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1 Mariana Magalhães – 6º Período PERIODONTIA I EXAME E DIAGNÓSTICO PERIODONTAL Anamnese: - Queixa principal e expectativas do paciente - Historia familiar e social (A periodontite tem um caráter familiar, mas isso não quer dizer que ela seja transmitida geneticamente) - História dentária (susceptibilidade do paciente) - Hábitos de higiene oral >> condizem com a condição do paciente?? - História de paciente tabagista >> Alteração do quadro clínico periodontal; é um fator de risco para a doença periodontal; pode diminuir o sangramento pela vasoconstrição (mascara o sangramento). Tabagismo não é uma contra-indicação, mas a taxa de insucesso é maior em pacientes tabagistas. - História médica e medicamentosa: Podem haver questões sistêmicas que interferem na condição periodontal. Medicamentos podem causar mudança na salivação do paciente, hiperplasia de tecido mole.. Periodontite: - Processo inflamatório que causa uma série de complicações. É induzido por bactérias (biofilme) que geram uma inflamação dos tecidos de suporte. - É causada pelo acúmulo de bactérias que fazem parte da flora bucal do paciente. Então seu tratamento consiste em criar um ambiente favo- rável ao crescimento de bactérias benéficas em detrimento das bactérias maléficas – odontopato- gênicas. - O paciente precisa de uma terapia de manutenção rigorosa, pois qualquer desequilíbrio pode fazer com que a periodontite volte. - É muito importante um controle mecânico de placa por parte do paciente para se evitar recidiva. - Dar um feedback positivo para o paciente, quando ele estiver fazendo um controle de placa correto é fundamental para incentivá-lo a continuar fazendo. - Perda/reabsorção óssea: Processo inflamatório que se inicia para combater a infecção bacteriana, isso gera uma série de mediadores, que causam sangramento, reabsorção óssea, aprofundamento do epitélio juncional (causa a bolsa periodontal)... - Avaliamos estados de Saúde x Doença através da sondagem periodontal. Não dá para avaliar apenas clinicamente algumas alterações periodontais. Anamnese: Após a anamnese realizar sempre o exame clínico intra-oral Exame clínico intra-oral: Exame periodontal: - Profundidade de sondagem - Nível de inserção clínico - Sangramento à sondagem - Mobilidade - Lesão de furca Características clínicas da periodontite: - Sangramento à sondagem - Perda de inserção clínica (óssea) - Bolsa periodontal (profundidade de sondagem alterada) - Alteração de cor/textura da gengiva - Mobilidade - Recessão gengival - Pode haver também halitose e lesão de furca Exames complementares: - Exame radiográfico: Planejar enxerto ósseo, mostrar para paciente a perda óssea - Periapical de boca toda Efetivo plano de tratamento: - Avaliar TODOS os dentes em TODAS as faces - Identificar a localização, topografia e extensão das lesões periodontais na totalidade dos sítios e dentes. - Periodontite é uma doença sitio específica Sondagem: - Sonda Carolina do Norte (vai de 1 a 15mm) - Sonda Willians - O exame periodontal deve ser sistemático, come- çando na região de molares (para evitar interferência de sangramento de um dente sobre o outro) - Utilizar uma sonda periodontal graduada com diâmetro de ponta padronizado - Utilizar uma força de 0,75N – Tolerância e precisão - A sonda deve ser inserida paralela ao eixo vertical do dente - Sondagem circunferencial do dente (a sonda deve ser passada em toda a superfície) - Avaliar envolvimento de furca - Implante: Utilizar sonda periodontal plástica, pois a sonda de metal pode criar micro ranhuras no pino do implante > nicho p/ colonização bacteriana. A periodontite é uma doença multifatorial de origem bacteriana que leva à uma inflamação dos tecidos periodontais de suporte. Sempre presentes na periodontite 2 Mariana Magalhães – 6º Período Erros de sondagem: - Espessura da sonda utilizada - Direção de inserção da sonda - Inclinação de inserção da sonda - Posicionamento da sonda devido à fatores anatômicos - Pressão aplicada no instrumento no momento da sondagem - Muita força: encontra bolsa onde não tem - O grau de infiltração de células inflamatórias