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ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE) Afeta exclusivamente membros da família Equidae (equinos, pôneis, asininos e muares); classe dos retrovírus, ou seja, não tem cura. Infecção crônica, podendo demorar para apresentar sinais clínicos ou nunca apresentar. Os portadores eliminam o vírus no ambiente constantemente. ETIOLOGIA (vírus RNA) FAMÍLIA: Retroviridae GÊNERO: Lentivirus As lentiviroses produzem infecções persistentes em seus hospedeiros naturais, devido às variações antigênicas (mutações). Essa característica permite que o vírus escape do sistema imune do hospedeiro, além disso, o genoma do vírus passa a fazer parte do DNA do hospedeiro, isso ocorre, pois, o agente etiológico é capaz de produzir DNA a partir de RNA; dificultando a produção de vacinas. EPIDEMIOLOGIA Endêmica em regiões de pantanal; alguns fatores influenciam na disseminação da infecção, já que, trata-se de uma doença associada à população de insetos hematófagos, portanto, ambientes que favoreçam a multiplicação desses vetores, tendem à registrar mais casos. Os dados não refletem a real situação da AIE, já que são utilizados dados provenientes de soro enviado para controle de GTA e competições; todavia, menos de 10% da população de equídeos é testado para AIE. Animais de baixo valor zootécnico apresentam risco potencial para disseminação da doença, pois geralmente não há controle da sanidade e os testes não são feitos ou não com frequência. Tabanidae e Stomoxys calcitrans: a principal forma de transmissão se dá por transferência de sangue de um animal infectado para outro suscetível; os dípteros hematófagos, insetos grandes que podem carrear grandes quantidades de sangue no seu aparelho bucal são os principais transmissores. A transmissão via inseto é estritamente mecânica. Transmissão iatrogênica: uso de materiais e ferramentas infectados. Ex.: agulha, luva de palpação, pinças de casco, tatuadores, equipamentos cirúrgicos, etc. Via colostro e leite: pode ser transmitido para potros. Via transplacentária: éguas com alta titulação viral pode passar para os fetos; os fetos respondem de diversas formas – aborto, nascimento de vírus positivos ou portadores soropositivos. Os principais prejuízos são a queda da produtividade, impedimento de participar em competições e emissão do GTA; em caso de confirmação da positividade: SACRIFÍCIO OBRIGATÓRIO E SEM INDENIZAÇÃO. PATOGENIA Altas concentrações de vírus são encontradas no fígado, linfonodos, medula óssea e baço (em fase crônica e aguda). O retrovírus se adere à superfície da célula alvo, encontrando receptores suscetíveis. Após adesão e fusão do vírus na superfície, o material genético do agente é inserido no do hospedeiro. No citoplasma da célula, inicia-se a produção de DNA por RNA, o DNA viral produzido é integrado ao DNA do hospedeiro; o vírus pode permanecer em estado de latência por anos, no entanto, em casos de imunossupressão pode contribuir para ativação desse vírus. O animal ficará PERMANENTEMENTE INFECTADO quando o DNA viral for integrado ao material genético do hospedeiro (equídeo). Quando ativado, o vírus passa a produzir longas cadeias de RNA viral, que serão quebradas no citoplasma, que se recombinam formando novos vírus; esses novos vírus são eliminados por brotamento. No processo de brotamento, as partículas virais ficam aderidas à superfície da membrana, dificultando o reconhecimento pelo sistema imune. A anemia em animais infectados é consequência de dois mecanismos HEMÓLISE de natureza imunológica, mediada por anticorpos específicos. E inibição da ERITROPOESE devido à supressão da medula óssea. A trombocitopenia é comum em episódios de febre, além de hemorragia (petéquias). Pode-se encontrar hepatoesplenomegalia na necropsia, com processo inflamatório desencadeado por deposição de imunocomplexos e subsequente destruição das plaquetas e dos eritrócitos por macrófagos hepáticos. ESTRESSE E QUEDA DA IMUNIDADE favorecem a recirculação da doença. CLÍNICA O período de incubação varia de 3 