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Universidade Federal do Rio de Janeiro Química Orgânica Experimental I Separação e Identificação de Sólidos Professora: Débora de Almeida Azevedo Aluna: Lorena Dalmaso de Castro Rio de Janeiro Junho / 2019 1) INTRODUÇÃO Existem diversas técnicas laboratoriais utilizadas para separação de dois ou mais compostos, bem como sua purificação e identificação. Tais métodos utilizam as características físico-químicas que diferem as espécies para atingir os objetivos desejados. Extração ácido-base, recristalização, ponto de fusão, teste de solubilidade e “Spot Tests” são alguns exemplos de estratégias que podem ser usadas para tal fim. 1.1) Extração ácido-base A extração ácido-base é uma técnica utilizada com fim de separar dois ou mais compostos de uma solução utilizando as propriedades de interações químicas que os componentes possuem. É utilizada quando se deseja separar uma solução composta por ácido-base, não podendo ser empregada quando se tem dois ácidos ou bases similares, pois os compostos devem possuir diferentes características de interação com os solventes utilizados. A técnica consiste em solubilizar os compostos em um solvente em que ambos as espécies sejam solúveis (mesmo que em quantidades diferentes). Depois, adiciona-se uma fase aquosa, que pode ter caráter ácido ou alcalino, e homogeneíza-se a solução. De acordo com a fase aquosa que foi adicionada, após a homogeneização, o composto com maior afinidade à nova fase migra do solvente orgânico para o solvente aquoso, formando uma nova solução heterogênea de duas fases distintas. Essas fases podem então, ser separadas posteriormente utilizando um funil de separação. Para melhor eficiência do processo de separação, recomenda-se que este processo seja repetido por, no mínimo, 3 vezes, maximizando a eficácia da separação. 1.2) Recristalização e Purificação A recristalização é uma técnica utilizada para purificar sólidos orgânicos. O método consiste em dissolver o sólido em um solvente ou numa mistura de solventes, da qual o soluto deve ser insolúvel a frio e solúvel a quente. Após a adição do solvente(s) escolhido mistura-se a solução, aquecendo-a até que todo o soluto esteja dissolvido no solvente, formando uma solução supersaturada, ou seja, uma situação instável, onde a solução contém uma quantidade de soluto dissolvido superior à máxima em determinada quantidade de solvente. Após este processo, para-se o aquecimento e coloca-se a solução em repouso para que a temperatura diminua gradativamente. À medida que a temperatura vai se igualando ao ambiente, o sólido inicialmente dissolvido começa a recristalizar e formar precipitado. Como cada espécie química possui temperatura de recristalização específica para cada solvente, o novo sólido precipitado possui pureza superior ao sólido inicial, é importante ressaltar que quanto mais suave for a queda de temperatura maior pureza terá o sólido, pois a recristalização do sólido ocorrerá lentamente, evitando que impurezas sejam carreadas para sua estrutura cristalina, bem como a prevenção da formação de cristais pequenos e mal definidos. Após equilíbrio térmico, o precipitado purificado pode ser recuperado através de um procedimento de filtração e secagem. É importante realizar a recristalização de uma amostra a qual se quer identificar pois impurezas que podem ser eliminadas nessa etapa ocasionariam um relevante erro nas análises de identificação, como é o caso do ponto de fusão. 1.3) Ponto de Fusão O ponto de fusão de uma substância pura é a temperatura, em uma pressão constante, em que a fase sólida e a fase líquida coexistem, ou seja, é a temperatura em que a primeira gota de líquido se forma em meio ao sólido, e será nesta temperatura que qualquer calor fornecido ao sistema irá auxiliar a romper a estrutura sólida, transformando-a em líquida. É importante saber que do momento que a substância atinge o ponto de fusão e começa a sua transição, até que toda substância esteja em estado líquido, a temperatura não se altera (somente se a substância realmente for pura) até o fim da mudança de estado. Este acréscimo de energia sem que haja aumento de temperatura é chamado de calor latente de fusão, enquanto a energia utilizada pelo sistema para elevar a