nos tecidos moles pode causar resistência dos tecidos (Quanto maior o número de células inflamatórias, maior o edema, menor a adesão do epitélio juncional, a sonda desce mais) A sondagem deve ser realizada antes e após a terapia periodontal. Exame clínico periodontal: Sangramento à sondagem: - 30 a 60 seg após sondagem - Deve ser avaliada por sextante - Infiltrado inflamatório na base do sulco/ bolsa periodontal - A ausência de sangramento é um importante indicador de estabilidade periodontal - Anotar no periodontograma PERIODONTOGRAMA: - Mais completo que o CPI - Avalia o grau da periodontite - Definir o prognóstico e tratamento da doença Profundidade de sondagem (PS): - É a medida da margem gengival até o fundo do sulco gengival/bolsa periodontal - Circunferencial - Em pontos de contato anotar maior valor - Até 3mm -> Sulco gengival - 4mm ou mais -> Bolsa periodontal (Anatomia do periodonto: 1mm inserção conjuntiva, 1mm epitélio juncional, 1mm de epitélio do sulco) Nível de inserção clínica (NIC): - Distância que vai do limite amelocementário até o fundo do sulco gengival/ bolsa periodontal - NIC – PS = Recessão gengival NIC é um padrão ouro para avaliar nível de estabili- dade da doença na reavaliação do paciente. Pois tem um valor fixo de referência. Lesão de furca: - FURCA: área localizada entre os cones radiculares que deve estar preenchida por osso - Lesão de furca: o quanto eu perdi de osso na furca - É uma medida horizontal de perda óssea na furca - Área favorável para colonização bacteriana e manutenção do processo inflamatório - Sonda de Nabers: Avaliar nível da perda óssea na furca - Classificação: o Grau 1: Até 1/3 da região da furca o Grau 2: Mais de 1/3 da região furca o Grau 3: Destruição lado a lado - Localização das furcas: o Molar superior: V, M (entrar pela palatina) e D o Molar inferior: V e L o 1º Pré-molar superior: M e D Pré-molar com envolvimento de furca não tem um prognóstico muito bom na maioria dos casos. 3 Mariana Magalhães – 6º Período Mobilidade: - Há vários fatores associados - Trauma oclusal: Avaliar oclusão Espessamento do Ligamento periodontal na radiografia - A mobilidade proveniente do trauma geralmente é reversível. - Pode ser causada pela perda de suporte dentário (periodontite); Lesão inflamatória periapical - Cirurgia periodontal: Mobilidade dentária no pós- operatório imediato - Processos patológicos dos maxilares: Ceratocisto - Avaliar a mobilidade com instrumentos rígidos no sentido horizontal e vertical - Avaliar se a mobilidade está compatível com o nível de perda de inserção do dente. - Classificação: o Grau I: Mobilidade fisiológica. O tanto que o dente movimenta normalmente dentro do ligamento periodontal. Mobilidade de 0,1 a 0,2mm no sentido horizontal o Grau II: Mobilidade aumentada de no máximo 1mm no sentido horizontal o Grau III: Mobilidade maior que 1mm no sentido horizontal (Maior amplitude)o Grau IV: Mobilidade horizontal e vertical Índice de placa: - Monitorar o controle de placa do paciente - Evidenciador de placa - Dentes com resina: Passar vaselina antes, para evitar manchamento da restauração - Anotar maior valor do sextante - V, L e P (somente superfícies livres) - Grau 0,5: pontos espaçados (fora da margem cervical) 4 Mariana Magalhães – 6º Período Profa. Renata Cyrino TERAPIA PERIODONTAL INICIAL/ BÁSICA TERAPIA ASSOCIADA À CAUSA Terapia não cirúrgica TRATAMENTO PERIODONTAL: - Terapia inicial - Terapia corretiva - Terapia de manutenção: realizada quando as outras terapias não são suficientes; Quando paciente já saiu da fase ativa; Paciente está estável Objetivos: - Restaurar a compatibilidade biológica das superfí- cies radiculares periodontalmente doentes - Determinar a reorganização tecidual, através da remoção dos fatores que provocam inflamação (placa, cálculo, cemento alterado) - Reduzir ou eliminar a inflamação (facilita a fase de terapia corretiva) Reduzir a profundidade de sondagem Terapia Inicial/Básica: - Remoção e controle das infecções bacterianas - Eliminação e prevenção da recorrência de depósitos bacterianos - Remoção do cálculo: Muito rugoso, facilita a retenção de placa - Exodontias também