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HEMOGRAMA O hemograma completo é dividido em 3 grandes partes: eritrograma, leucograma e plaquetrograma. Existe uma grande discussão na medicina veterinária para tirar a proteína total do eritrograma e coloca-la no exame bioquímico, pois quando se faz a interpretação da PT Plasma além dela não fazer parte do eritrograma para ela ser interpretada de maneira adequada precisa de suas frações (Albumina + Globulina) Sangue Total – o sangue total é composto por todos os elementos abaixo: § Elementos celulares; § Hemácias; § Leucócitos; § Plaquetas; § Plasma; § Gases; Hematopoiese Formação e maturação das células do sangue. Quando o indivíduo está na idade fetal as células do sangue são produzidas no baço e no fígado, nos órgãos linfoides de maneira geral. Na idade pós natal a hematopoiese ocorre na medula óssea (vermelha). Locais: Medula Óssea Vermelha – ativa Amarela – gordura (adipócitos) Nos jovens ocorre em todos os ossos e nos adultos e idosos ocorre nos ossos chatos e epífise de ossos longos. Em casos de anemias muito graves os órgãos linfoides voltam a produzir células hematopoiéticas para tentar corrigir o quadro, isso é possível graças a memória fetal. Célula Tronco – Stem Cell É uma célula pluripotencial pois tem capacidade de dar origem a qualquer célula do sangue. A célula tronco dá origem as hemácias, aos leucócitos (granulócitos e não granulócitos)* e megacariócito (é uma célula muito grande que fragmenta seu citoplasma dando origem as plaquetas – trombócitos) *Granulócitos – neutrófilo, basófilo e eosinófilo Não granulócitos – linfócitos e monócitos O que estimula a produção de hemácia? Uma anemia estimula a produção de hemácias, a hipóxia causada pela anemia vai nos barorreceptores do rim e ativa a eritropoietina (tanto no fígado quanto no rim) que vai até a célula tronco fazendo com que aumente a sua produção. O exame começa a partir da coleta, e muitas alterações podem acontecer devido a erros nessa fase do exame. O resultado do exame é proporcional a qualidade da amostra enviada. Uma amostra mal coletada, mal armazenada pode comprometer muito o resultado final do hemograma. Uma coleta bem feita deve ser feita de maneira rápida, sem deixar o garrote muito estasiando o vaso. A partir do momento que faz uma estase ocorre diminuição do fluxo, acumula líquido que dilui a amostra. O hemograma deve ser coletado no tubo com a tampinha roxa, ou seja, o tubo que contém o anticoagulante EDTA. É importante respeitar o volume indicado no tubo para que ocorra a menor alteração possível. Não pode fazer hemograma com tubo que contem heparina porque a morfologia da célula sofre muita alteração. O EDTA não deixa o sangue coagular porque tira (quela) o cálcio, impedindo que ocorra a cascata de coagulação e consequentemente o sangue não coagula. O correto é tirar a agulha as seringa, abrir a tampinha do frasco e escorrer o sangue na parede do frasco. Não depositar no frasco pela agulha para que a hemácia sofra o menor stress possível e não ocorra hemólise. O tubo deve ser homogeneizado em movimento de rolamento (15-20 vezes) para que pegue todo o EDTA que está no frasco. O esfregaço ideal é o que tem borda e cauda. Armazenamento Amostra § Se vai demorar mais do que 8 horas para processar deixar a amostra em temperatura de geladeira (2 – 8°C); § Se coletado de manhã e processado a noite o ideal é manter o tubo com o esfregaço já pronto; § Até 6 horas não precisa fazer nada; § Mais de 36 horas a amostra deve ser descartada. Hematócrito VG – Volume Globular = Hematócrito Para fazer o hematócrito usa um tubo capilar que será preenchido com sangue e um dos lados vedados por sangue. Após colocar na centrífuga por 5 minutos e teremos o plasma e a parte vermelha do sangue. Para dosar o PT Plasma usa o refratômetro. Para contagem manual de hemácias, plaquetas e hemoglobina pode utilizar a câmara de Neubauer. Diferença entre plasma e soro – um coagulou e o outro não. O soro é extraído do tubo seco e o plasma é extraído do tubo com anticoagulante. A