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sociologia

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- acredito que há uma contribuição bastante relevante da ciência, mais especificamente, da genética. O fato é que, do ponto de vista genético, não há solidez no conceito de raça humana (raça é um subgrupo da espécie). Porque há mais diferenças entre dois indivíduos quaisquer do que entre duas raças. Não poderíamos saber ao certo a raça de uma pessoa observando apenas seus genes. E não há dúvida de que os genes determinam mais o que somos do que a cor da pele.
O termo raça tem uma variedade de definições geralmente utilizadas para descrever um grupo de pessoas que compartilham certas características morfológicas. A maioria dos autores tem conhecimento de que raça é um termo não científico que somente pode ter significado biológico quando o ser se apresenta homogêneo, estritamente puro; como em algumas espécies de animais domésticos. Essas condições, no entanto, nunca são encontradas em seres humanos13. O genoma humano é composto de 25 mil genes. As diferenças mais aparentes (cor da pele, textura dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por um grupo insignificante de genes. As diferenças entre um negro africano e um branco nórdico compreendem apenas 0,005% do genoma humano. Há um amplo consenso entre antropólogos e geneticistas humanos de que, do ponto de vista biológico, raças humanas não existem1. Historicamente, a palavra etnia significa “gentio”, proveniente do adjetivo grego ethnikos. O adjetivo se deriva do substantivo ethnos, que significa gente ou nação estrangeira. É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo resumida em: parentesco, religião, língua, território compartilhado e nacionalidade, além da aparência física
A biologia usa o termo “raça” como uma categoria de classificação dos seres. A vida é dividida em reinos, classes, espécies… Raça, para os biólogos, é um subnível de classificação, também chamado de subespécie. Por exemplo, cães são uma subespécie de lobos.
Para falar em raças biológicas é preciso haver uma diferença genética significativa entre grupos dentro de uma mesma espécie. Nem tão grande que impeça o cruzamento entre eles, e nem tão pequena que não cause grandes diferenças físicas.
Nos humanos não há variação genética que justifique o uso do conceito biológico de raça. Geneticamente, somos uma das espécies mais uniformes do planeta. Isso se deve ao fato de que, em algum momento da nossa história evolutiva, quase fomos extintos. Isso mesmo! Há cerca de 70 mil anos, uma grande erupção do vulcão Toba, na Indonésia, nos reduziu a menos de 10 mil indivíduos. Ou seja, os mais de 7 bilhões de humanos vivos hoje descendem desse pequeno grupo que encheria um estádio como o Mineirinho.
Graças a esse dramático episódio é possível achar mais semelhanças genéticas entre uma chinesa e um tupi-guarani do que entre, por exemplo, dois escoceses. Veja bem, há mais diversidade em um grupo de 55 chimpanzés do que em toda a população humana!
As diferenças de cor, traços faciais e textura do cabelo que geralmente diferenciam as pessoas em raças surgem de uma ínfima porção de nosso DNA. E mesmo sendo tão próximos e parecidos, isso não foi suficiente para impedir que europeus escravizassem durante séculos povos africanos. Nem para evitar o surgimento do nazismo. Ou para impedir que israelenses levassem à beira da extinção o povo palestino.
Usar o termo “raça” e consequentemente criar um dia da consciência negra se justificam, pois, o conceito aqui não é biológico, e sim social. Se pra biologia não faz sentido falar em raças humanas, para as ciências sociais faz. E muito. Pois a raiz do racismo é econômica, política e social, e não biológica.
Diversidade Cultural
No campo das antropologias não-biológicas (etnologia; antropologia social e cultural), há uma diversidade de abordagens. A noção de cultura é básica para se compreender os movimentos pelos quais passou esta disciplina, inicialmente parte da Antropologia (geral, sem distinções) do início do século XIX, e que pretendia abordar todos os aspectos das questões acerca da diversidade humana.
O mesmo debate que, na Antropologia Física (biológica) substitui o conceito de Raça pelo de População, desde meados do século XIX até meados do Século XX, ocorreram no âmbito da Antropologia de cunho mais social, em que a diversidade humana transitou pelos conceitos de Raça; Etnia e Cultura. E se confunde com a própria história da disciplina.
Para uma visão mais abrangente, resumirei antes de entrar no assunto específico do conceito de cultura e o debate entre este conceito e o de raça, enfocarei outra questão importante, que diz respeito à história da antropologia.