entram nessa fase Métodos: - Informação/ Motivação/ Instrução do paciente: Boa higienização; auto-controle de placa bacteriana - Raspagem e alisamento - Remoção de fatores de retenção (Exodontia, polimento de restaurações..) Métodos de controle de placa: - Identificação do biofilme dental - Técnica de escovação: Técnica de Bass - Fita/fio dental - Escova interdental - Controle químico: Colutório/Enxaguante - Avaliação do comprometimento do paciente no processo terapêutico O melhor método deve ser avaliado individualmente para cada paciente. - Usar apenas uma técnica? Associar mais de uma? DIAGNÓSTICO: - O diagnóstico é todo feito através do exame clínico Sondagem: - Introdução de uma sonda periodontal dentro do sulco ou bolsa periodontal, marcação no periodontograma - Profundidade de sondagem e nível de inserção clínico Avaliação do envolvimento de furca: - Grau I - Grau II - Grau III Avaliação de mobilidade: - Grau 1: 0,2 a 1mm no sentido horizontal - Grau 2: > 1mm no sentido horizontal - Grau 3: mobilidade no sentido horizontal e vertical Índice de placa: - 0: Ausência de placa - 0,5: Presença de placa em pontos esparsos, fora da junção dento-gengival - 1: Presença de placa supra gengival, estendendo- se até 1/3 da superfície exposta do dente - 2: Presença de placa supra gengival, cobrindo mais de 1/3 e menos de 2/3 da superfície exposta - 3: Presença de placa supra gengival, cobrindo mais de 2/3 da superfície exposta do dente - Anotar maior valor do sextante. Significados: 1: ótimo = 0 a 16% 2: bom = 16 a 33% 3: mau = 33 a 66% 4: péssimo 66 a 100% Raspagem e alisamento radicular: - Raspagem: remoção de placa - Alisamento: alisamento de cemento Doença ativa/ Inflamação 5 Mariana Magalhães – 6º Período - Cuidado com a sobreraspagem!! Pode causar sensibilidade Métodos para debridamento das superfícies radiculares: - Sensação tátil - Raspagem: é o processo pelo qual o biofilme e o cálculo são removidos das superfícies dentárias supra e subgengivais - Alisamento (aplainamento) radicular: técnica de instrumentação pelo qual o cálculo incrustado e as porções do cemento são removidos das raízes para produzir uma superfície lisa, dura e limpa INSTRUMENTAÇÃO MANUAL: - Permitem boa sensação tátil - Minimizam o risco de contaminação por aerosol - Maior tempo operatório - Pode levar a excessiva remoção de substância dental - Instrumentos adequados e afiados - Habilidade do operador- sensibilidade tátil - Limitação técnica CURETAS: - Instrumento de escolha para remoção do cálculo subgengival, alisamento, radicular do cemento alterado e remoção do revestimento de tecido mole da bolsa - Possui bordos arredondados - Ângulos de corte: • Somente um ângulo de corte à instrumentação • Ângulos de corte curvos adaptam- se às superfícies curvas - Curetas Universais: McCall - Instrumento de escolha: Cureta Gracey - A remoção de tecido mole da bolsa nem sempre é necessária - Quanto menor o sangramento, maior o sucesso do tratamento - PS grande: alto grau de inflamação FOICE: - Remoção de cálculo em área interproximal, onde o ultrassom não entra - Usada principalmente para remover cálculo supra gengival - Bordas cortantes que se convergem a uma ponta afiada e aguda ENXADA: - Quase não é mais utilizada - Usada para raspagem de saliências - Raspagem supregengival LIMA: - Função principal de esmagar ou fraturar grandes depósitos de cálculo retentivo ou placa polida de cálculo - Não são adequadas para raspagem delicada e para o alisamento radicular CINZEL: - Desenhado para as superfícies proximais dos dentes muito próximos para permitir o uso de outros raspadores 6 Mariana Magalhães – 6º Período TÉCNICA DE RAR: - Anestesiar por quadrante/sextante - Sondagem exploratória - Perceber o que você está fazendo no dente - Seleção do instrumental - Operação de corte - Avaliar se a raspagem foi satisfatória - Ressondagem PRINCÍPIOS GERAIS DA INSTRUMENTAÇÃO - Acessibilidade (posicionamento do paciente e do operador) - Visibilidade, iluminação e afastamento - Condições dos instrumentos (afiação) - Manutenção do campo limpo - Estabilização do instrumento - Não existe raspagem sem apoio!! Ativação do