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TCC FRANCIELE (3)

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FACULDADE DE ENSINO REGIONAL ALTERNATIVA-FERA
CURSO DE PEDAGOGIA 
CICERA FRANCIELE RODRIGUES DA SILVA
LÚDICO: BRINCAR E JOGAR COMO FORMA DE EDUCAR
GIRAU DO PONCIANO- AL
2019
CICERA FRANCIELE RODRIGUES DA SILVA 
LÚDICO: BRINCAR E JOGAR COMO FORMA DE EDUCAR
Trabalho de Conclusão de Curso- TCC, modalidade monografia, apresentado ao Curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Regional Alternativa – FERA. Curso de Pedagogia, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.
Orientadora: Prof.ª Aline Carla Herculano de Barros Ferreira
GIRAU DO PONCIANO -AL
2019
RESUMO
Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão presentes na humanidade desde o seu início. O presente TCC trata do resgate do lúdico como processo educativo, demonstrando que ao se trabalhar ludicamente não se está abandonando a seriedade e a importância dos conteúdos a serem apresentados à criança, pois as atividades lúdicas são indispensáveis para o seu desenvolvimento sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez que possibilitam o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos. Por meio das atividades lúdicas, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente.
Palavras-chave: Brincar.Jogar. Desenvolvimento. Aprendizagem. Criatividade
ABSTRACT
Games, toys and games are part of the child's world, since they have been present in humanity since its inception. The present TCC deals with the rescue of play as an educational process, demonstrating that when working in a playful way one does not abandon the seriousness and importance of the contents to be presented to the child, since play activities are indispensable for their healthy development and apprehension of knowledge, since they enable the development of perception, imagination, fantasy and feelings. Through play activities, the child communicates with himself and with the world, accepts the existence of others, establishes social relations, builds knowledge, and develops integrally.
Keywords: Play.Play.Development. Learning.Creativity
SUMÁRIO 
INTRODUCÃO...........................................................................................................06
CAPITULO 1..............................................................................................................08
1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ...........................................................................08
1.1 A História do brincar..........................................................................................09
1.2 A necessidade de brincar..................................................................................10
CAPITULO II..............................................................................................................13
2 CONCEPÇÃO SOBRE LUDICIDADE: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS........................................................................................................13
2.1 Jogos e brincadeiras ao longo da historia.......................................................................................................................13
2.2 Classificação dos jogos ....................................................................................................................................16
2.3 jogos e brincadeiras com o uso da tecnologia moveis na educação infantil........................................................................................................................18
CAPITULO III.............................................................................................................19
3 PRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES LÚDICAS NA ESCOLA ...................................................................................................................19
3.1A brinquedoteca como espaço privilegiado para o brincar ..........................20
3.2Historia das ludotecas.......................................................................................21
3.3 A relevância do brinquedo e da brincadeira educação infantil escolar.......22 
METODOLOGIA........................................................................................................26
CONCLUSÃO............................................................................................................27
REFERENCIAS.........................................................................................................29
INTRODUÇÃO
O brincar faz parte do mundo da criança, assim elas aprendem melhor e se socializam com facilidade, apreendem o espírito de grupo, aprendem a tomar decisões e percebem melhor o mundo dos adultos.
Sistematizar o brincar significa uma reorganização da prática pedagógica desempenhada pelo professor, prática essa que deve abandonar os moldes da educação bancária e absorver o lúdico através dos jogos como o instrumento principal para o desenvolvimento da criança. O jogo, e a maneira como o professor dirigem o brincar, desenvolverão psicológica, intelectual, emocional, físico-motora e socialmente as crianças, e por isso os espaços para se jogar são imprescindíveis nos dias de hoje.
Através dos jogos lúdicos, do brinquedo e da brincadeira, desenvolve-se a criatividade, a capacidade de tomar decisões e ajuda no desenvolvimento motor da criança, além destas razões, tornam as aulas mais atraentes para os alunos, são a partir de situações de descontração que o professor poderá desenvolver diversos conteúdos, gerando uma integração entre as matérias curriculares. Atualmente em nossa sociedade, extremamente capitalista, que influencia todos, inclusive as crianças, exercendo poder e controle através dos meios de comunicação, principalmente a televisão.
Uma das alternativas para se burlar essa influencia está no lúdico, nas brincadeiras de uma forma geral, onde as crianças trabalhariam além do corpo a interação com o outro. A criança tem a característica de entrar no mundo dos sonhos das fábulas e normalmente utiliza como ponte às brincadeiras. Quando esta brincando se expressa mostrando seu intimo, seus sentimentos e sua afetividade.
