Buscar

Continue navegando


Prévia do material em texto

Dividendos, conceitos e suas definições
Autora: Profa. Me. Valquíria Pinheiro
Olá, Caros(as) alunos(as)
Sejam todos bem-vindos a esta unidade da disciplina de Contabilidade Societária.
Para se concretizar o processo de ensino e aprendizagem, é fundamental a sua participação e dedicação em 
todas as etapas da disciplina, tais como:
 » leitura do material institucional e materiais adicionais complementares;
 » participação ativa das atividades interativas, por exemplo, Fórum de dúvidas e discussões;
 » elaboração de todas as atividades e todas as unidades da disciplina;
 » estudo constante.
Com o empenho de todos vocês, o sucesso é certo.
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
56
OBJETIVO DA APRENDIZAGEM
 » Promover a compreensão sobre Dividendos, Conceitos e suas definições.
 » Adquirir conhecimento sobre as políticas de Dividendos e Contabilização de dividendos.
 » Compreender sobre as aplicações práticas e legais dos dividendos. 
1. DIVIDENDOS
A Lei das Sociedades por Ações, em seu 176, § 3º, determina que: “As demonstrações financeiras 
registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto 
de sua aprovação pela assembleia geral.”
Porém, a Interpretação Técnica ICPC 08 – Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos, 
em seu item 6, estabelece que apenas o dividendo mínimo obrigatório definido nos estatutos da 
empresa representa um compromisso contratual. 
Mesmo reconhecendo que a assembleia dos acionistas é soberana em suas deliberações, podendo 
deliberar por pagamento acima ou abaixo daquele proposto pela administração, o CPC entende que os 
limites para uma deliberação quanto ao seu não pagamento é muito estreito e recomenda o registro 
desse dividendo mínimo obrigatório como passivo.
Lembre-se, a parcela da proposta de dividendo da administração que ultrapassar o dividendo mínimo 
obrigatório deverá ser mantida dentro do patrimônio líquido em conta denominada “dividendo 
adicional proposto” ou semelhante, até que a assembleia defina seu destino. 
O CPC, no sentido da convergência das Normas Internacionais de Contabilidade, sustenta que esse 
dividendo adicional, por ainda não ter sido deliberado pela assembleia, não se caracteriza, na data do 
balanço, como uma obrigação presente conforme a definição de Passivo dada pelo Pronunciamento 
Técnico CPC 26 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. 
No Brasil, as empresas listadas em Bolsa são obrigadas a distribuir dividendos?
Qual é o no mínimo do lucro que deve ser distribuído?
Os dividendos são definidos como a parte do lucro que é distribuída aos acionistas da empresa. 
Eles devem corresponder a pelo menos 25% do lucro das empresas listadas em Bolsa, conforme a 
regulamentação brasileira. 
Veremos os detalhes da Lei quanto à distribuição de dividendos.
1.1 DIVIDENDOS: BASE LEGAL
De acordo com a Lei no 6.404/76, art. 202, § 2º, com a redação dada pela Lei n o 10.303/2001, “[...] 
quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre 
a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro 
líquido ajustado nos termos do inciso I deste artigo.” 
 DIVIDENDOS, CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES
57
Entretanto, se houver omissão do estatuto em relação à forma de cálculo do dividendo, a companhia 
deverá pagar o dividendo mínimo de 50% do lucro líquido do exercício ajustado. 
Posteriormente, caso seja feita uma assembleia geral extraordinária para explicitar no estatuto os 
critérios para o cálculo, o percentual fixado não poderá ser menor que 25%, considerando os ajustes 
previstos no art. 202, I, da Lei nº 6.404/76, com a redação dada pela Lei nº 10.303/2001.
Calculando: 
Lucro líquido do exercício (-) importância que irá para formar a reserva legal (-) valor que fará parte da 
reserva para contingências (+) reversão da reserva para contingências formada em exercícios anteriores.
Para esses efeitos, a reserva de lucros a realizar não deve ser considerada no cálculo.
De acordo com a Lei no 6.404/76, art. 202, § 3º, com a redação dada pela Lei no 10.303/2001, “[...] a 
assembleia geral pode, desde que não haja oposição de qualquer acionista presente, deliberar a distribuição 
de dividendo inferior ao mínimo obrigatório ou a retenção de todo o lucro, nas seguintes sociedades:
1) companhias abertas exclusivamente para a captação de recursos por debêntures não conversíveis 
em ações (companhias abertas, mas que não negociam ações com o público, apenas debêntures);
2) companhias fechadas, exceto nas controladas por companhias abertas que não se enquadrem 
na condição prevista no item anterior.”