instrumento: - Bom posicionamento do instrumento - Afiação - Adaptação - Angulação - Pressão lateral. - Movimentos (exploratório e de raspagem e alisa- mento radicular). Acessibilidade: - Posicionamento do paciente: Dentes inferiores: - Paciente sentado, levantar o encosto da cadeira - Mandíbula paralela ao chão Dentes superiores: - Paciente deitado - Queixo levantado para visualização das áreas - Angulação de braço e ante-braço em 90º Manuseio do instrumental: - Estabilização do instrumento - Empunhadura: Caneta modificada e padrão caneta - Fulcro extra-oral: Apoio no queixo Fatores que predizem alterações clínicas com RAR: - Grau de Inflamação tecidual - Facilidade de sangramento na instrumentação ou sondagem - Proporção e distribuição da inflamação na parede da bolsa - Correlação das alterações clínicas com fatores etiológicos Cálculo dental (Tártaro): - Quanto mais antigo, mais escuro - Placa mineralizada de coloração branco- amarelada ou marrom - Cristais de fosfato de cálcio - Adere-se de forma persistente às superfíceis dentárias RAR: - Sondagem antes e depois da raspagem - Empunhadura da cureta (forma de caneta modificada). - Ponto de apoio - Determinação correta da extremidade ativa da cureta - Adaptação da lâmina da cureta- Posicionamento subgengival da lâmina da cureta o Ângulo de trabalho o Pressão lateral o Movimento de exploração o Movimento de raspagem o Aplainamento radicular o Avaliação da área Permanência de cálculo pós-raspagem: - Remoção de cemento (repetidas raspagens) - Persistência de bolsa periodontal Polimento coronário: - Remover a placa bacteriana - Reduzir a aspereza superficial para se inibir a formação de placa e tártaro (cálculo dental) - Dentes restaurados com resina, devem ser vaseli- nados antes de corar INTRUMENTAÇÃO ULTRASSÔNICA: - Alternativas para raspagem supragengival - Alternativa aos instrumentos manuais - Utilizam ar pressurizado para criar vibrações mecânicas na ponta do instrumento - Úteis para remoção de cálculos pesados, depósitos bem aderidos de cálculo e manchas - Menor trauma tecidual, menos desconforto - Possível redução da bacteremia causada pela instrumentação, lavagem da bolsa Indicações: - Debridamento supragengival de cálculo e manchas extrínsecas - Subgnegival de cálculo, biofilme e patógenos - Doenças periodontais - Remoção de cimento - Intervenções cirúrgicas - Ajustes de bordas Precauções: - Marca-passos não blindados - Doenças infecciosas (aerossol/aspiração de gotículas) - Superfície dentária desmineralizada - Dentina exposta - Materiais restauradores - Conectores de implantes - Crianças - Imunodeprimidos - Diabetes tipo II não controlada 7 Mariana Magalhães – 6º Período Contra-indicação: - Pacientes deficientes - Macroglossia - Doença pulmonar crônica: asma, enfisema, fibrose cística, pneumonia - Doença cardiovascular com doença pulmonar secundária - Disfagia (dificuldade de deglutição) Vantagens x Desvantagens: Técnica: 1. Sintonizar o instrumento produzindo leve jato de água na ponta ativa 2. Usar o sugador 3. Segurar o instrumento em forma de caneta modificada 4. Ligar o instrumento pisando no pedal 5. Fazer movimentos verticais leves e curtos 6. Deslocar o cálculo com a energia vibratória do instrumento 7. Não colocar o instrumento perpendicular à superfície do dente 8. Completar a raspagem ou alisamento radicular com instrumentos manuais REAVALIAÇÃO: - Muito importante no tratamento - Avaliar quais serão as futuras condutas - Verificar o prognóstico em relação ao paciente e ao sítio: o Controle de placa o Ausência de sangramento o Profundidades de sondagem o Monitoramento da progressão - Avaliação do efeito da terapia inicial o Grau de resolução da inflamação o Grau de redução da OS o Grau de redução da mobilidade o Melhoria da higiene “Full mouth desinfection” Reduzir a carga baceriana. Minimizar o risco de reinfecção em bolsas tratadas a partir de nichos que abrigam bactérias periodontopatpogênicas - Resultados: Melhora dos parâmetros clínicos e microbiológicos 8 Mariana Magalhães – 6º Período Prof. Luis Otávio EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS Epidemiologia é a descrição da distribuição