Black Mirror sob o olhar behaviorista de Skinner

Prévia do material em texto

Universidade Tiradentes
ADRIANO SANTOS DOS ANJOS
ANTÔNIO MAGNO BRITO DE OLIVEIRA SILVA
ÉRICLES SANTOS FERREIRA
GIULIA SANTOS BARBOZA DE DEUS
NATANY SANTOS SILVA
BLACK MIRROR – NOSEDIVE SOB O OLHAR BEHAVIORISTA DE SKINNER
Aracaju – SE
28/03/2019
ADRIANO SANTOS DOS ANJOS
ANTÔNIO MAGNO BRITO DE OLIVEIRA SILVA
ÉRICLES SANTOS FERREIRA
GIULIA SANTOS BARBOZA DE DEUS
NATANY SANTOS SILVA
BLACK MIRROR – NOSEDIVE SOB O OLHAR BEHAVIORISTA DE SKINNER
Resenha crítica apresentada à disciplina Matrizes do Pensamento Psicólogico II, ministrada pela Profª. Kelyane Oliveira de Sousa, como Medida de Eficiência referente à Unidade I. 
Aracaju – SE
28/03/2019
RESENHA CRÍTICA
Bibliografia:
Black Mirror: Nosedive. Direção: Charles Brooker. Roteiro: Joe Wright. 2016. Duração: 63 min.
Moreira, M. B., & Medeiros. C.A. (2007). Príncipios Básicos de Análise do Comportamento. Artmed. Porto Alegre.
Black Mirror – Nosedive sob o Olhar Behaviorista de Skinner
A produção Nosedive, com tradução em português de Queda Livre, é o primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror, uma série Sci-fi original da Netflix que fez bastante sucesso com o público após levantar questões polêmicas a respeito da relação homem-tecnologia. 
O episódio narra a história de Lacie, uma jovem que vive em uma sociedade que gira em torno de uma rede social, que se assemelha muito ao atual Instagram, onde as pessoas compartilham sobre a sua vida pessoal e recebem uma nota que pode variar entre 1 a 5. A personagem é refém desse aplicativo e procura a todo custo subir no ranking, tendo a pretensão de se integrar ao mais alto escalão social. Para isso, ela se vê obrigada a se comportar de maneira extremamente gentil com todas as pessoas que lhe cercam para alcançar o máximo de aprovação. Tal situação descrita pode ser relacionada a Teoria de Skinner sobre como recompensas e punições influenciam o comportamento.
Apesar do universo distópico da série ter como foco uma crítica social contemporânea sobre o domínio tecnológico e o seu poder sobre as massas, observa-se a referência behaviorista especialmente neste episódio. O Condicionamento Operante de Skinner pode ser visto quando os personagens da trama, para serem recompensados com uma boa avaliação no aplicativo, necessitam se relacionar bem uns com os outros a fim de garantir privilégios e status social.
 Segundo Moreira & Medeiros (2007), o Condicionamento Operante nasceu sob as mãos do psicólogo comportamental B. Frederic Skinner, e defendia que o comportamento do indivíduo depende de estímulos positivos ou negativos que ele recebe, o que resulta em determinadas consequências. 
Nesse sentido, as pessoas dessa obra ficcional são estimuladas a serem agradáveis e receptivas o tempo inteiro, fingirem gostar de comidas que não gostam, e até mesmo se sujeitarem a tirar uma foto sorrindo mesmo que não estejam necessariamente felizes só para serem bem avaliadas. Em troca disso, elas são respeitadas e possuem passe-livre para entrarem em alguns locais ou até mesmo alugarem um carro do ano ou um imóvel em um bairro de luxo.
Lacie, por exemplo, está pleiteando alugar uma casa em uma área nobre da cidade, e em visita a um empreendimento para alugar, ela fica completamente encantada com aquela que seria a casa dos seus sonhos. Entretanto, a corretora de imóveis lhe diz que para obter um desconto especial na locação do imóvel, a sua nota deveria subir para 4,5. Logo, para realizar o objetivo de morar em um bairro conceituado, Lacie traça um plano ambicioso para alcançar o patamar desejado, procurando até mesmo uma consultoria especializada.
Para Moreira & Medeiros (2007), o reforço é um mecanismo de aprendizado no qual o sujeito executa determinado comportamento com frequência, por já saber a consequência que sua ação irá gerar. O processo de reforçamento é dividido em reforço positivo e reforço negativo. No reforço positivo quando o comportamento desejado é alcançado, um elemento de recompensa é adicionado. Já no reforço negativo um elemento aversivo ao indivíduo é retirado do ambiente como reforço para a continuação do comportamento.
A situação ilustra perfeitamente o que seria o reforço positivo sobre o sujeito, uma vez que a protagonista busca desesperadamente atender o requisito, aproximando-se de pessoas influentes e com o score acima da média no aplicativo para ser recompensada com uma boa avaliação. Na tentativa de cumprir essa meta, ela se reaproxima de Naomi, uma amiga de infância que está prestes a se casar e que possui uma classificação alta na plataforma. Em nome dos velhos tempos, Lacie é convidada a ser uma das damas de honra do matrimônio, o qual estaria repleto de pessoas da alta sociedade e com a classificação igual ou acima de 4,5. Com essa oportunidade, ela acredita que existam boas chances para subir no ranking. Entretanto, quando está a caminho do evento, as coisas desandam e o que parecia ser sua ascensão torna-se a sua queda. 
O episódio faz uma clara alusão a um tema bastante atual e pertinente: o uso abusivo das redes sociais e a desumanização do indivíduo frente a uma sociedade capitalista e cercada de hipocrisias. Com a proposta de chocar, criando um plano de fundo futurista e surreal aos olhos do telespectador, a série representa um anúncio de como as relações humanas estão tendenciosamente se tornando mais frágeis e superficiais em função da tecnologia. Sob o viés behaviorista, nota-se que tanto a ficção quanto a realidade imprimem pontos em comum. 
A necessidade de atenção e aceitação social fazem parte da vida de milhões de usuários da internet, que mantem suas contas ativas em redes sociais, nas quais muitas das vezes ostentam uma vida perfeita em fotos e postagens, só para atrair seguidores e curtidas. Nessa busca o número se torna um fator crucial, já que o valor pessoal está associado à quantidade. Logo, o reforçamento é um conceito behaviorista presente no comportamento virtual das pessoas nos tempos atuais, pois apesar de não estarem presas na Caixa de Skinner, suas ações podem ser condicionadas de acordo com as consequências que julguem ser positivas ou negativas para elas.