O dividendo mínimo deixa de ser obrigatório “[...] no exercício social em que os órgãos da 
administração informarem à assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira 
da companhia.” (Lei no 6.404/76, art. 202, § 4º).
Nesse caso, os lucros que deixarem de ser distribuídos devem ser registrados como reserva especial 
para dividendos obrigatórios não distribuídos, ou seja, reserva de lucros. Caso não sejam absorvidos 
por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser pagos assim que a situação financeira da 
empresa permitir:
 D - Lucros Acumulados 
 C - Reserva Especial para Dividendos Obrigatórios não Distribuídos (PL)
1.2 DIVIDENDOS: AÇÕES PREFERENCIAIS SEM VOTO
As ações preferenciais sem voto dão direito a um dividendo prioritário. Essa importância deve ser de, 
no mínimo, 5% do respectivo valor nominal. 
Caso o dividendo prioritário não seja pago em sua totalidade ao longo de dois exercícios, as ações 
preferenciais passam a conferir o direito de voto. No exerício seguinte, o perdem aqueles que tiverem 
recebido os dividendos prioritários em atraso.
De acordo com a Lei no 6.404/76, art. 202, § 6º, com a redação dada pela Lei no 10.303/2001, os lucros 
não destinados nos termos dos artigos 193 a 197 devem ser distribuídos como dividendos. São eles:
1 - reserva legal (art. 193); 
2 - reservas estatutárias (art. 194);
3 - reservas para contingências (art. 195); 
4 - retenção de lucros (art. 196); 
5 - reserva de lucros a realizar (art. 197).
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
58
A legislação não permite que a empresa retenha os lucros caso não exista uma destinação específica. 
A partir da Lei nº 10.303/2001, ficou vedado manter os lucros sem destinação na conta Lucros 
Acumulados.
Após a constituição das reservas de lucros e do cálculo do dividendo mínimo obrigatório, se houver 
lucro remanescente, ele deverá ser distribuído como dividendo complementar. No caso das companhias 
abertas, a Instrução CVM nº 59/86 já determinava que fosse adotado esse procedimento.
A partir da Lei nº 10.303/2001, as companhias fechadas também estão obrigadas a distribuir o lucro 
remanescente.
1.3 DIVIDENDOS: PAGAMENTO ANTECIPADO
“A companhia pode, nos termos de disposição estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos em 
períodos menores, desde que o total dos dividendos pagos em cada semestre do exercício social não 
exceda do montante das reservas de capital” (art. 204, § 1º). 
“O estatuto pode autorizar os órgãos de administração a declarar dividendos intermediários, à conta 
de lucros acumulados ou de reservas de lucros existentes no último balanço anual ou semestral” (art. 
204, § 2º).
Segundo o art. 6º do Decreto-Lei no 2.341/87, “Os lucros ou dividendos pagos ou creditados por 
conta de resultado de período-base ainda não encerrado serão registrados em conta redutora do 
patrimônio líquido, cujo saldo será corrigido monetariamente na forma deste decreto-lei”. Devem 
ser apresentados em conta retificadora da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados ou da reserva usada 
como origem:
 D - Lucros ou Dividendos Antecipados(retif. do PL)
 C - Caixa ou Dividendos a Pagar
“O dividendo deve ser pago, salvo deliberação em contrário da assembleia geral, no prazo de 60 dias 
da data em que for declarado e, em qualquer caso, dentro do exercício social” (art. 205, § 3º).
1.4 DIVIDENDOS: DIVIDEND YIELD, OU RENDIMENTO DO DIVIDENDO
O principal indicador para o investidor que quer apostar nessa categoria de renda variável é o chamado 
dividend yield, que mostra o retorno em dividendos frente ao preço da ação. 
Quanto mais alto esse índice, maior o valor do dividendo pago.
Dividend Yield, abreviadamente DY, é uma expressão inglesa que traduzida literalmente significa 
rendimento do dividendo. É um índice criado para medir a rentabilidade dos dividendos de uma 
empresa em relação ao preço de suas ações. Este índice traz o benefício de poder comparar a 
rentabilidade dos dividendos entre empresas. (PASSOS; PINHEIRO, 2009, p. 6). 
