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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Motivação e Comprometimento Teorias de Conteúdo Responsável pelo Conteúdo: Gisele de Lima Fernandes Ribeiro Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução; • Teoria da Hierarquia das Necessidades; • Teoria dos Dois Fatores. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Reconhecer e de distinguir as principais características das Teorias de Conteúdo, Teoria da Hierarquia das Necessidades e Teoria dos Dois Fatores, reconhecendo a importância e aplicação delas no dia a dia do ambiente organizacional. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Teorias de Conteúdo UNIDADE Teorias de Conteúdo Contextualização Para iniciarmos esta Unidade, convido você a ouvir uma música bastante antiga: Ouro de Tolo, de autoria do cantor e compositor Raul Seixas, lançada em maio de 1973. A música relata a trajetória de um homem, descrevendo conquistas pessoais e profis- sionais de um homem e como elas são percebidas por ele. Leia a letra, ouça a música e reflita sobre como uma mesma ocorrência pode satisfa- zer ou frustrar as pessoas. Ouro de Tolo (Raul Seixas) Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego Sou o dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês Eu devia agradecer ao Senhor Por ter tido sucesso na vida como artista Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73 Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema Depois de ter passado fome por dois anos Aqui na cidade maravilhosa Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis Mas confesso, abestalhado, que eu estou decepcionado Por que foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto: e daí? Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar E eu… Boa reflexão e bom estudo! Assista ao vídeo da música Ouro de Tolo, de Raul Seixas: https://youtu.be/cn0S56WPkjQ 6 7 Introdução As Teorias Motivacionais são divididas entre Teorias de Conteúdo e Teorias de Processos. As chamadas Teorias Motivacionais procuram compreender as necessidades das pes- soas, o que as motiva. As Teorias de Processo, por outro lado, estudam como se dá o comportamento motivado; como tal comportamento é dirigido, mantido e ativado. Nesta Unidade, estudaremos algumas das Teorias de conteúdo. Estudaremos a Teoria de Conteúdos Gerais, a Teoria da Hierarquia das Necessidades, desenvolvida por Abraham Maslow, e a Teoria de Conteúdo Organizacional, a Teoria dos Dois Fatores, elaborada por Herzberg. Teoria da Hierarquia das Necessidades Não se pode falar de motivação sem citar a Teoria da Hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow. Uma das Teorias mais conhecidas no campo da motivação humana, a Teoria de Maslow foi apresentada em 1943. Podemos escolher recuar em direção à segurança ou avançar em dire- ção ao crescimento. A opção pelo crescimento tem de ser feita repeti- das vezes. E o medo tem de ser superado a cada momento. (MASLOW) Como o próprio nome sugere, a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow, afirma que as necessidades humanas se dão numa ordem hierárquica crescente. Maslow assegura que o homem raramente atinge um estado completo de satisfação, exceto por um curto período de tempo, pois, uma vez que satisfaz um desejo, outro sobrevém e ocupa seu lugar. Diante dessas constatações, o teórico desenvolve cinco categorias de necessidades: fisiológicas, segurança, sociais, autoestima e autor realização. Vamos compreender, primeiro, cada uma das cinco categorias de necessidades des- critas por Maslow, que as organiza em forma hierárquica, conforme mostra a Figura 1. segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade Amor/Relacionamento amizade, familia, intimidade sexual Estima auto-estima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros Realização Pessoal moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção Segurança Fisiologia Figura 1 – Pirâmide de Hierarquia das Necessidades de Maslow Fonte: Wikimedia Commons 7 UNIDADE Teorias de Conteúdo No grupo das necessidades fisiológicas, a