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CENÁRIOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (12)

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Fasci-Tech 
 
Fasci-Tech – Periódico Eletrônico da FATEC-São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v.1, n. 4, Mar./Set. 2011, p. 
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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA NOVA DINÂMICA 
SOCIOCULTURAL 
 
ROGÉRIO FERNANDES DA COSTA
1
 
 
 
Resumo: 
A Tecnologia da informação possibilita a interação com a informação e as 
transmissões em rede encurtam as distâncias geográficas a ponto de torná-las 
insignificantes. Segundo Ianni (1996, p.169) “... o sujeito do conhecimento não 
permanece no mesmo lugar, deixando que seu olhar flutue por muitos lugares, 
próximos e remotos, presentes e pretéritos, reais e imaginários”. O 
desenvolvimento de programas educativos apoiados em multimídia possibilita o 
processo de desterritorialização
2
. 
Palavras-Chave: T.I, Multimídia, Sociocultural, Ensino a Distância. 
 
Abstract: 
The Information Technology enables the interaction with the information and 
broadcasting network shortens geographical distances as to render them 
meaningless. According to Ianni. (1996, p.169) "... the subject of knowledge 
does not stay in one place, letting his gaze float for many places, near and 
remote, present and past tenses, real and imagined". The development of 
educational programs supported by multimedia enables the process of 
deterritorialization. 
Keywords: T.I, Multimedia, Sociocultural, Distance Learning. 
1. INTRODUÇÃO 
No processo de aprendizagem, o subsídio dos mecanismos TIC’s3 existentes tem 
contribuído ao longo dos anos para a formação de um espaço democrático do saber, 
fomentando, desta forma, o aproveitamento da inteligência coletiva na implementação 
 
1 Especialista em Gestão de Projeto; docente na ETEC Diadema. 
2
 Conceito proposto pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari 
3 Tecnologias de Informação e Comunicação 
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de metodologias interativas objetivando a circulação do conhecimento e a construção de 
práticas pedagógicas mais flexíveis. A apropriação consciente e criativa desses meios 
tem acelerado a quebra de paradigmas na forma de ensinar e de aprender, permitindo 
que o indivíduo assuma um papel de agente ativo na construção do próprio 
conhecimento. De acordo com Freire (1981, p.79), “Ninguém educa ninguém, ninguém 
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediados pelo mundo”. 
 Vivemos em uma sociedade já modelada pelas tecnologias, voltada para a 
informação e para os meios de comunicação. Neste cenário, um número cada vez maior 
de pessoas se utiliza de recursos multimídias e da internet para interação e elemento 
facilitador nos processos de aprendizagem. 
O objetivo deste artigo é a busca da compreensão dessa nova dinâmica complexa 
e sofisticada, tendo como base o fator regionalismo, a necessidade da expansão da 
oferta de educação e o papel da Internet na construção da consciência social que vem 
proporcionando profundas transformações nas relações humanas acelerando o processo 
de desterritorialização. 
 
2. INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO – AMBIENTES VIRTUAIS 
 
 A união dos recursos da informática aliada ao desenvolvimento de projetos 
interdisciplinares e cooperativos deu início a uma nova área de estudos, a informática aplicada 
à educação. Esta junção possibilita a transmissão do conhecimento de forma mais 
atraente e dinâmica. 
A implantação de novas tecnologias de suporte à educação faz com que o aluno tenha 
maior interesse e motivação para buscar a informação desejada. Ao incorporar aos textos 
imagens, gráficos, som e vídeo, muitos dos sentidos do usuário são estimulados, permitindo, 
assim, uma melhor observação de forma simultânea a um número maior de 
informações, havendo assim, uma mudança no paradigma da educação organizada, 
sintetizada, hierarquizada (dedutiva, sequencial, quantificável) para um modelo interativo, 
intuitivo e multissensorial. 
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Do ponto de vista da estratégia didática, a informática aplicada à educação pode 
ajudar de uma forma geral, aumentando a capacidade cognitiva e principalmente 
aproximando a informação dos alunos, possibilitando a interação e o estudo dos 
assuntos ministrados em horários e locais diferentes, provocando, desta maneira, uma 
ruptura no modelo tradicional hierarquizado onde o professor é o detentor do saber e o 
aluno é um agente passivo do conhecimento (relação vertical). Esta metodologia 
proporciona aos integrantes um aprendizado colaborativo que pode ser mediado através 
de ferramentas de comunicação disponibilizadas pelos ambientes virtuais (AVA). A 
Universidade de Évora em Portugal compartilha desta visão através de material 
disponibilizado pelo site do Centro de Competências TIC (Núcleo Minerva). 
A aprendizagem colaborativa assistida por computador (CSCL Computer 
Supported Collaborative Learning) pode ser definida como uma estratégia 
educativa em que dois ou mais sujeitos constroem o seu conhecimento 
através da discussão, da reflexão e tomada de decisões, e onde os recursos 
informáticos atuam (entre outros...) como mediadores do processo de ensino-
aprendizagem. (Núcleo Minerva, 2000) 
 
