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Mário Bittencourt – 2017.2 1 Características Térmicas da Soldagem Docente: Mário Bittencourt Sumário 1. Introdução 2. Regiões da Junta Soldada 3. Características Térmicas da Soldagem 4. Repartição Térmica 5. Ciclos Térmicos 6. Fatores que Afetam as Características Térmicas da Soldagem 7. Transformações Metalúrgicas 8. Bibliografia Mário Bittencourt – 2017.2 9 2) Regiões da Junta Soldada Uma junta de topo, soldada por um processo de fusão, pode ser subdividida em quatro regiões distintas, como pode ser visto na macrografia da junta abaixo. METAL DE BASE ZONA FUNDIDA ZTA ZONA DE LIGAÇÃO Zona Fundida (Z.F.) É a região que foi aquecida às mais altas temperaturas de soldagem. Nesta região ocorre fusão apenas do metal de base, se a soldagem for autógena ou, do metal de adição e parte do metal de base, se a soldagem for feita com adição de consumível. Pode ser constituída de um só cordão ou de vários cordões de solda (soldagem multipasse). 2) Regiões da Junta Soldada Mário Bittencourt – 2017.2 10 ZONA FUNDIDA 2) Regiões da Junta Soldada Zona de Ligação (Z.L.) É a região localizada entre o metal de base que não sofreu fusão e a zona fundida. ZONA DE LIGAÇÃO 2) Regiões da Junta Soldada Mário Bittencourt – 2017.2 11 Zona Termicamente Afetada (Z.T.A.) É a região do metal de base que não fundiu mas cujas propriedades e microestrutura foram afetadas pelas altas temperaturas impostas pelo ciclo térmico de soldagem. ZTA 2) Regiões da Junta Soldada Metal de Base (M.B.) Região que não sofreu alterações microestruturais provocadas pelas altas temperaturas produzidas durante o processo de soldagem. 2) Regiões da Junta Soldada Mário Bittencourt – 2017.2 20 As variáveis mais importantes do CICLO TÉRMICO são: - a temperatura de pico (Tp), - a velocidade de resfriamento (Vr) e o - tempo de permanência acima de uma determinada temperatura crítica (ts). 5) Ciclo Térmico de Soldagem O CICLO TÉRMICO de soldagem possibilita a interpretação ou previsão das transformações metalúrgicas A REPARTIÇÃO TÉRMICA permite determinar a extensão da região aonde ocorrem tais fenômenos (ZTA). 6) Características Térmicas da Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 21 Os fatores que afetam as características térmicas da soldagem são: Natureza do metal de base. Distância do ponto considerado ao centro do cordão de solda. Espessura e geometria da junta Temperatura de pré-aquecimento. Energia de soldagem ou aporte de calor. 6) Características Térmicas da Soldagem 6.1) Natureza do Metal de Base O coeficiente de condutividade térmica do metal base influencia na: - temperatura máxima atingida (Tp) Quanto menor for a condutividade térmica do material, maiores serão as temperaturas atingidas. - na velocidade de resfriamento (Vr) Quanto maior for a condutividade térmica do material, maior será sua velocidade de resfriamento. Mário Bittencourt – 2017.2 22 6.1) Natureza do Metal de Base O coeficiente de condutividade térmica do metal base influencia no: - tempo de permanência de uma determinada temperatura (ts): Quanto maior for a condutividade térmica do material, menor será o tempo de permanência acima de uma determinada temperatura. Vamos considerar dois ciclos térmicos em um ponto Z de duas juntas soldadas. O metal de base de uma das juntas é o aço carbono e o outro alumínio. As juntas foram soldadas com as mesmas condições de soldagem. 6.1) Natureza do Metal de Base Mário Bittencourt – 2017.2 23 MB com Maior Condutividade Térmica < Tp (temperatura de pico) < ts (tempo de permanência acima de uma determinada temperatura) > Vr (velocidade de resfriamento) TEMPO TAl TAÇO TC T1 TmaxAl TmaxAço T (ºC) ALUMÍNIO AÇO Z Z 1 2 Condutividade térmica do alumínio-0.53 Cal/cm 2 /cm/ºC/Seg Condutividade térmica do aço-0.033 Cal/cm 2 /cm/ºC/seg 1. Ciclo Térmico do ALUMÍNIO 2. Ciclo Térmico do AÇO 6.2) Distância do Ponto ao Centro do Cordão de Solda Podemos traçar um conjunto de curvas mostrando o ciclo térmico para pontos situados a diversas distâncias do centro do cordão soldado. B C A Mário Bittencourt – 2017.2 24 TEMPO (t) T E M P E R A T U R A º C T2 T1 Tp C Tp B Tp A B C A Tp diminui com o aumento da distância ao centro do cordão. ts diminui com a distância ao centro do cordão de solda. Vr diminui com o aumento da distância ao centro do cordão de solda. ts A ts B ts C Vr C Vr B Vr A Os fatores que afetam as características térmicas da soldagem são: Natureza do metal de base. Distância do ponto considerado ao centro do cordão de solda. Espessura e geometria da junta Temperatura de pré-aquecimento. Energia de soldagem ou aporte de calor. 