base da pirâmide, estão inclusos aspectos básicos que garantem a sobrevivência do homem e da espécie, tais como, por exemplo, ar, água, comida e sono. Para Maslow (1954), “A utopia é definida como um lugar em que há suficiente co- mida”, ou seja, proteção, amor, segurança e respeito só tomam lugar nos desejos do indivíduo quando ele tem as necessidades básicas satisfeitas. Somente satisfeitas as necessidades básicas é possível perceber outros estímulos e nos preocuparmos com necessidades num nível acima: as necessidades de segurança. Nesse nível das necessidades, incluem-se tanto a segurança física quanto a segurança psicológica. Ter estabilidade financeira, estar livre de medos e ansiedades compõem o grupo das necessidades de segurança. Por necessidade de segurança, entende-se segurança em todos os aspectos da vida. As necessidades sociais compõem um nível acima na hierarquia das necessidades de Maslow. O grupo de necessidades sociais inclui afeto, amizade, amor. Satisfeitas as necessidades fisiológicas e de segurança, o homem desejará se sentir aceito, amado, pertencente a um grupo. E, uma vez parte de um grupo, buscará um nível mais alto: a autoestima. As neces- sidades de estima englobam status, fama, reconhecimento e reputação. Enfim, quando o homem se sente bem alimentado, seguro e parte de um grupo, desejará ser o mais querido e buscará que suas qualidades sejam valorizadas. A versão negativa desse grupo de necessidades é a baixa estima, os complexos de inferioridade. Quando os quatro níveis anteriores estiverem satisfeitos, o homem procurará um nível acima: a autorrealização, que não é apenas o nível mais alto da pirâmide de hierar- quia das necessidades, mas também o mais difícil de ser atingido. Maslow afirma que uma característica comum àqueles que buscam autorrealização é o aspecto de alguém que já tenha satisfeito as necessidades fisiológicas, de segurança, de amor e de estima, ou seja, alguém que está bastante satisfeito nas esferas anteriores. Na busca pela autorrealização está o desejo de desenvolver as potencialidades do indiví- duo. A busca passa a ser por autoconhecimento e autodesenvolvimento. Compreendidos os níveis que constituem a Pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow, é importante retomar o conceito de Ciclo Motivacional. Como vimos, a motivação pode ser desencadeada por um estímulo, que gera um sen- timento de tensão, criandouma necessidade que resulta num comportamento, conforme etapas representadas na Figura 2. 8 9 Figura 2 – Etapas do Ciclo Motivacional É importante ressaltar, aqui, que um mesmo comportamento pode ser desencadea- do por necessidades diferentes, isso porque cada indivíduo, em sua própria história de vida, é diferente e suas relações diferentes com aquilo que lhe pode gerar frustração ou satisfação também são distintas. Para ficar mais claro, vamos utilizar como exemplo o comportamento de estudar, de fazer um curso de Pós-graduação. Posso decidir fazer um Curso de Pós-graduação porque o título me garantirá maior estabilidade no emprego. A necessidade que está sendo satisfeita aqui é a de segurança ou, ainda, posso fazer o Curso porque isso me trará status, suprindo a necessidade de estima ou, ainda, a decisão de fazer o Curso partiu de um interesse em aprender mais, conhecer mais, o que se relaciona à necessidade de autorrealização. O website Maslow traz informações acerca da produção de Abraham Maslow. Por meio do website, tem-se acesso à relação de livros, além de links para vídeos e podcIasts. Disponível em: https://goo.gl/9CQYTV Não se pode julgar uma necessidade considerando o comportamento final. É pre- ciso considerar o contexto da situação em si, bem como aspectos sociais, econômicos e culturais. 