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8 2. A Política Mercantilista O que é que torna rico um país? O leitor tem alguma sugestão? Fac ̧a uma lista desses elementos e veja se correspondem ao que pensavam os homens inteligentes dos séculos XVII e XVIII. Estavam eles muito interessados no assunto porque pensar em termos de um Estado nacional, de todo um país em vez de uma cidade, apresentava novos problemas. Tendo organizado o Estado político, voltaram suas atenc ̧ões para o Estado econo ̂mico. As coisas que escreveram e as leis que defenderam tinham, todas, um conteúdo nacional. Os governos aprovaram leis que, no seu entender, trariam riqueza e poder a toda a nac ̧ão. Na busca de tal objetivo, mantinham o olho em todos os aspectos da vida diária e modificavam, moldavam e regulavam todas as atividades de seus súditos. HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem, 22ª edição. LTC, 01/2010. [Minha Biblioteca]. (página 93) s teorias expressas e as leis baixadas foram classificadas pelos historiadores como “sistema mercantil” 2.1. Mercantilismo O mercantilismo compreende uma série de práticas econômicas que se desenvolveram na Europa entre os séculos XV e XVIII, e que tinham por objetivo o fortalecimento do Estado (Absolutismo) e da burguesia. Esse período caracterizou a transição do feudalismo para o capitalismo, cujo grande símbolo foi a acumulação primitiva de capital, termo que designa as primeiras acumulações de riquezas, obtidas pelas práticas mercantilistas que levaram os países europeus a se tornarem grandes potências capitalistas. 2.1.1. Práticas Mercantilistas O mercantilismo foi caracterizado por uma série de ideias e práticas que podiam variar de país para país. Contudo, sempre tiveram o mesmo objetivo: fortalecer o Estado e aumentar seu poder de competir economicamente. Dentre as principais práticas, destacam-se o metalismo, a balança comercial favorável, o protecionismo alfandegário e a intervenção do Estado. 2.1.1.1. Metalismo O metalismo nada mais era do que a acumulação de metais preciosos, especialmente o ouro e a prata. Um Estado rico era aquele que possuía grande quantidade de metais. Contudo, grande parte das minas europeias haviam se esgotado depois de séculos de exploração. A solução encontrada foi outra prática característica do mercantilismo. 2.1.1.2. Balança Comercial Favorável Naqueles séculos o dinheiro eram justamente as moedas de ouro e prata. Um país vendia seus produtos para outro e recebia como pagamento essas moedas. Mas, se ele comprasse algum produto, deveria pagar com suas moedas de metais. Pensando nisso, os Estado desenvolveram a balança comercial favorável, ou seja, o país deveria exportar mais do que importava. Dessa maneira, promoveria seu enriquecimento ao acumular metais. 9 2.1.1.3. Protecionismo Alfandegário Outra prática mercantilista, que está intimamente ligada às outras duas, foi o protecionismo. Primeiro, o Estado buscava impedir as importações com o intuito de evitar a saída de metais. Para isso, ele cobrava taxas alfandegárias, isto é, altos impostos sobre produtos importados. Isso incentivou a produção interna, protegendo seu mercado. 2.1.1.4. Intervenção Estatal Essa prática dizia respeito à intervenção do Estado na economia. Ele controlava as demais práticas mercantilistas: fixava as tarifas alfandegárias, estimulava o mercado interno, controlava os preços e quantidade de produtos, entre outras. 2.1.2. Tipos de Mercantilismo Como sabemos, o mercantilismo foi essa série de práticas adotadas pelos Estados europeus a partir do século XV, com o objetivo de se fortaleceram. Apesar dessas ideias gerais, em cada país o mercantilismo apresentou características próprias. Vejamos alguns exemplos: 2.1.2.1 Metalista Sistema desenvolvido, por exemplo, na Espanha. Como não houve evolução de grandes indústrias que pudessem fornecer produtos para o consumo de outros países, os espanhóis passaram a acumular metais preciosos extraídos de suas colônias na América. Essa prática também foi adotada por Portugal, que extraiu grande riqueza em metais do solo brasileiro. 2.1.2.2. Colbertismo Colbertismo refere-se ao mercantilismo francês no qual se buscou desenvolver as indústrias de manufaturas utilizando as matérias-primas de suas colônias. Geralmente, tratava-se de artigos de luxo, o que era arriscado, pois em caso de choque econômico os países deixariam de comprar produtos que não fossem básicos. 