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ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Elemento essencial da Empresa CONCEITO – Art. 1142, CC • Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. Conceito doutrinário de estabelecimento • É o complexo de bens de natureza variada, materiais e imateriais, reunidos e organizados pelo empresário individual ou pela sociedade empresária, por serem necessários e úteis ao desenvolvimento e à exploração de sua atividade econômica. (Mª Helena Diniz, p. 714) • É o instrumento de atividade empresarial. ESTABELECIMENTO Objeto Unitário de direito e negócios jurídicos Patrimônio afetado à “empresa” Bens corpóreos Bens incorpóreos ELEMENTOS DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL A) BENS (elementos) CORPÓREOS (materiais): são os bens móveis e imóveis – veículos, computadores, produtos ou mercadorias, utensílios, balcões, etc… B) BENS (elementos) INCORPÓREOS (imateriais): - não possuem existência tangível e são relativos aos direitos que o empresário tem sobre as coisas – localização do imóvel (ponto comercial), nome empresarial, insígnia, fórmulas, marca, direitos autorais de obras literárias, etc…. ELEMENTOS INCORPÓREOS são compostos por: 1)ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO: - Nome empresarial: identifica o empresário no exercício da atividade econômica. É a designação com que o empresário efetua seu registro, exerce sua atividade econômica e assina seus documentos. Acessórios do nome empresarial: - TÍTULO DO ESTABELECIMENTO: designação pelo qual o local da situação da empresa é conhecido popularmente. EX: Malharia Tecidos Bom; Casas Bahia. - INSÍGNIA: sinal externo ou representação gráfica do estabelecimento que o individualiza (como logotipo, emblema, letra, desenho). EX: McDonald’s EXPRESSÃO OU SINAL DE PROPAGANDA: legenda, anúncio, palavra, reclame, jingle…que revela a qualidade do produto ou serviço e serve como atrativo de clientela, por lembra-la da marca da empresa. EX: “de mulher pra mulher…Marisa” Casas Bahia – vem ser feliz!! 2) Ponto comercial: é o local em que o empresário fixa seu estabelecimento, desenvolve sua atividade. É o lugar físico em que se encontra situado o estabelecimento. Trata-se de elemento incorpóreo do estabelecimento, o qual é protegido juridicamente por ser dotado de valor econômico. Sendo o local onde o empresário desempenha seu mister, o ponto comercial pode ou não ser economicamente importante, tendo maior ou menor vulto. Independentemente de sua mensuração econômica, terá sempre a proteção da lei. NATUREZA JURÍDICA: O estabelecimento empresarial não pode ser confundido com a sociedade empresária (sujeito de direito), nem com a empresa (atividade econômica). Não é sujeito de direitos; É uma coisa (pois não possui personalidade jurídica); e Integra o patrimônio da sociedade empresária AVIAMENTO e CLIENTELA O aviamento, é a capacidade que uma empresa tem para gerar lucros e atrair a clientela, por não ser considerado bem, não faz parte do estabelecimento empresarial, não sendo elemento deste. É ele, uma característica ou um atributo do estabelecimento, todavia, não o integra. A clientela também não é elemento integrante do estabelecimento empresarial. É que o empresário não pode ser considerado proprietário de seus clientes, não tendo o empreendedor mecanismos que vinculem os clientes ao seu estabelecimento e, tampouco, poderá a clientela ser considerada uma “coisa” para ser de propriedade de alguém. FUNDO DE EMPRESA (antes: Fundo de Comércio) Há bens materiais e imateriais que unidos aos atributos do estabelecimento, somam valor ao estabelecimento, esse valor agregado ao complexo de bens É O FUNDO DE COMÉRCIO ou DE EMPRESA. ESTABELECIMENTO PRINCIPAL e ESTABELECIMENTO SECUNDÁRIO ESTABELECIMENTO PRINCIPAL: OU MATRIZ. É A SEDE DA ADMINISTRAÇÃO, detentora do comando dos negócios empresariais e centro das decisões, das ordens, das instruções e da elaboração da contabilidade, se esta não for terceirizada, e do arquivo dos livros comerciais (obrigatórios e fiscais) – Mª Helena Diniz Quando o domicílio do empresário não estiver determinado pelo ato constitutivo, será o do estabelecimento onde as atividades empresariais estão centralizadas. Determina o