6) Fatores que Afetam as Características Térmicas Mário Bittencourt – 2017.2 25 6.2) Espessura da Junta A velocidade de resfriamento tende a aumentar com o aumento da espessura, até determinado limite (40mm). Acima deste limite a velocidade de resfriamento independe da espessura. O tempo de permanência a temperaturas elevadas tende a diminuir com o aumento da espessura. 6.2) Espessura da Junta A dissipação do calor em chapas finas ocorre de forma bidimensional (> Vr) Em chapas grossas ocorre de forma tridimensional (< Vr) Mário Bittencourt – 2017.2 26 Junta em T possui três direções para o fluxo de calor, enquanto que a Junta de Topo possui apenas duas direções. 6.3) Geometria da Junta Vr JUNTA TOPO < Vr JUNTA T 6.4) Temperatura de Pré- aquecimento O pré-aquecimento diminui o gradiente térmico, reduzindo assim a velocidade de resfriamento. O pré-aquecimento aumenta o tempo de permanência acima de uma determinada temperatura, acarretando em uma maior extensão da ZTA. Mário Bittencourt – 2017.2 27 ZTA Curva 1 ZTA Curva 2 1 com 2 sem Tc Distância (x) Temperatura de Pico (Tp) Curva 1 – Repartição Térmica referente a uma operação de soldagem COM pré-aquecimento. Curva 2 – Repartição Térmica relativa a mesma operação de soldagem SEM pré-aquecimento. Observa-se que para a repartição térmica dada pela curva 1 (com pré-aquecimento), a ZTA é maior que a ZTA da repartição térmica dada pela curva 2 (sem pré- aquecimento). ZTA Curva 1 ZTA Curva 2 Tc Distância (x) Temperatura de Pico (Tp) 1 com 2 sem Mário Bittencourt – 2017.2 28 6.5) Energia de Soldagem Energia de soldagem ou Heat input é a quantidade de calor produzido pelo arco elétrico e transferido para a peça. 6.5) Energia de Soldagem A energia de soldagem ou aporte de calor (E) depende do processo de soldagem utilizado (Eletrodo Revestido, MIG/MAG, TIG, etc.) Mário Bittencourt – 2017.2 29 6.5) Energia de Soldagem E (J/mm) = N ( V x I ) Vsold. N – Eficiência da transferência de energia para a peça depende do processo de soldagem utilizado. A energia de soldagem afeta a temperatura máxima atingida, o tempo de permanência em altas temperaturas e a velocidade de resfriamento. 6.5) Energia de Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 30 Em processo de soldagemque utilizam alta energia de soldagem, o calor atinge uma grande extensão do metal de base Isto ocasiona um gradiente de temperatura relativamente baixo e resultando numa velocidade de resfriamento bem menor do que aquela observada em processos que utilizam baixo aporte de calor. 6.5) Energia de Soldagem O processo de soldagem P1 utiliza menor aporte de calor, produzindo uma menor ZTA. Quanto maior a energia de soldagem, maior a extensão da ZTA e menor a velocidade de resfriamento. Distância (x) Temperatura de Pico (Tp) P2 P1 T1 Mário Bittencourt – 2017.2 1 Zona Fundida Docente: Mário Bittencourt Sumário 1. Introdução 2. Solidificação 3. Tamanho de Grão 4. Contorno de Grão 5. Estrutura dos Metais 6. Solidificação na Soldagem 7. Composição Química da Zona Fundida 8. Bibliografia Mário Bittencourt – 2017.2 12 5 Estrutura dos Metais É comum se mencionar que a estrutura obtida na solidificação na soldagem (estrutura de grãos) é similar a obtida na solidificação em fundição (solidificação homogênea). 