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7 – Controladores e Compensadores 1 7 – Controladores e Compensadores 7.1 – Objetivos da aula • Caracterizar os tipos de compensadores; • Conceituar controladores; • Definir os tipos de projetos de compensadores a partir do Lugar das Raízes; • Definir os tipos de projetos de compensadores a partir da Resposta em Frequência; • Exercitar os conceitos. 7.2 - Introdução A compensação é a modificação da dinâmica do sistema através de alteração ou ajuste de dispositivos de forma a satisfazer um conjunto de especificações de projeto. Um requisito importante é definir adequadamente as especificações de desempenho, de modo que o sistema compensado seja capaz de atender as finalidades a que se destina. Neste capítulo são tratados apenas S.L.I.T.s, porém as configurações e técnicas apresentadas são válidas também para outros sistemas. O projeto em geral desenvolve-se num esquema de tentativa e erro, podendo conduzir, inclusive, a uma redefinição das especificações de projeto. Existem basicamente duas metodologias de projeto: 1. abordagem pelo L.G.R.: utilizada nos casos em que as especificações de projeto são fornecidas no domínio do tempo; 2. o projeto baseado na resposta em frequência: quando os requisitos de desempenho são estabelecidos com base nas margens de estabilidade e largura de faixa. 7.3 – Pré-compensação. Compensação Série e Compensação de Fase Um dos objetivos da compensação é tornar a saída do sistema de controle insensível à ação de distúrbios externos. Nas situações em que houver disponibilidade de um modelo matemático Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 2 satisfatório das perturbações, o projetista pode recorrer a um esquema de controle conhecido por pré-compensação ou “feedforward”. O princípio básico dos pré-compensadores consiste em utilizar as informações disponíveis sobre as perturbações e a dinâmica da planta para se obter uma estimativa da variável de controle. Como a pré-compensação é uma técnica de malha aberta, cabe à realimentação adicional compensar os desvios na saída do sistema de controle. O diagrama de blocos da figura abaixo apresenta a estrutura de um sistema de controle em malha fechada com pré-compensação. Figura 7.1 – Sistema com Pré-compensação. Fonte: PEA2455 (2006) Onde Gp(s) é a Função de Transferência do Pré-compensador, V(s) são variáveis medidas associadas aos distúrbios, Gc(s) é a Função de Transferência do compensador de malha de realimentação, G(s) é a Função de Transferência da Planta e U(s) a variável controlada. Assim, a variável de controle U(s)é composta de duas parcelas: uma proveniente do bloco de pré-compensação e a outra do compensador da malha de realimentação. Em sistemas de controle nos quais a função de controle é desempenhada por um microcomputador, o bloco de pré- compensação pode ser de natureza não linear. Um exemplo ilustrativo de um sistema de controle utilizando pré-compensação é o posicionamento dinâmico de embarcações. Neste caso utilizam-se medições da direção e intensidade do vento em conjunto com um modelo que fornece uma estimativa dos esforços exercidos sobre a embarcação para se obter uma primeira aproximação dos empuxos a serem produzidos pelos propulsores. A função do controlador da malha de realimentação é corrigir estes valores de empuxo no sentido de compensar os inevitáveis erros do modelo e os demais efeitos de Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 3 difícil modelagem (por exemplo ondas e correntezas). Uma compensação bastante comum é projetos, pode ser feita de acordo com a figura abaixo: Figura 7.2 – Sistema com compensação série. Fonte: PEA2455 (2006) Os compensadores de fase apresentam a estrutura indicada na figura 7.3, sendo: Kc → Ganho constante Gc(s) → Função de Transferência do Compensador G(s) → Função de Transferência da Planta Figura 7.3 – Compensação de Fase. Fonte: PEA2455 (2006) 7.4 – Compensação por avanço de Fase 7.4.1 – Características básicas do compensador por Avanço de Fase A Função de Transferência de um compensador por avanço de fase é dada por: Gc (s)=K c s+ 1 T s+ 1 αT = K cα Ts+1 αTs+1 (7.1) Onde Kc>1 é um controlador de ganho proporcional, conforme a figura 7.3. O diagrama de polos e zeros deste controlador é dado por: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 4 Figura 7.4 – Diagrama de Polos e Zeros de um compensador por avanço de fase. Fonte: PEA2455 (2006) Analisando a expressão do compensador, observa-se que: o zero está à direita do polo e o ganho em baixas frequências será dado por α<1 . O Diagrama de Bode do Compensador pode ser visto na figura abaixo e tem a característica de um filtro passa-altas: Figura 7.5 – Diagrama de Bode de um compensador por avanço de fase α=0.1 . Fonte: PEA2455 (2006) Pode-se mostrar que o valor máximo do avanço de fase é dado por: Φ=arcsen(1−α1+α ) (7.2) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 