proteína total do plasma é maior do que a proteína total do soro e isso ocorre porque o soro consome fibrinogênio para formar coágulo. O plasma é a parte líquida do sangue que não coagulou, então lá terá bastante fibrinogênio e fatores de coagulação; consequentemente a proteína total do soro é menor porque consumiu fatores de coagulação (principalmente fibrinogênio) para formar coágulo. As hemácias devem ser contadas e a hemoglobina também deve ser dosada no eritrograma. ANEMIA A anemia é a diminuição dos eritrócitos e não é um diagnostico, trata-se de uma manifestação clínica. Toda vez que tiver um diagnóstico de anemia precisa descobrir qual a causa. Na veterinária as anemias ferroprivas são muito raras e suplementar o animal com ferro é um erro muito comum no nosso meio. A anemia é classificada através da morfologia e para isso usamos os índices hematimétricos. Numa doença infecciosa/inflamatória aumenta o número de neutrófilos, eles produzem lactoferrina, ela segura (quela) o ferro; como a bactéria usa o ferro para se multiplicar isso ajuda. Cuidado ao suplementar com ferro! Isso diminui a ligação da eritropoietina na célula protenitora para estimular produção de hemácia, por isso inflamação/infecção pode causar anemia. Plasma Leucocócitos e Plaquetas Hemácias Sangue Centrifugado Plasma Células Brancas e Plaquetas Glóbulos Vermelhos DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS VCM – tamanho das hemácias Volume Corpuscular Médio VCM = Ht x 10 He HCM – cor das hemácias Concentração de hemoglobina média HCM = Hb x 10 He CHCM – mesma coisa do HCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média CHCM = Hb x 100 He Alguns laboratórios não usam mais HCM porque quando se calcula a fórmula é hemoglobina x 10 / pelo número de hemácias, entre a dosagem de hemoglobina, do hematócrito e do número de hemácias o que da maior erro é a contagem de hemácias. Se tiver uma alteração onde o valor de HCM estiver diferente de CHCM deverá sempre considerar o valor de CHCM. A anemia é classificada da seguinte maneira: Índice Valor Classificação VCM Alto Normal Baixo Macrocítica Normocítica Microcítica HCM Alto Normal Baixo Hipercrômica Normocrômica Hipocrômica CHCM Alto Normal Baixo Hipercrômica Normocrômica Hipocrômica VCM HCM – CHCM Etiologia Macrocítica Normocrômica Deficiência de cobalto, Vitamina B12, ácido fólico. Hipocrômica Hemólise, hemorragia. Normocítica Normocrômica Processos inflamatórios crônicos, hemólise, hemorragia recente. Hipocrômica Neoplasias medulares ou metastáticas, deficiência de ferro (fase inicial) Microcítica Normocrômica Deficiência de ferro (fase intermediária) Hipocrômica Deficiência de ferro (fase tardia) – hemorragia crônica A hipercromicidade não existe fisiologicamente porque uma hemácia consegue colocar dentro dela no máximo 300.000.000 de moléculas de hemoglobina. Quando aparece hipercrômica no exame é porque a hemoglobina que está livre (fora da hemácia) é calculada como se estivesse dentro dela. Quando vemos hipercromicidade pode ser por hemólise na coleta ou por um quadro de anemia hemolítica Também existe a classificação quanto a regeneração: Anemia Regenerativa ou Arregenerativa. ANEMIA REGENERATIVA OU ARREGENERATIVA CONTAGEM DE RETICULÓCITOS Número Total de Reticulócitos Para fazer contagem de reticulócitos precisa corar o agregado de de RNA com azul de metileno ou azulde cresil brilhante Em gatos há 2 tipos de reticulócitos: Agregados e Pontilhados a diferença é que o agregado saiu há 3 dias e o pontilhado há 15 dias atrás. Contagem Corrigida de Reticulócitos (CCR): CCR = Resultado: > 1,0% Anemia regenerativa > 2,5% Boa regeneração > 0,4% de reticulócitos agregados em gatos consideramos anemia regenerativa Mais confiável % de reticulócitos observados x número de hemácias Exemplificando: Um cão macho de 8 anos chegou no hospital com hematócrito de 10% e contagem relativa de reticulócitos 10% e valor de 3.000.000 de hemácias/ul. Contagem Relativa: 10% de reticulócitos = 0,1 10% = 0,1 à Contagem Absoluta: 0,1 X 3.000.000 = 300.000 ul Neste caso