Exemplo dividend yield 
Por exemplo, a empresa Vitória Certa S.A. aprovou em 20/03/X1 a distribuição de dividendos a seus 
acionistas, no valor de R$0,72 por ação, a serem pagos em 30/12/2X1. Supondo que o preço das 
ações da Vitória Certa SA seja de R$31,10 no início do exercício de 20X2, calcularemos o dividend yield 
da seguinte forma:
 DIVIDENDOS, CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES
59
Em que:
 » DYH= Dividerd yield histórico, em (%).
 » D= Valor do dividendo de um exercício em R$.
 » A= Preço por ação no início do exercício em R$.
No exemplo anterior a Vitória Certa S.A. pagou 2,32% sobre o valor da ação. Além dos dividendos, as 
empresas também pagam através de Juros Sobre Capital Próprio (JSCP). 
No exemplo, Vitória Certa S.A. também pagou R$0,44 por ação de JSCP, com 15% de Imposto de 
Renda retido na fonte (R$0,07), ou seja, R$0,37 por ação de lucro líquido.
1.5 DIVIDENDOS: VANTAGEM DE INVESTIR EM PAPÉIS DE EMPRESAS COM BONS 
PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS.
Além do pagamento desses proventos, os papéis tendem a se valorizar ao longo dos anos, como um 
efeito normal do setor produtivo. 
Mesmo no caso de haver uma iminente queda nas bolsas, a rentabilidade destas aplicações não tende 
a ser muito penalizada, apesar de ocorrer uma possível desvalorização no preço das ações. 
Neste caso, o dividend yield aumenta, mas por conta da queda do preço da ação, e não pelo aumento 
na distribuição dos lucros. 
Além disso, para o investidor, a diferença básica é que ao receber dividendos ele não é tributado, pois 
a empresa já o foi quando da apuração de seu lucro líquido. 
Outra forma de distribuir o lucro entre os acionistas é através de juros sobre capital próprio. Esse 
pagamento é tratado como despesa no resultado da empresa, enquanto o dividendo não. 
Neste caso, o investidor terá de pagar o Imposto de Renda sobre o capital recebido. Essa questão 
fiscal é justamente o benefício da companhia, como esse pagamento é contabilizado como despesa 
da empresa, antes do lucro, ela não arca com os tributos repassando este ônus ao investidor. 
A opção entre dividendos e juros sobre capital próprio compete à assembleia geral, ao conselho de 
administração ou à diretoria da empresa. 
1.6 DIVIDENDO POR LUCRO
Definição – este índice representa a taxa de distribuição do lucro para os acionistas.
Fórmula – Dividendo por lucro = [(Dividendos + Juros sobre o Capital Próprio)/Lucro Líquido] x 100
Dividendos e Juros sobre Capital Próprio = representa o valor distribuído para o acionista sob a forma 
de dividendos e juros sobre o capital próprio
Lucro Líquido = corresponde ao lucro líquido da empresa, antes da distribuição do resultado
Unidade de medida – em percentual
Intervalo da medida – este índice é obtido para valores positivos, variando entre zero a cem. Quanto 
mais próximo de 100%, maior a distribuição do resultado por parte da empresa. Em razão das normas 
societárias brasileiras, o valor mínimo deveria ficar em geral acima de 25%.
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
60
Como calcular – os valores podem ser obtidos na demonstração das mutações do patrimônio líquido. 
Ou então na demonstração dos fluxos de caixa do período seguinte e do resultado do atual exercício.
Exemplo
Durante o exercício (segundo semestre de 2011), a empresa teve um lucro acumulado de R$6,12 
bilhões. Será destinado para os acionistas R$1,85 bilhão. Este índice pode ser calculado facilmente.
Dividendo por lucro = [1.846.923/6.120.571] x 100 = 30,2%
Ou seja, a empresa está distribuindo um pouco menos de um terço do lucro para seus acionistas.
Exemplo
Grau de utilidade – elevado. Este índice mostra quanto está sendo distribuído do lucro por parte da 
empresa. Para o investidor, é importante saber a possibilidade de ter um fluxo de dividendos ao longo 
dos anos.
Controvérsia de medida – alguma, referente ao uso da DMPL para fins de obtenção dos valores, 
conforme detalhado a seguir.
Para as sociedades anônimas, a Lei nº 6.404/76 determina que, uma vez aprovado pela assembleia, 
cabe à administração estabelecer a destinação do resultado – o que inclui os dividendos – na data do 
balanço.