5 A Frequência em que este avanço ocorre é dada por: ωm (AV )=√ 1T⋅ 1αT = 1√α⋅T (7.3) 7.4.2 – Projeto do Compensador por avanço de fase através do LGR A abordagem através do L.G.R. é recomendável quando as especificações são fornecidas através de parâmetros da resposta no tempo (sobressinal máximo, tempo de subida, etc). Os parâmetros do compensador são determinados a partir da imposição de um par de polos dominantes pertencentes ao L.G.R., que satisfazem as especificações da resposta transitória. O compensador pode ser projetado seguindo os passos abaixo: 1. Determinar a localização dos polos dominantes em malha fechada de forma a atender as especificações de resposta transitória impostas; 2. Construir o L.G.R. e verificar se apenas um ajuste de ganho é suficiente para alocar os polos nas posições desejadas; caso contrário, obtêm-se a deficiência de ângulo φ a ser suprida pelo compensador; 3. Determinar as posições do polo e do zero do compensador. Não havendo especificações para erro de regime, o polo e o zero devem ser alocados para que a contribuição de ângulo φ exija um ganho adicional mínimo; 4. Determinar o ganho de malha aberta do sistema compensado através da condição de módulo do L.G.R.. Exemplo 7.1: Considere um servomecanismo utilizando motor CC com realimentação unitária e controlado pela armadura, conforme o diagrama da figura abaixo, com Função de Transferência dada por: G(s)= 4s⋅( s+2) Figura 7.6 – Servomecanismo do exemplo 7.1. Fonte: PEA2455 (2006) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 6 Para uma entrada degrau, deseja-se que a resposta do sistema tenha um sobressinal não superior a 16% e um tempo de acomodação de 2s. A Função de Transferência em malha fechada do sistema não compensado é dada por: FTMF NC= 4 s2+2s+4 = ωn 2 s2+2 ξωn s+ωn 2 De onde temos: ωn=2 rad /s e ξ=0.5 . Os polos deste sistema são: s=−1± j√3 Figura 7.7 – LGR do Sistema não compensado. Fonte: PEA2455 (2006) Passo 1: A partir de M p=e −π ξ √1−ξ2 , e com ξ=0.5 calculamos Mp=0.163=16.3% (considerado satisfatório). O tempo de acomodação é dado por: t s(2%)= 4 ξωn =4s . Este parâmetro deve ser reduzido então pela metade, de acordo com as especificações de projeto. Uma vez atendida a especificação do sobressinal, devemos manter ξ fixo. Desta forma, para atender a especificação do tempo de acomodação, devemos mudar ωn para wn *=4 rad /s . Com esta alteração, os polos passam a ser: s=−ξ⋅ωn± j⋅ωn * √1−ξ2=−2± j⋅2√3 .Aqui termina o Passo 1. Passo 2: É fácil verificar que apenas um ajuste de ganho não é capaz de alocar os polos do sistema Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 7 para esta posição desejada. Etão, de forma “simples” é necessário compensar o sistema de modo que o LGR do sistema compensado passe pelo ponto desejado. Devemos então aplicar a Condição de Fase do LGR a fim de determina o ângulo a ser suprido pelo compensador de forma a atender esta condição: • ∢G (s*)=−210o , portanto a contribuição do compensador deve ser de +30o para que a Condição de Fase (-180o) seja atendida. Aqui termina o Passo 2. Passo 3: • Devemos determina a posição do polo e zero do compensador. A solução pode ser obtida graficamente e existem infinitas posições para o polo e o zero do compensador que satisfazem este requisito. Uma delas, a que corresponde ao valor máximo de α (vide nota abaixo), resulta em T=0,345 , e α=0,537, ou seja: Gc (s)=K c s+ 1 T s+ 1 αT =K c (s+2,9) (s+5,4) LGR do Sistema Compensado Aqui termina o Passo 3. Passo 4: • Vamos determinar o valor do ganho de malha aberta através da Condição de Módulo do LGR, aplicada para um dos polos desejados (determinado no Passo 1), neste caso, por exemplo, s=−2+ j⋅2√3 : Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 8 • |K c⋅G c (s*)⋅G(s*)|=| k⋅(s*+2,9)s*⋅(s*+2)⋅(s*+5,4)|=1 , de onde temos que: K=18,7. Para este valor de K, podemos obter então o valor de Kc: 4K c=18,7→K c=4,68 Observa-se que para um ganho de malha K=18,7 o terceiro polo em malha fechada está localizado sobre o eixo real e muito próximo do zero do compensador. Portanto o seu efeito sobre a resposta transitória é insignificante, o que confirma que os polos complexos conjugados são os dominantes. Aqui termina o Passo 4. NOTA: Procedimento para alocação do polo e zero do compensador para que α=αmax 1. Traçar uma reta horizontal passando por P=a+j.b que corresponde a um dos polos dominantes de malha; 2. Traçar uma reta unindo o ponto P à origem; 3. Achar a bissetriz do ângulo formado pelas duas retas com P como vértice; 4. Traçar duas retas defasadas de ±φ/ 2 a partir do bissetriz, sendo φ a contribuição de fase do compensador. Os pontos de intersecção das retas com o eixo real definem as posições do polo e zero do compensador. θ=arctan b a , ∣P∣=√a 2+b2 1 T =∣P∣⋅ cos(θ+ϕ2 ) cos(θ−ϕ2 ) , 1 α⋅T =∣P∣⋅ cos(θ−ϕ2 ) cos(θ+ϕ2 ) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 