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 13 Entretanto, o mecanismo de solidificação da zona de fusão pode ser considerado similar ao que ocorre durante a fundição de metais, mas diferindo nos seguintes pontos: - maior velocidade de solidificação - movimentação da fonte de calor - fusão e solidificação ocorrendo simultaneamente - a solidificação da zona de fusão se inicia na fronteira com o metal-base. 6 Solidificação na Soldagem Na soldagem, a formação dos primeiros cristais se inicia no local de menor temperatura da solda. Esse local situa-se no ponto onde o metal fundido e o metal de base não fundido se encontram. ZONA DE LIGAÇÃO 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 14 6 Solidificação na Soldagem 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 15 Na soldagem a arco elétrico sempre ocorrerá solidificação heterogênea devido a turbulência do arco, mas principalmente a partir da interface sólido-líquido. 6 Solidificação na Soldagem A estrutura do metal de solda geralmente apresenta estrutura colunar, onde os grãos são grosseiros e paralelos a direção do fluxo de calor. TRIDIMENSIONAL BIDIMENSIONAL 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 16 GRÃOS GROSSEIROS NA ZTA PERTO DA INTERFACE DA SOLDA GRÃOS FINOS NA ZTA AFASTADO DA INTERFACE DA SOLDA GRÃOS COLUNARES NA ZONA DE FUSÃO GRÃOS ORIGINAIS DO METAL DE BASE Estrutura colunar dos grãos na zona de fusão. 6 Solidificação na Soldagem No caso em que o fluxo de calor é tipicamente bidimensional, pode ocorrer defeitos centrais devido a rejeição do soluto (trincas de solidificação), ou ainda porosidades. Para minimizar ou evitar este problema pode-se diminuir a velocidade de extração de calor (resfriamento). BIDIMENSIONAL 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 17 Com a continuação do processo de solidificação pode ser observado que os grãos no centro são menores e possuem uma textura mais fina que os grãos localizados nos limites exteriores do depósito de solda 6 Solidificação na Soldagem GRÃOS MAIORES GRÃOS MENORES Esse fenômeno ocorre porque, à medida que o metal de solda se resfria, o calor do centro do depósito de solda irá se dissipar em direção ao metal de base através dos grãos mais externos que se solidificaram primeiro. Conseqüentemente, esses grãos permanecem, já no estado sólido, mais tempo a altas temperaturas, o que favorece seu crescimento. 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 18 Após a solidificação temos que o tamanho de grão foi dependente: - da energia de soldagem (quanto maior a energia de soldagem maior será o tamanho de grão), - de agentes nucleantes (refinador de grão) e - da vibração do sistema. 6 Solidificação na Soldagem Na soldagem, a solidificação possui as seguintes características: 6.1 Crescimento epitaxial (epitaxia) 6.2 Crescimento competitivo dos grãos 6.3 Segregação 6.4 Rechupe de Cratera 6 Solidificação na Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 19 Durante a solidificação de uma peça fundida, o molde tem a função de resfriador, não influenciando a granulação do material, que depende principalmente da velocidade de resfriamento e do número de núcleos. Na soldagem, a estrutura de solidificação se desenvolve como um prolongamento dos grãos da zona de ligação. 6.1 Crescimento Epitaxial 6.1 Crescimento Epitaxial Durante o processo de solidificação na soldagem, os grãos nucleiam e crescem na massa fundida com os mesmos contornos e mesma orientação cristalina que o grão do metal de base que lhe deu origem. Este fenômeno, chamado de crescimento epitaxial, assegura a continuidade metálica entre a zona fundida e o metal de base. Mário Bittencourt – 2017.2 20 ZTA Os grãos nucleiam e crescem na massa fundida com os mesmos contornos e mesma orientação cristalina que o grão do metal de base que lhe deu origem. 6.1 Crescimento Epitaxial Crescimento Epitaxial 6.1 Crescimento Epitaxial ZTA Crescimento Epitaxial Mário Bittencourt – 2017.2 21 6.1 Crescimento Epitaxial O tamanho de grão da zona fundida depende, diretamente, do tamanho de grão da ZTA. Este normalmente é grosseiro devido as altas temperaturas atingidas durante o processo de soldagem. Pode-se dizer que esta região sofreu um superaquecimento. 