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Material - Óleos voláteis

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ÓLEOS VOLÁTEIS
UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA - UNICRUZ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E AGRÁRIAS
CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA DE FARMACOGNOSIA
Prof. Regis A. N. Deuschle
Conceito
• ISO:
“Produtos obtidos de partes de plantas através de destilação por 
arraste com vapor d’água, bem como os produtos obtidos por 
espressão dos pericarpos de frutos cítricos (Rutaceae)”
Misturas complexas de substâncias voláteis, 
lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas
Sabor
• Geralmente picante e acre
Cor
• geralmente incolores ou ligeiramente amarelados quando recém extraídos 
• Poucos apresentam cor - ex.: o de camomila é azulado, pelo alto teor 
azulenos
Estabilidade
• em geral não são muito estáveis, principalmente na presença de ar, luz, 
calor, umidade e metais (mais alguma coisa?...) 
Características Gerais
Conservação
A maioria possui índice de refração e são 
opticamente ativos
• Uma das propriedades usada na sua identificação e CQ!
Constituintes 
• composição variável 
• Podem conter: hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples 
e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, 
óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, 
cumarinas, até compostos com enxofre 
• As substâncias aparecem em diferentes concentrações 
na mistura
• Constituintes 
majoritários
• 20 a 95%
• Constituintes 
secundários
• 1 a 20%
• Constituintes –
traço
• < 1%
Classificação química e biogênese
Derivados de fenilpropanoides
Derivados de terpenoides
Ilustração no próximo slide
Classificação dos derivados terpenoides de acordo com o número de unidades 
isopreno necessárias para sua formação
Exemplos de monoterpenos
de ocorrência comum na 
natureza
Exemplos de sesquiterpenos de ocorrência comum na 
natureza
• Localização na planta
• Depende da família!
• Costumam ocorrer em estruturas secretoras especializadas:
• pêlos glandulares
• células parenquimáticas diferenciadas
• canais oleíferos
• bolsas lisígenas ou esquizo-lisígenas
Bolsas secretoras esquizógena e lisígena
Canal esquizógeno de Pinus
Canal lisígeno de Eucalyptus
• Estocagem do óleo (na planta)
• Praticamente todos os órgãos possuem 
capacidade de estocagem 
– Flores (laranjeira, bergamoteira)
– folhas (capim-limão, eucalipto, louro) 
– cascas dos caules (canelas), madeira 
(sândalo, pau-rosa)
– raízes (vetiver), rizomas (cúrcuma, 
gengibre)
– frutos (anis-estrelado, funcho, erva-
doce)
– sementes (noz-moscada)
• Assim como qualquer outro 
metabólito secundário, a 
composição é determinada 
geneticamente, sendo específica 
para um determinado órgão e um 
determinado estado de 
desenvolvimento
• Porém, condições ambientais 
podem modificar a composição!!!.
• Quimiotipos
– São as “raças químicas” -
botanicamente idênticos, mas 
diferentes quimicamente
– Por ex.: Chrysanthemum vulgare (= 
Tanacetum vulgare L.) > Hungria > 
26 quimiotipos caracterizados, com 
diferenças significativas na 
composição dos óleos
• Ciclo vegetativo
– Ex.: no coentro (Coriandrum 
sativum), o teor de linalol é 50 % 
maior nos frutos maduros do que nos 
verdes
Funções biológicas dos óleos voláteis (na 
planta)
• Entendimento recente: cumprem funções ecológicas 
• inibidores da germinação de outras plantas 
(alelopatias)
• proteção contra predadores
• atração de polinizadores
• proteção contra a perda de água 
• aumento da temperatura, etc 
Obtenção
A escolha de um método de extração vai depender
• da localização do óleo volátil na planta (qual farmacógeno
pretende-se usar?) 
• do uso que se pretende
Enfloração
Arraste por vapor d’água 
Extração com solventes orgânicos
Prensagem
Extração com fluido supercrítico
• Enfloração (Enfleurage)
– Muito usado no passado
• Atualmente uso mais restrito, principalmente em algumas indústrias de 
perfumes, para plantas com baixo teor de óleo de alto valor comercial 
– Usado para extrair óleo volátil de tecidos macios, como pétalas de 
flores (laranjeiras, rosas). O processo ocorre da seguinte forma:
• As pétalas são depositadas, sob TA, sobre uma camada de gordura, 
durante um certo período de tempo 
• Pela polaridade, os óleos voláteis passam para a gordura
• As pétalas esgotadas são então substituídas por novas até a saturação 
total da gordura
• A seguir, trata-se a gordura com álcool
• Para se obter o óleo volátil, o álcool é destilado a baixa temperatura
• Produto obtido possui alto valor comercial!!!!!