9 7.5 – Compensação por atraso de Fase 7.4.1 – Características básicas do compensador por Atraso de Fase A Função de Transferência de um compensador por atraso de fase é dada por: Gc (s)=K cβ⋅ Ts+1 βTs+1 = K c s+ 1 T s+ 1 βT , β>1 , T >0 (7.4) O diagrama de polos e zeros deste controlador é dado por: Figura 7.8 – Diagrama de Polos e Zeros de um compensador por atraso de fase. Fonte: PEA2455 (2006) Analisando a expressão do compensador, observa-se que: o zero está à esquerda do polo e o Diagrama de Bode do Compensador pode ser visto na figura abaixo (tem a característica de um filtro passa-baixas): Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 10 Figura 7.9 – Diagrama de Bode de um compensador por atraso de fase β=10 . Fonte: PEA2455 (2006) Pode-se mostrar que o valor máximo do avanço de fase é dado por: Φ=arcsen(β−1β+1 ) (7.5) A Frequência em que este avanço ocorre é dada por: ωm (AT)=√ 1T⋅ 1βT = 1√β⋅T (7.6) 7.5.2 – Projeto do Compensador por atraso de fase através do LGR A abordagem através do L.G.R. é recomendável quando as especificações são fornecidas através de parâmetros da resposta no tempo (sobressinal máximo, tempo de subida, etc). O compensador pode ser projetado seguindo os passos na sequência: 1. Desenhar o L.G.R. para o sistema não compensado e, com base nas especificações da resposta transitória localizar nos mesmos os polos dominantes do sistema em malha fechada; 2. Calcular o erro de regime para a entrada especificada; Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 11 3. Determinar o fator de redução de ganho necessário para satisfazer as especificações de erro de regime; 4. Escolher o polo e o zero do compensador para se obter a redução calculada no item 3 sem, contudo, alterar sensivelmente o L.G.R. nas vizinhanças dos polos dominantes; 5. Desenhar o L.G.R. para o sistema compensado; 6. Utilizando a condição de módulo, calcular o novo valor do ganho de malha para que os polos dominantes de malha fechada estejam localizados na posição especificada. Se necessário, determinar o fator de ganho adicional. Exemplo 7.2: Considere o sistema com realimentação unitária cuja Função de Transferência de malha aberta seja dada por: G(s)= 1.06 s⋅(s+1)⋅(s+2) Admitindo-se que a resposta transitória tenha um sobressinal satisfatório, deseja-se compensar o sistema para que o erro em regime para entrada em rampa seja de 0,2. Nota: Para um erro de 0,2 temos que a constante de erro estático de velocidade deve ser: ess= 1 K v →0.2= 1 K v →K v=5s −1 Passo 1: O LGR do sistema e os polos dominantes de malha fechada são dados por: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 12 Compensador: K c s+ 1 T s+ 1 βT s=−ξ⋅ωn± j⋅ωn√1−ξ2=−0.33± j⋅0.58 ξ=0.5 e ωn=0.67 rad / s LGR do Sistema não Compensado Passo 2: O erro estacionário para entrada em rampa unitária é: ess=lim s→0 [ ss2⋅(1+G(s))]=1,89 s , o que corresponde a K v= 1 1,89 =0,53 s−1 Passo 3: Mantendo a resposta transitória virtualmente inalterada, para reduzir o erro de acordo com a especificação, devemos ter o seguinte fator de redução 1,89/0,2 = 9,45. Podemos então adotar β=10 . Passo 4: Podemos alocar o polo do compensador próximo da origem, por exemplo em s=−0,005 para β=10 e desta forma, o zero do compensador resulta em s=−0,05 . A Função de Transferência do Compensador e do Sistema são dadas por: Gc (s)=K c⋅ s+0,05 s+0,005 e GcG (s)=K c⋅ s+0,05 s+0,005 ⋅ 1.06 s⋅(s+1)⋅(s+2) Passo 5: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 13 O LGR para o sistema compensado é dado por: Passo 6: Mantendo o coeficiente de amortecimento ξ=0.5 , os polos dominantes do sistema compensado localizam-se no ponto de interseção do LGR com a reta que une a origem com os polos do sistema não compensado, resultando: s*=−0,31± j⋅0,55 . Aplicando-se a Condição de Módulo para este ponto, obtém-se: | kmalha⋅(s*+0,05)s*⋅(s*+2)⋅(s*+0,005)|=1 → kmalha=1,02 Neste caso, é necessário providenciar uma amplificação adicional com ganho Kc, para que o ganho de malha resulte no valor desejado (0.98): 1,06K cβ=0,98 → K c=0,97 Abaixo podemos ver o diagrama de blocos do sistema compensado: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 14 O erro estacionário para entrada em rampa, resulta em: ess= lim s→0 [ ss2⋅(1+K c⋅Gc⋅G(s ))]=0.195s e pode-se considerar que a especificação foi atingida. (Neste caso K v=5,14 s −1 ) Além dos polos dominantes, o sistema em malha fechada tem dois outros polos: • s=−0,0549 , bastante próximo do zero do compensador e, por essa razão, praticamente não tem influência sobre a resposta transitória; • s=−2,326 , suficientemente afastado do eixo imaginário e em relação aos polos dominantes, de forma que sua contribuição para a resposta transitória cessa rapidamente. 