Os espaços lúdicos são ambientes férteis também para a aprendizagem e o desenvolvimento, principalmente da socialização. Isso não é assunto novo, pois Fröebel, que ocupa também uma posição relevante na história do pensamento pedagógico sobre a primeira infância e pertence à corrente cultural filosófica do idealismo alemão, sempre defendeu que o jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento da criança, já que é a expressão livre e espontânea do interior.
As brincadeiras são importantes por fazerem parte do mundo das crianças e por proporcionarem momentos agradáveis dando espaço à criatividade. Todos devemos buscar o bem-estar dos pequenos durante o processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim o lúdico como instrumento de construção do conhecimento.
Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar, pois, segundo os autores pesquisados, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma significativa. A operacionalização desse estudo deu-se por meio de pesquisa bibliográfica, a fim de fazer um levantamento das principais teorias relativas ao brincar.
O primeiro capítulo busca abordar a questão do brincar no universo infantil. Assim, é apresentado um breve histórico sobre a importância do brincas, a história do brincar. Na última seção deste capítulo é evidenciada a necessidade do brincar para desenvolvimento da criança. No segundo capítulo, Concepções sobre ludicidade: a importância dos jogos e brincadeiras,a discussão é sobre os aspectos históricos e classificação dos jogos, a aprendizagem em meio a brincadeiras, a relação da tecnologia na educação infantil. A base de discussão é centrada nas contribuições desses temas à aprendizagem do aluno, ao seu desenvolvimento e de suas potencialidades e habilidades em sala de aula, bem como o professor age frente a essas formas de ensino que foge dos métodos tradicionais. O terceiro capítulo busca apresentar as práticas para utilização do brincar no contexto escolar, abordando as principais brincadeiras que podem ser utilizadas nesse ambiente. Em seguida, é apresentada a brinquedoteca escolar como espaço privilegiado para que o brincar aconteça.
CAPITULO 1: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
Podemos observar que brincar não significa apenas recrear, é muito mais, pois é uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo. 
O empenho dos adultos em estimular os bebês a interagirem com aqueles que lhe são próximos (cantando ou embalando-os ao som de cantigas, dizendo parlendas que terminam por cócegas no corpo do bebê, acionando jogos variados com cores, luzes, timbres, etc.) e com seus brinquedos, é uma forma espontânea de iniciação ao ato lúdico. Por exemplo: os pais e avós costumam brincar com a criança pequena fazendo-a montar “a cavalo” em sua perna e avançar por pequenos saltos de seu tornozelo ao joelho e vice-versa. 
Maiorzinha, a criança ganha um cavalinho-de-pau e simula o impulso de andar do cavalo e a partir daí a criança identifica o animal em revistas, na tv e no jardim zoológico. O ato de brincar assim evolui, altera-se de acordo com os interesses próprios da faixa etária, conforme as necessidades de cada criança e também com os valores da sociedade a qual pertence. 
Cada vez mais reconhecidas como fonte de benefícios para as crianças, as brincadeiras tradicionais vêm recebendo a valorização de pais, educadores e recreacionistas. Conscientemente, muitos procuram contrapor-se à super oferta de produtos lúdicos comercializados pela indústria especializada, com a transmissão de seu legado cultural às novas gerações. A programação curricular tem, assim, incluídas várias dessas atividades lúdicas, especialmente nas escolas infantis e nas primeiras séries do primeiro grau. 
 A tradicionalidade com que tais brincadeiras se mantêm em nossa sociedade atesta sua importância no processo histórico-cultural. O significado da atividade lúdica para a criança está ligado a vários aspectos: o primeiro deles, é o prazer de brincar livremente; seguem-se o desenvolvimento físico que exige um gasto de energia para a manutenção diária do equilíbrio, do controle da agressividade, a experimentação pessoal em habilidades e papéis diversificados, a compreensão e incorporação de conceitos, a realização simbólica dos desejos, a repetição das brincadeiras que permitem superar as dificuldades individuais, a interação e a adaptação ao grupo social, entre outros. 
 As brincadeiras variam de uma região para outra e adquirem peculiaridades regionais ou locais. No entanto, é possível reconhecer uma mesma brincadeira e identificar as variantes surgidas, as fusões ocorridas no decorrer do tempo. Muitas atividades desaparecem quando deixam de ser funcionais aos grupos lúdicos, podendo vir a reaparecer em novas combinações. 