2.1.2.3. Fortalecimento do Estado Praticado na Inglaterra, esse tipo de mercantilismo consistia no controle do transporte de mercadorias. Somente navios ingleses poderiam aportar nos portos ingleses. Como possuíam uma poderosa marinha, logo passaram a dominar o transporte marítimo internacional, o que lhes permitiu desenvolver, posteriormente, grandes indústrias, principalmente a têxtil, cuja matéria-prima era retirada de suas colônias na América do Norte. 2.1.3. Em Resumo Entre os séculos XV e XVIII surgiram na Europa uma série de ideias e práticas econômicas denominadas Mercantilismo. Neste, os Estados buscavam o seu fortalecimento através de medidas políticas e econômicas. As principais eram: Metalismo (acumulação de metais preciosos), Balança Comercial Favorável (Exportar mais do que importar), Protecionismo Alfandegário (estabelecimento de altos impostos sobre produtos importados) e Intervenção Estatal (controle das práticas mercantilistas, como da produção e dos impostos). O mercantilismo possuiu características particulares em determinados países: na Espanha desenvolveu-se o sistema metalista (acumulação de metais); na França o colbertismo (desenvolvimento de manufaturas de produtos de luxo utilizando matéria-prima das colônias) e na Inglaterra o fortalecimento do Estado (controle do transporte de mercadorias). Fonte: http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto- html.xhtml?redirect=90281188216000459270029783158 10 2.2. Questões de Múltipla Escolha 2.2.1. (Mack-1996) A política econômica do Capitalismo Comercial denominada mercantilismo ficou conhecida pelo estímulo: A. à exportação, em detrimento das importações, sob forte intervenção estatal na economia e exclusividade de comércio entre metrópole e colônia. B. ao individualismo econômico baseado no governo da natureza, e tendo a agricultura como principal produtora de riqueza. C. à plena liberdade de concorrência, regulamentando a produção com base na lei da oferta e da procura e nas atividades exclusivas de comércio entre metrópole e colônia. D. à reorganização da sociedade com base nas importações, desregulamentação da economia e liberdade de comércio entre metrópole e colônia. E. à balança comercial favorável através da produção agrícola e relações comerciais independentes entre colônia e metrópole. 2.2.2. (Cesgranrio-1997) A política econômica do Estado Absolutista, o Mercantilismo, reuniu práticas e doutrinas que, em suas diversas modalidades entre os séculos XVI e XVII, caracterizou-se por um (a): A. liberalismo econômico como forma de manutenção da aliança política do Rei com os segmentos burgueses. B. protecionismo alfandegário através de proibições das exportações que visava ao equilíbrio da balança comercial do Estado. C. intervencionismo estatal nas atividades comerciais lucrativas que proibiu a concessão de monopólios a grupos privados. D. expansão do poderio naval como garantia das comunicações marítimas entre as metrópoles e seus impérios coloniais. E. restrição dos privilégios senhoriais relacionados à participação da nobreza no comércio ultramarino e nas companhiascomerciais do Estado, tais como a Companhia das Índias Orientais e das Índias Ocidentais. 2.2.3. (Cesgranrio-1994) A política mercantilista assumiu diversas modalidades, variando nos países europeus do século XV ao XVIII. Sobre as práticas mercantilistas podemos afirmar que: A. em geral, o mercantilismo fundamentava-se no intervencionismo estatal e no equilíbrio da balança comercial. B. o modelo português caracterizava-se pelo metalismo e por uma política econômica liberal exercida pela Coroa. C. na Espanha, o dirigismo estatal desenvolveu as atividades industriais e agrícolas, permitindo sua autossuficiência comercial. D. na França, a concessão de monopólios estatais e o incentivo das manufaturas aceleraram o desenvolvimento comercial e industrial. E. na Inglaterra, o comercialismo desprezou as atividades manufatureiras, o que enfraqueceu a participação inglesa no transporte naval internacional. 