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15 10_Agravo de instrumento contra decisão que indeferiu pedido de liminar, antecipação de tutela, em ação declaratória de inexistência de déb

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Agravo de instrumento contra decisão que indeferiu pedido de liminar, antecipação de tutela, em ação declaratória de inexistência de débito movida em face de concessionária de serviço público (art. 1.015, I, CPC)
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
E. B. S., brasileiro, solteiro, pintor de autos, portador do RG nº 0.000.000-SSP/AL e do CPF nº 000.000.000-00, sem endereço eletrônico, residente e domiciliado na Estrada Mogi-Bertioga, km 00 (rua A, caixa 000 – C0), Vila Moraes, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua João Vicente Amaral, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail: gediel@gsa.com.br), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, não se conformando, data venia, com a r. decisão do Meritíssimo Juiz de Direito da Segunda Vara do Foro Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes, expedida nos autos da ação declaratória que move em face de B. Energia S/A., da mesma agravar por instrumento, com pedido liminar, observando-se o procedimento dos arts. 1.015 a 1.020 do Código de Processo Civil, em conformidade com as inclusas razões.
Para tanto, junta cópia de “todo o processo” de primeiro grau (petição inicial e documentos que a acompanham, inclusive procuração outorgada pela parte, decisão ora agravada e a certidão de intimação). Deixa de juntar procuração ad judicia da agravada, vez que ainda não se deu a sua citação nos autos. Reitera, nesta instância, o pedido de justiça gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração de pobreza juntada nos autos originais e reproduzida neste instrumento.
O subscritor da presente petição DECLARA, sob as penas da lei, que todas as cópias que formam o presente instrumento CONFEREM com os originais (art. 425, IV, CPC).
Requer, portanto, seja o presente recurso recebido e regularmente processado.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes / São Paulo, 00 de abril de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000
RAZÕES DO RECURSO
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação Declaratória de Inexistência de Débito
Segunda Vara do Foro Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes-SP
Agravante: E. B. S.
Agravado: o Juízo (B. Energia S.A.)
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Dos Fatos:
Em abril de 0000, o agravante ajuizou em face da ré ação declaratória de inexistência de débito argumentando, em apertada síntese, ser ilegal a cobrança de débito no valor de R$ 3.314,82 (três mil, trezentos e quatorze reais, oitenta e dois centavos), referente a diferenças apuradas em razão de suposta alteração do relógio medidor. Além do pedido de fundo, o recorrente requereu lhe fosse concedida antecipação de tutela, com escopo de determinar à fornecedora do serviço público, ré na ação, se abstivesse de “cortar” o fornecimento de energia elétrica na residência do consumidor, enquanto se discutia a ilegalidade da cobrança.
Recebida a exordial, o douto Juízo agravado INDEFERIU o pedido de antecipação de tutela.
Em síntese, o necessário.
Da Medida Liminar:
Ab initio, consoante permissivo do artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil, requer-se seja deferido “liminar” no sentido de impor à empresa B. ENERGIA S.A. a obrigação de não fazer, consistente em “não suspender o fornecimento de energia elétrica do agravante”, ou no caso, em razão do tempo do trâmite deste processo, a ré já tenha suspendido o fornecimento de energia elétrica do consumidor, como vem prometendo, “restabeleça imediatamente e com urgência o fornecimento de energia elétrica na residência”, comunicando-se a medida ao Juízo de primeiro grau via FAX, a fim de que esse providencie a intimação urgente da ré (por meio de Oficial de Justiça na filial de Mogi, situada na rua Dr. Deodato Wertheimer, nº 00, centro).
A fumaça do bom direito (ou verossimilhança da alegação, ou relevância do fundamento da demanda) consubstancia-se no direito do autor ao fornecimento da energia elétrica, de forma contínua, como corolário do princípio da dignidade da pessoa humana, conforme acima se expôs. 
Não se deve olvidar, quanto à questão de fundo, que a presente ameaça de corte no fornecimento de energia NÃO SE DEVE A DÉBITO ATUAL, mas a débito pretérito apurado de forma unilateral, sem qualquer prova, sem qualquer participação do consumidor o que evidencia PATENTE ILEGALIDADE e ABUSO DE PODER por parte da ré.
Nesse sentido a jurisprudência deste Egrégio Tribunal, in verbis:
Corte no fornecimento de energia elétrica por inadimplemento de valores apurados em face de irregularidades na medição. Impossibilidade. Medida reservada ao inadimplemento de faturas de fornecimento de energia e serviços. Necessidade de delimitação dos efeitos da liminar. Recurso provido (TJSP, Agravo de Instrumento 1159742005, Relator Des. Pedro Baccarat, DJ 24.4.2008).
Ação Cautelar inominada. Concessão liminar. Corte no fornecimento de energia elétrica em razão de fraude no registro de consumo. Matéria sujeita à discussão judicial. Presença dos pressupostos para a concessão da liminar a fim de restabelecer o fornecimento de energia elétrica. Prestação de caução real ou fidejussória pelo usuário que deverá manter o pagamento pontual do fornecimento da energia elétrica durante a tramitação da ação, sob pena de revogação da liminar concedida. Ação parcialmente procedente (TJSP, Medida Cautelar 1106268003, Relator Des. Pereira Calças, DJ 14.5.2008).