Por influência do darwinismo, no início da antropologia social, o projeto de dar conta da diversidade cultural levou naturalistas e historiadores a debruçarem-se sobre os relatos de viajantes; exploradores e administradores coloniais que falavam sobre “as exoticidades” das sociedades “inferiores”; incivilizadas; simples, em relação a uma visão industrial da técnica; e, finalmente, primitivas, por serem mais remanescentes de formas antigas, primeiras, da evolução das sociedades humanas. O relativo isolamento geográfico destas sociedades e povos contribuiu para esta visão. Assim, a Antropologia Social , partindo de questões evolucionistas importantes para os estudiosos do século XIX, ficou vista como “ciência das sociedades primitivas”. Mas com a persistência destas sociedades em resistirem até a atualidade de forma bastante diferente da tradição européia, colocou um problema crucial para esta visão evolucionista e etnocêntrica da diversidade humana. Este fato motivou variações ao longo da história da disciplina e de seus conceitos. Os antropólogos voltaram-se, a partir dos próprios resultados das pesquisas nestes povos com “culturas diferenciadas”, para sub-grupos ou sub-culturas no interior das sociedades “complexas”: os estudos de “comunidades camponesas” de Redford; os estudos voltados para grupos marginalizados nas regiões urbanas até, finalmente, estudos voltados para grupos pertencentes às classes populares e altas da sociedade moderna, culminaram por desembocar em uma análise crítica da visão de mundo ocidental moderna e da globalização, inclusive a da própria cultura científica nas áreas médicas e da saúde pública (cf. Verani, 1990 e 1994; Duarte, et al., 1998; Lupton, 1999; Petersen e Bunton, 2002).
Voltando ao conceito de cultura, algumas das principais correntes teóricas que influenciaram variações do mesmo são: o evolucionismo e suas influências no difusionismo e na sociologia francesa de Durkheim e Mauss; o marxismo e a sociologia de Marx Weber; e o estruturalismo de Lévi-Strauss. O funcionalismo inglês e as vertentes culturalistas americanas também se inserem neste campo.
Tylor e Boas foram os que mais enfatizaram o adjetivo cultural ligado à antropologia, em um movimento iniciado na Inglaterra, em início do século XIX, e nos Estados Unidos. Mas na França, com a Sociologia de Comte bem solidificada enquanto disciplina independente das demais Ciências Humanas, Durkheim; Mauss e Lévi-Strauss são autores importantes que vinculam a Antropologia Social à Sociologia, como uma sub-disciplina desta última.
A noção de cultura é o cerne de uma antropologia que separava o determinismo biológico “racial” das manifestações de comportamento aprendidas pelos indivíduos de uma sociedade após o nascimento. Estes aspectos eram considerados então como de ordem “ambiental” no debate das relações entre Raça e Cultura. Para uma revisão dos diversos conceitos de cultura e de antropologia, até à metade do século XX, com suas teorias subjacentes, conferir a coletânea de Shapiro, 1956; Mair, 1965; Copans, 1971; Laraia, 1986. Mas para efeitos didáticos, cito aqui a definição de cultura de Tylor (1871, apud Mair, op.cit.:15-16): Cultura é (...) “conhecimentos; crenças; artes; moral; leis; costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.”
Como comenta Mair, esta é mais uma lista de itens do que uma definição ouuma teoria que descreva e explique a diversidade humana.Boas, na América, interessou-se pelas “artes e técnicas”. Na prática, o estudo da cultura refere-se a costumes; maneiras e técnicas tradicionais específicas de uma sociedade. Esta vertente culturalista da Antropologia considerava-se mais próxima da Antropologia Física; da Lingüística; e da Arqueologia. Sua ênfase maior era em descrever e entender a diversidade humana.
Já a outra vertente citada, incluindo o funcionalismo institucional de Malinowiski e o funcionalismo-estrutural de Radcliffe-Brown, considerando-se mais próximo das Ciências Sociais, detiveram-se mais, através do método comparativo, no desenvolvimento teórico de generalizações sobre todos os tipos de sociedades humanas.
Malinowiski, também considerado o “pai do trabalho de campo”, o método privilegiado de estudos etnológicos, enfatizava que os estudiosos deveriam descrever todos os aspectos vinculados numa dada sociedade ao complexo, por exemplo, da função alimentar : técnicas agrícolas; formas de distribuição dos alimentos entre grupos e indivíduos; instituições de trocas (comércio ou circulação de bens); etc. Malinowiski via a sociedade através de uma metáfora anatômica em que na morfologia das sociedades, as instituições cumpriam as mesmas funções que os órgãos e sistemas do corpo humano. A metáfora mecânica de estrutura e funcionamento também influenciou as teorias sobre as sociedades humanas, como no funcionalismo, em que, porém, a metáfora fisiológica predominava. A noção de sistema dinâmico é parte desta influência.