Exemplo:
 D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido) 
 C – Dividendos Propostos (Passivo Circulante).
No caso de sociedades empresárias limitadas, a proposta de destinação de lucro deverá ser estabelecida 
no contrato social.
O contrato social poderá prever a retenção total ou parcial dos lucros para reforço no capital de giro, 
futura incorporação ao capital etc.
Exemplo:
 D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido)
 C – Lucros a Pagar (Passivo Circulante)
 DIVIDENDOS, CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES
61
2. LUCROS E DIVIDENDOS DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS AVALIADAS 
PELO CUSTO DE AQUISIÇÃO 
Nos termos da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24.12.1997, os lucros e dividendos decorrentes de 
participações societárias avaliadas pelo custo de aquisição devem ser, por ocasião do seu recebimento, 
registrados no subgrupo de outras receitas operacionais, conforme demonstrado a seguir.
Observa-se que, sendo conhecido o valor dos lucros ou dividendos e estando estes contabilizados 
na empresa investida como dividendos propostos a pagar ou lucros a distribuir, a investidora poderá 
reconhecer como receita o valor proporcional à parcela que tiver direito de receber, em contrapartida 
à conta “Lucros ou Dividendos Propostos a Receber”, no Ativo Circulante, que será baixada por 
ocasião do recebimento.
Os lucros e dividendos recebidos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição podem ser 
excluídos do lucro líquido, para a determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social 
sobre o Lucro, quando estiverem sujeitos à tributação nas firmas ou sociedades que os distribuíram 
(Lei nº 7.689/1988, art. 2º e RIR/1999, art. 379, § 1º e caput).
3. LUCROS OU DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS PELA SOCIEDADE COLIGADA 
OU CONTROLADA
Os lucros ou dividendos distribuídos pela sociedade coligada ou controlada deverão ser registrados 
pela sociedade investidora como diminuição do valor do patrimônio líquido do investimento e não 
influenciarão as contas de resultado (§ 1º do art. 388 do RIR/99).
Assim, quando a sociedade investidora recebe lucros ou dividendos da sociedade coligada ou 
controlada, a contrapartida do valor recebido será a própria conta de investimentos da sociedade 
investidora.
Exemplo: 
Considerando-se que a empresa “B” (investida) credite dividendos à empresa “A” (investidora), no 
montante de R$80.000,00.
O lançamento contábil poderá ser feito pela empresa “A” (investidora) do seguinte modo:
 D - Dividendos a Receber (Ativo Circulante). 
 C - Participações – Empresa “B” (Investimentos) R$80.000,00
O valor de R$80.000,00 foi excluído da conta de investimentos porque esse mesmo valor foi incluído 
nessa conta por meio de anterior débito de equivalência patrimonial.CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
62
A sociedade coligada ou controlada, por sua vez, poderá fazer o lançamento contábil do seguinte 
modo:
 D - Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido). 
 C - Dividendos Propostos (Passivo Circulante) R$80.000,00
4. POLÍTICA DE DIVIDENDOS 
Os dividendos estão relacionados com a rendibilidade dos investimentos realizados e com as 
necessidades de financiamento ditadas pelo crescimento. Também, as necessidades de recursos 
financeiros estão relacionadas com empresas com elevadas taxas de crescimento, condicionando 
assim o montante dos dividendos distribuídos. 
Os fatores determinantes do elevado valor da empresa são os resultados líquidos e a carteira de 
investimentos que a empresa apura, possibilitando assim o reinvestimento dos lucros na empresa, 
para assim se obter um rendimento futuro. 
 » As falhas do mercado de capitais levam à necessidade de estudar a política de dividendos 
mediante os objetivos estratégicos da empresa.
 » Perante mercados de capitais dinâmicos, a política de dividendos deve ser utilizada como meio 
de informação de forma a produzir um efeito de clientela nos investidores.
 » A obtenção de ações próprias é um meio adequado para as empresas obterem alterações na 
sua estrutura de capitais e reduzirem os excessos de liquidez.
 » E, por fim, o valor da empresa é dado pelas perspectivas de crescimento, pela política de 
dividendos e pela estrutura de capitais adotada.
São fatores que afetam política de dividendos:
 » Liquidez/rentabilidade da empresa: existência de um resultado líquido positivo. Existência de 
meios líquidos disponíveis na tesouraria.
 » Previsibilidade dos lucros: as empresas com lucros estáveis tendem a pagar uma maior 
precentagem dos seus lucros em dividendos.