da doença ou condição fisiológica em diferentes populações e dos fatores que influenciam essa distribuição. Houve uma mudança na classificação das doenças periodontais em 2018. DOENÇAS PERIODONTAIS: - São doenças infecciosas inflamatórias crônicas (de longa duração), que afetam os tecidos de suporte dos dentes. - Gengivite: inflamação da gengiva, sem destruição das estruturas de suporte (Infecção + inflamação) - Periodontite: inflamação do periodonto de prote- ção e de sustentação com destruição. Aumento da perda de inserção e aumento da profundidade de sondagem (Inflamação + infecção > Destruição) PERIODONTITE: - Perda do ligamento periodontal - Perda de osso alveolar - Aprofundamento do sulco gengival (migração do epitélio juncional) - Formação de bolsa periodontal - Causa: Presença de bactérias o Placa bacteriana: Fator primário o Tártaro/Cálculo: Fator secundário O cálculo em si, não causa problema, e sim a bactéria presente dentro dele. Ele é um meio de retenção da bactéria, e não um fator irritante. DOENÇA PERIODONTAL: Anos 70/80: MICROORGANISMOS - Natureza infecciosa das DP - Grupo de bactérias Gram negativas e anaeróbias - A presença bacteriana: Era necessária para a doença Sozinhas não causam a doença Interação com o hospedeiro: fatores de risco Anos 90: HOSPEDEIRO O hospedeiro tem um papel essencial na manifes- tação da doença - Mecanismo de defesa - Fatores de risco extrínsecos e intrínsecos que podem modificar o curso da doença - O mecanismo inflamatório fica descontrolado Hoje: A manifestação clínica da doença é uma interação complexa entre microorganismo e hospedeiro. Sendo que o indivíduo tem um papel crucial no curso clínico da doença (mecanismos de defesa). Mais de 80 a 90% da destruição dos tecidos periodontais ocorre por mecanismos do indivíduo, e não da bactéria. A bactéria desperta no individuo uma resposta, e essa resposta é mais ou menos efetiva, de acordo com cada caso. Com isso ela consegue controlar ou não a doença. Gengivite: Inflamação inespecífica Acúmulo de qquer microorganismo -> Inflamação Disbiose na quantidade de microorganismos Maior acúmulo de placa -> desperta a inflamação no indivíduo Periodontite: O desequilíbrio é ligado a patógenos mais especí- ficos Mudança na qualidade e na quantidade PERIODONTITE: - Doença de origem infecciosa bacteriana mista (existe um grupo de patógenos, capaz de despertar no indivíduo essa resposta que leva à destruição de osso, ligamento e cemento) - Natureza inflamatória crônica - Hospedeiro dependente: Manifesta diferentes expressões clínicas - Sítio específica: Afeta os sítios de diferentes maneiras Heterogeneidade de distribuição - Progressão não linear Surtos de atividade Períodos de quiescência “Toda periodontite, é precedida de uma gengivite. Nem toda gengivite evolui para uma periodontite” O que faz uma gengivite se transformar em periodontite? - Mudança na proporção de bactérias - Mudança na proporção de mediadores inflamatórios Alternância 9 Mariana Magalhães – 6º Período Mas não se sabe exatamente o que faz essa “chave virar”. Gengivite -> Periodontite Sítio saudável -> Sítio doente COMPLEXOS BACTERIANOS: - Divisão dos microorganismos do biofileme em 5 complexos bacterianos - As bactérias foram agrupadas por afinidade de nutrientes, pH, oxigênio, fatores de virulência - Cada complexo é composto por patógenos específicos - A periodontite e a destruição dos tecidos, está fortemente relacionada com bactérias do complexo vermelho e laranja, e ao Aa (Aggregatibacter actino- mycetencomitans) do complexo verde - Complexos Roxo, Amarelo e Verde: Colonizadores iniciais Em saúde há altas proporções desses complexos no ambiente subgengival São os chamados complexos benéficos (que vivem simbiose com o indivíduo) - Em estágios avançados da doença, há altas proporções de bactériasdo complexo vermelho e laranja - Bactérias do complexo vermelho, laranja e o Aa do complexo verde, possuem fator de virulência alto. Despertam respostas muito importantes no hospedeiro. São recuperados em: Doenças avançadas, sítios com alta destruição, formas de progressão mais rápida da doença Esses patógenos são o desafio no