consideramos uma anemia regenerativa moderada. Agora vamos calcular o CCR deste mesmo animal: àCCR: 10 x 10 (neste caso usa o valor de reticulócitos relativos em percentual) % 45 Grau de Regeneração Cão Gato (Agregados) Gato (Pontilhados) Nenhum 60.000 ul <15.000 ul <200.000 ul Leve 150.000 ul 50.000 ul 500.000 ul Moderado 300.000 ul 100.000 ul 1.000.000 ul Marcante >500.000 ul >200.000 ul 1.500.000 ul Contagem Absoluta = % de Reticulócitos Observados X Número de Hemácias CCR= 2,2 % que significa uma anemia regenerativa. O mais recomendável e confiável é utilizar a conta de Contagem Absoluta de reticulócitos (% relativos x número de hemácias) CAUSAS E DIAGNÓSTICO DA ANEMIA REGENERATIVA CAUSAS E DIAGNÓSTICO DA ANEMIA ARREGENERATIVA ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E TINTORIAIS As alterações morfológicas são bastante comuns, são visíveis nos esfregaços sanguíneos e estão frequentemente presentes nas anemias. A morfologia das células vermelhas auxiia no diagnóstico de doenças. Policromasia Células com esta característica apresentam-se levemente azuladas ou acinzentadas nas colorações de Wright ou Giemsa e são chamadas de policromatófilos. Os policromatófilos são eritrócitos jovens, maiores do que os maduros, que já eliminaram o núcleo, mas ainda apresentam basofilia pela presença de RNA (tem mais RNA do que as outras), por isso esta alteração indica resposta ativa da medula óssea, ou seja, ocorre nas anemias regenerativas. Estas células também são chamadas de reticulócitos, quando se utiliza corantes supravitais (azul de cresil brilhante ou novo azul de metileno). Algumas espécies apresentam a policromatofília como alteração normal e frequente, principalmente cães e gatos, sendo necessária a contagem destas células para caracterizar ou não uma anemia como regenerativa; enquanto no caso de equinos, a observação desta alteração é ausente e em bovinos só ocorre em situações críticas como uma hemorragia grave. Nas anemias regenerativas, além da observação de policromatofilia também ocorre a observação de eritrócito jovens, nucleados, que devem ser citados no eritrograma entre as alterações notáveis. Atualmente, os autores têm preferido o termo eritroblastose para a presença destes precursores eritróides ao invés de citá-los um a um. Hipocromia e Microcitose Quando os eritrócitos possuem menos hemoglobina do que o esperado, eles se apresentam mais pálidos nos esfregaços sanguíneos, assim são chamados de hipocrômicos e a alteração, hipocromia. Em consequência à falta de hemoglobina, o eritrócito fica menor do que o normal da espécie, sendo chamado de micrócito e a alteração de microcitose. As anemias de características microcíticas hipocrômicas quase sempre são do tipo ferropriva. Anisocitose Este termo se refere à presença de eritrócitos de tamanhos diferentes, o que acontece nas anemias regenerativas quando há células de tamanho normal, policromatófilos, e também micrócitos nas anemias ferroprivas. Rouleaux e Hemoaglutinação Rouleaux em francês significa “pilha de moeda”, é quando uma hemácia fica sobre a outra. O rouleaux e a hemoaglutinação não são alterações individuais e sim de grupos de eritrócitos, pois se referem à disposição destes nos esfregaço sanguíneo quando aparecem formando cadeias ou pilhas de células no rouleaux ou agrupamentos desorganizados na hemoaglutinação. Eles ocorrem quando a proteína plasmática total (PPT) está aumentada, tanto em processos inflamatórios, neoplásicos, infecções e até na gestação. O rouleaux acelera a velocidade de hemossedimentação, que mede a capacidade dos eritrócitos se sedimentarem em um tubo de vidro durante determinado tempo; em humanos este parâmetro é bastante utilizado como indicador inespecífico de doenças, porém em animais sua utilização ainda é limitada. Em equinos, o rouleaux não é uma alteração e sim um achado normal, já a hemoaglutinação não é normal em nenhuma espécie; nos outros animais além de serem apontadas como alterações também podem ser classificadas de acordo com sua intensidade, em discreta, moderada e intensa, porém