 » Restrições legais/estatuárias/contratuais: falência técnica. Reservas obrigatórias. Imposições 
de credores/acionistas preferenciais.
 » Carteira de investimentos e acesso a fontes alternativas de financiamento: estratégia de 
crescimento: rápido? maturidade? Possibilidade de aceder a recursos externos (e seu custo).
 » Contexto econômico/fiscal: inflação: amortizações podem ser insuficientes para compensar 
o aumento do custo de reposição. Política fiscal face a dividendos e mais-valias. Resultado de 
uma boa gestão?
São fatores que afectam política de dividendos:
 » O efeito Clientela: investidores que preferem dividendos procurarão empresas que têm uma 
política de dividendos consistente com esta preferência. As empresas devem definir a sua 
política de dividendos, de acordo com as preferências dos seus acionistas.
 DIVIDENDOS, CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES
63
 » O efeito “Informação” (ou “Teoria dos sinais”): a assimetria de informação entre gestores e 
investidores leva a que a política de dividendos se possa assumir como um importante instrumento 
de comunicação. Dividendos a longo prazo constituem uma pista para os investidores quanto 
à efetiva saúde financeira das empresas. A evidência empírica indica que grandes mudanças 
inesperadas nos dividendos podem ter impacto significativo no preço das ações.
 » As expectativas: quando se aproxima o anúncio do próximo dividendo, os investidores formam 
expectativas quanto ao respectivo valor, depois comparam o dividendo anunciado com o 
dividendo esperado. Se a quantia do dividendo é a esperada, o preço da ação deve permanecer 
inalterado, todavia, se o dividendo é maior ou menor do que o esperado, os investidores 
reavaliam as suas percepções sobre a empresa e o valor da ação reflete essa alteração.
5. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
Juros sobre capital próprio (JSCP) é uma das formas de se distribuir o lucro entre os acionistas, titulares 
ou sócios de uma empresa, a outra é sob a forma de dividendos. Esse pagamento é tratado como 
despesa no resultado da empresa, enquanto o dividendo não. 
Neste caso, o investidor terá de pagar o Imposto de Renda sobre o capital recebido. Essa questão 
fiscal é justamente o benefício da companhia, como esse pagamento é contabilizado como despesa 
da empresa, antes do lucro, ela não arca com os tributos repassando este ônus ao investidor. A 
opção entre dividendos e juros sobre capital próprio compete à assembleia geral, ao conselho de 
administração ou à diretoria da empresa.
Como exemplo, uma empresa pode decidir remunerar os acionistas da seguinte forma: R$0,50 por 
ação sob a forma de dividendos (lucro líquido) e R$0,50 por ação sob a forma de JSCP (lucro bruto). 
Sobre os dividendos não incide tributação, assim os acionistas estão isentos, mas sobre o JSCP incide 
15% de Imposto de Renda retido na fonte (R$0,075), ou seja, os acionistas receberão na prática 
R$0,425 por ação (lucro líquido).
5.1 DEDUÇÃO DA TJLP – JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
A pessoa jurídica poderá deduzir os juros pagos ou creditados individualmente a titular, sócios ou 
acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e 
limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) (Lei no 9.249/1995, artigo 9º).
 » IR Fonte: os juros ficarão sujeitos à incidência do Imposto de Renda na fonte pela alíquota de 
15% (Lei no 9.249/1995, artigo 9o, § 2o).
 » Dividendos: o valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração 
do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o artigo 202 da 
Lei no 6.404/1076.
 » Limites de dedutibilidade: o montante dos juros remuneratórios do patrimônio líquido passível 
de dedução para efeitos de determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição 
social limita-se ao maior dos seguintes valores:
I- 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução desses juros; ou
II- 50% (cinquenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros, sem 
computar o resultado do período em curso. 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
64
Para os efeitos do limite referido no item I, o lucro líquido do exercício será aquele após a dedução 
da contribuição social sobre o lucro líquido e antes da dedução da provisão para o imposto de 
renda, sem computar, porém, os juros sobre o patrimônio líquido.
Tratamento do IR Fonte 
Os juros sofrerão retenção de IRF pela alíquota de 15%. No beneficiário pessoa jurídica, se tributada 
pelo lucro real, a fonte será considerada como antecipação do devido ou compensada com o que 
houver retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração do capital 
próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. 
No caso de tributação pelo Lucro Presumido ou Arbitrado, a fonte será considerada como antecipação 
do devido. 
