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RESENHA CRÍTICA DO TEXTO: MEMÓRIA, HISTÓRIA E CIDADANIA: O DIREITO AO PASSADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
GABRIELLE SILVA CARLOS
RESENHA CRÍTICA DO TEXTO: MEMÓRIA, HISTÓRIA E CIDADANIA: O DIREITO AO PASSADO
UBERLÂNDIA
2018
Discente: Gabrielle Silva Carlos
Professor: Paulo Almeida
Número de matrícula: 11811HIS043
Curso: História
Disciplina: História Local e Regional 
Introdução
Essa resenha tem como objetivo comentar o texto Memória, História e cidadania: o direito ao passado que é um dos capítulos do livro: O Direito À memória Patrimônio Histórico E Cidadania (1992). A autora é a Maria Célia Paoli, a mesma contém a seguinte formação: graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná, doutorado em História Social pela University of London e mestrado em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora da Universidade de São Paulo e o campo de atuação com maior foco se dá nos seguintes temas: Cidadania, Cidade, Relações de Trabalho, Trabalho e lei.
O texto é divido em três momentos, num primeiro momento a autora mostra como a relação que as gerações mantém com o passado são mínimas e como história tem sido sinônimo de passado, algo finalizado. Assim a autora chega à conclusão de que isso é resultado de uma sociedade sem cidadania. Trazendo o significado de cidadania e como a história não tido um papel de destaque na formação dos cidadãos brasileiros, e que isso não ocorre só aqui, contudo é necessário uma mudança e profunda reflexão acerca do que é história e sua função social e as memorias. Memórias é um dos temas discutidos no textos com bastante profundidade, é mostrado como a história que se conta destaca apenas uma história deixando todas as outras histórias e memorias, invalidando-as. E por fim é discutido sobre políticas culturais, a criação do serviço SPHAN (SERVIÇO DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL) em 1937, é colocado também como os artistas na época denominados modernistas se manifestaram para que tal feito fosse realizado.
Desenvolvimento:
O texto em questão é muito rico no que se refere a significados dos conceitos, a autora trabalha noção de patrimônio histórico memória e história, e como tudo isso no imaginário social é visto como algo do passado, e não um passado intrinsicamente ligado ao presente, mas sim de um passado acabado sem qualquer conexão. A problemática que a autora lança logo no início do texto é exatamente essa: Por que esse passado não estabelece uma relação direta com esse presente? .[1: Paoli, Maria Célia. ‘’ Não é, no entanto, o que parece acontecer: quando se fala em patrimônio histórico, pensa-se quase sempre em uma imagem congelada do passado. Um passado paralisado em museus cheios de objetos que ali estão para atestar que há uma herança coletiva – cuja função social parece suspeita.’’ Página: 25.]
Com isso a autora entra numa questão muito conflituosa: como a nossa sociedade concebe a importância da ‘’ preservação’’ e ‘’ construção do passado’’. Para alguns mergulhados no presentismo/modernidade esse passado histórico não carrega nenhum tipo de significado. Dessa forma a prevenção seria como uma ruptura entre a sociedade. Para o segundo grupo história seria de fato importante, contudo ela ainda é vista como um passado que se foi. É um gostar do passado e de tudo que pareça antigo, e novamente a compreensão de passado estático, e a preservação seria a manutenção de monumentos/documentos/afins serviria como meio de assegurar esses objetos nostálgicos de uma passado acabado.[2: Sobre isso acho válido indicar uma leitura: Guimarães, Manoel Luiz. A escrita da história escolar: Cultura da memória, presentismo e ensino de história. ]
A partir disso chega a seguinte conclusão: tudo isso aponta para uma sociedade destituída de cidadania, sem reconhecimento com o passado sem inteiração com sua própria história ‘’ Fazer com que nossa produção incida sobre a questão da cidadania implica fazer a história e a política de preservação & construção do passado pelo crivo de sua significação coletiva e plural’’. Esse ponto levantado pela autora é de suma importância para o entendimento acerca do valor da memória coletiva, por conta desse afastamento das subjetivas lembranças da memória social somos levados a encarar a história como feitos de um só homem ou de um só grupo. Para exemplificar melhor permitir-nos-emos citar um trecho no qual ela explicita bem sua crítica: 
 ‘’ Crítica a uma história que Walter Benjamim chamou ‘’ dos vencedores’’, sobre cujos feitos foram produzidos os documentos e erigidos os monumentos, referência única ao que se ensina nas escolas, se mostra aos turistas, se celebra nos feriados nacionais. Ao esconder e silenciar as outras narrativas dos acontecimentos passados e presentes, essa história se torna ‘’ oficial’: A história necessária e documentável, em referência à qual o valor de outros projetos e de outras presenças- quando aparecem- são medidos e julgados’’.