 Existe uma pluralidade de ações lúdicas praticadas espontaneamente pelas crianças. Elas contribuem para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, cognitivas e também para a afetividade recíproca, a interação social, estabelecendo laços de amizade entre os companheiros de folguedos. Nas brincadeiras, a criança experimenta sentimentos diferentes (amor, confiança, solidariedade, união, proteção; mas, pode também sentir inveja, frustrações, rejeição, entre outros). 
 Quase sempre existe o incentivo à curiosidade, o estímulo à descoberta, à competição, propondo vivências que traduzem simbolismos do mundo adulto e do mundo infantil, onde a criança interage, busca soluções, coloca-se inteira, manipula problemas, descobre caminhos, desenvolve-se como ser social exige sua participação ativa no processo para um crescimento sadio, liberador de energias e de conflitos, onde o equilíbrio pode ser encontrado no dia a dia.
A História do brincar
 De acordo com Wajskop (2007), a brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se rompeu o pensamento românico passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes, a sociedade via a brincadeira como uma negação ao trabalho e como sinônimo de irreverência e até desinteresse pelo que é sério. Mas mesmo com o passar do tempo o termo brincar ainda não está tão definido, pois ele varia de acordo com cada contexto, os termos brincar, jogar e atividade lúdica serão usados como sinônimos.
 A brincadeira encontra-se presente em diferentes tempos e lugares. Desse modo, cada brincadeira tem um significado no contexto histórico e social que a criança vive. As brincadeiras experiências ao longo do tempo também estão vivas na vida das crianças, porém, com diferentes formas de brincar. Nesse sentido, elas são renovadas a partir do poder de recriação e imaginação de cada um.
As brincadeiras são universais, estão na história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte da cultura de um país, de um povo. Achados arqueológicos do século IV a.C., na Grécia, descobriram bonecos em túmulos de crianças. Há referências a brincadeiras e jogos em obras tão diferentes como a Odisséia de Ulisses e o quadro jogos infantis de PieterBrughel, pintor do século XVI. Nessa tela, de 1560, são apresentadas cerca de 84 brincadeiras que ainda hoje estão presentes em diversas sociedades (SILVA, et al 2009)
Nessa perspectiva, o ato de brincar é parte integrante da vida do ser humano, e tem sua história marcada desde a vida intra-uterina. O primeiro brinquedo da criança é o cordão umbilical da mãe, onde, a partir da 17ª semana, através de toques, apertos, puxões, o bebê começa a criar uma relação dessa ordem.
De acordo com que Machado (2003) diz, a mãe também brinca com seu bebê mesmo antes de ele nascer, pois fica imaginando como será ser mãe, e associa as lembranças de quando brincava com sua boneca. Assim, quando o bebê nasce, já há uma relação criada da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe, pois esse já reconhece sua voz. No princípio, a relação acontece como se o bebê fosse o brinquedo de sua mãe e ao interagir com ele diariamente, a criança vai aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela.
Bacelar (2009), também, traz a ampliação da compreensão da ludicidade reconhecendo sua validade como possibilidade de uma vivência mais plena em todos os âmbitos da convivência humana, seja na família, no trabalho, nos círculos de amizade ou na escola. E ressalta, em seus escritos, que a vivência lúdica como uma experiência plena pode colocar o indivíduo em um estado de consciência ampliada e, consequentemente, em contato com conteúdos inconscientes de experiências passadas, restaurando-as e, em contato com o presente, anunciando possibilidades para o futuro.
1.2 A necessidade de brincar
 Para a criança, brincar é viver. De acordo com Santos (1999), a história da humanidade tem nos mostrado que as crianças sempre brincaram e, certamente, continuarão brincando. 
 Segundo Chateau (1987, p.14) de "Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar". Para manter-se em harmonia consigo mesma, com seus semelhantes e com o mundo que a cerca, a criança precisa brincar; precisa inventar e reinventar o mundo.
 Brincar é genético na criança e é fundamental para o seu desenvolvimento psicossocial. Através da interpelação da criança com os brinquedos ela desenvolve o raciocínio, a criatividade e a compreensão do mundo. A escritora Wajskop (1995, p.68) afirma: "Brincaré a fase mais importante da infância – do desenvolvimento humano neste período – por ser a autoativa representação do interno – a representação de necessidades e impulsos internos". Com a brincadeira a criança aumenta sua sensibilidade visual e auditiva, desenvolve habilidades motoras e cognitivas.