Nos demais casos, os rendimentos pagos à pessoa jurídica, mesmo que isenta, ou à pessoa física serão 
considerados tributados exclusivamente na fonte. 
No caso de juros pagos à pessoa física, a tributação é definitiva, não se compensando nem se 
adicionando aos demais rendimentos tributáveis. 
Base: parágrafo 3 do artigo 9o da Lei no 9.249/1995.
6. CONTABILIZAÇÃO DOS JUROS 
Os juros pagos ou recebidos serão contabilizados, segundo a legislação tributária, respectivamente, 
como despesa financeira ou receita financeira.
Juros sobre o capital próprio
Exemplo prático:
Informações complementares
 » O PL permaneceu inalterado entre o balanço de 31.12.2009 e o encerramento do 1º trimestre.
 » A taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o período é de 10% (hipotético).
 » Resultado do trimestre antes da dedução dos juros e do Imposto de Renda = R$500.000,00.
 » O Lucro líquido do Trimestre ainda não foi transferido para o PL1.
1 A legislação do Imposto Sobre a Renda determina que para ser dedutível deve ser contabilizado no resultado (despesas financeiras) e 
depois excluídos nas bases do IRPJe da CSLL.
A CVM determina que seja contabilizada diretamente no Patrimônio Líquido – Lucros Acumulados sem afetar o resultado, e apenas o IRRF 
seria contabilizado como despesas.
A CVM ainda oferece uma segunda alternativa: ou seja, caso siga a legislação do Imposto Sobre a Renda (passar por resultado), fazer uma 
reversão do mesmo valor na escrituração (DRE) – após o imposto sobre a renda (última linha da DRE antes do resultado final), de modo que 
não prejudique o valor do resultado do exercício.
 DIVIDENDOS, CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES
65
Verifique na condição da letra “a” que os juros calculados foram superiores, mas na da letra “b” 
foram inferiores. Dessa forma, os R$260.000,00 podem ser dedutíveis nas bases de cálculo do IRPJ e 
da CSLL.
Se, por acaso, os juros fossem da ordem de R$400.000,00, seriam dedutíveis apenas R$350.000,00.
RESUMINDO
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
108
REFERÊNCIAS
BRASIL. Departamento Nacional de Registro do Comércio. Instrução normativa DRC no 88, 2 de agosto 
de 2013.
______. Receita Federal. Instrução normativa SRF no 93, 24 de dezembro de 1997.
______. Receita Federal. Transformação, incorporação, fusão e cisão. Disponível em: <www.receita.
fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp2005/pr212a231.htm>. Acesso em: 2 jul. 2014.
______. Lei no 6.404, 15 de dezembro de 1976.
______. Lei no 10.406, 10 de janeiro de 2002.
______. Lei no 9.249, 26 de dezembro de 1995.
______. Lei no 11.638, 28 de dezembro de 2007.
______. Decreto no 3000, 26 de março de 1999.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM no 319, 3 de dezembro de 1999.
GRECO, A.; AREND, L. Contabilidade: teoria e prática básicas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
IUDÍCIBUS, S. de et al. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010.
MOYSÉS, M. B. Apontamentos sobre as normas gerais das sociedades no código civil. Dissertação 
Mestrado em Direito Comercial. São Paulo: USP, 2010. Disponível em: <www.teses.udp.br/teses/
disponiveis/2/2132/tde-08092011-083405/pt-br.php>. Acesso em: 2 jul. 2014.
PORTAL DE CONTABILIDADE. Cisão, fusão e incorporação de sociedades. Disponível em: 
<www.portaldecontabilidade.com.br/guia/cisaofusaoeincorp.htm>. Acesso em: 2 jul. 2014.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade: NBC -TG - Geral Normas 
Completas. Brasília: CFC, 2011. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/uparq/NBC_TG_COMP.doc>. 
Acesso em: 2. jun. 2014
CASAGRANDE NETO, H. et al. Abertura de capital de empresas no Brasil: um enfoque prático. 4. ed. 
São Paulo: Atlas, 2010.
GLASER, A. Reorganização societária como forma de planejamento tributário. Dissertação Mestrado 
em Economia. Porto Alegre; UFRGS, 2010. Disponível em: <http//hdl.handle.net/10183/30641>. 
Acesso em: 2 jun. 2014.
SANTOS, J. L.; SCHIMIDT, P. Contabilidade societária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.