alguns autores consideram esta classificação um tanto subjetiva. A hemoaglutinação (ou autoaglutinaçao) ocorre quando tem ligação das hemácias pela presença de anticorpos que se ligam na parede dessas hemácias fazendo uma cadeia (uma hemácia ligada a outra) Pra diferenciar uma da outra Pegando uma gota de sangue e misturando com uma gota de solução fisiológica. Uma vez que rouleaux acontece pela hiperproteinemia, se após o procedimento acima, homogeneizar, colocar na lâmina e lamínula e as hemácias se separarem estamos diante de um rouleaux se não é autoaglutinação. Esse animal tem uma hiperproteinemia sendo que a proteína que estará em maior quantidade na circulação é a albumina que tem uma carga elétrica negativa. Quando tem aumento de proteína e por consequência aumento da proteína total (PT) a albumina e a hemácia tem carga elétrica negativa. Se concentro uma grande quantidade de proteínas, elas vão grudar nas hemácias pela diferença de carga. Por isso que quando tem uma hiperproteinemia tem formação de Rouleaux. Poiquilocitose Quando no esfregaco sanguíneo estão presentes hemácias de formatos diferentes ou irregulares chamamos de poiquilocitose ou pecilocitose. Na verdade, o termo poiquilocitose é abrangente para diversas alterações de forma dos eritrócitos, como será visto a seguir. Hemácias em Alvo Estes são eritrócitos nos quais houve concentração da hemoglobina na região central da célula, fazendo com que esta reproduza a forma de um alvo. Estas células são também chamadas de leptócitos, codócitos ou target cells, do termo target que quer dizer alvo em inglês. As hemácias em alvo são associadas à talassemia, estados homozigotos de disfunção da hemoglobina, situação não hemolíticas como icterícia obstrutiva, após esplenectomia, e em doenças hepáticas ou esplênicas crônicas. Alguns autores acreditam que estas células possuem excesso de membrana celular em relação à quantidade de hemoglobina em seu interior. Excentrócitos Excentrócitos são eritrócitos que apresentam a hemoglobina concentrada em um de seus polos, apresentando o outro polo pálido após a coloração. Esta alteração de deve a oxidação da membrana celular do eritrócito. Esferócitos Esferócitos são eritrócitos de forma esférica, que tem essa forma porque sofreram uma deformação de sua membrana citoplasmática devido a ação de anticorpos anti- eritrócitos. Os anticorpos anti-eritrócitos são produzidos na anemia hemolítica imunomediada (AHIM) em seres humanos e cães, anemias hemolíticas causadas por drogas, anemia hemolítica do neonato e nos seres humanos, há também a esferocitose hereditária. No esfregaço além da forma esférica, os esferócitos são menores do que as células normais, coram-se intensamente e não apresentam a área de palidez central. Hemácias-Fantasma As hemácias-fantasma ocorrem por processos de hemólise intravascular e também estão presentes nas anemias imunomediadas,como a AHIM, processos de intoxicação ou injúria aos eritrócitos. Nas lâminas aparecem como eritrócitos muito pálidos, como se fosse apenas uma sombra da célula. Acantócitos ou Burr Cells Os acantócitos são eritrócitos de forma irregular, que podem ser vistos na forma de estrela. O termo burr vem do inglês que quer dizer serra circular e também denota a forma da membrana citoplasmática destas hemácias, que não deve ser confundida com artefatos de técnica. Os acantócitos estão presentes em doenças renais e esplênicas, hemangiossarcomas e, às vezes, na cirrose. Crenação A crenação é considerada a alteração morfológica mais comum dos eritrócitos, no entanto, na maioria das vezes não se trata de uma alteração patológica e sim um artefato de técnica, geralmente causado pelo anticoagulante, o EDTA. A crenação artificial não deve ser confundida com poiquilocitose, e uma das formas de diferenciá- la da crenação real é sua presença maciça nos eritrócitos, enquanto a crenação real ou qualquer outra manifestação de poiquilocitose atinge parcialmente as hemácias. Eritrócitos realmente crenados também são chamados de equinócitos e devem-se a distúrbios