foro competente para ações judiciais. ESTABELECIMENTOS EMPRESARIAIS SECUNDÁRIOS: SÃO: 1) A SUCURSAL: estabelecimento subordinado ao principal, cujo gerente, apesar de gozar de certa autonomia e organização própria, deverá seguir orientação da matriz sobre negócios mais importantes; 2) A FILIAL: estabelecimento ligado à matriz, da qual depende, com poder de representa-la, sob a direção de um preposto que exerce atividade econômica dentro das instruções dadas, por não ter autonomia; 3) A AGÊNCIA: estabelecimento que representa o principal com a finalidade de efetivar negócios empresariais em outra praça. Comércio eletrônico (Internet) 1. Conceito - Atos de circulação de bens, prestação ou intermediação de serviços em que as tratativas se fazer por transmissão e recebimento de dados por via eletrônica. 2. Tipos de estabelecimentos empresariais • B2B (business to business) = os compradores também são empresários, e se destinam a negociar insumos; • B2C (business to consumer) = os compradores são consumidores (destinatário final); • C2C (consumer to consumer) = os negócios são realizados entre consumidores, cumprindo o empresário titular do site apenas funções de intermediação. Ex: leilões virtuais. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Art. 1.143, CC - Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. O complexo organizado de bens utilizado pelo empresário não é algo estático, é dinâmico, modificando-se constantemente de acordo com o desenvolvimento da atividade econômica (circulação das mercadorias, reforma do imóvel, aquisição e venda de maquinários e veículos). Segundo Marcelo Andrade Féres, o estabelecimento nunca está pronto e acabado, ele está sempre em evolução (2007, p.22). Alienação do Estabelecimento Empresarial - O estabelecimento empresarial pode ser vendido pelo empresário que o titulariza. - O contrato de compra e venda de estabelecimento denomina-se trespasse. TRESPASSE é o negócio jurídico pelo qual o empresário individual ou coletivo vende todo o seu estabelecimento a terceiro, que pagará o preço estipulado. TEORIAS: 1) TEORIA DA UNIVERSALIDADE DE FATO 2) TEORIA DA UNIVERSALIDADE DE DIREITO ESTABELECIMENTO Objeto Unitário de direito e negócios jurídicos Patrimônio afetado à “empresa” Bens corpóreos Bens incorpóreos Universalidade de fato TRESPASSE e SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS EFEITOS: SOMENTE produzirá efeitos em relação a terceiros DEPOIS de sua AVERBAÇÃO (na inscrição do empresário ou da sociedade empresária) no Registro Público de Empresas Mercantis e de sua publicação na imprensa oficial. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária,no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Com o trespasse, o estabelecimento passa a integrar o patrimônio do adquirente. No TRESPASSE do estabelecimento incluir-se-ão: O TÍTULO DO ESTABELECIMENTO, mas NÃO O NOME EMPRESARIAL; TODOS os elementos corpóreos e incorpóreos integrantes E OS SERVIÇOS; O OBJETO DA VENDA é o complexo de bens envolvidos com a exploração de uma atividade empresarial. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. (gera falência) A negociação do estabelecimento não poderá causar dano a terceiros (credores do titular do estabelecimento). Se não houver bens suficientes para cobrir seu passivo só poderá alienar o seu estabelecimento se: A) pagar todos os credores, ou B) obter o consentimento unânime, expresso ou tácito, de seus credores, dentro do prazo de 30 dias, contado da notificação que lhes fez sobre a venda. (podem se opor se o preço contratado for insuficiente para cobrir as dívidas sociais) CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS (são 3): A) SUCESSÃO DO ADQUIRENTE na responsabilidade pelas dívidas de qualquer natureza DESDE que contabilizados. Responderá inclusive com seus bens pessoais e não somente com os bens integrantes do estabelecimento adquirido. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Porém, o alienante (vendedor) CONTINUARÁ (solidariamente) RESPONSÁVEL PELO PRAZO DE 1 ANO, contado DA PUBLICAÇÃO OFICIAL do contrato de transferência, quanto aos CRÉDITOS VENCIDOS; Quanto AOS DEMAIS CRÉDITOS, também continuará responsável por 1 ano, porém, A CONTAR DA DATA DO VENCIMENTO DO CRÉDITO. