS.: Somente a bile supersaturada de colesterol não é suficiente para formação dos cálculos biliares, pois o tempo necessário para os cristais de colesterol sofrerem nucleação e crescer é maior do que o período que a bile permanece na vesícula biliar. Mecanismos que aceleram o processo de nucleação dos cristais de colesterol: ➢ Excesso de fatores pronucleação (mucina, algumas glicoproteínas, imunoglobulinas, partículas pigmentares) ou deficiência de fatores antinucleação (apolipoproteínas A-I e A-II). ➢ Hipomotilidade da VB = anormalidade no esvaziamento da bile. Associa-se com jejum, nutrição parenteral total, gestação, queimaduras, cirurgia, contraceptivos orais e em pacientes que usam fármacos que inibem a motilidade da VB. FocoMED Cálculos Biliares – Gastro >>>>> By. Keila Crystini By. Keila Cystini Estudante de Medicina UPE-Garanhuns GASTRO CÁLCULOS BILIARES 2 LAMA BILIAR Indica supersaturação da bile com colesterol ou bilirrubinato de cálcio. Formar-se por distúrbio que resultem na hipomotilidade da VB. É percursora de doença calculosa, trata-se de um material mucoso espesso com cristais líquidos de lecitina-colesterol, cristais de monoidrato de colesterol, bilirrubinato de cálcio e géis de mucina. Sua presença sugere duas anormalidades: 1. Desarranjo do equilíbrio normal entre secreção de mucina pela VB e sua eliminação 2. Ocorrência de nucleação dos solutos biliares. CÁLCULOS PIGMENTARES Costumam estar relacionados com infecções na VB e árvore biliar. Os cálculos pigmentares pretos são compostos de bilirrubinato de cálcio puro ou de compostos polímeros com cálcio e glicoproteínas mucinas. Mais com em pacientes com: ➢ Estado hemolítico crônico ➢ Síndrome de Gilbert ➢ Fibrose cística ➢ Doenças ileais Cálculos pigmentares marrons são compostos de sais de cálcio de bilirrubina não conjugada com quantidades variáveis de colesterol e proteínas. Diagnóstico ULTRASSONOGRAFIA DA VB Muito preciso, detecta cálculos com 1,5 mm de diâmetro. A lama biliar também pode ser detectada, apresenta baixa atividade ecogênica, forma uma camada na posição mais baixa da VB, tal camada se desloca com as mudanças posturais. RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME Podem detectar cálculos biliares que contêm quantidades suficientes de cálcio a ponto de tornarem radiopacos. Sintomas Cálculos biliares causam inflamação ou obstrução após migração para ducto cístico ou ducto colédoco. Sintoma mais específico = Cólica Biliar (dor constante e duradoura). Começa bruscamente e pode persistir de 15 min a 5 horas, desaparecendo de modo gradual ou rápido. A obstrução de algum dos ductos promove elevação da pressão intraluminal e distensão visceral. A dor visceral consiste em plenitude intensa e constante no epigástrio ou quadrante superior direito do abdome com frequente irradiação para a área interescapular, a escápula direta ou o ombro. Naúseas e vômitos acompanham com frequência os episódios. Queixas de dor com curta duração de plenitude epigástrica indefinida, dispepsia, eructações ou flatulências, especialmente após refeição gordurosa (ATENÇÃO: não são específicos de CB) Dor de mais de 5h suspeita de colecistite aguda. Nível elevado de bilirrubina e fosfatase alcalina sugere cálculo coledociano. Febre ou calafrios (arrepios) com dor biliar sugere complicações = colecistite, pancreatite ou colangite. A cólica biliar pode ser desencadeada por ingestão de refeição gordurosa, pelo consumo de grande refeição após período de prolongado de jejum ou pela refeição normal. É frequentemente noturna, ocorrendo poucas horas após deitar-se. História da doença 60 – 80% das pessoas com CB são assintomáticas e permanecem assintomáticas por até 25 anos. Nesses pacientes, o risco cumulativo de morte é pequeno; a colecistectomia profilática não se justifica. FocoMED Cálculos Biliares – Gastro >>>>> By. Keila Crystini By. Keila Cystini Estudante de Medicina UPE-Garanhuns GASTRO CÁLCULOS BILIARES 3 A Colecistectomia necessária para pacientes que já apresentam sintomas de dor biliar. Pacientes mais jovens têm maior probabilidade de desenvolverem sintomas por uma colelitíase do que pacientes com mais de 60 anos com diagnóstico inicial. Pacientes diabéticos com CB são mais suscetíveis a complicações sépticas. Tratamento Cirúrgico Avaliação para colecistectomia: 1. Presença de sintomas suficientemente frequente ou intensos a ponto de interferir na rotina geral do paciente; 2. Presença de complicações prévias dos CB’s com colecistite aguda, pancreatite, fístula biliar; 3. Presença de condiçõessubjacentes que predisponha o paciente a maior risco de complicações (ex. VB calcificada ou em porcelana e/ou ataque prévio de colecistite aguda apesar de atual estado assintomático). Indica-se colecistectomia profilática para CB > 3cm e VB com anomalia congênita. Padrão-ouro: colecistectomia laparoscópica Tratamento Clínico Em pacientes cuidadosamente selecionados com VB funcionante e CB radiotransparentes < 10mm, indica- se dissolução dos CB’s. 6 meses a 2 anos – dose de AUDC 10 a 15 mg/kg ao dia CB pigmentar não recomendado. OBS.: Problema com recorrência de cálculos (30-50% em 3-5 anos) e medicamento caro e longo período tornam a terapia com AUDC empregada mais em casos de recorrência de cálculos após a colecistectomia. Anotações ...