metabólicos. Eliptócitos Eliptócitos ou ovalócitos são eritrócitos de formato oval com ou sem área central de palidez, que quando está presente também é oval. Seu significado parece estar relacionado a herança genética que compromete o citoesqueleto das hemácias. Estomatócitos Estomatócitos são eritrócitos que apresentam a área central de palidez com o formato de fenda e não arredondada, algumas vezes comparados ao formato de uma boca humana. Estas células ocorrem por defeito na membrana e geralmente estão presentes nas anemias hemolíticas. Esquistócitos Os esquistócitos são hemácias deformadas ou apenas fragmentos destas, que aparecem sob formas diversas. Os esquistócitos são resultado de defeito na produção das hemácias ou destruição acelerada destas, podendo estar presente em processos de vasculite, CID, doenças renais ou esplênicas crônicas e também nas anemias ferroprivas. São hemácias realmente esquisitas, na tentativa de correção o organismo faz taquicardia e taquipneia, as hemácias andam mais rápido que os vasos, consequentemente bate na parede do vaso estourando e se fragmentando, ficando num formato esquisito. Queratócitos Os queratócitos são hemácias que apresentam duas protrusões citoplasmáticas que se assemelham a cornos. Em alguns casos, além das projeções, o citoplasma forma uma espécie de arco entre elas; nestes casos, as hemácias são chamadas de vesiculadas. Dacriócitos Dacriócitos são eritrócitos em forma de lágrima ou pera e estão geralmente ligados a problemas na medula óssea ou talassemia. Inclusões Intra-Eritrocitárias Os eritrócitos podem apresentar inclusões ou corpúsculos em seu citoplasma que apresentam diferentes formas e significados. As principais inclusões intracitoplasmáticas em eritrócitos são: - Corpúsculos de Howell-Jolly: são pontos que se coram fortemente, apresentando a cor roxa ou quase preta e geralmente estão na periferia das células. Esses corpúsculos são formados por resquícios de núcleo no citoplasma, por isso denotam a liberação de células jovens na circulação e estão presentes nas anemias regenerativas. Geralmente o baço acaba recolhendo estas células da corrente sanguínea. Resto de núcleo, defeito de maturação que indica regeneração, uma tentativa de produção da medula óssea - Corpúsculos de Heinz: estes corpúsculos são formados a partir da oxidação da hemoglobina que é vista na forma de projeções pálidas ou refratárias à coloração na periferia dos eritrócitos. Eles surgem após o animal ter recebido algum tipo de sustância oxidante (anemias hemolíticas tóxicas); também podem aparecer em gatos com enteropatias graves causadas por agentes tóxicos e na hemoglobinúria pós-parto das vacas. - Ponteado basófilo: trata-se da precipitação do RNA citoplasmático formando pontos azuis ao longo da hemácia. Seu significado é o mesmo da policromatofilia, pois indica a presença de um eritrócito jovem. No entanto, um ponteado grosseiro, sem que o animal apresente anemia ou esta seja muito discreta, indica intoxicação por chumbo, chamada saturnismo, mais frequente em cães e seres humanos. - Inclusões virais: as inclusões virais geralmente aparecem róseas ou azuladas e são de tamanho variável. Além dos eritrócitos, os leucócitos também podem apresentar estas inclusões. No caso da cinomose, as inclusões são chamadas corpúsculos de Sinegaglia- Lentz. Artefatos Além da crenação produzida por artefatos conforme citado anteriormente, outras alterações podem ser vistas nos eritrócitos e confundidas com alterações morfológicas verdadeiras. Entre estas alterações ocorrem pontos refratários na superfície das hemácias, provavelmente devido à presença de ar saindo das células ou por colorações fixadas enquanto o esfregaço sanguíneo ainda está úmido (resíduos de água). Outros artefatos que ocorrem são a presença de precipitados de corante tanto sobre as hemácias como em torno destas, que não devem ser confundidos com hemoparasitos ou inclusões citoplasmáticas. Praticamente todos os artefatos são evitados com a realização adequada das técnicas de coloração. Em resumo: Acantócito Quando a hemácia tem projeções digitiformes. Acontece em alterações hepáticas e esplênicas Equinócito Ocorre normalmente pela demora em secar o esfregaço. Esquisócito Normalmente numa anemia muito grave aumenta o fluxo sanguíneo, a hemácia bate com força na parede do vaso e se fragmenta, ficando esquisita. Corpúsculo de Heinz Quando a hemácia sofre oxidação na hemoglobina, parte dela vira uma pedra. Pode acontecer em animal que come cebola. Excentrócito Parte da membrana da hemácia é colabada. Ocorre por efeito tóxico. Ex.: DRC Esferócito A hemácia vira uma bola muito pequena. 