Prévia do material em texto
Como Avaliar a Aprendizagem dos Estudantes? Disciplina: Metodologia do Ensino Jamile Neme de Queiroz Marlon Mendes Silva Agenda: 1. Introdução 2. O que um professor deve buscar avaliar? 3. Formas de avaliação no ensino superior. 4. Adequar avaliação aos objetivo de aprendizagem. 5. Avaliações formativas ou somativas? 6. Como escolher um modelo de avaliação? 7. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 8. Uma boa avaliação seria composta de questões fechadas e/ou abertas? 9. Qual a importância a autoavaliação do estudante e do docente? 10.Como o estudante espera ser avaliado? 11.O insucesso do estudante numa atividade avaliativa é uma sinalização de erro de escolha do instrumento avaliativo? 2 Introdução A avaliação é parte integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos processos de ensino, é uma tarefa didática necessária e constante do trabalho docente, que tem por finalidade acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho docente em conjunto com os alunos devem ser comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades e, também, reorientar o trabalho docente. A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuições de notas, consiste em uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. (Oliveira et al, 2008) 3 Introdução “A avaliação é um processo que permite colocar sobre a mesa as nossas concepções sobre a sociedade, sobre a escola, sobre a educação, sobre o trabalho dos professores” (Santos Guerra, 1996) Ensinar implica, sempre, avaliar os saberes dos alunos e propor estratégias pertinentes, para que os alunos possam, progressivamente, ir reestruturando e ressignificando esquemas e conhecimentos e, assim, diminuir a distância que separa estes dos conteúdos curriculares. 4 Introdução A avaliação na perspectiva da taxonomia de Bloom: 5 Avaliação Síntese Análise Aplicação Compreensão Conhecimento (Bloom, 1976) Introdução A construção de conhecimentos gera a necessidade de que a escola garanta a continuidade do processo de aprendizagem, desde que se inicia a aprendizagem até à sua conceptualização. Ainda que o processo de aprendizagem não seja linear, deve ser sistemático. O aluno vai traçando um caminho sinuoso e repleto de contradições, erros e conflitos. Mas é precisamente este espaço de dúvidas e incertezas o que permite avaliar as suas produções, sejam ou não realizadas de forma correta, e identificar os erros ou conhecimentos como indicadores didaticos que facilitem as intervenções do docente e a produção de aprendizagens genuínas. (Chaves, 2004) 6 O que é avaliação? A avaliação é um instrumento que não deve servir apenas para atribuição de notas ou certificados, mas sim para uma orientação, através de um trabalho conjunto entre o professor e o aluno, para que se possa obter um acompanhamento integral no processo ensino-aprendizagem. A avaliação precisa verificar se as condições para a aquisição do conhecimento ocorrem de forma consistente, ou seja, é necessário verificar se o aluno mantém uma frequência às aulas e se ele vai se adaptar à metodologia aplicada pelo educador, dando prosseguimento ao processo a que é submetido. (Galocha et al, 2017) 7 O que é avaliação? É uma das mais importantes fases do ensino -aprendizagem e, deve alcançar o estado e a capacidade reflexiva do educando, incentivando a crítica e a criatividade do educando, futuro profissional que irá atuar, em muitos casos, de forma individual e, sendo assim, deve-se buscar a qualidade do aprendizado para que esse cidadão tenha consciência de como é a sua realidade O professor, durante o processo de ensino/aprendizagem, tem o dever de usar diferentes instrumentos para avaliar seu aluno e, assim, fazer um diagnóstico, não só no final desse processo, mas também ao longo e no final do processo educativo com essas ferramentas de avaliação, visando um resultado e, a partir dele, a progressão do aluno. (Galocha et al, 2017) 8 Formas de Avaliação (Luckesi, 2003) Diagnóstica Formativa Somativa 9 Formas de Avaliação Ao se iniciar um curso ou um período letivo, dado à diversidade de saberes, o professor deve verificar o conhecimento prévio dos alunos com a finalidade de constatar os pré-requisitos necessários de conhecimento ou habilidades imprescindíveis de que os educandos possuem para o preparo de novas aprendizagens. Pode ser considerada o ponto de partida para todo o trabalho a ser desenvolvido pelos educadores. Possui 3 objetivos: 1. Identificar a realidade dos alunos que irão participar do processo; 2. Verificar se os