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Capítulo 2 Identificação e Avaliação de Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação – AH/SD “A capacidade humana existe em diferentes graus de intensidade, natureza e especificidade e pode ser observada pelo desempenho diferenciado das pessoas nos diversos campos de atividade e interação consigo mesmas, com os outros e com o mundo” Guenther, Z.C. 2000. 2.1: A importância de identificar alunos com indicadores de AH/Sd No ambiente escolar, o aluno recebe estímulos variados que vão além da aprendizagem formal, linguagens artísticas, desporto, relação entre pares de mesma idade e de faixa etária diferente, entre profissionais do ambiente escolar… Mas, apesar disso tudo, ainda está sujeito a um currículo a ser cumprido. Tanto aluno quanto professor, na maioria das vezes, encontram-se em espaços de aprendizagem engessados o que dificulta a identificação de certas habilidades que extravasem o preestabelecido. O aluno que demonstra habilidade acima da média em determinada área do conhecimento como matemática, português, geografia, etc. pode ser mais facilmente detectado, porém, aquele que se sobressai em uma área com pouca ou nenhuma oferta no ambiente escolar, como artes, desporto, etc. pode passar despercebido durante o período de escolarização. Geralmente, os alunos bem-dotados, segundo Guenther, recebem praticamente o mesmo que os alunos médios no ambiente escolar. Outra questão importante de salientar é a ênfase que os alunos com desempenho abaixo da média recebem no ambiente escolar. Aluno superdotado que não apresenta comportamento que interfira nas suas relações com os demais e com o ambiente, que acompanha o conteúdo programático com êxito, passa muitas vezes sem ser devidamente suplementado e acompanhado. A educação especial ainda tem seus olhos voltados para o desempenho aquém do esperado e o mito de que o aluno superdotado não precisa de atendimento e acompanhamento diferenciado ainda persiste na visão de muitos educadores, assim como da sociedade em geral. Diante desse cenário que envolve as AH/Sd, o papel do educador, de uma forma geral por ser sintetizado de tal maneira: “… localizar os alunos dotados na população escolar e desenvolver sua capacidade nos domínios específicos em que o potencial existe; e viabilizar o cultivo de talentos, na medida em que as expressões de interesse localizado e desempenho superior forem se manifestando, no ambiente escolar”. Guenther, Z.C. 2000. 2.2 Formas de Identificação utilizadas no NAAHS/FCEE -Escola (a própria escola encaminha); -Busca intencional (O Naahs faz busca com a aplicação de questionários, oficinas nas escolas da região, reunião com professores da escola, etc..); -Aplicação de Questionários, Correção e Análise: - Autonomeação (O aluno percebe sua capacidade acima da média); - Identificação por colegas (Os colegas percebem a capacidade acima da média de um ou mais colegas de mesma faixa etária e escolarização); - Identificação por professores; - Identificação pela família; - Olimpíadas do conhecimentos; - Torneios de xadrez, dominó, etc.; - Campeonatos esportivos, de dança, de desenho entre outros. 2.2.: Avaliação: A avaliação dos indicadores de AH/SD leva em consideração o aluno, a escola e a família deste aluno. Devem ser levados em consideração o histórico escolar bem como as produções, história de vida e do desenvolvimento (marcos do desenvolvimento infantil) e em determinados casos, o desempenho em testes psicométricos. Entende-se então, que o comportamento de altas habilidades/superdotação apresenta várias dimensões e que somente a inteligência não basta para que um indivíduo seja considerado com altas habilidades/superdotado. Aspectos como motivação individual, interesses, contexto familiar, social entre outros também influenciam no comportamento de altas habilidades/superdotação (Nakano, 2016). O primordial em uma avaliação é ter clareza no objetivo dela e nas estratégias que serão utilizadas para atingir este objetivo. A definição do que são AH/SD a partir de um referencial teórico é o primeiro passo. Depois, a escolha dos melhores instrumentos que possam avaliar: • anamenese com a família, • entrevistas com o aluno e profissionais da escola, • aplicação de questionários e atividades com instrumentos (jogos) pedagógicos, • testes psicométricos. Anamnese com a família ou responsáveis pela criança ou adolescente: Cabe a cada profissional