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20/06/2018 1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DE QUÍMICA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL DOCE EM MASSA E DOCE CREMOSO Edimir Andrade Pereira Empregar os procedimentos para a produção, conservação e armazenamento de doces cremosos e em massa. OBJETIVOS: Doces cremosos e em massa podem ser elaborados a partir de diferentes frutas, e diferem entre si, em relação a concentração final e a forma de acondicionamento. A polpa das frutas transmite o sabor, o aroma e a cor ao produto e o açúcar, além de adoçar, contribui na formação do gel. A pectina, por sua vez, proporciona a consistência gelatinosa, enquanto que o ácido promove a geleificação e realça o aroma da fruta. Doce em pasta ou massa: é uma geleia contendo polpa de fruta. É a polpa (caldo com sólidos em suspensão) desintegrada que, graças à pectina, à acidez e ao açúcar adicionado, se geleifica. A diferença, com relação à elaboração de geleia, é que em vez de se extrair o caldo, reduz-se a polpa da fruta à massa. Quanto mais desintegrada for a polpa melhor e mais fino será o doce. Nestas condições, como para geleias, há necessidade do equilíbrio entre pectina, a acidez e o teor de açúcar. Polpada: É um doce em massa que, devido ao baixo teor de pectina, ou ao excesso de açúcar, ou a insuficiente acidez, não toma consistência, ficando pastosa. Há frutas que devido à sua composição não dão doce em massa, mas dão polpada. Polpadas são comumente feitos com resíduos da extração do caldo que vai servir na elaboração das geleias. Mas, neste caso, obtém-se um produto inferior. Pasta de frutas: São como doces em massa, apenas diferem no final, pois ao invés de serem acondicionadas logo que prontos são espalhados em camadas de pequena espessura (1,0 a 1,5 cm) e postos a secar. São geralmente cortados em losangos e polvilhados com açúcar. 20/06/2018 2 Matérias-Primas: • Fruta Sabor, aroma e cor; • Pectina Consistência; • Ácido Promove o nível de acidez necessário a geleificação; • Açúcar Doçura e contribui para o gel. • água. Obs.: A acidez e o teor de pectina definem o ponto de corte desejado. É permitido por legislação a adição de acidulante, pectina, agar-agar e goma garrafim. Fluxograma de Processamento Fruta Seleção/Lavagem Adição água (quando necessário) Formulação (adição açúcar, pectina e ½ do ácido) Descascamento/despolpamento Concentração à vácuo ou a pressão atmosférica Adição ½ ácido Formas Resfriamento Embalagem final Rotulagem Armazenamento Detalhes do Produto 2. Limites de conservadores: 0,2 % (p/p) ácido sórbico ou seus sais (Na, K e Ca); 0,1 % (p/p) ácido benzóico ou seus sais (Na, K e Ca); Ácidos cítrico e láctico (qsp); 0,1 % (p/p) ácido fosfórico; 0,2 % (p/p) ácido tartárico; 0,05 % (p/p) ácido ascórbico ou seus sais (Na, K e Ca); Citrato de sódio (qsp) como anti-oxidante; NÃO É PERMITIDO AROMATIZANTES OU CORANTES Processamento de Doces em Massa Descascamento / Corte O descascamento e o corte são feitos manualmente, com o auxílio de uma faca de aço inoxidável. Este utensílio não deve ser utilizado em outras operações, e deve ser esterilizado em água fervente por 10 minutos. Nesta etapa aumenta-se a possibilidade de contaminação por micro- organismos. Portanto, são necessários cuidados com os procedimentos de limpeza e higienização adequados das superfícies de trabalhos, mesas, facas e utensílios. Obtenção da polpa Esta etapa é realizada normalmente na despolpadeira. Podem ser utilizados, alternativamente, um liqüidificador ou um triturador (moedor) de bancada. Formulação Para a obtenção dos doces utilizam-se frutas, pectina, açúcar, ácido e água. Por lei, é obrigatória a utilização de frutas ou das partes comestíveis de vegetais. Os doces podem ser formulados com uma única fruta ou mais frutas combinadas. O açúcar pode ser a sacarose (açúcar de cana), glicose, açúcar invertido e seus xaropes. A formulação pode ser de 1000 g de polpa de frutas para cada 800 g ou 1000 g de açúcar, observando-se que a quantidade utilizada de polpa da fruta não pode ser menor que a de açúcar utilizada. Opcionalmente podem ser adicionados sucos de frutas, mel de abelha, ervas e especiarias e os seus princípios ativos. . 