2.2.4. (FGV-2004) Trata-se de um conjunto de práticas e ideias econômicas que visava ao enriquecimento dos Estados europeus na Época Moderna através, principalmente, do metalismo, da exploração colonial, de práticas protecionistas e de uma balança comercial favorável. O texto refere-se: A. Ao liberalismo. B. Ao desenvolvimentismo. C. Ao mercantilismo. D. Ao imperialismo. E. Ao industrialismo. 11 2.2.5. (FaZU-2002) O mercantilismo foi um conjunto de diferentes práticas econômicas, adotadas pelos reis absolutistas, de forma a fortalecer economicamente o Estado. Embora não tenha sido aplicado homogeneamente em toda a Europa, teve características que foram comuns. Exceto: A. Metalismo B. Protecionismo Alfandegário C. Balança comercial favorável D. Criação do Sistema Colonial E. Liberalismo Econômico 2.2.6. (UEL-1996) A política econômica do mercantilismo explica, no Brasil Colônia, a: A. decadência da economia de subsistência no Nordeste. B. introdução do trabalho assalariado na agricultura. C. prática econômica da substituição de importações. D. implementação da indústria têxtil no Sudeste. E. implantação da empresa agrícola açucareira. 2.2.7. (FGV-2003) O mercantilismo correspondeu a: A. um conjunto de práticas e ideias econômicas baseadas em princípios protecionistas. B. uma teoria econômica defensora das livres práticas comerciais entre os diversos países. C. um movimento do século XVII que defendia a mercantilização dos escravos africanos. D. uma doutrina econômica defensora da não intervenção do Estado na economia. 2.2.8. Sobre as concepções e práticas mercantilistas, adotadas pelas nações europeias entre os séculos XVI e XVIII, é correto afirmar que: A. buscavam alcançar uma balança comercial favorável através do liberalismo alfandegário. B. baseavam-se em rigorosas proibições das práticas protecionistas e monopolistas comerciais. C. condenavam o dirigismo econômico e a regulamentação da produção exercidos pelos monarcas absolutos. D. fundamentavam-se na expansão do poderio naval como forma de sustentar o comércio externo. E. negavam a importância dos investimentos em atividades manufatureiras, privilegiando apenas as agrícolas. 2.2.9. O "bulionismo" ou entesouramento, caracterizava a prática mercantilista do início dos tempos modernos. Tal prática pode ser entendida como: A. a exclusividade econômica garantida pelas metrópoles no comércio colonial. B. a disposição dos europeus em defender seus interesses econômicos por meio de sucessivos tratados. C. a intenção das nações ibéricas no sentido de liderar uma unificação econômica europeia. D. a preocupação dos portugueses e espanhóis em garantir o desenvolvimento da economia de suas colônias. E. a disposição de se procurar e acumular metais preciosos. 2.2.10. O mercantilismo, política econômica praticada pelos monarcas europeus, na época moderna, teve como característica a(o): A. liberdade do comércio colonial. B. estímulo às importações de manufaturados. C. manutenção da balança comercial favorável. D. estímulo à agricultura. E. combate à escravidão. 12 2.2.11. Assinale a alternativa correta: I. "...esse Estado continua sendo a expressão da hegemonia da nobreza que, através da reorganização estatal, reforça sua dominação sobre a massa camponesa..." II. "...foi um sistema de exploração regulamentado pelo Estado e executado através do comércio (...), sendo essencialmente a política econômica de uma era de acumulação primitiva..." III. "...a produção das Colônias só é válida na medida em que possibilite lucros elevados aos comerciantes metropolitanos, detentores do monopólio sobre o comércio de importação e de exportação das Colônias..." Na evolução histórica europeia, os itens anteriores identificam elementos que foram fundamentais para A. o desenvolvimento do modo de produção asiático. B. o fracasso das Revoluções Liberais do século XVII. C. a política de realinhamento imperialista do século XIX. D. o processo de transição do feudalismo para o capitalismo. E. a rearticulação do poder feudal com as Corporações de Ofício. O mercantilismo não era um sistema no atual sentido da palavra, mas antes diversas teorias econômicas aplicadas pelo Estado em um momento ou outro, num esforc ̧o para conseguir riqueza e poder. 2.3. Referência: HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem, 22ª edição. LTC, 01/2010. [Minha Biblioteca]. (capítulo 11) 2.4. Links recomendados: ✓ https://www.youtube.com/watch?v=GXmt1OqB_iE ✓ https://www.youtube.com/watch?v=S3ggJwXdS70