tratamento da doença, pois não são tão fáceis de serem eliminados por RAR somente - RAR: remoção de cálculo, desorganização e remoção de uma quantidade de biofilme Reorganização da ecologia dentro do sulco gengival Diminuição da carga bacteriana total → Propicia microorganismos benéficos de colonizar o sulco - Em alguns casos a RAR pode não ser capaz de reorganizar essa ecologia, pois algumas dessas bactérias do complexo vermelho e laranja são mais resistentes (se fixam mais aos tecidos, invadem tecidos moles). Falhas no tratamento, geralmente estão associadas à permanência de concentrações mais elevadas desses patógenos nos sítios. - 90 a 95% dos casos, respondem bem ao trata- mento convencional, e a doença é estabilizada. - 3 a 5% não estabiliza com o tratamento conven- cional. Indivíduos que tem muitos casos de recorrência da doença: testes microbiológicos. O uso de antibióticos não é uma prática comum, é reservada para alguns casos - Uso de clorexidina, e outros antissépticos, têm baixa substantividade de ação (baixa permanência de ação naquele sítio), não são suficientes para se ter uma ação contra os patógenos. Complexo vermelho: Porphyromonas gingivalis Tannerella forsythia Treponema denticola Complexo laranja: Fusobacterium nucleatum sp Prevotela intermédia Prevotela nigrescens Parvimonas micra Campylobacter rectus Eubacterium nodatum Streptococcus constellatus Complexo verde: Capnocytophaga sp Campylobacter concisus Eikenella corrodens Aggregatibacter actinomycetencomitans Complexo amarelo: Streptococcus: S. mitis S. oralis S. sanguis Complexo roxo/azul: Actinomyces odontolyticus Veillonella parvula PATOGENICIDADE: - O biofilme interage com a resposta do hospedeiro através dos fatores de virulência, antígenos e do Complexos associados a DP 10 Mariana Magalhães – 6º Período LPS presente na membrana das bactérias. O hospe- deiro interage com esse desafio microbiano produ- zindo anticorpos e a primeira linha de defesa PMN (polimorfonucleares/neutrófilos) - A gengiva saudável possui sinais de inflamação (neutrófilos; resposta controlada). Quando essa res- posta do hospedeiro é mais exacerbada/descon- trolada, menos efetiva, estimulada por um desafio microbiano maior, mais específico, que existe uma transição, essa resposta de anticorpos e de neutrófilos gera citocinas e mmps (colagenase, hialuronidase), de uma maneira mais importante, e isso começa a alterar o metabolismo do tecido ósseo e do tecido conjuntivo levando à destruição. - Essa destruição leva aos sinais clínicos de doença. Quando eu começo a ter o caminho da resposta mais exacerbado, que muda essa estrutura há a presença desses sinais clínicos (aprofundamento do sulco, perda óssea). Esses sinais clínicos podem aumentar o desafio microbiano, pois eles começam a criar um ambiente subgengival mais satisfatório para os patógenos dos complexos laranja e vermelho, eles criam condições melhores de oxigênio, de alteração de pH, distribuição de nutrientes, e com isso o desafio microbiano pode aumentar e interagir com a resposta do hospedeiro. Se essa resposta não for eficiente, haverá mais destruição, mais sinais clínicos, mais desafios microbianos. Quando a resposta é eficiente, o lado de anticorpos e defesa contêm o desafio, o processo fica mais estável. Quando há um desequilíbrio na resposta e na agressão, o processo fica instável. EVIDÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE FATO- RES DE RISCO: - Gengivite é uma condição comum. Periodontite não é uma condição comum - Uma pequena quantidade de pessoas e sítios desenvolve perda de inserção - Há uma baixa prevalência de formas destrutivas graves (atinge em torno de 25% das pessoas, nas formas leve e moderada; 10-15% forma grave). - A atividade da doença não tem curso linear e contínuo - Há diferentes formas e modelos de progressão - Diferentes manifestações na falta de boa higiene oral A periodontite era vista como um resultado primário da infecção, hoje é abordada como uma complexa interação entre infecção bacteriana e resposta do hospedeiro, frequentemente modificada por fatores de risco. É uma simbiose constante. ◦ É na terapia de manutenção