9 UNIDADE Teorias de Conteúdo Maslow avalia, ainda, o quanto uma privação passada pode interferir no desenvol- vimento do indivíduo. Uma pessoa que vivenciou um período de guerra, por exemplo, tendo passado por forte privação de alimento, poderá, mesmo vivendo em um período pós-guerra próspero, ter obsessão por manter a despensa sempre abastecida. Nesse caso, poderíamos, certamente, afirmar que a necessidade de estoque de alimen- to não está associada a uma necessidade fisiológica, mas vai além de tal necessidade. É importante ficar atento aos diversos aspectos que cercam essa pessoa. Somente analisando os aspectos globais que cercam o indivíduo pode-se compreender as necessi- dades que conduzem a um comportamento, pois existem motivos, ou necessidades, que nunca estarão satisfeitos. Outro aspecto que vale a pena destacar no que se refere à Teoria da Hierarquia das Necessidades é a dinamicidade de nossas necessidades. Embora a ordem das necessidades se dê de forma crescente, ou seja, partam da necessidade fisiológica, passando por necessidade de segurança, chegando às necessi- dades de autorrealização, esse crescimento não é estático, mas sim dinâmico. Isso quer dizer que mesmo que o indivíduo esteja no nível de estima, ou seja, buscan- do reconhecimento, valorização, ele pode, diante de uma doença na família, voltar-se rapidamente para a necessidade de segurança ou fisiológica. O nível em que o indivíduo se encontra pode variar, dependendo do âmbito de sua vida, isto é, uma pessoa pode, em sua vida profissional, estar no nível de segurança, buscando estabilidade, mas na vida familiar desejar reconhecimento (necessidade de estima), e no novo grupo de amigos, sentir-se aceito (necessidade social). Portanto, a Teoria desenvolvida por Abraham Maslow se aplica a todos os setores da vida do indivíduo. Por isso é considerada uma Teoria de conteúdo geral. Diferente da Teoria formulada por Frederick Herzberg, elaborada em meados dos anos 1950, que tem o foco no ambiente profissional. A Teoria dos Dois Fatores, também definida como uma Teoria de Conteúdo, é classificada como Teoria de Conteúdo Profissional. Teoria dos Dois Fatores Herzberg foi um dos primeiros teóricos a considerar a opinião de trabalhadores para formular ideias sobre motivação. Em 1959, Herzberg, juntamente com Bernard Mausner e Barbara Bloch Snyderman, realizou uma pesquisa com 203 trabalhadores, engenheiros e contabilistas, questionan- do o que os agradava e o que os desagradava no cotidiano de seu trabalho. Nessa pesquisa, foi questionado, inicialmente, o que os entrevistados consideravam aspectos que faziam com que eles se sentissem excepcionalmente bem no trabalho. Posteriormente, questionou-se o que esses trabalhadores consideravam fatores que po- deriam tornar o trabalho como algo desagradável, ou seja, o que fazia com que se sen- tissem excepcionalmente mal no trabalho. 10 11 Os resultados dessa pesquisa permitiram ao autor desenvolver a Teoria dos Dois Fatores: Fatores Motivacionais e Fatores Higiênicos. Os Fatores Motivacionais estão relacionados a fatores intrínsecos ao trabalho e são aqueles que fazem com que os trabalhadores se sintam bem no trabalho, enquanto os Fatores Higiênicos ligados a fatores extrínsecos ao trabalho são aqueles que, quando presentes, fazem com que os trabalhadores não se sintam insatisfeitos no trabalho, em- bora não necessariamente satisfeitos ou motivados. Fatores motivacionais são constituídos pela possibilidade de crescimento, de realiza- ção, de assumir de responsabilidade ou, ainda, de assumir desafios. Já questões relacio- nadas à segurança, ao status, ao relacionamento interpessoal, as condições de trabalho, ou mesmo ao salário são fatores higiênicos. Se quiser que alguém faça um bom trabalho, dê a ele um bom traba- lho para fazer. (HERZBERG) Uma possível associação entre as Teorias de Herzberg e Maslow é apresentada na Figura 2. segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade amizade, familia, intimidade sexual auto-estima, con�ança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Figura 2 – Associação entre a Teoria dos Dois Fatores, de Herzberg, e a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Co nforme mostra a Figura 2, os fatores higiênicos podem ser associados à base da pirâmide de Maslow, ou seja, às necessidades fisiológicas, de segurança e sociais, en- quanto os fatores motivacionais podem ser associados às necessidades sociais, de estima e autorrealização. Vale ressaltar que a associação adotada aqui é uma das formas possíveis, mas não a única. Para alguns estudiosos, Fatores Motivacionais deveriam ser associados apenas às necessidades de estima e autorrealização, e não às necessidades sociais. Outros consideram, ainda, que apenas as necessidades de autorrealização poderiam ser associadas aos Fatores Motivacionais. Há também aqueles que negam uma possível associação entre as duas Teorias. 