É necessário, não obstante, as diferenças atribuídas ao conceito de “estrutura”. Apesar de utilizado por Malinowiski; Radcliffe-Brown; Evans-Pritchard; e outros, foi com Lévi-Strauss que este conceito, influenciado pelas teorias da lingüística, tornaram-se mais abstratos e ligados a questões mais sociais que a metáforas tomadas de disciplinas como a biologia e a mecânica. Lévi-Strauss, critica e sintetiza a definição de cultura mais utilizada: “hábitos; atitudes; comportamentos; maneiras próprias de agir sentir e pensar de um povo” e enfatiza a “estrutura sub-consciente de pensamento”. Para o estruturalismo de Lévi-Strauss, a diversidade humana não é importante, e sim a similaridade humana de pensamento. Nesta teoria, o conceito de cultura ganha um sentido residual. “Residual, porém irredutível”, como coloca Carneiro da Cunha (1986), em que a identidade de grupo é fundamental na construção da Pessoa Humana.
Para o a antropologia atual, cultura é um sistema simbólico (Geertz, 1973), característica fundamental e comum da humanidade de atribuir, de forma sistemática; racional e estruturada, significados e sentidos “às coisas do mundo”. Observar; separar; pensar e classificar; atribuindo uma ordem totalizadora ao mundo, é fundamental para se compreender o conceito de cultura atualmente definido como “sistema simbólico”, e sua diversidade nas sociedades humanas, mesmo neste período atual de modernidade tardia.
A ciência e o conhecimento científico são definidos de maneiras diferentes pelos diversos autores que se lançam à tarefa de refletir sobre eles. Algumas definições são bastante semelhantes, outras levantam algumas diferenças. Contudo, a maior parte dos que buscam definir a ciência concorda que "ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes" (Lakatos e Marconi, 1986: 17).
Antes de se apresentar cada uma das formas de conhecimento, convém explicitar o que se entende por conhecimento e por processo de conhecer:
"Conhecer é atividade especificamente humana. Ultrapassa o mero 'dar-se conta de', e significa a apreensão, a interpretação. Conhecer supõe a presença de sujeitos; um objeto que suscita sua atenção compreensiva; o uso de instrumentos de apreensão; um trabalho de debruçar-se sobre. Como fruto desse trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação do conhecido - que já não é mais o objeto, mas uma construção do sujeito. O conhecimento produz, assim, modelos de apreensão - que por sua vez vão instruir conhecimentos futuros." (França, 1994: 140)
A autora destaca, assim, os principais elementos envolvidos no processo de conhecer: o sujeito que conhece, a "coisa" conhecida (que, uma vez conhecida, torna-se "objeto", isto é, a "coisa", elemento da realidade, da perspectiva de quem a conhece, para quem se torna "objeto"), o movimento do sujeito em direção ao objeto (que é o próprio processo de conhecer) e os instrumentos utilizados neste processo. Um último elemento é apresentado pela autora, o fato de que todo processo de conhecimento se dá no cruzamento de duas dinâmicas opostas, duas atitudes básicas:
"(...) a abertura para o mundo, a cristalização (ou enquadramento) do mundo. Conhecer significa voltar-se para a realidade, e 'deixar falar' o nosso objeto; mas conhecer significa também apreender o mundo através de esquemas já conhecidos, identificar no novo a permanência de algo já existente ou reconhecível. O predomínio de uma ou outra dessas tendências tem efeitos negativos, e é através de seu equilíbrio que se pode alcançar o conhecimento ao mesmo tempo atento ao novo e enriquecido pelas experiências cognitivas anteriores." (França, 2001: 43)
É a partir destes aspectos (os elementos que compõem o processo de conhecer e as duas dinâmicas envolvidas nesse processo) que podem ser distinguidos diferentes tipos ou formas de conhecimento. A primeira forma de conhecimento normalmente identificada pelos autores que se dedicam à conceituação de ciência é o "senso comum". Trata-se de uma forma de conhecimento adquirido no cotidiano, empírico por excelência, normalmente adquirido por meio da experiência.
É um conhecimento produzido e aprendido por intuição, acidente ou uma observação causal, mas pode ser também resultado de um esforço deliberado para a solução de um problema. É um conhecimento limitado pois "não é sistemático, nem eficiente e não permite identificar conhecimentos complexos ou relações abstratas" (Gressler, 2003: 27).
Para Lakatos e Marconi (1986: 18), o senso comum, também denominado conhecimento vulgar ou popular, é um modo corrente e espontâneo de conhecer que "não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do 'conhecer'".
As autoras destacam as seguintes características do senso comum: ele é superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático e acrítico (Ibidem: 19). E, mais adiante, levantam outro conjunto de características dessa forma de conhecimento: valorativo, reflexivo, assistemático, verificável, falível e inexato.