a 70 dias. O curso da AIE é variável. Depende da dose infectante, virulência e suscetibilidade do hospedeiro. A doença pode se manifestar de forma AGUDA, CRÔNICA E ASSINTOMÁTICA/INAPARENTE Forma aguda: morte em 10 a 30 dias. Caracterizado por febre, anorexia, debilidade do animal, hemorragias e petéquias nasal e sublingual. Animais podem ser soronegativos no início da doença; IN 45 do MAPA determina que testes sejam feitos em equídeos com quarentena de 30 a 60 dias, a fim de identificar animais no início da infecção (EVITAR FALSO NEGATIVO). A fase aguda regride em alguns dias; alguns animais podem piorar e morrerem; outros desenvolvem infecção inaparente e a maioria progride para fase crônica. Forma crônica: febre, forma subclínica e assintomática. Pode durar meses e até ano. Caracterizada por ciclos recorrentes da doença; febre, anorexia, leucopenia, anemia, trombocitopenia, hemorragia, diarreia, glomerulonefrite, letargia, mau desempenho físico. Geralmente os equídeos se tornam portadores assintomáticos, com infecção inaparente. OBS.: em ambas as fases podem ser observados também inapetência, emagrecimento, linfadenopatia, abortamento, ataxia, subicterícia, icterícia e edema em regiões peitoral e abdominal. Forma assintomática: não apresentam sinais clínicos; não tem cura (retrovírus); todavia, se são forem identificados, funcionam como reservatório do vírus, que continua a se multiplicar e se disseminando. DIAGNÓSTICO Segundo o MAPA, o teste oficial para confirmação de AIE é o IDGA. Em animais acima de 6 meses pela possibilidade de FALSO POSITIVO devido à circulação de anticorpos circulantes. O exame deve ser INDIVIDUAL. Para diagnosticas AIE, o médico veterinário deve construir laboratório, ser autorizado; somente depois fará o curso e será HABILITADO. O médico veterinário habilitado recebida por médico veterinário (cadastrado) junto à ficha de solicitação. A amostra é centrifugada, a fim de separar SORO e PLASMA; somente o soro é utilizado no exame. Parte dessa amostra de soro é armazenada (congelada a - 20ºC), enquanto outra parte é utilizada para realização do teste de IDGA. Se positivo em IDGA, proprietário poderá solicitar CONTRAPROVA, que somente poderá ser realizada na amostra que foi armazenada/congelada. O RETESTE deve ser solicitado judicialmente, uma nova amostra é coletada pelo médico veterinário OFICIAL. O teste IDGA pode dar FALSO NEGATIVO, no entanto, dificilmente FALSO POSITIVO. Pode-se utilizar o teste ELISA, todavia, se o resultado for POSITIVO, é preciso passar por confirmação em teste IDGA. ELISA É MAIS SENSÍVEL: menor possibilidade de falso negativo; IDGA É MAIS ESPECÍFICO: menor possibilidade de falso positivo. OBS.: No Brasil é permitido emissão de GTA para atendimento veterinário sem negativação para testes AIE e MORMO. No entanto, se em um local de grande circulação (haras, hospital, etc.) for encontrado animal sem GTA e positivo para AIE, TODOS OS ANIMAIS presentes no local devem passar por 3 testes NEGATIVOS para serem liberados; sendo feitos com intervalo de 30 e 60 dias. CONTROLE E PROFILAXIA Não existe tratamento e nem vacina, portanto, as medidas são com base nas boas práticas de manejo. Desinfecção de equipamentos; utilização individual de agulhas e seringas. O controle de vetores é difícil, é importante evitar acúmulo de fezes, drenar regiões alagadas. Além disso é preciso distanciar os animais contaminados/suspeitos,dos animais saudáveis. Realizar quarentena de animais recém introduzidos no plantel, ou que estiveram em contato com outros animais, além de submeter a testes sorológicos (3 testes negativos consecutivos, distanciamento de 30 e 60 dias). Medidas oficiais no Brasil: a notificação é OBRIGATÓRIA e o sacrifício também (exceção). Em áreas endêmicas não há sacrifício obrigatório para animais positivos, no entanto, o animal é marcado com A e a unidade federativa, na região da paleta esquerda. Ex.: animal positivo na região do pantanal mato grossense será marcado na paleta esquerda com A MT.
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