ou equipe de avaliação definir que perguntas serão pertinentes nessa parte. Geralmente, a anamnese conta com o histórico de gestação, parto, primeiros anos de vida. Indicadores de precocidade podem ser averiguados através dos marcos de desenvolvimento como (com que idade andou pela primeira vez, primeiras palavras) assim como interesse por leitura, números e outros. Aspectos da situação atual também são relevantes como quem mora com a criança, como é a rotina dela em casa e em demais atividades (extracurriculares, terapias, etc). Comportamentos relevantes também precisam ser investigados como: • Demonstra interesse em determinada atividade específica? Qual é? • Apresenta curiosidade geral e/ou por determinado assunto? • Persiste no foco de interesse? Quanto tempo dedica a isso? • Como é o relacionamento da criança/adolescente com seus pares, pessoas mais novas e mais velhas? Entrevistas: Do aluno (para cruzar informações com a anamnese da família ou responsáveis). Pode ser perguntado o que ele gosta de fazer, como é sua rotina em casa e na escola, quem são seus amigos, o que não gosta de fazer e etc. Da escola: coletar informações sobre áreas de destaque, interesses, desempenho e comportamento do aluno. Aplicação de Questionários: Na área de AH/SD já há questionários prontos que podem ser aplicados tanto no aluno, como na escola e na família. ANEXO 1 Aplicação de testes psicométricos que avaliem a inteligência aplicados exclusivamente por psicólogos: Na escolha do teste psicológico deve levar em consideração a demanda e a faixa etária que ele abrange primeiramente. O psicólogo deve conhecer o instrumento tanto para aplicar como para corrigir e confeccionar o relatório e/ou laudo que dará subsídio para a avaliação dos indicadores de AH/SD. Os testes abaixo podem ser utilizados, atualmente, para avaliar a Inteligência e constam no Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos. Podem ser consultados através do site do Conselho Federal de Psicologia (http://satepsi.cfp.org.br/): • Desenho da Figura Humana - Escala Sisto (DFH-Escala Sisto) • Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - 4ª edição (WISC-IV) • Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) • Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS III) • Escala de Matrizes de Vienna - 2 Versão Informatizada (WMT-2) • Escala de Maturidade Mental Colúmbia Edição Brasileira Revisada (CMMS 3) • Escala Geral (MPR ) • Matrizes Progressivas Coloridas de Raven-CPM • R-1 Forma B - Teste Não Verbal de Inteligência • R-1 Teste não-verbal de inteligência • R-2 Teste não-verbal de inteligência para crianças • Raciocínio Abstrato (BRD_AR) • Raciocínio Espacial (BRD_SR) • Raciocínio Mecânico (BRD_MR) • Raciocínio Verbal (BRD_VR ) • Teste D. 70 - Manual revisado e ampliado • Teste de Inteligência Geral - Não-Verbal (TIG-NV) • Teste de inteligência não-verbal (TONI-3) • Teste Matrizes de Viena -2 (WMT-2) • Teste Não Verbal de Inteligência Geral BETA-III (Subtestes Raciocínio Matricial e Códigos) • Teste Não-Verbal de Inteligência - SON-R 2½-7[a] • Teste Não-Verbal de Raciocínio para Crianças (TNVRI) • Teste Verbal de Inteligência (V-47) • Testes que podem ser aplicados porpsicopedagogos e pedagogos: • Teste de Desempenho Escolar – TED; • Programa de Estimulação Neuropsicológica da Cognição em Escolares: ênfase nas Funções Executivas - PENcE; • Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas – Piafex; • Provas de Avaliação dos Processos de Leitura - PROLEC; • E outros. Avaliação Pedagógica no NAAH/SD-FCEE A avaliação pedagógica no Naahs, tem como objetivo principal avaliar as funções executivas da criança. Essas habilidades iniciam seu desenvolvimento muito precocemente; possuem um longo curso de desenvolvimento, sendo consideradas “maduras” apenas na adolescência ou, até mesmo, na vida adulta inicial. Nem todas as funções executivas desenvolvem-se ao mesmo tempo, havendo evidências de distintos trajetos de desenvolvimento. Segundo Blair, 2002 funções executivas são um conjunto de habilidades que regulam o comportamento em resposta às demandas de tarefas complexas. Além da compreensão e entendimento dos conteúdos acadêmicos, são necessárias cinco habilidades especiais para a aprendizagem escolar formal: criatividade, memória de trabalho, flexibilidade, autocontrole e disciplina (Arruda, 2015). Para Diamond (2013), são componentes das funções executivas: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva; Memória