 Existem diversas razões para brincar, desde o prazer que o lúdico propicia até mesmo a importância para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. É sabido que é na brincadeira que a criança expressa suas vontades e desejos.
 Na educação infantil esse movimento estimula a capacidade de criação, abstração, fantasia, cognição, bem como os aspectos emocionais e sociais na criança. Segundo Carneiro e Dodge (2007, pág. 59), “... o movimento é, sobretudo para criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar com situações novas e inesperadas, e age de maneira independente, e consegue enxergar e entender o mundo fora do seu cotidiano. 
 É importante criar uma parceria entre escola, família e criança a fim de explicitar os benefícios do ato de brincar na educação infantil, visto que além de deixar as crianças mais alegres, possibilita o desenvolvimento de habilidades físicas, motoras, cognitivas, etc. Ocorre que quando as crianças têm essa estimulação na escola e no contexto familiar, os benefícios têm um valor muito maior.
CAPITULO 2: CONCEPÇÕES SOBRE LUDICIDADE: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS
2.1 Jogos e brincadeiras no longo da história 
Ultimamente, tem-se demonstrado significativamente grande interesse por projetos e trabalhos acadêmicos, envolvendo metodologia que mais se identificam com o universo infantil: os jogos e brincadeiras. 
Destaca-se que alguns pesquisadores Vygotsky, Piaget, Kishimoto, Sisto, entre outros estudiosos, enfatizam a função e importância do lúdico na formação da criança. Mas, na antiguidade, conforme explica (Kishimoto 2005, p. 29), “[...] muitos jogos tradicionais infantis são atestados pela obra do Rei de CastilleAllponse X que, em 1283, redigiu o primeiro livro sobre os jogos na literatura europeia”.
 Ao longo da história, foram surgindo ideias divergentes em relação aos jogos: para uns, representava a possibilidade de fazer a criança gastar mais energia e dar um pouco de tranquilidade; para outros, representava a possibilidade de preparar a criança para a vida, despertando o ponto de equilíbrio. Os colégios, embora tradicionais, ainda mantinham a disputa dos jogos. Com referência ainda à história dos jogos, Almeida (2000, p. 16), afirma que, “no século XVI e XVII foram fundados colégios pelas ordens religiosas dos Jesuítas, seguindo o modelo de escola tradicional com rígida formação moral e acabaram se tornando famosos [...]”. 
Algumas restrições foram impostas aos jogos, como por exemplo, ser dado às crianças de até seis anos. Na Era Cristã, em relação aos jogos, era imposta uma educação disciplinadora, não havendo condições para a expansão dos jogos, considerados maléficos pela sociedade cristã. Segundo Chicon (2004, p. 21) ”proibia a recreação às crianças na tentativa de preservá-las do mal, ou seja, ao recrear-se, a criança estaria desagradando a Deus”. 
 Na era Renascentista, os jogos e brincadeiras retomam seu espaço. Segundo Brougeré (apud KISHIMOTO, 2005, p.24), novas concepções pedagógicas veem o jogo como uma “tendência natural do ser humano, defendendo não só os jogos do corpo-físico (jogo de corridas com bolas, barras e outros), mas também os jogos de espírito-mente-intelecto (jogo de xadrez e outros) ”. Acredita-se, então, que o jogo é um fato tão antigo quanto a cultura. 
 A realidade do jogo pode ultrapassar a esfera da vida humana e não ter fundamento em qualquer elemento racional, mas para Chateau (apud KISHIMOTO, 2005, p.21), “o jogo ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica”.
 Acredita-se que através do uso dos jogos, possa-se difundir e estimular nos educandos, o seu desenvolvimento lógico, assim fazendo relações, concluindo e concretizando de forma agradável e interessante, o conteúdo o qual estão estudando. Segundo Santos (2001, p. 53), “[...] a educação, via da ludicidade, propõe-se a uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando, inspirado numa concepção de educação para além da instrução”.
 No contexto educacional nem toda atividade lúdica pode ser concebida como recurso pedagógico, a ação pedagógica intencional do professor deve refletir na organização do espaço, na seleção dos brinquedos e na interação com as crianças, nesse sentido, em seus estudos Campagne, de acordo com Kishimoto (2005, p.20) sugeriu critérios para a escolha do material adequado e que garantem a função lúdica de educar que são:
O valor experimental: deixa que as crianças explorem e manipulem os brinquedos; valor da estruturação: dá suporte à construção da personalidade infantil; valor da relação: oportunizar a criança a interagir com seus pares e com adultos, com os objetos e o ambiente em geral; valor lúdico: verificar se os objetos estimulam a ação lúdica.