É muito comum ver nomes de ruas monumentos entre outros lugares de memorias destacando figuras de um passado perverso, como o caso do ex prefeito da cidade de Uberlândia Tubal vilela, a praça com seu nome localizada no centro da cidade foi recentemente rebatizada, agora denominada Ismene Mendes, um grupo de mulheres se manifestaram contra essa memória destacada no centro da cidade, Tubal foi acusado de matar sua esposa gravida, contudo fora absolvido pela justiça. Mas a luta da população pela preservação de uma memória cujo não trouxesse uma lembrança negativa à população fora aceita. Para além dessa problemática de que as memórias destacadas podem trazer lembranças de um passado doloroso outra questão que vale ressaltar é que os pais e avôs desses homens e mulheres que ganharam destaque na história se perdem também a esse oceano de interpretações e lembranças acerca da história.
Diante disso se faz necessário segundo a autora uma elaboração de uma nova perspectiva historiográfica que critica severamente essa história unilateral mas que também não crie uma história mitológica. Uma história que tenha como objetivo trazer poder e visibilidade aos esquecidos, para que a sociedade tenha um ressignificação desse passado e que também possa haver identificação na diferença, citarei outro trecho interessantíssimo quanto a isso: ‘’ ‘Por isto, é necessário ter claro que o espaço da cidadania, que permite a produção de uma história e de uma política democrática de patrimônio histórico, não necessita de ser preenchido por um novo herói’’. 
Portanto essa direito ao conhecimento do passado se alicerça na seguinte compreensão: esse passado é minha história, essa história diz quem sou eu e também diz sobre quem está a minha volta, sobre meu espaço geográfico e minha cultura, é a minha identidade. É o reconhecimento que temos um passado comum. É aceitar os riscos dessa ambiguidade mas também fazer parte dessa multiplicidade, encontrar valor nessa memoria social simbólica. Para isso é necessário uma profunda reformulação do que é cidadania, e o entendimento do papel decisivo da ciência história na formação da população e para além disso a importância do reconhecimento ao passado e das memórias coletivas. [3: Paoli, Maria Célia. ‘’ Cidadania, em seu sentido pleno, se por esta palavra entendermos a formação, informação e participação múltiplas na construção da cultura, da política, de um espaço e de um tempo coletivo.’’ Página- 26.]
Por fim as autores Maria Célia Poli e Déa Ribeiro Fenelon descrevem sobre Políticas Culturais e Patrimônio Histórico, como no âmbito federal estadual e municipal o governo no uso de suas atribuições guia essa política através de uma manipulação, de uso político e cultural. O intelectuais que na época lutaram para que a cultura brasileira fosse valorizada, seus sons, seus objetos, impulsionaram um projeto de lei chamado SEPHAN para conservação do patrimônio histórico brasileiro.
Esse projeto nasceu em meio as contradições do Estado Novo e a rebeldia do modernismo, o que se juntou ao nacionalismo autoritário aos objetivos modernistasda criação de uma identidade nacional, os intelectuais muito que contribuíram para essas políticas públicas que visavam a importância da história. Após isso a preservação ganhou status e fórum de conhecimento cientifico, organizou uma estrutura que acatou as concepções de cultura dos modernistas e unidades orçamentais foram criadas junto à esse projeto. Mesmo com muitas dificuldades pois o lugar da cultura sempre fora secundário.

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