6.2 Crescimento Competitivo dos Grãos Os grãos da zona fundida crescem de forma competitiva, a partir da orientação pré-determinada pelo metal de base (ZTA). Esse crescimento ocorre na direção do fluxo de calor. POÇA DE FUSÃO ZTA ISOTERMAS Mário Bittencourt – 2017.2 22 A partir da orientação, pré-determinada pelo metal de base, os grãos obedecem a um crescimento competitivo. Os grãos que dispõem do eixo perpendicular às isotermas crescem com maior facilidade que os demais. 6.2 Crescimento Competitivo dos Grãos Assim, a ZONA FUNDIDA, além da granulação grosseira, tem uma estrutura orientada conforme a relação entre a velocidade de soldagem e a velocidade de solidificação A granulação grosseira e a orientação da estrutura exercem uma influência marcante sobre as propriedades mecânicas da ZONA FUNDIDA. 6.2 Crescimento Competitivo dos Grãos Mário Bittencourt – 2017.2 23 6.3 Segregação A medida que os grãos vão crescendo durante a solidificação, as impurezas e elementos de liga vão sendo expulsos para a região que ainda está líquida. A isto, chama-se de segregação. Os átomos de impurezas e elementos de liga segregados localizam-se preferencialmente nos contornos de grão ou na região de encontro de duas interfaces 6.3 Segregação SEGREGAÇÃO PROPAGAÇÃO DE SEGREGAÇÃO PRÉ-EXISTENTE Mário Bittencourt – 2017.2 24 6.3 Segregação Geralmente a segregação de fases de ponto de fusão mais baixo (ou resistência) é a causa da trinca a quente, que pode ocorrer no eixo do cordão, atingindo um grande comprimento. Trinca a quente no centro do cordão de solda É importante observar que a trinca não atingiu a superfície do cordão (não é visível) A zona fundida, com grãos envolvidos por um filme líquido, não tem resistência mecânicasuficiente para suportar as tensões de contração da solda. 6.3 Segregação CONTORNO DE GRÃO GRÃO 1 ACUMULAÇÃO DE SOLUTO DIREÇÃO DE CRESCIMENTO LÍQUIDO GRÃO 1 GRÃO 2 GRÃO 2 ACUMULAÇÃO DE SOLUTO DIREÇÃO DE CRESCIMENTO Mário Bittencourt – 2017.2 25 Trinca de solidificação 6.3 Segregação É a falta de metal resultante da contração da zona fundida, localizada na cratera do cordão de solda (Petrobras N-1738). 6.4 Rechupe de Cratera Mário Bittencourt – 2017.2 26 Poça de Fusão Denomina-se poça de fusão ao conjunto formado pela zona fundida no estado líquido e pelo seu envoltório, caso exista, gasoso ou escorificante. A zona fundida é o produto final de todas as reações fisico químicas que ocorrem na poça de fusão tais como: a) fusão do metal de base e/ou metal de adição b) reações com os gases e/ou substâncias do fluxo 7 Composição Química Zona Fundida Poça de Fusão 7 Composição Química Zona Fundida Mário Bittencourt – 2017.2 27 O metal de solda sofre alteração em sua composição química durante sua curta permanência no estado líquido. Isto ocorre principalmente devido aos seguintes fatores: 7.1 Volatização; 7.2 Absorção de Hidrogênio; 7.3 Reações Químicas; 7.4 Diluição. 7 Composição Química Zona Fundida 7.1 Volatização Durante o processo de soldagem, devido as elevadas temperaturas envolvidas, alguns elementos podem evaporar alterando assim a composição química da solda. A este fenômeno se dá o nome de VOLATIZAÇÃO. Mário Bittencourt – 2017.2 28 Quanto maior for a temperatura e o tempo de permanência em temperaturas elevadas, maior será a volatização de certos elementos. O chumbo e o magnésio por exemplo são voláteis em temperaturas pouco superiores as temperaturas de seus pontos de fusão, sendo facilmente volatizados durante um processo de soldagem. 7.1 Volatização 7.2 Absorção de Hidrogênio O metal líquido é capaz de dissolver gases, principalmente o hidrogênio, resultante da decomposição do vapor d’água que eventualmente exista no arco elétrico. A presença do vapor d’água é devida principalmente à umidade dos eletrodos e/ou do fluxo. Mário Bittencourt – 2017.2 29 7.2 Absorção de Hidrogênio 7.2 Absorção de Hidrogênio Durante a soldagem, devido a rápida solidificação do metal de solda, é possível que uma determinada quantidade de hidrogênio fique retida no material solidificado, acarretando a trinca a frio. Mário Bittencourt – 2017.2 30 7.2 Absorção de Hidrogênio Trinca sob o cordão Trinca na raiz Trinca na margem 7.2 Absorção de Hidrogênio Mário Bittencourt – 2017.2 31 7.3 Reações Químicas As reações químicas que ocorrem na zona fundida durante a soldagem, podem provocar o desprendimento de gases, provocando porosidade. 