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. APÓS O PRAZO DE 1 ANO, o adquirente passará a ser o único responsável pelo pagamento dos débitos anteriores ao trespasse. As dívidas adquiridas DEPOIS da publicação do contrato, obriga o ADQUIRENTE. QUANTO AOS CRÉDITOS TRABALHISTAS, serão de responsabilidade do ADQUIRENTE (art. 10, CLT) QUANTO AOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS, haverá a responsabilidade tributária por sucessão, se continuar na sua exploração. B) SUB-ROGAÇÃO PESSOAL DO ADQUIRENTE nos contratos de exploração do estabelecimento (ASSUME), SE NÃO TIVEREM CARÁTER PESSOAL (prestação de serviços, compra e venda de mercadoria, contrato de mão de obra, etc) Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Se HOUVER CARÁTER PESSOAL ( intuito personae), NÃO HAVERÁ SUB-ROGAÇÃO ( EX: prestação de serviços artísticos, técnicos) E o CONTRATO DE LOCAÇÃO do ponto? É o contrato de locação de caráter pessoal? Para a venda do ponto comercial, necessária se faz a transferência do contrato de locação para o novo adquirente. Essa exigência está contida no artigo 13 da Lei do Inquilinato (L. 8245/91): “Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador. § 2º: Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de 30 dias para manifestar formalmente a sua oposição.” Enunciado 234 do Conselho da Justiça Federal (CJF)” 234 – Art. 1.148: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. Fica cancelado o Enunciado 64.” c) RESCISÃO DE CONTRATOS ANTERIORES à transferência do estabelecimento empresarial por terceiros: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. PROIBIÇÃO DE CONCORRÊNCIA e de RESTABELECIMENTO Trata-se de CONCORRÊNCIA DESLEAL, vedada pelo Código Civil: Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. O alienante assume OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO CONCORRER COMO O ADQUIRENTE, durante 5 anos, assim como NÃO PODERÁ RESTABELECER-SE (para não concorrer, pois em regra, sua clientela o procurará em novo local) Da mesma forma quanto aos contratos de arrendamento ou usufruto. A impossibilidade de o alienante fazer concorrência ao adquirente durante cinco anos, contados da transferência, é presumida (art. 1.147 do NCC). Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos 5 (cinco) anos subsequentes à transferência. Ação Renovatória e a Proteção do Ponto Comercial Acerca do ponto comercial, é sabido se tratar do local do qual está estabelecido o comerciante que cotidianamente realiza a sua prática comercial. Para a legislação brasileira, trata-se o ponto comercial de direito incorpóreo integrante do estabelecimento comercial, onde o empresário exerce a sua atividade de forma a fidelizar seus clientes em espaço do qual, ao decorrer do tempo, adquire apreciação econômica, sendo digno, portanto, de amparo do direito empresarial. Para que o locatário (empresário) prorrogue o contrato de locação que está em vigência, no intuito de resguardar o seu direito de proteção sobre o ponto comercial, é necessário que ajuíze a denominada Ação Renovatória perante o locador (Lei nº 8.245/91). Requisitos, essenciais e cumulativos, previstos nos incisos I, II e III do art. 51 da Lei nº 8.245/91: 1) O locatário deve ser empresário e explorar o seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de 03 (três) anos; 2) O contrato deve ser escrito e possuir prazo determinado, não sendo admitida a modalidade verbal; 3) O prazo do contrato a ser renovado deve ser de no mínimo, 05 (cinco) anos. Quanto ao último requisito (prazo), atenta-se: Encerrado o prazo estipulado no contrato, se o locatário – empresário permanecer no imóvel por mais de 30 (trinta) dias sem qualquer oposição do locador, o contrato de locação anteriormente firmado,fica automaticamente prorrogado por prazo indeterminado, perdendo, desta forma, o direito a pleitear em juízo o locatário, a proteção do ponto comercial, hipótese da qual o locador poderá notificá-lo por escrito a fim de que desocupe o imóvel no prazo de 30 (trinta) dias, podendo, logo em seguida, pedir o seu despejo, sem a necessidade de justificar o motivo, não sendo devido ao empresário também, qualquer ressarcimento a título de perdas e danos.
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