alunos apresentam ou não habilidades e/ou pré-requisitos para o processo; 3. Identificação das causas, de dificuldades recorrentes na aprendizagem DIAGNÓSTICA 10 Formas de Avaliação Possui a função controladora sendo realizada durante todo o decorrer do período letivo, com o intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos previstos. Avaliar se o aluno domina gradativamente e hierarquicamente cada etapa da aprendizagem, antes de prosseguir para uma outra etapa subsequente de ensino- aprendizagem, os objetivos em questão. A avaliação formativa permite ao professor detectar e identificar deficiências na forma de ensinar, orientando-o na reformulação do seu trabalho didático, visando aperfeiçoá-lo. Ela deve ser planejada em função dos objetivos, deste modo o docente continuará seu trabalho ou irá direciona-lo, de modo que a maioria dos alunos alcance. (Pellegrini, 2002); FORMATIVA 11 Formas de Avaliação “É formativa no sentido em que indica como os alunos vão se modificando em direção aos desejados”. (Bloom, Benjamin 1971). Para que a avaliação formativa possa processar deve-se: 1. Saber o que se quer avaliar e a finalidade dos resultados; 2. Obter as evidências que descrevem os eventos que interessa; 3. Determinar critérios conforme os níveis de aproveitamento e diagnosticar os resultados corrigindo as falhas do processo ensino-aprendizagem; 4. Emitir um juízo de valor que sirva de base para ações futuras. (Cerqueira, 2008) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos FORMATIVA 12 Formas de Avaliação Possui como função básica a classificação dos alunos sendo realizada ao final de um curso ou unidade de ensino, classificando os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos. (Cerqueira, 2008) “Objetiva avaliar de maneira geral o grau em que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao longo e final de um curso”. (Bloom, 1983) SOMATIVA 13 “ ” O que seria melhor: avaliações formativas ou somativas? 14 O que um professor deve buscar avaliar? A avaliação da aprendizagem serve de parâmetro para o professor e o aluno perceberem e reverem os caminhos de compreensão e ação sobre o conhecimento. Para tanto ela deve ser contínua, democrática, diagnóstica, formativa e mediadora da aprendizagem. (PPP, 2008) No âmbito do conhecimento, o ensino superior percebe a necessidade de se abrir para o diálogo com outras fontes de produção de conhecimento e de pesquisa, e os professores já se reconhecem como não mais os únicos detentores do saber a ser transmitido, mas como um dos parceiros a quem compete compartilhar seus conhecimentos com outros e mesmo aprendercom outros, inclusive com os próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno no ensino superior (MASETTO, 2003, p. 14). 15 O que um professor deve buscar avaliar? “O modelo de docente universitário porta-voz de um saber dogmatizado, capaz de transferir, pelo dom da oratória, em aulas magistrais, seus saberes profissionais, não mais atende às necessidades da sociedade contemporânea”. (Soares e Cunha, 2010, p. 13) 16 Formas de Avaliação Aplicadas no Ensino Superior “Como a avaliação é um processo em função da aprendizagem, deduz- se que os objetivos da aprendizagem são os que definirão as técnicas avaliativas” (Masetto, 2003, p. 159). Prova: Tende-se a pensar que apenas uma prova tradicional revela o que os alunos sabem e quais são seus erros e suas dificuldades, quando de fato pode-se utilizar múltiplas fontes de informação e aplicar instrumentos variados que se adaptam à diversidade de estilos motivacionais e de aprendizagem dos estudantes, e igualmente às formas de ensino dos professores, que também são diferentes (SANMARTÍ, 2009, p. 97) 17 Formas de Avaliação Aplicadas no Ensino Superior Trabalhos e Monografias: “Exigirá que o aluno aprenda a buscar informações, fichá-las, compará-las, analisá-las, criticá-las [...]” (MASETTO, 2010, p. 169). O aluno poderá desenvolver várias aprendizagens e necessitará da orientação de um professor. Observação: “É a técnica mais usada quando queremos informar ao aluno se ele está capaz de usar o conhecimento adquirido em situações profissionais” (MASETTO, 2010, p. 170). Acontece em aulas práticas, laboratórios, atividades profissionais simuladas, estágios, clínicas, sempre com um acompanhamento do professor que irá observar o momento de atuação do aluno 18 Formas de Avaliação Aplicadas no Ensino Superior Diário de curso (portfólio): “Consiste no registro diário e conciso das atividades realizadas no curso pelo aluno” (MASETTO, 2010, p. 171). São as