temperatura é chamada de calor sensível. Além disso, o ponto de fusão é utilizado como um valioso critério de pureza. A presença de impurezas, mesmo em pequena quantidade na amostra, produz considerável aumento no intervalo de fusão (diferença entre a temperatura de início da fusão até que a substância torne-se completamente líquida), provocando o início ou o fim da fusão a uma temperatura diferente que a temperatura determinada para a substância pura. Figura 1: comparação do gráfico entre substâncias puras e misturas O ponto de fusão é impactado de acordo com o tipo de ligação existente entre os átomos da substância. Os compostos iônicos, em sua maioria, por apresentarem ligações mais fortes, em que seus átomos permanecem unidos por atração de cargas elétricas opostas entre seus pólos, possuem temperatura de fusão alta. Figura 2: Polaridade e ponto de fusão Tal técnica é de grande valia para o início do processo de identificação de um sólido, pois diminui o espaço amostral consideravelmente, de modo a restringir a busca em uma faixa menor, estabelecida através do ponto encontrado empiricamente e da faixa de trabalho definida. 1.4) Solubilidade Solubilidade é a capacidade natural que uma substância possui de se dissolver em um determinado solvente à certas condições de temperatura e pressão. Ou seja, a quantidade máxima de soluto que pode ser adicionado no solvente mantendo a homogeneidade e estabilidade do sistema, sem precipitado. É uma propriedade físico-química exclusiva de cada substância, portanto, cada espécie química tem solubilidade única para o mesmo solvente e condições de pressão e temperatura, ou seja, é uma característica que pode utilizada na identificação de compostos desconhecidos comparando-os com os dados obtidos previamente empiricamente. A solubilidade é uma grandeza quantitativa, portanto, também comparativa, ou seja, não existe composto completamente insolúvel em determinado solvente, apenas composto muito pouco solúvel. Tal solubilidade é quantificada utilizando o produto de solubilidade (Kps), que determina qual a quantidade máxima de soluto que pode ser adicionado a um volume fixo de solvente. Para ocorrer a dissolução, é necessário que as moléculas do analito interajam com as do solvente, ocorrendo assim, a dispersão do soluto uniformemente. Para que ocorra tal interação, ambas as substâncias precisam ter afinidade polar, em outras palavras, um soluto muito polar terá pouca afinidade e por consequência baixa solubilidade em um solvente muito apolar, tendo em vista que tal parâmetro deve ser comparativo, de modo que uma substância pode ser polar ou apolardependendo da substância em que está se usando como referência. 1.5) Spot Test “Spot Tests” são testes rápidos e precisos que identificam com facilidade a presença de certos grupos funcionais em amostras analisadas, esses testes são muito confiáveis e são utilizados em muitos laboratórios. Dentre a variedade de testes existentes, tem-se os testes de Le Rosen, 2,4-dinitrofenilhidrazina e o do nitrocerato. 1.5.1) Le Rosen O Teste de Le Rosen é utilizado para identificar a presença de aromáticos na espécie química. Muitos compostos que contém o núcleo benzênico, reagem com o aldeído fórmico e ácido sulfúrico concentrado com formação de produtos de cor intensa (reação de Le Rosen). A cor final pode variar de acordo com o tipo de composto que está sendo analisado, sendo também impactante, o fato de que muitos compostos quando em contato com o ácido sulfúrico concentrado já mudam de cor, não necessariamente indicando a presença de aromático, estes só serão identificados após a adição do aldeído fórmico. Sendo necessário a realização do “branco” apenas com o ácido para checar esta possibilidade. Figura 3: Reação de Le Rosen Figura 4: Exemplos de algumas colorações observadas no teste de Le Rosen 1.5.2) Teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina O teste da hidrazina é utilizado para identificar presença de aldeídos e cetonas na amostra. Aldeídos e cetonas reagem com a 2,4-dinitrofenilhidrazina (DNFH) em meio ácido para formar 2,4-dinitrofenil-hidrazonas, usualmente como um precipitado de coloração amarelo-avermelhada, que pode ser visualmente identificado durante o teste. Nesse teste temos a seguinte reação: Figura 5: Reação do spot test da 2,4-dinitrofenilhidrazina 1.5.3) Teste do nitrocerato Esse teste é utilizado para identificação de álcoois. Na reação do nitrocerato com um álcool observa-se o surgimento da coloração avermelhada na amostra. Figura 6: Reação do spot teste do nitrocerato 2) OBJETIVO Separação, purificação e identificação de uma amostra desconhecida composta por uma mistura de dois sólidos orgânicos. 