20/06/2018 3 Adição de pectina e de ácido A acidificação visa reduzir o pH para 3,7-3,8, condição na qual a pectina atua melhor Parte do ácido deve ser adicionada no início do processamento e parte no final, para evitar-se que ocorra uma hidrólise acentuada da pectina durante o processamento. A pectina, tem a função de promover a formação de um gel firme. Com base no peso de açúcar utilizado podem ser adicionados de 0,5% a 1,5% de pectina. Utiliza-se ainda o ácido cítrico, em torno de 0,5% da quantidade total, que, em pequena escala, pode ser obtido do suco de limão. O ácido cítrico, ou o suco de limão, deve ser adicionado em duas partes iguais no início e no fim do preparo Concentração A concentração do doce é realizada em tacho de aço inoxidável, provido de um misturador com raspador, podendo ser utilizado, para pequenas quantidades e testes de formulações, panelas em um fogão industrial. Deve ser feita com fogo regular sob agitação constante. A concentração do doce deve ser realizada de modo que o produto final apresente em torno de 75% de sólidos solúveis (fruta e açúcar). Determinação do ponto final de cozimento O ponto final de concentração é muito importante para que se obtenha um bom doce. De um modo geral, o doce não deve ficar mais do que duas horas na panela ou tacho, pois, após esse tempo, o calor e a acidez podem destruir a pectina e hidrolizar o açúcar provocando a sinerese, fenômeno pelo qual o açúcar cristal (sacarose) é convertido em açúcar líquido (glicose) o que prejudica a aparência e obtenção do ponto do doce. O ponto final do preparo do doce de corte pode ser reconhecido quando da mexedura da massa cozida, esta solta das paredes e aparece o fundo do tacho ou panela, ou colocando-se uma faca de aço inoxidável molhada na massa até esta não aderir à lâmina. Enchimento São utilizadas formas de madeira, com ou sem fundo, forradas com papel celofane transparente e incolor. A embalagem deve ser realizada a quente para facilitar o enformamento e a eliminação de microorganismos contaminantes presentes no celofane. As formas podem ter capacidade para 600 g, com divisões de 15 x 9 x 4 cm (comprimento x largura x altura); cada divisão deve ser revestida com folha de papel celofane de 30 x 25 cm (comprimento x largura). Para os doces de consistência cremosa, utilizam-se vidros com tampa metálica. Resfriamento O resfriamento deve ser feito em local limpo e ventilado, e protegido contra insetos, com o papel celofane aberto, para evitar condensação de água que favorece o crescimento de microrganismos e alterações na cor do produto. Fechamento da embalagem Após o resfriamento, fecha-se o papel celofane, dobrando-se a folha sobre o doce, de modo a envolvê-lo totalmente. Rotulagem No rótulo, podem constar o nome da fruta acrescido do sufixo “ada” ou pela expressão “doce em massa” seguida do nome da fruta ou frutas empregadas na sua elaboração. Quando se tratar de doce em pasta de consistência cremosa, utiliza-se a palavra “doce, seguida do nome da fruta e da palavra cremoso”. Os doces em massa que contenham pedaços de frutas devem ter a designação acrescidadas palavras “com pedaços” ou “cascão”. A seguir, coloca-se a etiqueta, constando a data de fabricação, a validade e os dados do Banco de Alimentos que o produziu. Pode ser incluída a lista de ingredientes, conforme a legislação vigente. 20/06/2018 4 Armazenamento O armazenamento deve ser feito em local próprio, limpo, fresco, ventilado e livre de insetos. Os produtos devem ser protegidos da luz solar direta e não deve haver grandes variações de temperatura, seja nos Bancos seja no local onde será consumido. Detalhes do Produto Teor de Sólidos Solúveis Mínimo: 55% para doces cremosos; 65% doces em massa; 72 ºBrix – doces em massa enlatados; 74 – 80 ºBrix – papel celofane; Problemas durante o processamento Cristalização de açúcares Doces com alto teor de sólidos solúveis Na cristalização, o doce toma cor anormal, mais clara, apresentando uma consistência não característica. Torna-se quebradiço e, ao prová-lo, sente-se a sensação de areia na boca. Pode-se evitada substituindo parte do açúcar por xarope de glicose ou por açúcar invertido Sinerese/Amolecimento do produto Ocorre nos doces em tabletes e se deve principalmente, à estocagem em ambientes úmidos e quentes. A sinerese é verificada nos doces, pouco depois de preparados, ficam untuosos ao tato, e, com o tempo, eliminam superficialmente um líquido xaroposo, pardacento, dando ao produto mau aspecto, sendo prenúncio de alterações de caráter biológico. Ocorre quando o grau de acidez da fruta é muito elevado ou a porcentagem de açúcar é pouca em relação à pectina e à acidez desta. Cálculo do Rendimento O rendimento dos doces pode ser calculado em relação a quantidade de polpa pela Equação %R = (Pf x100)/Pi Onde %R = porcentagem de rendimento do doce Pi = massa inicial da polpa (Kg); Pf = massa do doce após o processamento (kg) O que você aprendeu hoje? você acredita que está fazendo progresso? 20/06/2018 5 Na elaboração de geleias, geleiada e doce em massa, a geleificação ocorre devido à presença de água, açúcar, ácido e pectina em condições específicas. Considerando o processo de geleificação, A) a utilização da fruta madura é mais indicada devido ao seu elevado teor de pectina. B) a concentração ótima de açúcar é de 78%. C) a adição de acidulantes objetiva evitar a deterioração microbiana. D) a acidez ideal para formar o gel ocorre em torno do pH = 3.
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