• Arraste por vapor d'água
• Princípio do método: pela tensão de vapor mais elevada que a da 
água, os óleos voláteis podem ser “arrastados” pelo vapor d'água
• Em extrações em pequena escala, emprega-se o aparelho de 
Clevenger
• Desvantagem: esse procedimento, embora clássico, pode levar à 
formação de artefatos em função da alta temperatura empregada
• Preferencialmente, esse método é utilizado para extrair óleos de 
plantas frescas e tecidos macios
• O óleo volátil obtido, após separar-se da água, geralmente precisa ser 
seco com Na2S04 anidro
• Extração com solventes orgânicos
– Maceração a TA ou outro procedimento
– São extraídos, preferencialmente, com solventes apolares 
(éter, éter de petróleo ou diclorometano)
• Eficiente, mas extrai também outros compostos lipofílicos, além dos 
óleos voláteis > os produtos assim obtidos raramente possuem valor 
comercial
• Prensagem (ou espressão)
– Para extração dos óleos voláteis de frutos cítricos
– Os pericarpos desses frutos são prensados e a camada que 
contém o óleo volátil é, então, separada. 
– Essa parte que foi separada forma um tipo de emulsão, que é 
centrifugada, decantada ou submetida a destilação fracionada, 
separando-se então o óleo volátil
• Extração por CO2 supercrítico
• Método eficiente para extrair óleos 
voláteis, e permite recuperar 
aromas naturais de vários tipos 
• Vantagem: Nenhum traço de 
solvente permanece no produto 
obtido, tornando-o mais puro do 
que aqueles obtidos por outros 
métodos
Tratamento: freqüentemente, é 
necessário branquear, neutralizar 
ou retificar os óleos voláteis 
extraídos
• Adição de compostos sintéticos, de baixo preço 
• Ex.: Álcool benzílico, ésteres do ácido ftálico e até hidrocarbonetos 
clorados
• Mistura do óleo volátil de qualidade com outros óleos de menor 
valor para aumentar o rendimento
• Adição dos majoritários, porém de origem sintética
• Misturas de substâncias sintéticas dissolvidas num veículo inerte
Procedimentos geralmente usados para adulterar ou falsificar 
óleos voláteis:
• Métodos para controlar a 
qualidade
Organolépticos
Físicos
Químicos
Físico-químicos
Dependem do tipo e 
quantidade de amostra, 
do rigor analítico 
requerido e da infra-
estrutura laboratorial 
disponível
• Testes organolépticos
– Odor dos óleos voláteis: é bastante evidente
• Desvantagem dos testes organolépticos: falta de objetividade. Solução: 
análise organoléptica feita por comparação direta com o óleo volátil da 
planta da qual foi extraído, e/ou longo treino de tempo do analista
• Aplicar o óleo em um papel de filtro e cheirá-lo várias vezes durante sua 
evaporação. Como cada componente de um óleo tem uma volatilidade 
diferente, é possível, com treino, distinguir diferentes frações deste óleo
• Geralmente um odor fraco demonstra que o vegetal ou o óleo volátil isolado 
já perdeu a maioria dos seus compostos voláteis
• Um odor desagradável, por sua vez (pode ser resultado de produtos de 
degradação química ou microbiana), indica má conservação do produto e 
deve ser rejeitado• Métodos cromatográficos de análise
• Análise por cromatografia gasosa e por cromatografia 
gasosa acoplada à espectrometria de massas
• Ideal para análise quali e quantitiva
• A cromatografia gasosa é o método de escolha para separar e 
quantificar substâncias componentes de óleos voláteis
• Análise por cromatografia em camada delgada
• Permite, em muitos casos, confirmação da identidade de um óleo e até 
a detecção de falsificações
• Controle da identidade e da pureza
• Métodos para identidade: 
• Lembrar da CG! Outros métodos físico-químicos podem dar idéia da 
identidade, mas não a garantem
• Ex.: densidade relativa [d]20 em relação a água; índice de refração;
ponto de solidificação; rotação óptica
• Métodos para pureza:
• Fração solúvel em água: para detectar a presença de substâncias 
polares (ex.: álcoois, glicóis, éteres de glicol e acetato de glicerila)
• Metais pesados
• Ésteres do ác. ftálico
• Resíduo de evaporação
• Análise quantitativa dos componentes de óleos voláteis
– Lembrar da CG novamente!!!
– Há vários métodos na literatura (resultado da complexidade química dos óleos 
voláteis). Exemplos de alguns seguem abaixo:
– Ponto de solidificação: embora de caráter mais qualitativo, também pode ser usado 
para análise quantitativa, quando a substância principal de um óleo volátil é aquela 
que existe em maior concentração.
– Determinação alcalimétrica de álcoois terpênicos após acetilação: muito usado para 
determinação do mentol em óleos de menta.
– Determinação acidimétrica de ésteres de terpenóides após saponificação
– Determinação de terpenóides cetônicos e aldeídicos através de titulação oximétrica
– Determinação volumétrica de fenóis
– Determinação espectrofotométrica
• Análise do teor de óleo volátil em drogas vegetais 
(Farmacopeia)
– Através do aparelho de Clevenger
– Somente para óleos voláteis que tenham peso específico menor do 
que 1. 