11 UNIDADE Teorias de Conteúdo A escolha da associação adotada na presente Unidade e representada na Figura 2 se deve ao fato de a autora considerar que o grupo social, a estima e a possibilidade de se desenvolver são aspectos que colaboram para a motivação no ambiente organizacional. As necessidades sociais também são consideradas Fatores Higiênicos, pois o grupo social serve não apenas para a motivação, mas também é importante para que o am- biente de trabalho seja satisfatório. Entretanto, como mencionado, há outras formas de comparação entre as necessidades de Maslow e os fatores propostos por Herzberg. Além de tal comparação, vale apontar a distinção entre as duas Teorias. Enquanto Maslow considera que todas as necessidades são motivadoras, Herzberg distingue o grupo de fatores que são motivadores e o grupo de fatores que servem apenas para a satisfação. Ainda sobre a Teoria dos Dois Fatores, vale destacar duas importantes contribuições da Teoria de Herzberg. O primeiro deles é a desmistificação de que a motivação no ambiente de trabalho está relacionada apenas aos fatores monetários. O teórico provou que a motivação não tem origem apenas no salário, nos valores que o profissional recebe por aquiloque realiza, mas que o desenvolvimento e a satisfação pessoal são fatores motivacionais. O segundo é que a falta de condições básicas para o trabalho é fator de insatisfação, mas a presença das condições básicas para o desenvolvimento do trabalho não resulta em motivação. O trabalhador pode, ao perceber a necessidade dessas condições, sentir-se desmoti- vado, mas a presença delas não traz motivação. Ambas as Teorias, a Teoria da Hierarquia e a Teoria dos Dois Fatores, possibilitam que compreendamos como a motivação humana se constitui, como se organiza. Maslow abordando a motivação nos vários âmbitos da vida do homem e, Herzberg focando a motivação no ambiente organizacional, e os dois ressaltando que a satisfação só é al- cançada quando tem condições de satisfazer, de suprir nossos anseios, iniciando pelos mais simples. 12 13 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Motivação no trabalho: Teoria ou necessidade? https://goo.gl/uyWR81 Análise dos fatores motivacionais dos gestores e administradores de fundos mútuos de investimentos GASPARELO, L. E. Análise dos fatores motivacionais dos gestores e administra- dores de fundos mútuos de investimentos. 2012. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012. https://goo.gl/6EvtSq Motivação no Trabalho. LOPES, G. A. C. Motivação no Trabalho. 2003. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Docência do Ensino Superior). Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2003. https://goo.gl/rQGYS7 O Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais trabalhos sobre motivação SAMPAIO, J. dos R. O Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais trabalhos sobre motivação. RAUSP – Revista de Administração da Universidade de São Pau- lo, São Paulo, v. 44, n. 1, p. 5-16, jan. /fev./mar. 2009. https://goo.gl/qZzZ7M 13 UNIDADE Teorias de Conteúdo Referências BOEREE, C. G. A. M. Personality Theories. Disponível em: <https://www.redalyc. org/articulo.oa?id=223417526001>. Acesso em: 5 maio 2019. CASADO, T. A motivação e o trabalho. In: LIMONGI-FRANÇA, A. C. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. CAVALCANTI, V. L. et al. Liderança e Motivação. 2.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007. MASLOW, A. H. Motivation and personality. USA: Harper Brothers, 1954. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 11.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 14