7.6 – Compensadores P, PI, PD e PID Considere a títulode exemplo, o sistema da Figura 8.2 acima, cuja planta apresente a Função de Transferência dada por: G(s)= 1 (s+0.2)(s+1) = 5 (5s+1)(s+1) Na sequência é analisado o desempenho de um sistema em malha fechada para cada um dos quatro tipos de controladores (ou compensadores): proporcional, PI, PD e PID. 7.6.1 – Compensador Proporcional Neste tipo de controlador, temos: Gc (s)=K p (7.1) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 15 Neste caso o sistema é do tipo 0. Para se obter um valor reduzido de erro estacionário para uma entrada degrau, é necessário impor um valor de ganho Kp elevado. Pelo diagrama do L.G.R. abaixo, verifica-se que, para ganhos elevados, os polos de malha fechada tornam-se complexos conjugados e com baixo coeficiente de amortecimento. Nestas condições, a resposta do sistema é oscilatória e apresenta um sobressinal elevado. Figura 7.10 – LGR do Sistema com controlador proporcional. Fonte: PEA2455 (2006) 7.6.2 – Compensador Derivativo (PD) Neste tipo de controlador, temos: Gc (s)=K p(1+s⋅T d) (7.2) Adotando-se Td= 5 o zero do compensador coincide com o polo da planta. Nestas condições o sistema é do tipo 0 e apresenta erro estacionário finito para entrada degrau. Note que a inclusão do zero desloca o L.G.R. para a esquerda, aumentando a estabilidade relativa do sistema. Figura 7.11 – LGR do Sistema com controlador PD. Fonte: PEA2455 (2006) Por outro lado, mesmo adotando-se valores de ganho elevados com o objetivo de reduzir o erro estacionário, a resposta do sistema sempre será superamortecida. Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 16 7.6.3 – Compensador Integral (PI) Neste tipo de controlador, temos: Gc (s)=K p⋅(1+ 1s⋅T i) (7.3) Adotando-se Ti= 5, o zero do compensador coincide com o polo da planta e a inclusão do polo na origem, proveniente do integrador, torna o sistema tipo 1. Portanto, o erro estacionário para entrada degrau é nulo e independentemente do valor do ganho. Note que a presença do polo na origem desloca o L.G.R. para a direita, diminuindo a estabilidade relativa do sistema. Figura 7.12 – LGR do Sistema com controlador PI. Fonte: PEA2455 (2006) 7.6.4 – Compensador PID O compensador PID resulta de uma combinação dos compensadores PI (Proporcional Integral) e PD (Proporcional Derivativo) cuja Função de Transferência é dada por: Gc (s)=K p⋅(1+ 1s⋅T i+ s⋅T d) (7.4) Onde Ti é a constante de tempo integral (ou “reset time”), Td é a constante de tempo derivativa (ou “reset rate”) e Kp é a constante de ganho proporcional. A presença do termo de natureza integral introduz um polo na origem, aumentando o tipo do sistema e reduzindo ou até eliminando erros estacionários. Em contrapartida, esse benefício Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 17 geralmente é obtido às custas de uma redução da estabilidade ou do amortecimento do sistema. Uma das características do termo integral é a capacidade de fornecer na saída do controlador um sinal não nulo, mesmo após o sinal de erro (que é o sinal de entrada do controlador) ter-se anulado. A explicação para este comportamento é o fato da saída do controlador depender não apenas dos valores instantâneos do erro, mas também dos valores acumulados. Em outras palavras, erros passados "carregam" o integrador com um determinado valor, o quase mantém acumulado mesmo após o valor instantâneo do erro ter-se anulado. Ao contrário do controlador proporcional, no controlador integral as perturbações de valor constante podem ser rejeitadas mesmo que o sinal de erro instantâneo seja nulo. A função do termo derivativo é aumentar o amortecimento e desta forma, melhorar a característica de estabilidade de um sistema. Intuitivamente, a ação do termo derivativo pode ser explicada a partir de um controlador PD. Quando o valor instantâneo do erro se anula momentaneamente a ação do termo proporcional é inibida. No entanto, se o erro apresentar uma taxa de variação não nula, o termo derivativo assume a função de “antecipar” a ação do controlador. Esta característica torna o controlador sensível à taxa de variação do erro e atua no sentido de aumentar o amortecimento do sistema. A combinação dos termos de natureza proporcional, integral e derivativa permite reduzir o erro estacionário e simultaneamente satisfazer as exigências relativas ao amortecimento e, portanto, de estabilidade, conforme pode ser visto para o exemplo da figura 8.2, adotando-se Td=0,833 e Ti=6. Neste caso, os zeros do compensador cancelam os polos de malha aberta da planta. A componente integradora transforma o sistema em tipo 1 e o erro estacionário para entrada degrau é nulo, independente do ganho Kp. Note-se que a resposta do conjunto é sempre superamortecida. O gráfico do comportamento no tempo do sinal de erro para uma entrada degrau sintetiza as considerações apresentadas e ilustra a atuação de cada um dos controladores. Neste exemplo particular, verifica-se que o controlador PID reúne as boas qualidades dos controladores PI e PD. Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 18 Figura 7.13 – LGR do Sistema com controlador PID. Fonte: PEA2455 (2006) Figura 7.14 – Sinal de Erro para os controladores P, PI, PD e PID. Fonte: PEA2455 (2006) Basicamente, existem três “montagens” utilizadas para o controlador PID (a expressão (7.4) representa a configuração “ideal” ou ISA). Abaixo podem ser vistas as três “apresentações” do controlador PID: • Configuração Ideal ou ISA: normalmente é o algoritmo de controle recomendado. Gc (s)=K p isa⋅(1+ 1s⋅T iisa +s⋅T disa) (7.5) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 19 Figura 7.15 – Controlador PID: configuração ideal. Fonte: o autor. • Configuração Paralela: Facilita a sintonia por tentativa e erro, mas é incompatível com métodos de sintonia. Gc (s)=K p paralela+ 1 s⋅T i paralela +s⋅T d paralela (7.6) Figura 7.16 – Controlador PID: configuração paralela. Fonte: o autor. • Configuração Série: possui compatibilidade com antigos controladores analógicos e é de fácil sintonia por alocação de polos. Gc (s)=K p serie⋅((1+ T dserieT iserie)+ 1s⋅T iserie+s⋅T dserie) (7.1) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 20 Figura 7.17 – Controlador PID: configuração série. Fonte: o autor. É possível realizar a conversão entre as formas, apenas fazendo as comparações adequadas das Funções de Transferência apresentadas acima: Tipo de Conversão Paralela → ISA ISA → Paralela Série → ISA K p isa=K p paralela K p paralela=K p isa K p isa=K p serie⋅(1+T dserieT iserie) T i isa=T i paralela⋅K p paralela T i paralela= T i isa K p isa T i isa=T i serie+T d serie T d isa= T d paralela K p paralela T d paralela=T d isa⋅K p isa T d isa= 1 1 T i serie+ 1 T d serie 7.6.5 – Método Lambda-Tunning para projeto de controladores O método lambda-tuning é uma derivação do método Síntese Direta, onde o projeto do controlador é feito a partir de um modelo do processo e da resposta em malha fechada desejada. Neste método, um único parâmetro de projeto é utilizado λ , é o resultado é um controlador com estrutura compatível com os algoritmos PI ou PID. Dado o sistema da figura abaixo: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 21 Figura 7.18 – Sistema em malha fechada com controlador. Fonte: o autor. A Função de Transferênciade Malha Fechada será dada por : H (s)= G c (s)G (s) 1+Gc (s)G(s ) (7.7) Supondo que: Gc (s)=K c 1 G( s) , substituindo esta função na expressão acima se obtêm: H (s)= K c 1+K c Desta forma, a função de transferência de malha fechada dependeria apenas do controlador e o erro estacionário depende apenas de Kc. A ideia do método é realizar um cancelamento de polos com zeros (note que a Função de Gc(s) é a inversa de G(s), ou seja, os polos de G(s) seriam cancelados pelos zeros de Gc(s)). Entretanto, existem limitações práticas para se aplicar exatamente a função descrita acima: • O tempo morto (existente em todos os sistemas físicos) faria com que a malha de controle ficasse instável a partir de determinado valor de Kc. • Sistemas reais atuam no processo com uma capacidade de energia ou matéria limitada (válvulas não abrem mais de 100%!!!) A fim de contornar estas limitações, o projeto do controlador deve resultar em uma Função de Transferência da forma: H (s)= 1 λ s+1 (7.8) Esta Função de Transferência possui ganho unitário e um polo real. Para se determinar a Função de Transferência do controlador, deve-se comparar as expressões (7.8) e (7.7): Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 22 H (s)= G c (s)G (s) 1+Gc (s)G(s ) = 1 λ s+1 (7.9) Isolando-se a variável Gc(s) na expressão acima, vem: Gc (s)= 1 λ s( 1G(s )) (7.10) Agora, a Função de Transferência do controlador além de cancelar a dinâmica da planta ainda possui um polo na origem, tornando o sistema de Tipo 1, com erro estacionário nulo ao degrau. A partir da expressão (7.10) acima, é possível definir os valores apropriados dos controladores para diversos tipos de plantas. A seguir serão apresentados os estudos para os tipos mais comuns: • Sistema de 1a Ordem: se a dinâmica do processo for descrita por uma Função de Transferência de 1a ordem: G(s )= K T s+1 (7.11) Substituindo esta expressão na (7.10), vem: Gc (s)= T λ K ( s+ 1 T s ) (7.12) Esta expressão é similar a Função de Transferência de um controlador PI: Gcpi (s)=K cpi⋅(1+ 1s⋅T i ) → Gcpi (s)=K cpi⋅( s+ 1T is ) (7.13) E, de fato, comparando as duas expressões, vem: K cpi= T λK e T i=T (7.14) Desta forma, para realizar o projeto, devem ser seguidos os passos abaixo: • a partir da Função de Transferência do processo e das especificações de projeto, identifique os parâmetros λ , K e T; • utilizando a relação (7.14), calculam-se os parâmetros do controlador PI para o processo; Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 23 • Sistema de 2a Ordem com polos reais: se a dinâmica do processo tiver a forma: G(s)= K (T 1 s+1)(T 2 s+1) → G(s)= K T 1T 2 s 2+(T 1+T 2)s+1 (7.15) Dividindo o numerador e