A figura1 representa o processo de aprendizagem colaborativa CSCL 
 
Figura1: Computer-supported collaborative learning 
Fonte Adaptada: baseada em Stahl, G., Koschmann, T., & Suthers, D. (2006). 
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A convergência e integração de tecnologias nos últimos 20 anos têm modificado 
profundamente todas as dimensões de nossa vida. Dentre estas, destaca-se a Internet, 
que nos possibilitou muito mais mobilidade, ou seja, a possibilidade de realizar 
atividades ou tarefas sem necessariamente ir a um lugar determinado. O aumento da 
velocidade que as transmissões em rede vêm adquirindo atualmente encurta as 
distâncias geográficas a ponto de torná-las insignificantes. Neste cenário, a integração 
das mídias na internet tem provocado mudanças profundas na interatividade entre as 
pessoas. Isto se reflete na educação presencial e a distância permitindo, dentre outras 
coisas, comunicação instantânea, criação e integração de grupos de estudos, 
desenraizando o conceito de ensino-aprendizado temporalizado e localizado. 
É indiscutível a importância da Internet no âmbito sociocultural, mas para uma 
melhor compreensão de sua abrangência e possibilidades a serem ainda exploradas, 
devemos ir além do ponto de vista do mero acesso a informação. De acordo com 
Almeida (2001), as mídias contribuem para a formação de comunidades de 
aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a 
formação continuada, a gestão administrativa, pedagógica e de informações. 
A potencialidade de disseminação de conteúdo resultante da evolução da web 
1.0 para 2.0 não teve como base novas tecnologias, mas sim novos conceitos de 
usabilidade, centrados nos usuários e serviços ofertados a estas pessoas pelas empresas, 
sendo que o usuário, no sentido de interação, passou de um “passivo” observador a um 
produtor e consumidor de conteúdo, algo até então, exclusivo a especialistas. 
 
Assim passamos a incorporar estes recursos em nossas vidas, de forma bem 
transparente, sem que precisemos conhecer suas características técnicas. 
Precisamos apenas escolher os recursos que melhor se adequem às nossas 
necessidades de comunicação,de acesso a informação, de lazer e de 
aprendizado, sendo este processo dinâmico, pois cada vez existem mais 
recursos disponíveis no nosso entorno. (SILVA, 2009, p.27) 
 
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 O próximo passo evolutivo da internet, a web 3.0 ou web semântica busca tornar 
a pesquisa de dados mais fácil, proporcionando um cenário de comunicação, 
participação e colaboração ainda mais ágil. 
 
3. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO X SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 
 
No Brasil, a adoção de políticas para o estabelecimento de uma Sociedade da 
Informação remonta ao século passado. Sua prioridade está atrelada ao planejamento e 
desenvolvimento de tecnologias nacionais que levem em consideração as realidades 
socioculturais, política e econômica do país e que possibilitem a educação permanente 
dos cidadãos. Atualmente, o programa Sociedade da Informação está sendo coordenado 
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), órgão responsável pela implementação 
de atividades ligadas ao desenvolvimento das Telecomunicações, da Internet e as 
políticas de automação no país. 
 
O objetivo do Programa Sociedade da Informação é integrar, coordenar e 
fomentar ações para a utilização de tecnologias de informação e 
comunicação, de forma a contribuir para a inclusão social de todos os 
brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir para que a 
economia do País tenha condições de competir no mercado global 
(TAKAHASHI, 2000, p.10). 
 
Atualmente, passamos por várias alfabetizações. Devemos levar em conta que a 
formação educacional não se limita ao domínio da leitura e escrita; a mesma envolve 
uma diversidade de códigos culturais da sociedade e das relações econômicas e 
produtivas. 
Para Castells (2000), a habilidade ou inabilidade das sociedades dominarem a 
tecnologia é capaz de traçar seu destino. Neste sentido, a alfabetização é constituída da 
capacitação do indivíduo em lidar com as diferentes situações enfrentadas no cotidiano 
envolvendo antigas e novas tecnologias. 
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Dentre os atuais desafios para a Tecnologia da Informação no cenário nacional, é 
importante destacar a necessidade de se rever as dimensões históricas, políticas, 
culturais, econômicas e sociais e as transformações ocorridas no Brasil e no mundo a 
partir da década de 1990, bem como, a atual convergência para uma sociedade 
inclusiva. Neste panorama, não devemos ignorar a necessidade de adaptação e 
desenvolvimento de tecnologias e métodos que permitam a acessibilidade às pessoas 
com necessidades específicas e a relevância do fator regionalismo, esta visão é 
compartilhada por Marteleto (2002, p.102). Para a escritora, a informação não é um 
processo, matéria ou entidade que deva ser analisada separada das práticas e 
representações de sujeitos vivendo e interagindo na sociedade, inseridos em 
determinados espaços e contextos culturais. As atividades de informação bem como as 
tecnologias adotadas, necessitam de adaptação às necessidades dos usuários, sendo que, 
ainda assim, existam informações e tecnologias incompatíveis com as características 
fundamentais de determinados grupos sociais. 
 