A ineficácia do provimento final ou a possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação se refletem na ideia de que a vida do autor e de seus familiares será colocada em perigo, já que serão comprometidas a saúde, a alimentação e o bem-estar dele, caso permaneça a interrupção no fornecimento de energia elétrica. 
Do Mérito:
A r. decisão guerreada merece reparos. Com efeito, o douto Magistrado a quo, ao indeferir o pedido de antecipação de tutela argumentou, basicamente, que “no caso em tela, não há prova inequívoca de que o medidor de energia elétrica não foi fraudado”; mais, que “sendo o termo de ocorrência de irregularidade um ato administrativo goza de presunção (relativa) de legalidade e veracidade”, o que, segundo o ilustre Juiz, torna a “cobrança devida e o corte do fornecimento de energia elétrica não caracteriza qualquer ilicitude”.
Segundo se pode apurar da decisão agravada, o douto Juiz de primeiro grau entende que caberia ao consumidor provar que o seu relógio não estava adulterado; não o tendo feito, já na inicial, argumentou então que o corte de energia é sim possível, mesmo que o consumidor esteja em dia com o pagamento de suas contas, mesmo que o débito cobrado refira-se a um período de dois anos, mesmo que os cálculos do débito tenham sido feitos de forma unilateral e arbitrária pela prestadora de serviços.
Veja-se: os prepostos da empresa “B” compareceram na casa do agravante e, sem a participação dele, “supostamente” constataram a existência de irregularidade no relógio; concluíram, de forma unilateral, que tal irregularidade era em razão de ato do consumidor; depois, sem permitir qualquer direito de defesa, enviaram ao consumidor, pessoa pobre e sem recursos, uma cobrança no valor de R$ 3.314,82 (três mil, trezentos e quatorze reais, oitenta e dois centavos), sob pena do corte de fornecimento de energia.
Segundo o entendimento do douto Juízo de primeiro grau, o consumidor, assim afrontado nos seus direitos mais elementares, deveria simplesmente pagar todo o débito ou, não se sabe como, provar que não fraudou o relógio ao “distribuir” a ação buscando a declaração da inexistência do débito.
Data venia, o nobre Julgador parece desconhecer princípios básicos do direito, entre eles: princípio da ampla defesa; princípio do contraditório; princípio do devido processo legal. Isso para não se mencionar que sua decisão demonstrou que ele desconhece completamente as normas do Código de Defesa do Consumidor,em especial aquelas previstas nos arts. 6º, VIII, e 22, que se pede vênia para citar-se expressamente:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.” (grifo nosso)
Considerando que este tema já foi apreciado “centenas”, quiçá milhares de vezes, por este Egrégio Tribunal, pede-se vênia para ao invés de repetir-se aqui, com escopo de se demonstrar a impropriedade da r. decisão de primeiro grau, tantos argumentos já conhecidos, simplesmente citar-se apenas um par das suas mais recentes decisões sobre o tema:
Apelação. Liminar. Mandado de Segurança. Impetração contra ato praticado pela CPFL, pleiteando o reconhecimento do direito de que, por não provar a alegada fraude, incabível à concessionária a interrupção do fornecimento de energia. Segurança concedida. Apelo desprovido, concedida a segurança, mantida a liminar. Prestação de Serviços. Fraude. É da concessionária o ônus de provar que o consumidor, praticando fraude, pagou a menor pelo fornecimento de energia efetivamente consumida. O usuário que nega fraude no relógio medidor, que lhe é imputada pela concessionária, não tem o ônus de provar o fato negativo. (TJSP, Apelação Com Revisão 1010884001, Relator Pereira Calcas, DJ 14.5.2008).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA – TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE – TOI – discussão sobre débitos pretéritos oriundos de fraude no aparelho medidor – o Termo de Ocorrência de Irregularidade caracteriza indício de fraude, mas que não autoriza a suspensão do consumo de energia e nem a cobrança de energia consumida fraudulentamente, com valor fixado uni lateralmente pela concessionária – inobservância dos princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório – consumidor em dia no pagamento do fornecimento ordinário de energia tem direito a não interrupção da prestação de serviço – concessionária tem direito de cobrar energia consumida fraudulentamente através das vias judiciais próprias – repartição dos ônus sucumbências. RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO (TJSP, Apelação Com Revisão 913770000, Relator Berenice Marcondes César, DJ 29.4.2008).
Do Pedido:
Ante todo o exposto, requer-se o provimento do presente recurso com escopo de, confirmando-se eventualmente a liminar, DETERMINAR, em antecipação de tutela, à empresa B. ENERGIA S.A., ré no processo de primeiro grau, a obrigação de não fazer, consistente em “não suspender o fornecimento de energia elétrica do agravante”, ou no caso, em razão do tempo do trâmite deste processo, já tenha suspendido o fornecimento de energia elétrica do consumidor, como vem prometendo, “restabeleça imediatamente e com urgência o fornecimento de energia elétrica na residência”.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes / São Paulo, 00 de maio de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000

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