3) MATERIAL E MÉTODOS 3.1) Extração ácido-base 3.1.1) Material ● Suporte universal ● Garra ● Argola ● Béquer ● Bastão de vidro ● Amostra 5 ● Funil de líquido ● Diclorometano (DCM) ● Solução de NaOH ● Ácido clorídrico ● Funil de separação ● Filtro à vácuo ● Papel de filtro ● Espátula ● Proveta 3.1.2) Métodos Inicialmente, foi feito a organização de todos os materiais necessários para execução da prática pegando-os em seus respectivos lugares de armazenamento e colocando-os em cima da bancada a ser utilizada. Em seguida, após a escolha de amostra desconhecida aleatória (Amostra 5), sabendo que tratava-se de uma mistura de dois sólidos orgânicos ácido-base, sendo um dos compostos ácido e o outro neutro preparou-se uma solução utilizando diclorometano como solvente. Colocando a amostra em um béquer e adicionando aproximadamente 30 mL de solvente, quantificados em uma proveta, homogeneizando com auxílio de um bastão de vidro. Foi adicionado solvente os poucos até que toda a amostra fosse solubilizada. Depois, checou-se que a válvula de saída do funil de separação estava devidamente fechada e a vidraria corretamente presa ao suporte de bancada utilizando uma argola. Transferiu-se toda solução para o funil de separação limpo e seco, utilizando um funil de líquidos e bastão de vidro para que todo material fosse adicionado com segurança. Em seguida, com o auxílio dos mesmos instrumentos, transferiu-se 10 mL de uma solução aquosa de hidróxido de sódio para o filtro de separação. Com ambas as soluções no funil de separação, foi realizada uma homogeneização do sistema, colocando a palma da mão sobre a tampa superior do funil, certificando que a válvula de saída estava devidamente fechada, e agitou-se o funil. Devido ao aumento de pressão dentro do sistema, de tempos em tempos, durante a homogeneização, a pressão foi aliviada abrindo a válvula de saída. Figura 8: Representação da homogeneização Após esse processo, observou-se que foi formada uma nova mistura heterogênea bifásica. Figura 9: Imagem ilustrativa do funil de separação com as duas fases formadas Esse processo ocorreu pois os dois solventes utilizados, não possuem afinidade entre si (são imiscíveis). Porém, ambos possuem afinidade com os diferentes componentes da amostra solubilizada inicialmente na fase orgânica. Isso acaba gerando uma disputa e possível migração de soluto para um dos solventes. Sabendo-se que a amostra inicial seria uma mistura de dois sólidos orgânicos ácido-base, tem-se que o ácido reagirá com a base presente na fase aquosa gerando sal e água (solúvel na fase aquosa). Enquanto que o componente neutro permanecerá na fase orgânica, separando-os. Após concluída a separação, foi drenado as fases em erlenmeyer separados, abrindo a válvula de saída lentamente, e fechando-a quando , primeiramente, toda fase aquosa fosse transferida para o primeiro erlenmeyer, então, em seguida, drenou-se a fase orgânica para um segundo erlenmeyer. Esse procedimento foi repetido outras duas vezes para a mesma fase orgânica, acrescentando em cada uma das extrações, 10 mL de solução de hidróxido de sódio, garantindo assim a máxima migração do ácido solubilizado na fase orgânica para a fase aquosa. Figura 10: Esquema simplificado de recolha em separado de ambas as fases Com ambas as fases em vidrarias separadas, adicionou-se ácido clorídrico para que o sólido inicialmente dissolvido como um sal voltasse a precipitar. Adicionou-se o ácido até que não fosse mais possível observar formação de precipitado. Com a fase orgânica, deixou-se a solução em repouso com a abertura do erlenmeyer tampada com um vidro de relógio. Em seguida, a solução passou por um processo de filtração simples visando a obtenção do sólido. No fim do processo, o sólido foi devidamente armazenado para posterior utilização. Com a fase aquosa precipitada, foi feito a filtração à vácuo, utilizando