95% das vezes em que vejo um esferócito estamos diante de um caso de AHIM. Akitas têm esferocitose genética. Hemácia em Alvo Está faltando hemoglomina, ocorre por deficiência de ferro. POLICITEMIA É uma condição caracterizada por um aumento exagerado na quantidade de glóbulos vermelhos no sangue. Também conhecida por Eritrocitose. Policitemia Absoluta 1ª – Primária aumento da produção eritropoietina normal com aumente crescente • Policitemia Vera – síndrome mielodisplásica, semelhante a uma neoplasia que produz uma grande quantidade de hemácias. Ocorre aumento gradativo do hematócrito Tratamento: Quimioterapia Hidroxiureia - Ataque 1x / semana 30mg/Kg - Manuteção 10mg/Kg 2ª – Secundária ou tem alguma hipóxia ou alguma neoplasia que leva ao aumenta da produção de eritropoietina. • Hipóxia aumentando a produção de eritropoietina • Reduzida atmosfera de oxigênio • Hipóxia pulmonar • Doença cardiovascular • Reduzido transporte de oxigênio pela hemoglobina ou • Aumento autônomo da produção de eritropoietina • Doenças renais não neoplásicas (cistos, hidronefroses) • Doenças neoplásicas (tumores renais, hepatoma) Policitemia Relativa É a causa mais comum. Nesses casos há aumento dos valores, mas não aumento da produção. Exemplos: 1- Desidratação Ingestão inadequada, perda excessiva, diarreia, vômito, PUPD, exercícios 2- Contração Esplênica principalmente em grandes animais Em Resumo: Causa mais comum da Policitemia Relativa: desidratação e contração esplênica Descartei Relativa, estamos diante de uma Policitemia Absoluta (que é subdivida em primária e secundária). A primária tem aumento crescente do hematócrito e eritropoietina no valor normal, trata-se de uma síndrome mieloproliferativa ou a secundária que está relacionada a hipóxia. Se não tiver hipóxia fazer US de rins e fígado para procurar neoplasiaque possa estar aumentando a eritropoietina Caso Clínico: Caso 1 - Cão, macho, Cocker, 4 anos, proprietário informa que o cão está quieto há três dias, urina de coloração “forte”. O veterinário tratou para infecção do trato urinário mas não houve melhora. Exame Físico: Mucosas pálidas e ligeiramente ictéricas, hepato e esplenomegalias e desidratação discreta. Hemograma Valor Referência Hemácias 2,38 5,0 – 8,0 x 106 /µl Hemoglobina 6,4 12,0 – 18,0 g/dL Hematócrito 20 35 – 54 (%) VCM 84,03 60,0 – 77,0 HCM 26,89 22,0 – 27,0 CHCM 32,00 31,0 – 36,0 PT (Plasma) 8,5 5,5 – 7,7 g/dL Plaquetas 230.000 200 – 500 x 103/mm3 Eritroblasto 20 /100 leuc Observações: No frasco com EDTA presença de aglomerados eritrocitários na parede do tubo. Plasma ictérico + e hemolisado +. Intensa anisocitose por macrocitose e microcitose e policromasia*. Intensa presença de corpúsculos de Howell-Jolly. Poiquilocitose moderada apresentando estruturas compatíveis com esferócitos e esquisócitos. Plaquetas normais em quantidade e morfologia. Resposta: Animal apresenta uma anemia macrocítica (VCM aumentado) normocrômica (VHCM normal). Próximo passo é classificar se a anemia é regenerativa ou arregenerativa através da contagem de reticulócitos. As observações do exame pode dar indícios de regeneração (macrocitose, corpúsculos de Howell-Jolly, eristroblasto) porém não serve para classificar se é regenerativa ou não. O diagnóstico muitas vezes está implícito nas observações. Diagnóstico: anemia hemolítica imunomediada e babesiose LEUCOGRAMA Sempre que pedimos um leucograma podemos ter a contagem total ou diferencial - Contagem total de leucócitos; - Contagem