denominador da expressão acima pelo termo T 1+T 2 , vem: G(s )= K T 1+T 2( 1( T 1T 2T 1+T 2)s2+ s+ 1T 1+T 2 ) (7.16) Substituindo esta expressão na (7.10), vem: G(s)= T 1+T 2 K λ (( T 1T 2 T 1+T 2)s2+s+ 1T 1+T 2 s ) (7.17) Esta expressão é similar a Função de Transferência de um controlador PID: Gcpid (s)=Kcpid⋅(1+ 1s⋅T i +s⋅T d) → Gcpid (s)=K cpid⋅(T d s2+s+ 1T is ) (7.18) E, de fato, comparando as duas expressões, vem: K cpid= T 1+T 2 K λ , T i=T 1+T 2 e T d= T 1T 2 T 1+T 2 (7.19) • Sistema de 2a Ordem com polos complexos: se a dinâmica do processo tiver a forma: G(s)= K ωn 2 (s2+2ξωn s+ωn 2) (7.20) Dividindo o numerador e denominador da expressão acima pelo termo 2ξωn , vem: G(s)= K ωn 2 ξ ( 112ξωn s2+s+ ωn2ξ ) (7.21) Substituindo esta expressão na (7.10), vem: G(s)= 2ξ λ K ωn ( 12 ξωn s2+s+ ωn2 ξs ) (7.22) Esta expressão é similar a Função de Transferência de um controlador PID: Gcpid (s)=Kcpid⋅(1+ 1s⋅T i +s⋅T d) → Gcpid (s)=K cpid⋅(T d s2+s+ 1T is ) (7.23) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 24 E, de fato, comparando as duas expressões, vem: K cpid= 2ξ λ Kωn , T i= 2 ξ ωn e T d= 1 2ξωn (7.24) 7.6.5 – Exemplos de Projetos com Compensadores PI, PD e PID Como visto anteriormente, a Função de Transferência de um Controlador PI, pode ser dada por: Gc (s)=K⋅(1+ 1s⋅T i) (7.25) Sua realização pode ser feita na forma paralela, conforme a figura abaixo: Figura 7.19 – Controlador PI. Fonte: NISE (2010) Neste caso, nota-se que a Função de Transferência do compensador, será dada por: Gc (s)=K1+ K2 s (7.26) No entanto, ambas as formas são equivalentes, como se pode mostrar a seguir: Gc (s)=K1+ K2 s → Gc (s)=K1(1+ K 2K 1⋅1s ) Portanto, as Funções de Transferência são equivalentes desde que se mantenham as relações: K=K1 (7.27) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 25 K 2 K 1 = 1 T i Exemplo 7.3: Considere o sistema com realimentação unitária cuja Função de Transferência de malha aberta seja dada por: G(s)= 1 (s+1)⋅(s+2)⋅(s+10) O sistema opera com fator de amortecimento 0,174. No entanto, apresenta erro de regime permanente e neste caso deseja-se projetar um controlador PI de modo a melhorar este erro de regime permanente. Em termos de projetos de controladores, existem diversas abordagens a serem utilizadas. Traçando o Lugar das Raízes da Função de Malha Aberta e verificando qual o ganho para um fator de amortecimento de 0,174, temos: Figura 7.20 – LGR do sistema em malha aberta. Fonte: o autor Os comandos do MATLAB para gerar a figura acima são: >> g = zpk([],[-1 -2 -10], 1); Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 26 >> rlocus(g); >> sgrid(0.174,0); Para obter o ganho associado ao ponto de cruzamento da reta de coeficiente de amortecimento 0,174 com o LGR, utiliza-se o seguinte comando: >> [k, poles] = rlocfind(g); %a seguir, clique em um ponto no gráfico do LGR O ganho aproximado para esta situação é K=164. O sistema é de Tipo 0 e assim, calculando-se o erro de regime permanente para o sistema com esses dados, obtêm-se: Figura 7.21 – Sistema não compensado. Fonte: o autor e (∞)= 1 1+K p , onde K p=lim s→0 G(s) → K p=lim s→0 164 (s+1)(s+2)(s+10) → K p=8,23 Assim: e (∞)=0,108 Como o comportamento transitório do sistema está satisfatório e deseja-se apenas corrigir o erro estacionário, deve-se introduzir o compensador de modo que ele cause pouca interferência no LGR do sistema e não deslocando os polos de sua posição original (ou deslocando muito pouco). O Controlador PI possui um polo nulo, de forma que o seu zero deve ser posicionado (neste problema) próximo ao zero, por exemplo em s=-0,1. Da expressão (7.5), nota-se que o zero do compensador situa-se em z= −1 T i e com a escolha do zero, tem-se que T i=10 . Assim, a partir das relações dadas em (7.6), obtêm-se: K1=K=164 e K2= K1 T i =16,4 e assim Gc=164+ 16,4 s Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 27 Figura 7.22 – Sistema compensado. Fonte: o autor Calculando-se a resposta ao degrau do sistema compensando e não compensando, obtém-se o seguinte resultado: Figura 7.23 – Sistema não compensado e compensando: Resposta ao degrau. Fonte: o autor Para o controlador PID, a Função de Transferência já vista anteriormente é dada por: Gc (s)=K⋅(1+ 1s⋅T i +s⋅T d) (7.28) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 28 E sua realização na Forma Paralela é vista na figura abaixo: Figura 7.24 – Controlador PID. Fonte: NISE (2010) Desta figura, a Função de Transferência do controlador é dada por: Gc (s)=K1+ K2 s +K 3 s → Gc (s)=K1(1+K 2K 1 1s + K3K1 s) (7.29) De forma que a relação de equivalênciapode ser dada comparando-se (7.9) e (7.8): K=K1 K 2 K 1 = 1 T i K 3 K 1 =T d (7.30) Exemplo 7.4: Considerando o mesmo sistema do exemplo anterior, deseja-se reduzir o sobressinal para 10% e neste caso pede-se que seja projetado um controlador PID que possa atender a este requisito. De (7.9), tem-se que: Gc (s)= K1 s+K2+K3 s 2 s = s2+ K1 K 3 s+ K 2 K 3 1 K3 s = (s+z1)(s+z2) 1 K3 s A expressão abaixo pode ser utilizada para extrair relações importantes entre os coeficientes: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 29 Gc (s)= s2+ K1 K3 s+ K2 K3 1 K 3 s (7.31) Como o numerador da (7.11) é uma Equação de 2o grau, vale a seguinte propriedade: s2+ K 1 K 3 s+ K2 K3 =0 → s2−S s+P=0 (7.32) Onde S é a soma das raízes e P é o produto das raízes da equação (7.12). Daí, sendo z1 e z2 os zeros da (7.12), valem as seguintes relações: S=− K 1 K 3 e P= K2 K3 (7.33) Neste caso, é possível escolher os zeros do compensador PID de modo a anular 2 polos do sistema e assim reduzir a sua ordem, garantindo uma boa precisão para o ajuste do sobressinal. Assim, se os zeros do compensador forem alocados em z1=−10e z2=−2 , tem-se: Gc (s)= (s+10)(s+2) 1 K3 s E de (7.13), obtêm-se: −12=− K1 K3 → K1=12K3 20=− K2 K3 → K1=20K3 A Função de Transferência de Malha Aberta será dada por F(s)=G c⋅G(s)= 1 1 K3 s (s+1) A Função de Transferência de Malha Fechada será dada por: H (s)= F (s) 1+F (s) = 1 1 K3 s(s+1)+1 Assim: H (s)= K3 s2+s+K3 Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 30 Um sobressinal de 10% corresponde a um coeficiente de amortecimento ξ=0,5916 . Assim: 2ξωn=1 → ωn=0,8457 → K 3=ωn 2=0,7153 Com este valor é possível obter K1 e K2: K1=8,5848 e K2=14,308 O controlador na forma paralela pode ser visto na figura abaixo: Figura 7.25 – Sistema com Controlador PID sintonizado para o projeto. Fonte: o autor Calculando-se a resposta ao degrau deste sistema da figura, acima obtêm-se: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 31 Figura 7.26 – Resposta ao Degrau do Sistema compensado. Fonte: o autor É possível notar que o sistema está com sobressinal de 10% na resposta ao degrau, conforme as especificações de projeto. Uma outra abordagem para este projeto pode considerar, como alguns autores fazem, uma construção diferente do PID, a partir de um compensador PI em série com um compensador PD: Gc (s)=K(1+ 1T i s )(1+T d s ) (7.34) Da expressão acima, obtêm-se: Gc (s)=K(T i s+1T i s )(1+T d s ) e esta expressão possui dois zeros situados em z1= −1 T i e z2= −1 T d . Escolhendo-se os mesmos zeros adotados anteriormente, tem-se: z1=−10→T i=0.1 e z2=−2→T d=0.5 Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 32 A Função de Transferência de Malha Aberta será dada por F(s)=G c⋅G(s)= K s(s+1) A Função de Transferência de Malha Fechada será dada por: H (s)= F (s) 1+F (s) = 1 s2+s+K Vale ressaltar que esta última Função de Transferência obtida é muito similar à obtida para a forma paralela. Neste caso, utilizando a informação de projeto (sobressinal de 10%), calcula-se então o valor de K: 2ξ√(K )=1 → K=0,7154 Assim, o controlador nesta configuração será dado por: Gc=0,7154(1+ 10,1 s)(1+0,5 s ) A resposta ao degrau do sistema compensado será exatamente igual à figura 7.21 acima. Exemplo 7.5: Considerando o sistema cuja Função de Transferência de Malha Aberta é: G(s )= 49 s2+35s+49 Calcule os parâmetros do PID série que deve ser projetado de forma que a resposta do sistema ao degrau unitário seja de 1a ordem com tempo de assentamento de 2 segundos. Resolução: É possível projetar o PID de duas formas distintas: por alocação de polos e utilizando lambda tunning. • Alocação de polos: lembrando que o PID série é definido como: Gc (s)=K p(1+ 1T i s)(1+T d s ) → Gc (s)=K p(T i s+1T i s )(1+T d s ) Os zeros do PID acima são: z1=− 1 T i e z1=− 1 T d e ele possui um polo nulo. Podemos escolher os zeros do PID de modo a cancelar os polos da Função de Transferência de Malha aberta, resultando num sistema de 1a ordem. Os polos do sistema dado são: s2+35s+49=0 → p1=−33,539 e p2=−1,4610 Assim, basta fazer: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 33 − 1 T i =−33,539 → T i=0,0298 e − 1 T d =−1,4610 → T d=0,6845 Como: Gc (s)=K p(T i s+1T i s )(1+T d s ) → Gc (s)=K p( s+ 1T is )(s+ 1T d)⋅T d O compensador fica: Gc (s)=K p( s+33,539s )(s+1,4610)0,6845 A Função de Transferência de Malha Aberta do Sistema Compensado será então: Gc (s)⋅G (s)=K p( s+33,539s )( s+1,4610 )⋅0,6845⋅( 49(s+33,539)(s+1,4610)) Gc (s)⋅G (s)=33,5405 K p s A Função de Transferência do Sistema Compensado em Malha Fechada será: H (s)= 33,5405K p s+33,5405K p Como se deseja um tempo de assentamento de 2s, a constante de tempo do sistema será: t s=4T → T=0,5 s Logo: T= −1polo → 0,5= −1 −33,5405K p → K p=0,0596 Finalmente, o compensador fica: Gc (s)=0,0596( s+33,539s ) (s+1,4610) Comparando as respostas ao degrau do sistema não compensado versus a compensação, obtêm-se o resultado da figura abaixo: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 34 Figura 7.27 – Resposta ao Degrau do Sistema compensado versus não compensado. Fonte: o autor O sistema compensado é mais lento que o sistema não compensado (porém apresenta o tempo de assentamento definido para o projeto). Além disso, note