reações que o aluno sentiu e a quaisquer outras reações referentes aos colegas ou ao professor, ao seu relacionamento com os objetivos propostos, a pequenas descobertas ou “insights” que aconteceram durante o dia em termos de seu estudo, de sua pesquisa. Seminários: “É uma técnica riquíssima de aprendizagem que permite ao aluno desenvolver sua capacidade de pesquisa, de produção de conhecimento, de comunicação, de organização e fundamentação de ideias [...]” (MASETTO, 2010, p. 111) 19 Adequação Avaliação x Objetivo “[...] o professor profissional é, antes de tudo, um profissional da articulação do processo ensino- aprendizagem em determinada situação, um profissional da interação das significações partilhadas.” (Altet, 2001, p. 26) O professor deve ser o artífice, junto com os estudantes, de estratégias e procedimentos de ensino que favoreçam uma aprendizagem significativa, ancorada nas estruturas culturais, afetivas e cognitivas dos estudantes. (Soares e Cunha, 2010) 20 Adequação Avaliação x Objetivo É importante não encarar os processos de avaliação com sendo um bom e outro mau. Habitualmente o professor utiliza diferentes métodos de avaliação mas é importante considerar os significados por trás das diferentes práticas. (Cortesão, 2002) A avaliação terá que ser contínua, global e integradora, buscando acabar com a fragmentação e parcialização dos saberes, erradicar os “testes”, colocando ênfase nas aprendizagens significativas e gerar alunos autónomos, capazes de fazer juízos críticos em contraponto a alunos que apenas repetem os conteúdos sem os compreender (Boggino, 2009) 21 Como saber adequar a avaliação ao objetivo de aprendizagem? Os alunos que aprendem de maneira mais significativa são os que reconhecem o que lhes pretende ensinar o professor e de que maneira pensa fazê-lo. É necessário que o professor explicite os objetivos que se propõe a alcançar na sequência que se inicia. Os objetivos são formulados a partir da lógica do especialista, sem muita relação com a lógica de funcionamento de cada aluno, que responde a uma lógica própria. 22 Jorba; Sanmarti (2003) Como saber adequar a avaliação ao objetivo de aprendizagem? O problema fundamental, do ponto de vista didático, não é a definição dos objetivos por um especialista, mas a construção da representação desses objetivos pelos alunos. 23 Jorba; Sanmarti (2003) Como saber adequar a avaliação ao objetivo de aprendizagem? 24 NÃO basta enumerar os objetivos tal como os formulou o professor; deve-se planejar atividades que facilitem a elaboração, por cada aluno, de uma primeira representação das intenções explicitadas pelo professor. Essas atividades deverão ser aquelas com as quais cada estudante da turma sinta-se envolvido, seja qual for sua situação inicial. Atividades com caráter simples e concreto, sejam as mais manipulativas possíveis e estejam próximas dos interesses e das vivências pessoais dos estudantes. Jorba; Sanmarti (2003) Como saber adequar a avaliação ao objetivo de aprendizagem? 25 Atividade Situar o estudante nos conteúdos iniciais do estudo O aluno possa fazer uma primeira representação do que se quer conseguir com a aprendizagem Jorba; Sanmarti (2003) Como saber adequar a avaliação ao objetivo de aprendizagem? 26 Em cada etapa do processo de aprendizagem, os objetivos explicitados pelos professores são traduzidos pelo aluno segundo suas representações anteriores e de forma compatível com os meios de que dispõe no momento para alcançá-los. Ao final do processo, deve-se avaliar se aprendizagem teve êxito ou não. Jorba; Sanmarti (2003) 27 Jorba; Sanmarti (2003) Como escolher um modelo avaliativo? Não existe uma receita de “avaliação eficiente”, mas existem algumas questões a serem pensadas na elaboração de uma avaliação, que tem relação direta com o sucesso ou não da mesma. A preparação do instrumento avaliativo tem de ser coerente com os objetivos propostos pelo professor em seu planejamento curricular. 