7.3 Reações Químicas Um exemplo é a reação que pode ocorrer entre o óxido de ferro e o carbono durante a soldagem, desprendendo o gás CO e provocando porosidades. FeO + C = Fe + CO O FeO pode ser formado devido ao contato do ferro com a atmosfera ou com gases ativos. Mário Bittencourt – 2017.2 32 7.3 Reações Químicas Por causa disto, é necessário empregar elementos desoxidantes que são capazes de reagir preferencialmente com o oxigênio, tais como o silício, o alumínio e o manganês, não deixando o oxigênio se combinar com o ferro. Estes elementos estão presentes no revestimento de alguns eletrodos e na composição química dos arames e varetas. 7.4 Diluição A diluição representa a proporção de metal de base que entra na composição da zona fundida. A diluição é dada pela seguinte fórmula: D = Área do metal de base fundido x 100 Área total do metal da solda Mário Bittencourt – 2017.2 33 7.4 Diluição A diluição pode ser medida em macrografias da seção transversal de soldas, como mostra a figura abaixo. Seu valor pode variar entre 100% (soldas sem metal de adição) e 0% (brasagem). A diluição é função principalmente do: - processo de soldagem, - energia de soldagem e - tipo de junta empregados. CHANFRO RETO CHANFRO EM MEIO “V” CHANFRO EM “V” CHANFRO EM “X” SIMÉTRICO CHANFRO EM “X” ASSIMÉTRICO CHANFRO EM “K” SIMÉTRICO CHANFRO EM “K” ASSIMÉTRICO 7.4 Diluição Mário Bittencourt – 2017.2 34 Nos processos automáticos os valores de diluição não variam ao longo da junta soldada. No caso de processos manuais e principalmente em passes de raiz, a diluição pode variar entre 10 e 60%. O efeito da diluição na microestrutura e propriedades mecânicas da junta, variam de acordo com a composição química dos metais de base e de solda (metal de adição). 7.4 Diluição A extrapolação das propriedades dos metais de adição é geralmente comprometida pela diferença de diluição entre a preparação dos corpos de prova, para controle da qualidade, e as soldas propriamente ditas. Daí a necessidade da qualificação das EPS’s antes da fabricação. 7.4 Diluição Mário Bittencourt – 2017.2 35 Como regra geral, na soldagem de materiais similares, quanto maior o teor de elementos de liga nas composições, maior será a relevância dos efeitos da diluição. Na soldagem de materiais dissimilares, a diluição é um dado indispensável para a previsão dos constituintes e propriedades da solda e seus efeitos são particulares para cada combinação do MB e MS. 7.4 Diluição 8 Bibliografia SILVA, F. J. G., Tecnologia da soldadura, 1 ed., Porto, PRT, Editora Publindústria, 2014. WAINER, E.; BRANDI, S.; MELLO, F., Soldagem: processos e metalurgia, São Paulo, SP, Editora Blucher, 2013. SENAI-SP, Soldagem, 1 ed., São Paulo, SP, Editora SENAI-SP, 2013. MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q., Soldagem fundamentos e tecnologia, 3 ed., Belo Horizonte, MG, Editora UFMG, 2009. ALCÂNTARA, N. G., Tecnologia da Soldagem, 1 ed., São Carlos, SP, Editora Universidade Federal de São Carlos, 1988. Mário Bittencourt - 2016 1 Fundição Docente: Mário Bittencourt Sumário 1. Introdução 2. Vantagens 3. Desvantagens 4. Molde 5. Aquecimento e Vazamento 6. Bibliografia Mário Bittencourt - 2016 17 2. Vantagens A fundição pode ser usada para criar peças com geometrias complexas, incluindo formas externas e internas; 2. Vantagens Alguns processos de fundição são capazes de produzir peças com a forma final: nenhuma operação de manufatura é necessária pra se atingir a geometria e dimensões requeridas pela peça. Mário Bittencourt - 2016 18 Outros processos de fundição alcançam geometrias próximas à final, pra os quais alguma etapa de processamento adicional é requerida (usualmente usinagem) de forma a atingir dimensões e detalhes de exatidão; A fundição pode ser usada para produzir peças de grande porte, como, por exemplo, fundidos com peso superior a 100 t; 2. Vantagens O processo de fundição pode ser aplicado a qualquer metal que possa ser aquecido até o estado líquido; Alguns métodos de fundição são particularmente adequados à produção seriada. 