que deve ser feito um rigoroso controle de placa, para que o paciente fique livre da gengivite. ◦ A resposta do hospedeiro pode ser modificada pelos fatores de risco (genéticos, adquiridos, ambientais) ◦ Estudos mostram que, indivíduos com alta recorrência de sítios sangrantes em manutenção, são indivíduos com risco aumentado para reincidência de doença. ◦ Manejo/Controle dos fatores modificáveis (tabagismo, por exemplo) maior estabilidade da doença ◦ Vários fatores de risco são estudados p/ a periodontite (stress, obesidade, tabagismo..) ◦ Essa avaliação de controle de risco deve ser contínua durante a fase de manutenção, deve ser investigada a presença de novos fatores. DOENÇA PERIODONTAL: - É multifatorial - Fatores de risco conhecidos: o Patógenos específicos (Carga bacteriana) o Tabagismo o Diabetes descompensada Patógenos específicos: - Altas cargas bacterianas destes pató- genos pode colocar o indivíduo em risco: Porphyromonas gingivalis Tannerella forsythia Aggregatibacter actinomycetemcomitans Tabagismo/fumo: - Sinais de doença de 3 a 6 vezes maiores e mais graves - Progressão de doença mais rápida - Importante no efeito do tratamento - Não pode ser atribuída a maior precariedade do controle de placa ou a composição da microbiota - Importante fator de risco para as DPs Efeitos locais: - Afetam a vascularização o Podem agir como vasoconstritores o Casa isquemia dos tecidos o Redução da resposta vascular inflamatória o Redução do reparo celular o Diminuição do potencial de oxigênio Efeitos sistêmicos: - Resposta celular e humoral: o Diminuição da quimiotaxia e sinalização o Diminuição da fagocitose o Diminuição da produção de anticorpos Diabetes Mellitus - descompensado: - Maior destruição periodontal e risco aumentado para indivíduos diabetes tipo I e tipo II - A gravidade da DP parece estar associada ao controle do diabetes - Importante fator de risco para as DPs - Espessamento de vasos 11 Mariana Magalhães – 6º Período - Diminuição da quimiotaxia de neutrófilos - Alteração na fagocitose - Alterações no metabolismo de colágeno - Pequenas diferenças na microflora - Pacientes possuem resposta exagerada (alta inflamação), mas menos efetiva PERIODONTITE Infecção bacteriana mista ↓ Apresentações clínicas polimórficas “Diferentes formas da mesma doença? Ou são doenças diferentes?” Evidências para a existência de formas verdadeira- mente diferentes? Sempre houve certa dificuldade na classificação das doenças. Nenhum critério molecular e microbiológico é capaz de separar as formas clínicas. Pois é possível recuperar altas proporções de patógenos periodontais, em diferentes tipos de doenças – mais destrutivas e menos destrutivas. Embora, altasconcentrações de P. gingivalis e A. actinomycetemcomitans estejam relacionadas com casos de doenças mais destrutivas, Pg e Aa também podem estar presentes em doenças menos destrutivas. Os sistemas de classificação foram baseados em características CLÍNICAS (gravidade, taxa de progressão e idade de início). As classificações foram sendo modificadas, a partir do momento em que se foi adquirindo conheci- mento em torno do comportamento dessas doenças. - Consenso clínico de Prognóstico diferente Necessidade de abordagem terapêutica diferente - Heterogeneidade do fenótipo - Heterogeneidade na suscetibilidade genética e ambiental EPIDEMIOLOGIA: Compreensão da história natural: Curso clínico e resposta ao tratamento: - Nenhuma característica clínica, histopatológica ou microbiológica que realmente diferencie formas distintas de doença pode ser identificada SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO: - Organização e ordenação de informações - Estrutura para estudos científicos e pesquisa o Etiologia o Patogênese o Tratamento - Planejamento e ações de saúde - Direcionamento de tratamento e necessidades clínicas Classificação – 1989 - Havia a classificação de Periodontite Juvenil - 2 grandes grupos de doenças: Periodontites de início precoce: acometiam indivíduos em idades mais jovens Pré-puberal: Acometia dentição mista e decídua Juvenil: Jovens (altamente associada ao Aa) Periodontite de progressão rápida: Adultos jovens, formas