28 Como escolher um modelo avaliativo? Se desejamos que os estudantes desenvolvam um pensamento criativo e reflexivo, por exemplo, teremos de desenhar um currículo compatível com essa expectativa, o que implica em selecionar novos conteúdos e competências para serem trabalhados com os alunos, e também repensar de modo amplo os diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem, incluindo as práticas de avaliação que estamos utilizando no ensino universitário. (Garcia, 2009) 29 Como escolher um modelo avaliativo? Avaliação Qualitativa: Consideram o domínio dos conceitos pelos alunos, e em geral requerem que os mesmos construam uma explicação sobre um fenômeno baseado em dados e informações. Ao invés de solicitar a reprodução ou a definição de conceitos, o professor precisa elaborar situações onde os conceitos possam ser aplicados. Questões Objetivas: São aquelas respondidas com poucas palavras ou até mesmo por indicação de letras ou números. Nesse tipo de questão, a correção é mais fácil e objetiva, permite incluir vários assuntos numa só prova e os alunos levam menos tempo para respondê-la. 30 Como escolher um modelo avaliativo? Questões Associativas: São aquelas em que os alunos associam dois termos dentro de um critério, por exemplo: estruturas às suas funções, descobertas às suas datas, etc. Questões Dissertativas: Exigem dos alunos respostas estruturadas e interpretação, e auxiliam na avaliação da capacidade do aluno em analisar problemas, sintetizar ideias e conhecimentos,compreender conceitos, dentre outros. Exigem dos alunos respostas estruturadas e interpretação, e auxiliam na avaliação da capacidade do aluno em analisar problemas, sintetizar ideias e conhecimentos, compreender conceitos, dentre outros. O direcionamento nesse tipo de questão é fundamental. 31 Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 32 A avaliação ao longo dos últimos séculos vinculou-se quase exclusivamente à função seletiva da escola, entretanto deve ser entendida como parte integrante do processo de aprendizagem (Gil 2018). Assim, o importante é potenciar as funções mais ricas da avaliação (diagnóstico, compreensão, melhoria, aprendizagem, apoio) e diminuir as indesejáveis (comparação, descriminação, hierarquização) (Santos Guerra, 1996). Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 33 O primeiro passo na avaliação da aprendizagem consiste na definição dos objetivos que se pretende alcançar, o que significa que este processo se inicia com o planejamento, bem antes, portanto, das próprias aulas em que os conteúdos foram ministrados (Gil, 2018). Quando os objetivos tiverem sido definidos, procede-se à determinação da técnica de mais adequada (Gil, 2018). Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 34 Com relação aos tipos de questões avalitivas, a utilização de cada uma delas depende de diversos fatores, como: o tamanho das classes, a duração do curso e, principalmente, os objetivos de aprendizagem. Podem ser desenvolvidas questões: objetivas, discursivas, práticas e orais. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 35 Questões objetivas: Tipo Certo ou Errado; Tipo Múltipla Escolha; Tipo Resposta Múltipla; Tipo Asserção-razão; Tipo Associação; Tipo Classificação. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 36 Questões objetivas: Críticas: medem apenas a capacidade de memorização; inibem a criatividade dos alunos; desestimulam a escrita. Potencialidades: julgamento imparcial; rapidez na correção; feedback imediato ao estudante; verificação extensa da matéria; comparação; identificação das diferenças individuais; contribuem para a avaliação do trabalho docente. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 37 Questões discursivas: Tipo Dissertativa; Tipo Perguntas Curtas. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 38 Questões discursivas: Críticas: excessivo gasto de tempo na correção; subjetividade do professor; dificuldade para avaliar o aprendizado de toda a matéria; a interpretação inadequada de seus propósitos pelos estudantes; dificuldade para fornecer feedback específico. Potencialidades: avaliar: o raciocínio lógico dos estudantes; a capacidade de analisar, hierarquizar e sintetizar as ideias; a justificativa das opiniões; a clareza de expressão. Como deve ser a construção de uma questão avaliativa? 39 Questões práticas e orais: Práticas: avaliar destrezas cuja medição não pode ser feita com provas escritas, como, por exemplo: manejar instrumentos, operar máquinas, tocar instrumentos musicais etc. Orais: Poucas são as circunstâncias que recomendam seu emprego. Podem ser necessárias para a avaliação de estudantes portadores de necessidades especiais. Uma boa avaliação seria composta de questões fechadas e/ou abertas? 40 A avaliação deve estar alinhada aos objetivos propostos. As avaliações devem estar voltadas para um projeto de formação profissional e para os objetivos educacionais esperados (Chaves, 2003). Uma boa avaliação seria composta de questões fechadas e/ou abertas? 