que o sistema compensado apresenta erro estacionário nulo para a resposta ao degrau, o que é bastante desejável em um projeto. • Ajuste do PID por lambda tunning: como os polos do sistema são reais, a Função de Transferência do sistema será da forma (7.15) e pode ser aplicada a expressão (7.19) para cálculo dos parâmetros do PID. Desta forma: G(s)= K (T 1 s+1)(T 2 s+1) → G(s)= 1 (0,0298 s+1)(0.6845 s+1) Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 35 K cpid= T 1+T 2 K λ , T i=T 1+T 2 e T d= T 1T 2 T 1+T 2 Como o tempo de assentamento desejado é de 2s, a constante de tempo será T=0,4s. No caso da sintonia lambda-tunning esta constante de tempo corresponde ao fator λ , ou seja, λ=0,5 . Os demais parâmetros podem ser obtidos da função de transferência acima, ou seja: K=1 , T1=0,0298 e T2=0,6845 Portanto: K cpid=1,4286 , T i=0,7143 s e T d=0,0286 O compensador fica: Gc (s)=K c(1+ 1sT i+T d s) → Gc (s)=1,4286(1+ 10,7143 s +0,0286 s) A Função de Transferência de Malha Aberta do Sistema Compensado será então: Gc (s)⋅G (s)=1,4286(1+ 10,7143 s+0,0286s)⋅( 1(0,0298 s+1)(0.6845 s+1)) Gc (s)⋅G (s)= 2 s O que implica numa FTMF: H (s )= 2s+2 , conforme o desejado. Exemplo 7.6: Considerando o sistema cuja Função de Transferência de Malha Aberta é: G(s )= 1,5 (10s+1)(20s+1) Calcule os parâmetros do PID série que deve ser projetado de forma que a resposta do sistema ao degrau unitário seja de 1a ordem com constante de tempo de 5 segundos. Resolução: É possível projetar o PID de duas formas distintas: por alocação de polos e utilizando lambda tunning. • Alocação de polos: utilizando o modelo PID série do exemplo anterior, é possível realizar a alocação de zeros de forma a cancelar os polos do sistema dado. Polos do Sistema: p1=−0,1 e p2=−0,05 Para o PID série, basta fazer: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 36 − 1 T i =−0,1 → T i=10 e − 1 T d =−0,05 → T d=20 O compensadorfica: Gc (s)=K p(10 s+110 s )(1+20 s) Gc (s)⋅G (s)=K p(10s+110s )(20s+1)⋅( 1,5(10s+1)(20s+1)) Gc (s)⋅G (s)=0,15 K p s A Função de Transferência do Sistema Compensado em Malha Fechada será: H (s)= 0,15K p s+0,15K p Como a constante de tempo do sistema de 1a ordem deve ser de 5 segundos, calcula-se Kp facilmente: T= −1 polo → 5= −1 −0,15K p → K p=1,333 Finalmente, o compensador fica: Gc (s)=1,333(10s+110s )(20s+1) Comparando as respostas ao degrau do sistema não compensado versus a compensação, obtêm-se o resultado da figura abaixo: Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 37 Figura 7.28 – Resposta ao Degrau do Sistema compensado versus não compensado. Fonte: o autor Vale ressaltar que agora o sistema possui uma resposta de 1a ordem com a constante de tempo desejada e um tempo de assentamento menor do que o sistema sem compensação (que ainda apresentava um nível de sobressinal bem como alto erro de regime permanente). • Ajuste do PID por lambda tunning: Exercício 1: Deseja-se projetar um controlador PI de maneira que o sistema, em malha fechada, tenha uma resposta de primeira ordem com constante de tempo de 5 segundos. A FT do processo em malha aberta G(s), é: G(s )= 1.510 s+1 Resp: Kc=1,33 e Ti=10s Exercício 2: Deseja-se projetar um controlador PID de maneira que o sistema, em malha fechada, tenha uma resposta de primeira ordem com constante de tempo de 5 segundos. A FT do processo em malha aberta G(s), é: G(s )= 0.0052 s2+0.1 s+0.0026 Resp: Kc=3,84, Ti=38,4s e Td=10s Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 38 7.7 – Plano de Estudo e material de referência Para os temas descritos neste capítulo, use como referência a bibliografia básica (NISE, Norman – Engenharia de Sistemas de Controle) e a bibliografia de referência (OGATA, K. - Engenharia de Controle Moderno – 5a Ed.): 1. [NISE] - Cap. 9 (pp.366-394) 2. [OGATA] - Cap. 6 (pp.281-311 e pp. 334-358) 7.8 - BIBLIOGRAFIA 1. CRUZ, J. J; FUAD, K; - PEE-413 – Controle I – Notas de Aula. Escola Politécnica da USP, Fevereiro de 1997. 2. Notas de Aula. PEA2455. Escola Politécnica, USP, São Paulo, Fevereiro de 2006. Controle I Prof. Rodrigo de Toledo Caropreso 7 – Controladores e Compensadores 7.1 – Objetivos da aula 7.2 - Introdução 7.3 – Pré-compensação. Compensação Série e Compensação de Fase 7.4 – Compensação por avanço de Fase 7.4.1 – Características básicas do compensador por Avanço de Fase 7.4.2 – Projeto do Compensador por avanço de fase através do LGR 7.5 – Compensação por atraso de Fase 7.4.1 – Características básicas do compensador por Atraso de Fase 7.5.2 – Projeto do Compensador por atraso de fase através do LGR 7.6 – Compensadores P, PI, PD e PID 7.6.1 – Compensador Proporcional 7.6.2 – Compensador Derivativo (PD) 7.6.3 – Compensador Integral (PI) 7.6.4 – Compensador PID 7.6.5 – Método Lambda-Tunning para projeto de controladores 7.6.5 – Exemplos de Projetos com Compensadores PI, PD e PID 7.7 – Plano de Estudo e material de referência 7.8 - BIBLIOGRAFIA