mais destrutivas (Progressão rápida, e destruição não condizente com a quantidade de placa e tártaro – pouca placa, pouco cálculo e doença altamente agressiva, com alta destruição e alta progressão) Periodontite do adulto: doenças com progressão mais moderada, lenta; destruição mais moderada. A quantidade de depósitos condizia mais com o grau de destruição da doença. A nomenclatura dessa classificação era baseada em idade. Classificação internacional – 1999: - Crônica - Agressiva - Necrosante Gengivites – AAP 1999: - Sinais e sintomas restritos a gengiva - Presença de biofilme dental para iniciar ou exarcerbar a gravidade da lesão - Sinais clínicos de inflamação: o Aumento de volume por edema ou fibrose o Coloração alterada para vermelhidão ou roxo-azulado o Aumento de temperatura sulcular o Sangramento após estímulo o Exsudato gengival aumentado - Sinais associados a níveis de inserção estáveis (em periodonto normal ou reduzido) - Reversibilidade do processo com a remoção da causa(s) - Possível papel como precursor da perda de inserção Periodontites crônicas – AAP 1999: - Mais prevalente em adultos (mas pode ocorrer em crianças e adolescentes) - Destruição tecidual consistente com a presença de fatores locais - Cálculo subgengival é um achado freqüente asso- ciado com padrões microbianos variados - Taxas de progressão lenta a moderada (mas pode ter períodos de progressão rápida) - Classificada com base na extensão e gravidade. Pode ser associada a fatores locais predisponentes - Pode ser modificada ou associada a doenças sistêmicas (ex. diabetes, infecção HIV, etc.) - Pode ser modificada por outros fatores (ex. fumo, stress, etc.) - Defesa do hospedeiro tem papel importante na patogênese 12 Mariana Magalhães – 6º Período Periodontites agressivas – AAP 1999: - Pacientes clinicamente saudáveis - Rápida perda de inserção e destruição óssea - Quantidade de depósitos bacterianos inconsis- tente com a gravidade - Agregação familiar - Elevadas proporções de Aa e Pg - Anormalidades fagocitárias - Fenótipo de macrófagos hiperresponsivos (PGE-2 e IL-1 elevados) Classificação de acordo com a distribuição: Localizada: 30% ou menos dos sítios afetados Generalizada: Mais de 30% dos sítios afetados Classificação de acordo com a gravidade de perda de inserção: Leve: 1 ou 2mm Moderada: 3 ou 4mm Avançada: 5mm ou mais Com base nessa classificação: Ex: Paciente com periodontite crônica localizada avançada. Classificação 2018 A classificação nova mudou toda a nomenclatura, mas o entendimento desse fenótipo diferenciado existe. Sistema multidimensional: A periodontite é classi- ficada em estágios e em graus Estágios: 1, 2, 3 e 4 Graus: A, B, e C - Estágios dependentes da gravidade e complexi- dade no manejo clínico - Graus baseados em características biológicas, análise histórica da progressão, avaliação de risco para perda futura, antecipação de pobres resulta- dos ao tratamento Indivíduos fumantes e com diabetes descompen- sado seriam Grau C. *Sempre a característica pior, define o estágio em que o paciente se encontra. Com base nessa classificação: Ex: Paciente com periodontite Estágio III grau A. Objetivos terapêuticos: - Alterar ou eliminar a microbiota etiológica e fato- res de risco contribuintes - Paralizar a progressão da doença - Preservar a dentição em função, conforto e estética - Prevenir a recorrência de doença - Regeneração periodontal pode ser almejada quando indicado Tratamento com antibiótico: - Deve ser bem indicado, em casos específicos para evitar a resistência bacteriana - Mais indicado: Amoxicilina (amplo espectro) + Metronidazol (espectro reduzido) Condições para tratamento: - Instruções de higiene oral - Reforço no controle de placa - Motivação do paciente - RAR supra e subgengival - Controle de fatores locais - Terapia oclusal se necessário - Terapia cirúrgica se necessário - Terapia periodontal de suporte Considerações para o tratamento: Periodontites agressivas: - Terapia inicial isolada é geralmente ineficiente - Terapia antimicrobiana em conjunto com RAR (com ou sem cirurgia) - Identificação microbiológica
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