2. Vantagens Mário Bittencourt - 2016 19 Existem diferentes desvantagens para diferentes métodos de fundição. Limitações em propriedades mecânicas (variação do tamanho de grão), Ocorrência de porosidades e microporosidades,Baixa precisão dimensional, Acabamento superficial ruim, Riscos à segurança durante o processamento de metais líquidos quentes e Problemas ambientais. 3. Desvantagens 4. Molde A fundição se inicia pelo molde. O molde contém a cavidade cuja geometria determina a forma da peça fundida. Mário Bittencourt - 2016 20 4. Molde O tamanho e a forma reais da cavidade devem ser ligeiramente maiores, de modo a permitir a contração que ocorre no metal durante a solidificação e resfriamento. Moldes são feitos de uma variedade de materiais, incluindo areia, gesso, cerâmica e metal. Os diversos processos de fundição são geralmente classificados de acordo com esses tipos de moldes. 4. Molde Para efetuar uma operação de fundição, o metal é primeiro aquecido a uma temperatura elevada o suficiente para convertê-lo totalmente ao estado líquido. Ele é então vazado, ou de outra forma direcionado, à cavidade do molde para solidificação. Mário Bittencourt - 2016 21 4. Molde MOLDE ABERTO: é meramente um contêiner com a forma da peça desejada. 4. Molde MOLDE FECHADO: a geometria do molde é mais complexa e requer um sistema de alimentação (caminho) para que o metal preencha a cavidade. Mário Bittencourt - 2016 22 4. Molde Tão logo o metal fundido atinge o molde, ele começa a resfriar. Quando a temperatura cai o suficiente, a solidificação que envolve mudança de fase do metal, tem início. Para completar a mudança de fase, tempo é necessário e calor considerável é removido no processo. É durante essa etapa do processo que o metal assume a forma sólida da cavidade do molde e que muitas das propriedades e características do fundido são estabelecidas. Mário Bittencourt - 2016 23 4. Molde Uma vez que o fundido se resfriou suficientemente, ele é removido do molde. Dependendo do método de fundição e metal empregados, pode ser necessário processamento posterior tais como: - remoção de excesso de metal da peça fundida (rebarbação), - limpeza da superfície, - usinagem, etc Operação de acabamento. 4. Molde Mário Bittencourt - 2016 1 Processos de Fundição Docente: Mário Bittencourt Sumário 1. Processos de Fundição 2. Classificação dos Processos a) Fundição em Areia (molde descartável) b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) 3. Seleção dos Processos 3.1 Comparação entre Processos 4. Bibliografia Mário Bittencourt - 2016 2 Processos de fundição de metais são divididos em duas categorias, baseados no tipo de molde: - moldes perecíveis - moldes permanente. 1. Processos de Fundição MOLDES PERECÍVEIS OU DESCARTÁVEIS O molde é sacrificado possibilitando a remoção da peça fundida. Em função disso, a produtividade é em geral limitada pelo tempo necessário para a confecção dos moldes, superior ao tempo de fusão e vazamento. 1. Processos de Fundição Mário Bittencourt - 2016 3 MOLDES PERMANENTES O molde é fabricado separadamente em metal (ou outro material durável) e pode ser usado várias vezes para produzir muitos fundidos. Assim, esses processos têm como vantagem natural taxas de produção maiores. 1. Processos de Fundição 2. Classificação dos Processos Existem muitas variantes no processo de fundição (grau de automação, produtividade, precisão dimensional, acabamento superficial). Entretanto destaca-se a influência do tipo de molde nas propriedades físicas do material resultante. A taxa de extração de calor através do molde , determina o tamanho final de grão, e portanto a característica de resistência mecânica da peça. Mário Bittencourt - 2016 4 2. Classificação do Processos Por este motivo os processos de fundição são muitas vezes classificados de acordo com o tipo de molde utilizado. Os processos típicos podem ser classificados em quatro grupos básicos: a) Fundição em Areia (molde é descartável) b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido). c) Injeção (molde permanente metálico, o metal líquido entra sob pressão) d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) a) Fundição em Areia (molde descartável) É o processo mais largamente utilizado, respondendo pela maioria significativa da tonelagem total de produtos fundidos. Mário Bittencourt - 2016 5 Quase todas as ligas podem ser fundidas em moldes de areia. De fato, é um dos poucos processos que pode ser usado com metais de alto ponto de fusão, como aços, níquel e titânio. a) Fundição em Areia (molde descartável) a) Fundição em Areia (molde descartável) Mário Bittencourt - 2016 6 a) Fundição em Areia (molde descartável) A fundição em areia requer um modelo, uma reprodução em tamanho real da peça, com dimensões maiores para considerar a contração de solidificação e as tolerâncias para usinagem da peça fundida. a) Fundição em Areia (molde descartável) Mário Bittencourt - 2016 7 a) Fundição em Areia (molde descartável) a) Fundição em Areia (molde descartável) Mário Bittencourt - 2016 8 a) Fundição em Areia (molde descartável) a) Fundição em Areia (molde descartável) h tt p :/ /w w w .g e o ci ti e s. w s/ ja o sa n 1 0 /D ic a sC u st o m i za ca o /m o ld e D ie ca st A re ia .h tm l Mário Bittencourt - 2016 9 a) Fundição em Areia (molde descartável) h tt p :/ /w w w .g e o ci ti e s. w s/ ja o sa n 1 0 /D ic a sC u st o m i za ca o /m o ld e D ie ca st A re ia .h tm l a) Fundição em Areia (molde descartável) h tt p :/ /w w w .g e o ci ti e s. w s/ ja o sa n 1 0 /D ic a sC u st o m i za ca o /m o ld e D ie ca st A re ia .h tm l Mário Bittencourt - 2016 10 a) Fundição em Areia (molde descartável) h tt p :/ /w w w .g e o ci ti e s. w s/ ja o sa n 1 0 /D ic a sC u st o m i za ca o /m o ld e D ie ca st A re ia .h tm l a) Fundição em Areia (molde descartável) h tt p :/ /w w w .g e o ci ti e s. w s/ ja o sa n 1 0 /D ic a sC u st o m i za ca o /m o ld e D ie ca st A re ia .h tm l Mário Bittencourt - 2016 11 Sua versatilidade permite fundir peças variando em tamanho de pequenas a muito grandes e em grande quantidade. A fundição em areia inclui as operações de fundição, confecção de modelo e do molde. a) Fundição em Areia (molde descartável) Iniciação Científica Título do Tema: Produção de Molde de Fundição de Areia Área de Interesse: FUNDIÇÃO Resumo: Desenvolver roteiro para a produção de uma peça fundida em alumínio, utilizando um molde em areia, - especificando os materiais e quantidades necessárias, - produzindo os dispositivos a serem utilizados, - bem como definindo as operações de fundição, - confecção de modelo e do molde. Mário Bittencourt - 2016 12 b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) A fundição em molde permanente emprega um molde metálico que é construído em duas seções, que sãoprojetada para abertura e fechamento simples e preciso. Esses moldes são comumente confeccionados em aço ou ferro fundido. A cavidade, com sistema de canais incluído, é usinada em duas metades para propiciar dimensões acuradas e bom acabamento superficial. b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) VANTAGENS Bom acabamento superficial e controle dimensional estreito; Solidificação mais rápida, resultando numa estrutura mais refinada e com maior resistência mecânica; Processo adequado a altos volumes de produção e pode ser automatizado; Mário Bittencourt - 2016 13 b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) DESVANTAGENS O processo é limitado a metais de baixo ponto de fusão; Fundição de peças com geometrias mais simples, devido à necessidade de abrir o molde; Custo do molde; b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) Mário Bittencourt - 2016 14 b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) Mário Bittencourt - 2016 15 b) Molde Permanente (molde é metálico, bipartido) c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) A fundição sob pressão é um processo de fundição em molde permanente no qual o metal fundido é injetado na cavidade do molde sob alta pressão. A pressão é mantida durante a solidificação, após o molde ser aberto e a peça