Rigorosidade metódica é uma das exigências do ensinar, pois busca proporcionar ao aluno um aprendizado crítico aproximando-os das teorias que levam ao conhecimento de modo a instigar-lhes a curiosidade e a não aceitação de que, aquele conhecimento é inquestionável. 
 Os jogos são instrumentos eficazes para o desenvolvimento do ser humano. E através deles, segundo Oliveira (2000, p. 67) a criança desenvolve a “imaginação, a criatividade, a socialização, a expressão, a discussão, reciprocidade, capacidade de solucionar problemas e desenvolve formas de comportamentos e de cooperação”.
 Para Brenelli (2003, p.136), assim como outros instrumentos de educação, jogos “evoluíram e chegaram até os meios modernos de comunicação como computadores e Internet, o jogar é uma brincadeira organizada, convencional, com papéis e posições marcadas”, cujo processo de evolução apresenta características bem específicas. No século XIX, os educadores começaram a se interessar pelo estudo dos jogos infantis. 
Final do século XIX e começo do século XX, foi enfatizada a necessidade de se preservarem os costumes infantis e as coleções lúdicas eram tratadas como relíquias. O jogo tinha a característica universal de todas as culturas devido à difusão constante ou a unidade física do pensamento humano e ao conservadorismo de todas, correndo, porém o risco de transformar essas coleções de jogos em documentos mortos. Introduz a criança no grupo social com brincadeiras de grupo, iniciando a sua socialização (BRENELLI, 2003). 
Ainda de acordo com Brenelli (2003), na década de 1930 a 1950 acontece a socialização da criança, começando pelos jogos em que há a participação da criança, do professor e outras crianças. Ao se socializar, a criança entra em contato com outros amigos, habitua-se a considerar o ponto de vista de outra criança e isso estimula o pensamento. Essa troca leva à construção do desenvolvimento. De 1920 à década de 1960, o jogo era usado como contexto para a pesquisa de outras atividades. 
A observação do jogo espontâneo através do diário do jogo, assim como a utilização de fotografias e anotações simultâneas para registrar o comportamento de crianças e adultos foi feita através de inovações metodológicas importantes para o estudo de criança e de jogos. Nas décadas de 1950 a 1970 ressalta-se a importância da comunicação no jogo, distinguindo mensagens, regras, normas, respeito às mesmas e à conscientização da importância da ordem. 
O jogar é o brincar em um contexto de regras e com um objetivo predefinido. Para Almeida (2000, p.22) “o ato consiste em uma atividade livre, conscientemente tomada como não séria e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total”.
 Além desses critérios,o professor deve estar atento também à idade e auxiliar a criança na utilização do brinquedo até que esteja apta a brincar sozinha. O professor deve também participar das brincadeiras, demonstrando prazer e estimulando-as a participar. 
 Para Kishimoto, (2005, p.18), “o jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele deve ser para nós um meio (de educar), de onde seu nome - jogo educativo - que torna cada vez mais um lugar na linguagem da pedagogia maternal”. No jogo a criança se sente livre e se expressa facilmente. 
 Para o professor o jogo é um instrumento para formar, criando um clima adequado para a investigação e a busca de soluções. Sua valorização, segundo Kishimoto (2005) na educação dá-se justamente pelo caráter sério que é a aquisição do conhecimento e o caráter não sério que dá espaço ao lúdico dando liberdade de ação para a criança.
2.2 Classificação dos jogos
 O jogo tem sido estudado e discutido continuamente por diversos autores. No entanto, discutir e definir o conceito de jogo constitui um exercício mais complexo do que aparenta devido à diversidade de experiências que parecem com esse nome. A denominação jogo pode variar muito de acordo com cada sociedade. Em se tratando de jogo para um contexto educacional voltado para o desenvolvimento da criança, levam-se em consideração os conceitos de alguns autores. O jogo, de acordo com Rizzi, Haidt (2001, p.175) “é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras e lúdica, pois se joga pelo simples prazer de realizar esse tipo de atividade. Jogar é uma atividade natural do ser humano”. 
 Para Militão (2000, p.24), “o jogo é um processo de vivência. É uma técnica uma dinâmica, uma competição saudável entre pessoas” e ainda pode ser concebido como, conjunto de peças que servem para jogar; passatempo recreativo sujeito à certas regras; estilo de jogar numa competição; competição ou série de competições caracterizada por exercícios e disputas com direito a prêmios. 