 
4. GLOBALIZAÇÃO E OS FATORES REGIONAIS 
 
A globalização e os avanços dos meios de comunicação e informação impõem 
uma nova dinâmica que influencia costumes, invade fronteiras e expande técnicas, 
filosofias e tecnologias. Esses conceitos são abordados em "Ondas de Transformação" 
(TOFFLER, 1980, p. 24). Segundo o autor, trata-se dos grandes momentos históricos de 
evolução da sociedade humana, cada qual com seus paradigmas próprios relacionados 
aos aspectos político, econômico, social, tecnológico e organizacional. 
Projetos de ensino a distância destacam-se pelo alcance regional e potencial de 
democratização do ensino, oferecendo oportunidade de inclusão a classes menos 
favorecidas inclusive no que se refere à concentração de escolarização nos centros 
urbanos mais desenvolvidos e ainda aquele referente à acessibilidade, proporcionando 
educação para quem queira estudar. Por outro lado, o fator “regionalismo” influi 
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diretamente no índice de eficiência e eficácia destes programas, cursos com alta 
demanda e grande abrangência envolvem muitas particularidades. 
Na maioria das vezes, as barreiras para expansão do ensino a distância não estão 
atreladas diretamente a necessidade ou falta de tecnologias para disponibilização, mas 
sim, ao fato do crescimento desordenado, credenciamento de instituições de ensino que 
não se adéquam a realidade e necessidades desta modalidade e questões culturais 
envolvendo os atores no contexto de trabalho das equipes multifuncionais e 
multidisciplinares. O cenário da educação a distância tem passado por constantes 
transformações a partir do contexto de mudança de valores, a diversidade cultural é 
presente e a globalização exige comunicação e informação sem fronteiras tornando o 
papel das TIC’s mais abrangente. Segundo Levy (1999), o universo da cibercultura não 
possui nem centro nem linha diretriz. Não possui conteúdo particular, ele aceita a 
todos, pois se contenta em colocar em contato um ponto qualquer com outro, seja qual 
for a carga semântica das entidades relacionadas. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) alavancam as 
transformações provocando impactos em todos os setores, afetando a sociedade e os 
cidadãos que a compõem. Vivemos em numa sociedade modelada pelas tecnologias, 
baseada na informação e no conhecimento. 
A globalização implica em maiores exigências de mercado e um maior nível de 
competitividade, exigindo dos profissionais uma capacitação continuada. 
Em nosso cotidiano nos utilizamos cada vez mais das práticas computacionais 
para geração, transferência, acesso e uso da informação. Esta dinâmica complexa pode 
facilitar ou impedir o desenvolvimento da cidadania. A Internet, como meio 
democrático de comunicação possui características que podem ser exploradas como 
elementos facilitadores no desenvolvimento da cidadania proporcionando oportunidade 
de acesso à educação, noções sobre integração, colaboração e aprendizagem permanente 
com a própria sociedade. 
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REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, M. E. B.. Formando professores para atuar em ambientes virtuais de 
aprendizagem. In: Almeida, Fernando (organizador). Educação a distância: formação 
de professores em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem. São Paulo: 
MCT/PUC SP, 2001. 
 
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede - a era da informação: Economia, sociedade 
e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 9 ed., Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra. 
1981. 
 
IANNI, Octavio. Teorias da globalização. 3. ed. Rio Janeiro: Civilização Brasileira, 
1996. 
 
LÉVY P. Cibercultura. São Paulo/SP: Ed. 34, 1999. 
 
MARTELETO, Regina M. Conhecimento e Sociedade: pressupostos da antropologia da 
informação. In: AQUINO, M. A. O campo da ciência da informação: gênese, conexões 
e especificidades. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2002, p.101-115. 
 
MINERVA, Centro de Competências TIC da Universidadede Évora, Portugal, 
Disponível em:< http://www.minerva.uevora.pt/cscl>. Acessado em: 25 de maio de 
2011. 
 
SILVA, S. Blog como recurso educacional na web 2.0. In: Revista Iluminart, v.1, n.3, 
dezembro de 2009. Disponível em: 
<www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero3/ilumina
rt.htm>. Acessado em: 26 de maio de 2011. 
STAHL, G., KOSCHMANN, T., & SUTHERS, D. Computer-supported collaborative 
learning. In R. K. Sawyer (Ed.), Cambridge handbook of the learning sciences. 
Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2006. 
 
TAKAHASHI, T. (Org.), Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde. Brasília: 
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. 
 
TOFFLER, A. A Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.

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