Buscar

Resenha Crítica- Subdesenvolvimento e Dependência: um debate entre o pensamento da Cepal dos anos 50s e a Teoria da Dependência.

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS- IFCHS
CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
Sociologia III
Rebecca Ariel Galúcio Gomes
RESENHA CRÍTICA
COELHO, T. P. Subdesenvolvimento e Dependência: um debate entre o pensamento da Cepal dos anos 50s e a Teoria da Dependência. 13 p. 
O presente artigo de Tádzio Peters Coelho, graduado em Ciências Sociais pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) e mestrando em Ciências Sociais pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), aborda de forma sistemática e específica o tema em questão “Subdesenvolvimento e dependência: um debate entre o pensamento da Cepal dos anos 50s e a Teoria da Dependência”. O autor reuni informações e dados como base para a construção da investigação proposta a partir de determinado tema e busca relacionar a teoria produzida pela Cepal nos anos 50 e a TMD (Teoria Marxista da Dependência), embasado em vários pensadores, o autor busca então, analisar os conceitos de Subdesenvolvimento e Dependência e suas possíveis perspectivas para o seu Desenvolvimento.
O trabalho desenvolvido se estrutura em: Apresentação; Introdução A Cepal e a Teoria da Dependência; Subdesenvolvimento e Dependência; e Considerações finais sobre a conjuntura atual. Na apresentação, o autor salienta sua tentativa de expor como os conceitos de subdesenvolvimento e de dependência se inserem no pensamento da Cepal e utiliza dois textos sendo eles “O Estudo Economico da America Latina” fundamentalmente realizado por Raúl Prébish e “ Formação de capital e desenvolvimento econômico” de Celso Furtado localizados nos anos 50s e 60s sendo designado logo mais pelo autor como “ Velha Cepal”. Dentro da TMD o autor utiliza dos autores Rui Mauro Marini, Bettelheim e André Gunder Frank que é considerado pelo autor como principal formulador da interpretação da dependência.
Antes de dissertar sobre o tema em questão o autor procura brevemente explanar sobre a Cepal e a Teoria da Dependência.
Com relação a CEPAL, vale salientar a importância do seu entendimento, para o conhecimento acadêmico, as características do que é e como funciona essa Instituição, de acordo com o autor: a Cepal foi criada em 1949 e “é uma instituição das Nações Unidas criada para analisar as condições econômicas e sociais do subcontinente latino-americano e Caribe (...) propondo políticas que lidem com os problemas do subdesenvolvimento.” (p.2) no entanto, a data da sua origem imposta pelo autor é um tanto quanto questionável, pois na página oficial da Cepal é designado a data da sua origem sendo no dia 25 de fevereiro de 1948, e a partir de 1984 foi decidido pelo conselho que passaria a se chamar Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL). 
A Teoria da Dependência conforme o autor é dividido em duas vertentes: a dependência associada, que afirma ser impossível o desenvolvimento nacional ser condicionado pela burguesia, no qual todo o seu envolvimento está baseado em um consumo luxuoso; e a dependência marxista ou teoria da superexploração do trabalho, em que, “as classes altas dos países periféricos não realizam uma exploração do trabalho, mas uma superexploração do trabalho, visto que dividem os lucros com as classes estrangeiras”. (p.4), com a redução do salário do trabalhador e aumento da intensificação do trabalho o autor ressalta os vários efeitos sociais causados por esse tipo de superexploração.
Tadzio mostra a grande necessidade de relacionar ambas as correntes teóricas, da Velha Cepal e da TMD, na compreensão da trajetória dos países subdesenvolvidos visto que o processo, em relação aos países centrais, é compreendido pelo autor não como resultado da incompetência de alguns povos, mas sim do próprio desenvolvimento do capitalismo que teve seu início com a expansão dos países centrais, e com a industrialização dos anos 60s consolidou-se uma nova forma de exploração do trabalho nos países periféricos no qual grande parte da renda criada internamente nos países periféricos era transferida para os países centrais, em síntese, não há desenvolvimento sem subdesenvolvimento.
As discussões dos anos 50 e 60 acerca do desenvolvimento/subdesenvolvimento basicamente giraram em torno da participação do capital estrangeiro nas economias periféricas, sendo constituído um grande obstáculo para o seu crescimento. Essa colocação levava ao círculo vicioso de Gunnar Myrdal. Se de um lado as economias subdesenvolvidas necessitavam de investimentos que não eram atendidos pelas nações independentes, com os salários reduzidos a exclusão do mercado, a importação de bens e serviços considerada pelo Tádzio uma transferência de valores, levava a um endividamento crescente, o que agravava a dependência externa. 
Dessa forma, não existe uma teoria da dependência, mas simplesmente a dependência dentro do sistema internacional de relações de força e poder.
 É de fácil compreensão as consequências da dependência dos países subdesenvolvidos dissertadas pelo autor, no entanto, a sistematização das ideias poderiam ser mais organizadas e precisas, fora isso é um ótimo artigo com conteúdo de extrema importância acadêmica.

Mais conteúdos dessa disciplina