de Trabalho: Capacidade de manter e manipular informações mentalmente, possibilitando relacionar e integrar informações, lembrar sequências ou ordens, projetar sequências de ações no futuro, manejar duas ou mais informações ao mesmo tempo, que vêm em diferentes tipos de memórias. Exemplo: Neste caso a criança consegue seguir instruções corretamente, mantém informações na mente para serem utilizadas posteriormente, tem facilidade com cálculos mentais e na matemática, faz conexões entre parágrafos e compreende o que lê, consegue organizar uma atividade com começo, meio e fim, é criativo. Controle Inibitório: capacidade de inibir um comportamento (inadequado, por exemplo) em detrimento de outro, assim como habilidade de filtrar pensamentos, controlar os impulsos e resistir às distrações, tanto externas (ruídos por exemplo), quanto internas (pensamentos). Hábito de parar e pensar antes de agir. Exemplo: O controle inibitório desenvolvido faz com que a criança consiga se controlar em diversas situações, não distrai-se com facilidade, pensa antes de falar e agir, não é impulsiva, consegue controlar suas emoções... Flexibilidade Cognitiva: Capacidade de mudar o foco atencional, considerar diferentes perspectivas, prioridades ou regras e adaptar-se às demandas do ambiente; habilidade de alternar tarefas e focos, quando necessário. Relacionada à criatividade e à resolução de problemas com diferentes alternativas. Exemplo: A criança com flexibilidade cognitiva consegue lidar com mudanças de plano ou rotina, é criativo, consegue visualizar o todo de situações não apegando-se em detalhes, consegue perceber diferentes formas para solucionar problemas, muda a estratégia quando erra, compreende metáforas e abstrai para além do sentido literal, consegue compreender pontos de vistas diferentes do seu. Sendo assim, a criança que apresenta as funções executivas bem elaboradas, dependendo a idade e escolaridade em que se encontra, mostra habilidades em alguma área do conhecimento, bem como, maturidade e facilidade em resolver situações problemas, apresentando comportamento de AH/SD a serem investigados. Segue alguns exemplos da avaliação pedagógicas. (Atividades de lógica, criatividade e matemática) Nesta avaliação o aluno apresentava comportamento de AH/Sd na área lógica. Em seguida apresentamos alguns jogos pedagógicos que podem auxiliar na avaliação pedagógica. Jogo Muralha Jogo Vitral Quebrado Jogo T chinês Tangran (foto google imagens) Torre de Hanói Tangram Jogo Destacando Forma Avaliação Psicológica no NAAH/SD-FCEE A avaliação psicológica lança mão de vários instrumentos chancelados pela própria profissão como: aplicação de testes e protocolos devidamente aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia ou outros que sejam validados cientificamente, observações, análise de documentos, entrevistas. Cabe ao profissional escolher os instrumentos que julgar necessários para atender a demanda da avaliação. Na área das AH/SD, o profissional psicólogo pode usar testes que avaliem a inteligência como o WISC – Escala Weschler de Inteligência. São utilizadas a terceira e a quarta versão do teste atualmente segundo o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATPSI) do Conselho Federal de Psicologia de consulta on-line (http://satepsi.cfp.org.br/). Wisc IV – O que avaliam os subtestes? Escolha do teste por contemplar uma faixa etária variada (dos seis ao 17 anos incompletos). De acordo com o manual técnico do WISC IV (Wechsler, D. WISC IV: Escala Wechsler de Inteligência para Crianças. Adaptação de Fabián Javier Marín Rueda; Ana Paula Porto Noronha; Fermino Fernandes Sisto; Acácia Aparecida Angeli dos Santos; Nelimar Ribeiro de Castro. Casa do Psicólogo. 1 edição Os subtestes avaliam várias funções da inteligência, a saber: • Compreensão Verbal, • Organização Perceptual, • Memória Operacional, • Velocidade de Processamento Grosso modo, a avaliação se dá pelo cômputo geral da pontuação de todos os subtestes (QI total) e também de cada índice que dizem respeito às funções acima citadas: Índice de Compreensão Verbal (ICV) que se relacionam ao conhecimento verbal adquirido e à capacidade de compreensão. Índice de Organização Perceptual (IOP), referente ao raciocínio não-verbal, raciocínio fluído, atenção para detalhes e integração visomotora. Índice de Memória Operacional (IMO), relacionado à capacidade em prestar atenção às informações, mantê-las e