41 Alguns aspectos norteadores para o desenvolvimento da avaliação da aprendizagem na educação superior: 1. Atentar para os processos e não só para os resultados; 2. Dar possibilidades aos protagonistas de se expressarem e de se avaliarem; 3. Utilizar procedimentos variados para avaliar a aprendizagem; 4. Intervir em favor da superação das dificuldades detectadas; 5. Configurar a avaliação a serviço da aprendizagem, como estímulo aos avaliados e não como ameaça; Uma boa avaliação seria composta de questões fechadas e/ou abertas? 42 Alguns aspectos norteadores para o desenvolvimento da avaliação da aprendizagem na educação superior: 6. Contextualizar e integrar a avaliação ao processo de aprendizagem; 7. Definir as regras do jogo avaliativo desde o início do processo; 8. Difundir as informações e trabalhar os resultados; 9. Realizar meta – avaliação, paralela aos processos de avaliação propriamente ditos; 10. Considerar e respeitar as diferenças e as dificuldades manifestadas em sala de aula. Uma boa avaliação seria composta de questões fechadas e/ou abertas? 43 Não confundir avaliação e classificação; Organizar o conhecimento como se fosse uma rede ou teia com múltiplas intersecções; Considerar a avaliação como uma estratégia para uma aprendizagem altamente significativa, de forma a possibilitar a continuidade do processo de aprendizagem para além da área, ciclo ou nível de ensino; Facilitar a compreensão e romper com a mecanização, que pode bloquear ou dificultar o processo de aprendizagem. (Boggino, 2009) Importância da autoavaliação do estudante e do docente? Autoavaliação é o processo pelo qual o indivíduo identifica o quanto aprendeu e em que medida se tornou capaz de proporcionar a si mesmo informações necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem (Gil, 2018). É um processo de observar a si mesmo, de comparar e relacionar seu desempenho com os objetivos propostos, atitudes e honestidade pessoal para reconhecer seus sucessos e falhas (Gil, 2018). 44 Importância da autoavaliação do estudante e do docente? A autoavaliação dos estudantes: É um instrumento muito precioso para que os mesmos tomem consciência do processo de aprendizagem e assumam o seu papel no processo (Masetto, 2003). O processo de autoavaliação resulta na produção de conhecimento e no ganho de novos elementos para reflexão futura, com repercussões para uma maior autonomia do agente (Carvalho e Martinez, 2005) 45 Importância da autoavaliação do estudante e do docente? A autoavaliação dos estudantes: Não significa de forma alguma, solicitar ao aluno que se atribua uma nota. A autoavaliação significa criar situações em que o aluno precise comparar sua atuação, refletir sobre ela e avaliá-la a partir de critérios previamente discutidos e definidos pelo coletivo da sala de aula (Veiga e Naves 2005). Deve ser feita através de roteiros que avaliem diferentes aspectos das atividades acadêmicas, constituindo-se em um importante instrumento de formação do aluno (Veiga e Naves 2005). 46 Importância da autoavaliação do estudante e do docente? Autoavaliação dos Professores: A autoavaliação dos professores gera um processo de reflexão que é capaz de motivar, alterar ou aperfeiçoar práticas docentes e permite que o professor desenvolva o comprometimento com a educação e com o seu papel de educador (Vasconcellos, Oliveira e Berbel, 2006). 47 Como o estudante espera ser avaliado? Só é possível interpretar o real a partir das possibilidades de aprender de cada aluno, possibilidades dadas pela sua estrutura cognitiva, pelos seus conhecimentos (escolares e extra escolares), pelos seus valores, sistema de crenças, etc). Ensinar implica, sempre, avaliar os saberes dos alunos e propor estratégias pertinentes, para que os alunos possam, progressivamente, ir reestruturando e ressignificando esquemas econhecimentos e, assim, diminuir a distância que separa estes dos conteúdos curriculares. 48 (Boggino, 2009) Como o estudante espera ser avaliado? É recorrente a preocupação dos estudantes no que diz respeito, por exemplo, ao “jeito” como supostamente os professores “gostam” da redação das respostas em uma prova escrita, ou da estrutura e do conteúdo de um trabalho. Nesse cenário, haveria relação entre o sucesso nas avaliações e o conhecimento do “jeito” de demonstrar a aprendizagem preferido pelos professores, ou que é destacado na cultura de um curso. 