o funil de Buchner, onde primeiramente, foi posto um papel de filtro umedecido no topo, e despejado, lentamentamente a solução sobre o funil, que, devido a ação do vácuo, realiza a sucção do líquido presente na amostra, deixando apenas o sólido retido no funil. Após a filtração, o sólido foi devidamente armazenado para posterior utilização. Figura 11: Esquematização da filtração à vácuo 3.2) Recristalização e Purificação 3.2.1) Material ● Microtubos ● Pipeta de Pasteur ● Proveta ● Espátula ● Placa de aquecimento ● Sólidos separados na etapa de extração ● Água ● Etanol ● Gelo ● Funil de sólidos ● Papel de filtro ● Filtro à vácuo 3.2.2) Métodos Para realizar a recristalização, primeiramente, utilizando os sólidos previamente separados na aula de extração ácido-base, realizou-se o teste de solubilidade em ambas as fases para o etanol e a água, a frio e a quente. Nessa etapa foram utilizados microtubos para realização do teste de solubilidade, e os testes a quente foram feitos em banho maria num béquer acima de uma placa de aquecimento. Então foi definido que o solvente utilizado parafase aquosa seria a água, e para a fase orgânica o solvente seria uma mistura de água e etanol, uma vez que a técnica necessita de um solvente em que o sólido seja insolúvel a temperatura ambiente e solúvel a quente. Após a escolha do solvente, ambos sólidos foram adicionados à diferentes erlenmeyers, e os mesmos foram colocados em banho maria em uma placa de aquecimento, e gradativamente, foram adicionados os solventes até que todo sólido fosse dissolvido em solução, preferencialmente, com a menor quantidade de solvente possível. Após a completa solubilização, os erlenmeyers foram retirados do banho maria e as soluções foram filtradas com o auxílio do funil de sólidos e papel de filtro, que foram previamente aquecidos também em banho maria, para que a temperatura não caísse bruscamente durante a filtragem. Após a filtragem, os erlenmeyers contendo os sólidos foram tampados com filtro de relógio e colocados em repouso. A medida com que a temperatura naturalmente caia, o sólido começou a recristalizar lentamente, e como cada substância possui um ponto de recristalização diferente, sabe-se que o novo sólido precipitado, possui grau de pureza superior. Para garantir que todo sólido fosse devidamente cristalizado, diminuiu-se mais ainda a temperatura. Isso foi feito por meio da imersão dos erlenmeyers em um banho de gelo, que, diminuiu a temperatura da solução mais rápido e com mais eficiência, fazendo com que após o banho, o sólido recristalizasse e pudesse ser devidamente filtrado utilizando o tubo de buchner. Esse processo foi realizado para ambos os sólidos da fase aquosa e orgânica os quais foram purificados. Ao fim desse processo, ambos sólidos foram filtrados a vácuo, que então foram devidamente armazenados para a aula seguinte. 3.3) Ponto de Fusão 3.3.1) Material ● Suporte universal ● Elevador ● Garra de 3 dedos ● Mufa ● Termômetro ● Elástico ● Capilares ● Tubo de Thiele ● Bico de Bunsen ● Sólidos da amostra 5 purificados Figura 12: Esquematização do experimento de ponto de fusão 3.3.2) Métodos Primeiramente, com o auxílio da chama do bico de Bunsen, uma das pontas de cada capilar foi aquecida e rotacionada, derretendo o vidro com o objetivo de fechá-los. Em seguida, os sólidos da amostra 5 foram colocados dentro dos tubos capilares (cerca de 5 mm de sua altura) com o auxílio do elevador. Então, foram fixados ao bulbo do termômetro com elástico. O conjunto termômetro + capilar foi fixado a garra do suporte universal, e mergulhado no tubo de Thiele. O sólido e o termômetro foram monitorados simultaneamente, até que se observou o início da fusão (primeira gota se formou entre os cristais). As temperaturas inicial e final do processo de fusão foram anotadas. Esse ensaio foi replicado 3 vezes. Figura 13: Ilustração da fusão dentro do capilar. 