processá-las na memória. Índice de Velocidade de Processamento (IVP), que diz respeito à velocidade psicomotora para resolver problemas não verbais, bem como a capacidade de planejar, organizar e desenvolver estratégias. A pontuação dos índices assim como o QI total podem ser divididas em: • Extremamente Baixo • Limítrofe • Médio Inferior • Médio • Médio Superior • Superior • Muito Superior O Quociente de Inteligência Geral (QI) pode estar dentro da média, levemente acima ou acima e um dos índices ter tido uma pontuação muito superior daquela encontrada na maioria das pessoas de mesma idade e escolaridade. Por exemplo, um aluno que obteve pontuação Muito Superior no Índice de Compreensão Verbal, demonstrou que a área linguística merece ser melhor investigada mesmo se o QI total não for classificado como Superior ou Muito Superior. Além do WISC IV, como já foi citado, existem outros testes que podem ser utilizados. Cada profissional psicólogo e instituição optarão por aquele que contemplar sua demanda como faixa etária, construtoa ser avaliado. Cabe ressaltar que o teste é um indicativo, mas não decisivo para incluir ou excluir alguém em um laudo favorável ou não para AH/SD. Ele faz parte da constelação de instrumentos e técnicas de avaliação, mas não pode ser considerado a cartada final! Para uma avaliação mais fidedigna do aluno, há que se considerar a avaliação processual, esta que trará elementos para observar e avaliar mais propriamente o comportamento de AH/SD. É importante salientar que nem sempre quando a criança apresenta nos testes psicológicos muito superior, pode-se dizer que tem altas habilidades, pois é preciso analisar outros comportamentos como, habilidades acima da média em uma ou mais áreas do conhecimento, criatividade com originalidade, foco na tarefa, bem como motivação. Comportamentos esses que não são percebidos nos testes, por isso é necessário que a criança passe por avaliação processual na área em que apresentou maior interesse e habilidade. Essa avaliação tem como objetivo de investigar o real potencial apresentado pela criança. Ao final da investigação, é necessário a montagem do parecer pedagógico e psicológico(quando houver) que será entregue para a família e para a escola. Nesse parecer deve-se constar os encaminhamentos necessários para a suplementação ou complementação ao aluno. Iniciando assim, a suplementação na área de habilidades em que o aluno apresenta comportamento de Altas Habilidades/Superdotação. Encaminhando para locais específicos quando necessário. Por isso é de grande importâncias as parcerias com universidades, projetos da comunidade, ateliê, escola de dança, projetos esportivos, etc. Anexos 1 • Questionários de Identificação – Professor; Aluno; Responsáveis • Passo a Passo da Aplicação Anexos Psicologia: http://satepsi.cfp.org.br/ http://satepsi.cfp.org.br/docs/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n%C2%BA-09-2018- com-anexo.pdf (anexar o pdf na plataforma on line) REFERÊNCIAS http://satepsi.cfp.org.br/ acessado em 10/07/2018 http://satepsi.cfp.org.br/docs/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n%C2%BA-09-2018- com-anexo.pdf acessado em 10/07/2018 ALVES, Rauni Jandé Roama; NAKANO, Tatiana de Cássia. A dupla-excepcionalidade: relações entre altas habilidades/superdotação com a síndrome de Asperger, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtornos de aprendizagem.Rev. psicopedag.,São Paulo,v.32,n. 99,p. 346-360, 2015. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862015000300008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 jul. 2018. CARDOSO, Caroline de Oliveira e FONSECA, Rochele Paz (2016). Pence: Programa de estimulação neuropsicológica da cognição em escolares: ênfase nas funções executivas. Coleção Neuropsi aprende. 1ª ed. Ribeirão Preto: Book Toy. GUENTHER, Zenita C.; FREEMAN, Joan. Ecucando os mais capazes: idéias e ações comprovadas. São Paulo: EPU, 2000 VIRGOLIM, Angela Mágda Rodrigues. A contribuição dos instrumentos de investigação de Joseph Renzulli para a identificação de estudantes com Altas Habilidades/Superdotação.Revista Educação Especial, Santa Maria, p. 581-610, set. 2014. ISSN 1984-686X. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/14281>. Acesso em: 10 jul. 2018. doi:http://dx.doi.org/10.5902/1984686X14281. NAKANO, Tatiana de Cassia; CAMPOS, Carolina Rosa; SANTOS, Maristela Volpe dos. 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