– Para usar o Clevenger no caso de óleos voláteis com pesos 
específicos próximos ou maior do que 1 (por exemplo, óleos de 
canela e de cravo-da-índia), é necessário adicionar um volume 
conhecido de xilol
Importância econômica
Indústrias de alimentos
• Condimentos
• Aromatizantes de alimentos e bebidas
Indústria de cosméticos 
• Perfumes 
• Produtos de higiene
Indústria farmacêutica
Dados Farmacológicos
• Importante: não se deve confundir as atividades 
farmacológicas de uma droga vegetal rica em óleos 
voláteis com as atividades farmacológicas do óleo isolado 
da mesma! 
Estabelecer atividade farmacológica de uma substância 
isolada é relativamente fácil. De um óleo volátil (mistura 
complexa) é mais difícil
As propriedades 
gerais já 
estabelecidas 
para os óleos 
volateis estão 
relacionadas à 
suas 
características 
básicas, ou seja: 
lipossolubilidade 
e volatilidade
Atividade 
antimicrobiana
Antimicótica, antibacteriana e antiviral. 
Dependendo da essência empregada, 
a formulação não necessitará 
conservante
Dados atuais – será mesmo?
Atividade 
rubefaciente
Especialmente sobre a pele. Provoca uma gama 
de sensações subjetivas. Incorporados 
geralmente em formulações de aplicação tópica 
para diversos fins. 
Óleos voláteis e algumas substâncias isoladas 
são incorporados a cremes, loções, géis, 
linimentos e emplastros e são empregados em 
casos de neuralgias, mialgias, contusões, 
distensões, lesões decorrentes de atividades 
esportivas, reumatismo ciático, muscular e 
articular.
Atividade 
expectorante
Depende da dose e forma de aplicação. 
Estímulo das células serosas, 
secretolítico das células mucosas.
Doses baixas, estimula secreções 
brônquica e traqueal. Doses altas 
diminuem o muco.
Atividades 
estomáquica, 
carminativa, 
espasmolítica e 
colagoga
Uso interno. Atividade irritante local sobre a mucosa bucal e do trato GI (também responsável 
pelo sabor intenso e picante). Induz de forma reflexa uma série de outros efeitos.
- Liberação de secreções salivares, gástrica, biliar e pancreática – mediação do nervo vago, 
possibilidade de duração de ação de até 2 a 3 h.
- A partir da pele alguns provocam um aumento da microcirculação local > efeito rubefaciente, 
sensação de calor (em certos casos, até uma ação anestésica local), possibilidade de 
melhorar/estimular a circulação dos órgãos internos
- Ação sobre os quimiorreceptores do sabor e odor. Esse efeito pode potencialmente provocar 
alterações de humor (óleos voláteis estimulantes vs tranquilizantes). Também possibilitam uso 
como corretivos de odor e sabor na produção de medicamentos
Atividade 
intensificadora de 
estímulos 
fisiológicos
Estudos pré-clinicos in vivo demonstraram que certos estímulos fisiológicos são mais efetivos 
quando ocorrem concomitantemente com certos aromas. Constitui uma base para utilização 
sensorial de produtos como por exemplo travesseiros com ervas e aromatizantes de 
ambientes como adjuvantes de terapias psicossomáticas.
Efeitos adversos
Também relacionados à sua lipofilia e volatilidade
Reações alérgicas decorrentes do uso externo (dermatites de contato) e interno 
(alergias alimentares)
Ingestão de doses tóxicas provoca ação irritante sobre o trato GI com náuseas, vômitos 
e diarreia
Ação abortiva decorrente de lesão vascular e alterações metabólicas (também por 
hiperemia uterina após a gastroenterite)
Podem ocorrer lesão renal, albuminúria, hematúria e lesões hepáticas
Podem chegar ao SNC: dores de cabeça e vertigens, excitação, convulsão e parada 
respiratória
Drogas vegetais clássicas
• EUCALIPTO
• Nome científico: Eucalyptus globulus 
• Família botânica: Myrtaceae
• Parte utilizada: folhas
• Está na FB V, 2º suplemento
– Estabelece para a droga um teor mínimo de óleo volátil de 0,8 %, 
com teor de cineol acima de 70 %
• Utilizado em preparações farmacêuticas indicadas para 
problemas respiratórios
• Óleo volátil também muito usado pelas ações 
expectorante, anti-séptica e flavorizante (em associação 
com óleo de menta ou mentol)
• HORTELÃ-PIMENTA
• Nome científico: Mentha x piperita L. 
• Família botânica: Lamiaceae 
• Parte utilizada: folhas
• Uma espécie de alto interesse econômico
• Óleo muito usado como flavorizante, aditivo em alimento, 
em produtos de higiene bucal e em preparações 
farmacêuticas, no tratamento de problemas respiratórios 
e gastrintestinais 
• Ações antimicrobiana e espasmolítica e é considerado o 
responsável pelas atividades carminativa e eupéptica da 
planta
• FUNCHO
• Nome científico: Foeniculum vulgare Miller ssp. vulgare var. 
vulgare e F. vulgare Miller ssp. vulgare var. dulce (Miller) Thellung 
• Família botânica: Apiaceae
• Parte utilizada: frutos
• Preparações farmacêuticas com funcho são indicadas 
como carminativo, antiespasmódico e expectorante, 
principalmente para crianças. O óleo é usado 
especialmente como aromatizante, já que possui 
problemas de toxicidade

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