49(Garcia, 2009) Como o estudante espera ser avaliado? Pesquisas apontam que as práticas pedagógicas dos professores universitários têm impacto sobre as crenças dos alunos a respeito da aprendizagem, e influenciam os resultados obtidos por eles. Essa abordagem também pode nos ajudar a pensar as razões do fracasso dos estudantes na graduação. O fracasso poderia resultar não apenas da ausência de inteligência ou da capacidade para aprender, mas da falta de compatibilidade entre os estilos de pensamento de determinados alunos em relação àqueles destacados ou solicitados pelos professores – na forma como avaliam, por exemplo. 50 (Garcia, 2009) O insucesso do estudante numa atividade avaliativa é uma sinalização de erro de escolha do instrumento avaliativo? 51 O processo de avaliação deve posibilitar não somente verificar o que o estudante foi capaz de memorizar, mas também o nível de compreensão do significado de tal conteúdo e a transferência do que foi aprendido em aula para outras situações. (GIL 2018) Assim, o insucesso do estudante numa atividade avaliativa não é necessariamente uma sinalização de erro da escolha do instrumento utilizado, mas sim um sinalizador de que o processo de aprendizagem deve ser reavaliado. O insucesso do estudante numa atividade avaliativa é uma sinalização de erro de escolha do instrumento avaliativo? 52 É necessário verificar o contexto e objetivos em questão. Fatores como motivação, clima favorável (entre alunos e professores), adquação dos conteúdos aos propósitos podem ter relação com o sucesso do estudante (Gil 2018). O insucesso do estudante numa atividade avaliativa é uma sinalização de erro de escolha do instrumento avaliativo? 53 Neste sentido tem-se ainda a figura da teoria da atribuição, sob aqual existe uma tendência a associar sucesso acadêmico a fatores internos enquanto os elementos que levam ao fracasso acadêmico tendem a ser associados a fatores externos (Cornachione Júnior et al 2010). O insucesso do estudante numa atividade avaliativa é uma sinalização de erro de escolha do instrumento avaliativo? 54 Na pesquisa realizada por Cornachione Júnior et al 2010, a qual teve como objetivo investigar a existência de associação entre elementos atributivos comuns na literatura e o desempenho acadêmico de alunos da graduação em ciências contábeis, os autores observaram que o desempenho acadêmico superior é mais atribuído a causas internas que o desempenho acadêmico inferior. 55 “Não é possível que os dois (professores e alunos) desconheçam suas expectativas e responsabilidades. Por isso, eu me bato para que o estudo das responsabilidades e das expectativas vire quase conteúdo... todos os professores numa administração democrática estariam aptos a discutir suas responsabilidades e suas expectativas”. (Freire, Paulo. 1995, p.6) 56 Referências BLOOM, B. S.; ENGELHART, M. D.; FURST, E. J. et al. Taxonomia de objetivos educacionais: domínio cognitivo. Tradução v. 1 de Flávia Maria Sant’Anna. 5. ed. Porto Alegre: Globo, 1976. Boggino, N. (2009). A avaliação como estratégia de ensino. Avaliar processos e resultados. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 9, 79-86. Chaves, S. M. (2003). Avaliação da aprendizagem no ensino superior: realidade, complexidade e possibilidades. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo. Cornachione Junior, E. B., Alves da Cunha, J. V., Mendes De Luca, M. M., & Ott, E. (2010). O bom é meu, o ruim é seu: perspectivas da teoria da atribuição sobre o desempenho acadêmico de alunos da graduação em Ciências Contábeis. Revista Contabilidade & Finanças-USP, 21(53). Cortesão, L. (2002). Formas de ensinar, formas de avaliar: breve análise de práticas correntes de avaliação. Reorganização curricular do ensino básico: avaliação das aprendizagens: das concepções às novas práticas. Frezatti, F., Borinelli, M. L., Martins, D. B., & Espejo, M. M. D. S. B. (2016). Análise do Desempenho de Alunos na Perspectiva do CHA em Disciplina Utilizando PBL: o que significa a síntese? Revista de Contabilidade e Organizações, 10(26), 3-19. Garcia, J. (2009). Avaliação e aprendizagem na educação superior. Estudos em Avaliação Educacional, 20(43), 201-213. 57 Referências Gil, A. C. (2015). Metodologia do Ensino Superior: Capítulo 11 – Avaliação da Aprendizagem. 4ª Ed. São Paulo: Editora Atlas. Gil, A. C. (2018). Didática do Ensino Superior: Capítulo 14 – Como avaliar a aprendizagem dos Estudantes. 2ª Ed. São Paulo: Editora Atlas. VEIGA, I. P A; NAVES, M. L. P. (Orgs.) Currículo e avaliação na educação superior. São Paulo: Junqueira & Marin, 2005. p. 175-197. Jorba, J.;Sanmarti, N. (2003). A função pedagógica da avaliação. In Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed FREIRE, P. (1995) Entrevista com Paulo Freire e Ana Maria Saul.. Disponível em: www.pucsp.br/paulofreire/V%EDdeos/Anafreir.pdf 58