A caracterização do senso comum como uma forma de conhecimento acrítica, que não reflete sobre si mesmo, e assistemática, pois não tem a preocupação de uma sistematização e organização de idéias num conjunto coerente, consistindo antes uma série de conhecimentos dispersos e desconexos, também é destacada por Demo, para quem o senso comum:
Conhecimento científico é a informação e o saber que parte do princípio das análises dos fatos reais e cientificamente comprovados. Para ser reconhecido como um conhecimento científico, este deve ser baseado em observações e experimentações, que servem para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria
Ciência → propõe a aquisição sistemática de conhecimentos sobre a natureza com a finalidade de melhoria da qualidade de vida, intelectual ou material.
O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica → surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explicações que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão.
Atlas da Violência 2019: número de mortos por armas de fogo cresce 6,8% e atinge patamar inédito
Estudo mostra que armas fizeram mais de 47 mil vítimas fatais em 2017; ao todo, 65.602 mil pessoas foram mortas; no Rio,aumento foi de 9,8%
 O número de pessoas assassinadas com armas de fogocresceu 6,8% no país entre 2016 e 2017, de acordo com dados doAtlas da Violência de 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado nesta quarta-feira. No Rio, o crescimento foi ainda maior: 9,8%. O aumento das mortes por disparos acompanha a tendência do número total de homicídios. Em 2017, 65.602 mil pessoas foram mortas no Brasil — um crescimento de 4,2% em relação ao levantamento anterior — sendo que 47.510 mil (72,4%) foram mortas por tiros,atingindo um patamar inédito .
Na contramão do Estatuto do Desarmamento, o número de armas em posse de civis só aumenta desde 2017. Até abril de 2019 houve alta de 10% em relação a 2018 nos registros para a posse de armas concedidos pela Polícia Federal.
Faço apenas um reparo, um apontamento sobre o estudo trata a relação sobre o número de armas em circulação e o aumento da criminalidade. Como cidadão, me incomoda a impossibilidade do cidadão de bem, sem antecedentes, ter uma forma de defender a integridade física, de sua propriedade e da sua família. Acho que esse é um direito do cidadão —  disse o presidente do Ipea, Carlos Von Doellinger, no discurso de abertura do evento
Quais as principais causas da violência no Brasil?
As causas da violência são associadas, em parte, a problemas sociais como miséria, fome, desemprego. ... Além disso, um Estado ineficiente e sem programas de políticas públicas de segurança, contribui para aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que é, talvez, a principal causa da violência.
Pos verdade
Em inglês, post-truth quer dizer a preponderância das crenças e ideologias sobre a objetividade dos fatos. Nada mais atual e desafiador. Explicando melhor, pós-verdade em certas circunstâncias – uma eleição com forte polarização ou uma situação limite como a dos refugiados na Europa – significa que a opinião pública pode ser moldada mais pelos apelos emocionais ou pelas convicções de cada um do que pela consistência dos fatos. Com isso, tende a ruir, ou no mínimo ser posto em cheque, o conceito da objetividade dos fatos, pilar essencial do jornalismo profissional desde o alvorecer do século passado.
Não se trata de uma questão subjetiva, como acreditava Nietzsche, de que a verdade não passa de um ponto de vista sobre a mentira, mas de uma evidência extraída da realidade contemporânea. Com a galáxia da Internet – o título é de um livro homônimo do escritor espanhol Manuel Castells, no qual ele sintetiza a tese de que a rede é a mensagem –, realmente a percepção e a versão dos acontecimentos ou mesmo a mentira, passou, em larga escala, a ser dominante. Na verdade, não é algo totalmente novo.
O poder da versão dos acontecimentos existe, digamos assim, desde a chamada teoria da “bala mágica”, cunhada na II Grande Guerra, quando se acreditava que o poder de sedução das notícias na mídia estava acima do seu conteúdo de verdade. A convicção generalizada era que tudo que ganhasse a grande mídia tinha o condão de seduzir, fosse verdadeiro ou não.
Pós-verdade foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com o Dicionário Oxford, pós-verdade é: um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais”. Um mundo com a pós-verdade é uma realidade em que acreditar, ter crença e fé de que algo é verdade é mais importante do que isso ser um fato realmente.
A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo “pós” não se refere apenas ao tempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim a “pertencer a um momento em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”. Neste caso, a verdade. Portanto, pós-verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi.
O termo pós-verdade já existe desde a última década, mas as avaliações do Dicionário Oxford perceberam um pico de uso da palavra exatamente no ano de 2016, no contexto do referendo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit – e das eleições estadunidenses. Além disso, é bastante usado com o termo política depois, então, pós-verdade política. Seu uso foi destacado durante esses eventos pois diversas notícias falsas foram publicadas em sites na internet, em páginas de Facebook, vídeos no Youtube e o público as absorveu como verdadeiras exatamente porque gostariam que fossem verdadeiras.

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