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FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Constitucional | Material Complementar Professor Cristiano Lopes Direitos Sociais – Parte IV Direitos Sociais Coletivos dos Trabalhadores Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores – previstos entre o arts. 8º e 11, da CRFB/88 – são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse da coletividade, e podem ser classificados em: direito de associação profissional ou sindical, direito de greve, direito de participação laboral e direito de representação na empresa. Direito de associação profissional ou sindical Em conformidade com o art. 8º, da CRFB/88, é livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: Proibição ao poder público de intervir na organização sindical. defender os interesses frente aos patrões. De acordo com art. 8º, I, da CRFB/88, a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a norma inscrita no art. 8º, I, e tendo presentes as várias posições assumidas pelo magistério doutrinário, firmou orientação no sentido de que não ofende o texto da Constituição a exigência de registro sindical no Ministério do Trabalho, órgão este que, sem prejuízo de regime diverso passível de instituição pelo legislador comum, ainda continua a ser o órgão estatal incumbido de atribuição normativa para proceder à efetivação do ato registral. O registro sindical qualifica-se como ato administrativo essencialmente vinculado, devendo ser praticado pelo Ministro do Trabalho, mediante resolução fundamentada, sempre que, respeitado o postulado da unicidade sindical e observada a exigência de regularidade, autenticidade e representação, a entidade sindical interessada preencher, integralmente, os requisitos fixados pelo ordenamento positivo e por este considerados como necessários à formação dos organismos sindicais. Assim, até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade. Princípio da Unicidade Sindical A unicidade sindical é o princípio pelo qual a norma somente impõe um sindicato por categoria, empresa ou delimitação territorial. De acordo com art. 8º, II, da CRFB/88, é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. Direito de substituição processual . 8º III CRFB/88 “ s e interesses v v g v õ j v ” à prerrogativa de defender os direitos e interesses coletivos e individuais, em questões judiciais ou administrativas, da respectiva categoria. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal considera legítima a atuação dos sindicatos como substitutos processuais na defesa dos interesses das categorias por eles representadas. É diversa a legitimidade do sindicato, conforme atue ele na defesa de interesses individuais dos membros da categoria ou defesa dos interesses coletivos da categoria como um todo. Contribuições confederativa e sindical O art. 8º, IV, da CRFB/88, trata das pincipais fontes de custeio da organização sindical, asseverando que a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. O dispositivo contempla a criação de duas contribuições sindicais distintas, a contribuição para o custeio do sistema confederativo – contribuição confederativa – e a contribuição prevista em lei – contribuição sindical. 1 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Constitucional | Material Complementar Professor Cristiano Lopes A contribuição confederativa é fixada mediante assembléia geral da associação profissional ou sindical e, na conformidade da jurisprudência do STF, tem caráter compulsório apenas para os filiados da entidade, não sendo tributo, pois possui caráter assistencial. Para essa contribuição aplica-se a Sú 666/STF: “A v . 8º IV C ó x g v v ”. Já a contribuição sindical é fixada mediante lei por exigência constitucional e, por possuir natureza tributária parafiscal respaldada no art. 149, da CRFB/88, é compulsória. Sua previsão legal está nos artigos 578 e ss. da CLT, que estabelece: a sua denominação – imposto sindical –, a sua sujeição passiva – é devida por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal representada por entidade associativa –, a sua sujeição ativa – em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, em favor da federação correspondente à mesma categoria econômica ou profissional – e demais critérios da hipótese de incidência. Contribuição Confederativa Contribuição Sindical É fixada pela Assembleia Geral, para o sustento do sistema confederativo de representação, e deve ser descontada na folha de pagamento dos trabalhadores filiados. É instituída por lei, com natureza de tributo, sendo devida por todos os trabalhadores, independentemente de ser sindicalizado ou não. Estabilidade provisória do dirigente sindical O art. 8º, VIII, da CRFB/88, provê a estabilidade provisória do dirigente sindical, determinando que é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. A garantia constitucional da estabilidade provisória do dirigente sindical, prevista no art. 8º, VIII, da CRFB/88, protege o empregado sindicalizado – registrado como candidato ou já investido no mandato sindical – contra injusta ruptura do contrato de trabalho, assim considerada toda despedida que não se fundar em falta grave ou, então, que não decorrer da extinção da própria empresa ou, ainda, que não resultar do encerramento das atividades empresariais na base territorial do sindicato, motivados, em qualquer dessas duas ultimas hipóteses, por fatores de ordem técnica, econômica e/ou financeira. Direito de greve De acordo com o art. 9º, da CRFB/88, é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Assim, é dado aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito de greve. Não poderá ser decidida a greve sem que os próprios trabalhadores – e não os sindicatos –, a aprovem. A greve pode ser definida como um direito de autodefesa que consiste na abstenção coletiva e simultânea do trabalho, organizadamente, pelos trabalhadores de um ou vários departamentos ou estabelecimentos, com o fim de defender interesses determinados. Cabe observar que, em virtude de o direito de greve ser um direito social, deve-se entender que o interesse a ser reivindicado por meio dela seja também social. Neste sentido, o trabalhador pode recorrer à greve para obter o atendimento a uma reivindicação de natureza trabalhista, nunca para buscar o atendimento de reivindicações políticas e outras. Direito de participação laboral Deacordo com o art. 10, da CRFB/88, é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Direito de representação na empresa. O art. 11, da CRFB/88, estabelece que as empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. 2
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