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LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - artigo resumo

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Existe a possibilidade de que a sentença mesmo sendo ilíquida, constitua um título executivo, neste caso a liquidação deverá apresentar-se como pressuposto para o cumprimento da sentença. A causa dessa instituição se dá em razão da natureza do pedido, ou da falta de elementos nos autos, já que a sentença pode ser compreendida como algo determinado em quantidade certa do montante da condenação que é fixada em decisão judicial, o que traduz que na pendência de alguma situação a sentença será ilíquida.
Fredie Didier aduz que:
 “O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma solução acerca dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica individualizada, a fim de que essa decisão possa ser objeto de execução. Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva pela qual se busca complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial. Como se trata de decisão proferida após atividade cognitiva, é possível que sobre ela recaia a autoridade da coisa julgada material”. DIDIER JR, Fredie. e Sarno Braga ,Paula e Oliveira ,Rafael. Curso de Direito Processual Civil - Vol. 2. 1° Ed. Salvador: Juspodovim, 2007. (grifo nosso).
No caso dessa iliquidez, a liquidação será comandada por meio de decisão declaratória e será delimitada à fronteira da sentença liquidanda, sendo vedada discussão da lide ou alteração da sentença que a julgou. O ilustre doutrinador Elpídio Donizetti assim esclarece o tema:
“A liquidação, que constitui um complemento do título judicial ilíquido, se faz por meio de decisão declaratória, cujos limites devem ficar circunscritos aos limites da sentença liquidanda, não podendo ser utilizada como meio de impugnação ou de inovação do que foi decidido no julgado (art. 509, § 4º, CPC/2015). Apenas os denominados pedidos implícitos, tais como juros legais, correção monetária e honorários advocatícios, podem ser incluídos na liquidação, ainda que não contemplados na sentença.” (http://genjuridico.com.br/2017/09/20/liquidacao-sentenca-novo-cpc/. Acesso em 20/05/2019)
O devedor também é parte legítima para requerer a liquidação de sentença, já que, da mesma maneira que o credor tem o direito a saber o quantum do seu crédito que irá receber no futuro, o devedor também terá o direito de saber a quantia que deverá pagar.
O art. 509 do novo CPC, regula a legitimidade do devedor em relação ao requerimento da liquidação de sentença, sendo este o seu direito:
Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: 
por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. 
§3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira.
§4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. 
Formas de liquidação:
Poderá a sentença ser liquidada de duas diferentes formas:
Por arbitramento, que será efetuada mediante determinação de sentença, bem como pela exigência por força da natureza do objeto da liquidação. Implica portanto na utilização de prova pericial no procedimento e é cabível quando as partes assim convencionarem ou quando a natureza do objeto da liquidação fizer tal exigência.
Assim, compreendemos que a liquidação por arbitramento se explica como “aquela em que a apuração do elemento faltante para a completa definição da norma jurídica depende apenas da produção de uma prova pericial. (...). Por fim, deve-se proceder à liquidação por arbitramento, quando assim o exigir a natureza do objeto da liquidação, é dizer, quando a perícia mostra-se como meio idôneo”. (Curso de Direito Processual Civil. Direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação de sentença e coisa julgada. Volume 2. Editora jus PODIVM, 2008. p. 467).
Por procedimento comum, sendo cabível na incidência de alegação e comprovação de fato novo.
Fatos novos são aqueles acontecimentos anteriores, concomitantes ou supervenientes à ação de indenização e que tenham relação direta com o quantum debeatur. Note-se que para fins de conceituação de fato novo é irrelevante o prisma temporal. Fato novo, a rigor, então, é aquele que não está nos autos. Sobre a matéria, o Superior Tribunal de Justiça já assentou que “fato novo é aquele tendente a demarcar os limites do valor enunciado na sentença liquidanda ou aquele que possibilite a especificação do objeto nela já reconhecido, no entanto, ainda não individualizado”. (REsp 1172655/PI, Rel. Ministro Luís Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 14.05.2013, DJe 04.06.2013.)
Neste caso a parte requerida deverá ser intimada para que possa se manifestar por meio de contestação em até 15 dias apreendendo orientação conforme descrição do art. 511 do novo CPC, que assim comanda:
Art. 511.  Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.

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