diferencial de leucócitos; Para fazer a contagem diferencial precisa identificar a morfologia destes leucócitos. São eles: ü Neutrófilo; ü Eosinófilo; ü Linfócito; ü Basófilo; ü Monócito; Granulócitos: leucócitos com granulo citoplasmático Neutrófilo – Citoplasma transparente ligeiramente róseo Eosinófilo – Granulos alaranjados/eosinofílicos Basófilos - grânulos basofílicos/azulados O mielócito é uma célula jovem de neutrófilo, eosinófilo e basófilo. Todos eles saem do mieloblasto (célula tronco) e depois vem o promielócito, depois vem o mielócito, depois o metamielócito, depois o bastonente e depois eu tenho a célula adulta. O escanolamento acima serve para qualquer um dos granulocitos, todos terão o mesmo ciclo evolutivo. Neutrófilo Responsável pela imunidade nata Função: fagocitose e morte de microrganismos Características: aderência, quimiotaxia, fagocitose, degranulação, atividade antimicrobiana. Neutrofilia: fisiológica, corticoide, inflamação, infecção, enfermidades, imunomediadas, leucemias. Neutropenia: infecção aguda (bacteriana ou viral), erliquiose, fármacos, radiação, etc Eosinófilo Função: processos alérgicos (degranulação de mastócitos, basófilos) Eosinofilia: parasitismo, alergia, doenças eosinofílicas específicas, lesão tecidual (pulmão, pele, útero) Eosinopenia: corticoide, inflamação aguda Basófilo Função: reação alérgica imediata Basofilia: dirofilariose, hipersensibilidade, parasitismo intestinal (associado a eosinofilia) Basopenia: sem significado, considerado normal. Monócitos Função: migrar para o tecido e transformar em macrófago. Fazer fagocitose, apresentar antígeno para linfócitos Monocitose: corticoide (cães), inflamação, necrose tecidual, infecções crônicas Monocitopenia: sem importância Linfócitos Função: humoral (linfócitos B), anticorpos Celular (TH1), ele mesmo mata Linfocitose: fisiológica, vacinal (recente), leucemia, infecções crônicas Linfopenia: corticoide, infecção viral aguda, processos inflamatórios agudos, fármacos e quimioterapia Leucocitose Fisiológica - Leucocitose; (não ultrapassa 2x valor normal – 32.000) - Neutrofilia; (aumento neutrófilos maduros) - Linfocitose; (devido a adrenalina) Ocorre liberação de adrenalina, marginalização e os leucócitos vão para a corrente sanguínea. 40 minutos – 1 hora após o pico da adrenalina o leucograma volta ao normal. Leucograma de Estresse - Leucocitose; (não ultrapassa 2x valor normal) - Neutrofilia; - Linfopenia; (na presença do cortisol os linfócitos ficam em órgãos linfoides) - Monocitose (cão); - Eosinopenia Ocorre de 6 a 8 horas após pico de cortisol Processo Inflamatório - Leucocitose - Neutrofilia • Agudo – bastonetes (desvio à esquerda) • Crônico – neutrófilo hipersegmentado (desvio à direita) Classificação Processo Inflamatório Agudo – desvio à esquerda Presença de bastonete (célula jovem de neutrófilo) – desvio à esquerda Regenerativo: quando o número de bastonete for menor do que o número de neutrófilos segmentados. Degenerativo: quando o número de bastonetes for maior do que o número de neutrófilos segmentados. Classificação Processo Inflamatório Crônico – desvio à direita Regenerativo número de neutrófilos bastonetes menor do que segmentados + leucocitose - processo inflamatório agudo. Degenerativo número de bastonetes maior do que segmentados + leucócitos normais ou leucopenia – processo inflamatório hiperagudo (vemos alterações morfológicas tóxicas) No processo inflamatório hiperagudo podemos observar leucopenia ou leucócitos normal + número de bastonetes > do que o número de segmentados. No processo inflamatório crônico observamos presença de neutrófilo hipersegmentado (+- 10 lobulações) Características do Processo Inflamatório Crônico Leucocitose (normalmente > 50.000) Neutrofilia (presença de neutrófilo hipersegmentados) Normalmente associado com linfocitose + monocitose + ausência OU rara presença de bastonete Exemplo: PI Agudo T 60.000 Bastonete 25.000 Segmentados 30.000 PI Crônico T 60.000 Bastonete 1000 Segmentados 50.000
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