removida. Moldes nessas operações de fundição são chamados matrizes. Mário Bittencourt - 2016 16 c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) Mário Bittencourt - 2016 17 c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) Mário Bittencourt - 2016 18 c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) VANTAGENS Possibilidade de elevada taxa de produção; Economicamente viável para a produção de grandes lotes; Possibilidade de tolerâncias estreitas em pequenas peças; Bom acabamento superficial; Seções finas são possíveis (até 0,5 mm); Resfriamento rápido gera tamanho de grão pequeno e fundido com boa resistência mecânica; Mário Bittencourt - 2016 19 c) Injeção (molde permanente, metálico, líquido entra sob pressão) DESVANTAGENS Limitado a materiais com baixo ponto de fusão; Formato da peça simples, uma vez que solidificada precisa ser removida da cavidade da matriz. Mário Bittencourt - 2016 20 X d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) Na fundição denominada Cera Perdida ou de Precisão, um modelo feito em cera é recoberto com um material refratário para fabricar o molde, após a cera ser derretida antes do vazamento do metal fundido. É um processo de precisão, pois é capaz de produzir fundidos com elevada acurácia e detalhes intrincados. Mário Bittencourt - 2016 21 d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) 1. Elaboração dos modelos em cera 2. Construção da árvore de modelos 3. Imersão da árvore de modelos num banho de refratário de granulometria fina (lama refratária - revestimento primário) 4. Deposição de camadas de material refratário para constituição de um corpo em casca cerâmica auto-resistente d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) 5. Destruição do modelo de cera por fusão 6. Cozimento do material cerâmico da moldação para conclusão do processo de presa Mário Bittencourt - 2016 22 d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) 7. Vazamento do metal fundido 8. Abatimento da moldação 9. Corte dos gitos, acabamento das peças e controle dimensional d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) VANTAGENS Flexibilidade de forma Tolerâncias dimensionais apertadas Grande produtividade Elevado rigor dimensional Bom acabamento superficial Baixo custo comparativamente com a maquinagem convencional Mário Bittencourt - 2016 23 d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) VANTAGENS Grande variedade de materiais utilizados Peças sem linhas de partição Espessuras mínimas inferiores às obtidas por Shell Molding d) Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis) DESVANTAGENS Peças de pequenas e médias dimensões Processo moroso e exigente de obtenção dos modelos FUNDIÇÃO Mário Bittencourt - 2016 24 FATORES A CONSIDERAR O tipo de processo a usar deve ser escolhido adequadamente. Os mais importantes fatores a considerar são: - Quantidade de peças a produzir - Projeto da fundição - Tolerâncias requeridas - Grau de complexidade 3. Seleção do Processo FATORES A CONSIDERAR Especificação do metal Acabamento superficial desejado Custo do ferramental Comparativo econômico entre usinagem e fundição Limites financeiros do custo de capital Requisitos de entrega 3. Seleção do Processo Mário Bittencourt - 2016 25 Resumo das características dos principais processos de fundição, incluindo os grupos: - fundição em areia, - fundição em moldes de precisão ( molde permanente), - fundição sob pressão, molde cerâmico...), - fundição em casca e , molde de cura química. 3. 1 Comparação Entre Processos Mário Bittencourt - 2016 26 4) Bibliografia BALDAM, R. L. ; VIEIRA, E. A., Fundição: processos e tecnologias correlatas, 2 ed., São Paulo, SP, Editora Érica, 2015. GROOVER, M. P., Introdução aos processos de fabricação, 1 ed., Rio de Janeiro, RJ, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 2014. CHIAVERINI, V., Tecnologia mecânica, v.2, 2 ed., São Paulo, SP, Pearson, 1995. CIMM - Centro de Informação Metal Mecânica. Fundição. Disponível em: http://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3675#.V_Ul- I8rLI. Acesso em: 10 de outubro de 2016.