3.4) Teste de Solubilidade 3.4.1) Material ● Sólidos provenientes da fase aquosa e orgânica ● Pipeta de Pasteur ● Proveta ● Espátula ● Microtubo ● Solventes 3.4.2) Métodos Inicialmente, foi feito a organização de todos os materiais necessários para execução da prática pegando-os em seus respectivos lugares de armazenamento e colocando-os em cima da bancada a ser utilizada. Em seguida, com o auxílio de uma espátula, pegou-se uma pequena quantidade de sólido somente na ponta do instrumento, e o colocou dentro do microtubo. Depois, com o auxílio pipeta, preencheu-se cerca de 2 cm do microtubo com solvente, e agitou-se com cautela e segurança o recipiente, para que o composto e o solvente fossem devidamente homogeneizados, possibilitando assim uma possível dissolução. Aguardou-se cerca de dois minutos após o fim da homogeneização e observou-se o estado da solução e os resultados foram anotados. Repetiu-se esse procedimento com diferentes solventes, tanto para o sólido da fase aquosa, como para o da fase neutra. 3.5) Spot Test 3.5.1) Material ● Vidro de relógio ● Ácido sulfúrico concentrado ● Formol ● 2,4-dinitrofenilhidrazina ● Nitrocerato de amônio ● Sólidos purificados 3.5.2) Métodos 3.5.2.1) Le Rosen Colocou-se 5 gotas de tolueno em um vidro de relógio, pingou-se em seguida 5 gotas de ácido sulfúrico concentrado, e adicionou-se gotas da solução de metanal até que a solução expressasse cor. Uma mudança de cor na solução originalmente incolor foi registrada como um resultado positivo e a ausência desta como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional benzênico a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não mudaria de cor por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 3.5.2.2) Teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina Adicionou-se alguns cristais dos sólidos em um vidro de relógio e foram pingadas algumas gotas da solução de dinitrofenilhidrazina e observou-se a formação ou não de precipitado amarelo-avermelhado. A formação de um precipitado amarelo-avermelhado foi registrada como um resultado positivo e a ausência deste como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional carbonila a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não produziria um precipitado por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 5.5.2.3) Teste do nitrocerato Foram adicionadas alguns cristais dos sólidos num vidro de relógio e sobre este foram pingadas 5 gotas do reagente observando se ocorria uma mudança de cor. Uma mudança de cor na solução originalmente amarela foi registrada como um resultado positivo e a ausência desta como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional hidroxila a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não mudaria de cor por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 4) RESULTADOS 4.1) Extração ácido-básico Após a realização da extração ácido-base, obteve-se como resultado duas fases: ❖ Fase orgânica, contendo a substância neutra, ainda desconhecida; ❖ Fase aquosa, contendo substância que era inicialmente ácida que resultou em um sal ao reagir com a solução de NaOH, de coloração branca. Foi possível observar que os sólidos obtidos nas respectivas fases possuíam coloração branca, no entanto, diferenciavam-se tanto em aspecto (relacionado a estrutura dos cristais) como em características físico-químicas, uma vez que um dos sólidos interagiu muito bem com a solução aquosa alcalina, indicando a presença de caráter ácido neste sólido, enquanto o outro, não interagiu, fazendo com que aseparação fosse concluída com sucesso. 4.2) Recristalização e Purificação Para realizar a recristalização e purificação dos sólidos, foi necessário fazer um teste de solubilidade, como abordado nos métodos. Os resultados estão dispostos na tabela abaixo: Tabela 1: Resultado do teste de solubilidade Portanto, o solvente utilizado para fase aquosa foi água, já que ela foi insolúvel a frio e solúvel a quente. Entretanto, na fase orgânica, tanto a água como o etanol foram insolúveis a quente e a frio. Nesse caso, foi realizado uma mistura dos dois solventes para solubilizar o sólido orgânico. 4.3) Ponto de Fusão As tabelas a seguir representam os resultados encontrados no teste do ponto de fusão, para os sólidos provenientes da fase aquosa e neutra. Tabela 2: Resultados do ponto de fusão Tabela 3: Média das triplicatas e desvio padrão Tabela 4: Resultados do ponto de fusão Tabela 5: Média das triplicatas e desvio padrão 4.4) Solubilidade Segue abaixo os resultados observados para a análise de solubilidade para os respectivos sólidos analisados: Tabela 6: Teste de solubilidade para a fase aquosa Tabela 7: Teste de solubilidade para a fase orgânica 4.5) Spot Test Os resultados do spot test realizado estão na tabela abaixo: Tabela 8: Resultado do spot test das fases aquosa e orgânica 5) DISCUSSÃO Tendo em vista a informação prévia de que os compostos desconhecidos eram um ácido e um neutro, pode-se através do conhecimento da técnica de extração ácido-base, inferir que o composto ácido estaria presente na fase aquosa, pois a sua reação com uma base geraria sal e água, tornando o mesmo solúvel em água, enquanto o outro (neutro) continuaria na fase orgânica. Sabendo isso, observou-se os resultados do ponto de fusão de modo a indicar compostos presentes na faixa encontrada experimentalmente a fim de reduzir as possibilidades dentre o espaço amostral. Para o composto ácido (fase aquosa), foi encontrado uma média de temperatura de fusão igual a 156 ºC. Com a margem de erro equivalente a土5 ºC, a faixa de PF do composto ácido é de 151-161 ºC. Após consulta, foi verificado que os possíveis compostos dentre o espaço amostral são: ácido adípico (PF = 152ºC), ácido salicílico (PF = 159 ºC). Tabela 9: Estrutura química dos possíveis sólidos ácidos Sabe-se que o ácido adípico é solúvel em cetonas e álcoois. Porém, foi possível observar no teste de solubilidade que o composto ácido desconhecido é solúvel em ácido acético e éter, o que não seria compatível com as características conhecidas do ácido adípico. No entanto, o ácido salicílico é solúvel em solventes polares e éter, o que é compatível com os resultados encontrados no teste de solubilidade. Ao analisar o spot test, temos que o composto ácido desconhecido possui anel aromático (positivo para Le Rosen), não possui aldeídos ou cetonas (negativo para teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina) e também não possui álcoois (negativo para teste do nitrocerato) em sua estrutura. Portanto, conclui-se que o composto desconhecido não poderia ser o ácido adípico, uma vez que este não possui anel benzênico em sua estrutura. É possível observar também que a estrutura do ácido salicílico é compatível com os resultados obtidos no spot test. Então, podemos concluir que dentre as possibilidades do espaço amostral, o ácido salicílico é o composto com maior probabilidade de ser o sólido ácido da fase aquosa da amostra 5, tendo por base os testes de fusão, solubilidade e spot test realizados em laboratório. Para o composto neutro (fase orgânica), foi encontrado uma média de temperatura de fusão igual a 134 ºC. Com a margem de erro equivalente a土5 ºC, a faixa de PF do composto neutro é de 129-139 ºC. Após consulta, foi verificado que os possíveis compostos dentre o espaço amostral era apenas a benzoína. Tabela 10: Estrutura química do possível composto neutro A partir da análise dos spot test, pode-se dizer que o composto neutro desconhecido possui anel benzênico (positivo para Le Rosen), cetona ou aldeído (positivo para teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina) e álcool (positivo para o teste do nitrocerato). Tais resultados são compatíveis com a estrutura da benzoína. Então, podemos concluir que dentre as possibilidades do espaço amostral, a benzoína é o composto com maior probabilidade de ser o sólido neutro da fase orgânica da amostra 5, tendo por base os testes de fusão, solubilidade e spot test realizados em laboratório. 6) CONCLUSÃO Conclui-se desta forma que os compostos presentes na amostra 5 são: ácido salicílico e benzoína. Portanto, utilizando as técnicas propostas foi possível separar, purificar e identificar a mistura de sólidos inicial. Então temos que os objetivos dessa prática foram realizados com sucesso. 7) REFERÊNCIAS 1. SOLOMONS, T.W.G. Química Orgânica Vol. 1, 6a Ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1996. 2. PAVIA, D.L; LAMPMAN, G.M; KRIZ, G.S; ENGEL, R.G. Química orgânica experimental: Técnicas de escala pequena. Segunda edição. Bookman. 3. SOARES, Bluma G. e outros. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, Identificação de Compostos Orgânicos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1.988. 4. CONSTANTINO, M. G.; SILVA, G. V. J.; DONATE, P. M.; Fundamentos de Química Experimental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
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