 Quanto à classificação dos jogos, segundo Friedman (1996, p.28), “Piaget descreveu, classificou e explicou o jogo nas diferentes fases de desenvolvimento da criança” e se classificam da seguinte maneira:
 a) Jogos de exercício sensório-motor: é o primeiro a aparecer na vida das crianças, relaciona-se com atividade de prazer funcional e não de representação, coloca em ação comportamentos sem modificar suas estruturas, exercita-as pelo próprio prazer que encontra em seu funcionamento. Segundo Araújo (2000, p.62), “não tem por objetivo a aprendizagem em si, mas a formação de esquemas de ação, de condutas, de automatismo”.
 b) Jogos simbólicos: entre a idade de dois e seis anos, representam a diferenciação entre significantes e significados. São ficção ou imitação quando se transforma objetos ou no desempenho de papéis. Assinala a realidade. De acordo com Araújo (2000, p.63), suas características do jogo simbólico são “liberdade total de regras; desenvolvimento da imaginação e da fantasia; ausência de objetivo; ausência de uma lógica”. Cada tipo de jogo tem uma importância na aprendizagem em função dos seus objetivos e finalidades. 
c) Jogos de construção: para Kishimoto (2005, p.40) “os jogos de construção são considerados importantes, porque enriquecem a experiência sensorial, estimula a criatividade e o desenvolvimento das habilidades da criança”. Exploram e manipulam objetos, observando suas características e funcionalidade. 
d) Jogos de regras: surgem entre a idade de quatro a sete anos e vai até os 12. De acordo com Araújo (2000, p.64), “[...] ao jogar de regras, as crianças assimilam a necessidade de cumprimento das leis da sociedade e das leis da vida” e as regras podem ser:
a) Regras transmitidas: presentes nos jogos que se tornam institucionalizados, diferentes realidades sociais se impõem por pressão de sucessivas gerações (jogo de bolinha de gude);
 b) Regras espontâneas: são jogos de regras de natureza contratual e momentânea. Os jogos de regras, de acordo com Araújo (2000, p.67) originam da socialização “dos jogos de exercício simples ou dos jogos simbólicos e de uma socialização que comporta tantas relações entre indivíduos mais novos e indivíduos mais velhos como relações entre indivíduos de uma mesma geração”. Constituem combinações sensório-motoras ou intelectuais, proporciona a competição entre os indivíduos, fazendo com que a regra seja necessária. 
Em relação ao brinquedo educativo, segundo Kishimoto (2005, p. 37), “ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo, dentro do contexto educacional assume função lúdica, porque propicia diversão, prazer e até mesmo desprazer”. Entretanto, o brinquedo, assume função educativa, quando o professor ensina algo que orienta a criança em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. 
 São várias as etapas que crianças atravessam até conquistar o saber brincar e ter bom aproveitamento, principalmente, nas brincadeiras coletivas. É normal que a criança, ao brincar em grupo, queira voltar a brincar sozinha ou apenas na presença dos amigos, porém sozinha. 
 Como os educadores devem lidar com os jogos nas escolas, na rotina diária, Placco (2002, p.145) afirma: que “[...] um local como a escola poderia, com facilidade, incorporar esses desenvolvimentos que mencionamos, ainda para as possibilidades interdisciplinares dos jogos”.
2.3 Jogos e brincadeiras com o uso das tecnologias moveis na educação infantil
 
 As tecnologias vêm se mostrando cada vez mais presentes na contemporaneidade e o que antes era comum e indicado para os adultos, hoje passa a ser objeto de desejo e interesse também das crianças. E é claro que, além de demonstrarem interesse pelas tecnologias, as crianças continuam brincando, criando, teimando, discutindo, passeando pelos desenhos impressos, divertindo-se nos parques e ruas, enfim, percorrendo por outros espaços que configuram e complementam suas vivências que vão se delineando em complemento umas às outras e não como substituições de umas por outras.
 Dessa forma, estamos propondo ir além dos discursos que se opõem e negam o uso das tecnologias pelas crianças, argumentando que esse fato poderia antecipar vivências, queimar algumas etapas ou até mesmo substituir linguagens que elas ainda não teriam desenvolvido. Nesse contraponto, estamos considerando que as crianças apresentam interesse desde a mais tenra idade e estabelecer um diálogo a respeito dessa realidade é uma das emergências que pretendemos problematizar nesse artigo derivado de uma pesquisa de mestrado que buscou compreender as crianças na contemporaneidade, suas representações, com base nas relações com as tecnologias móveis – tablet e laptop – no espaço da educação infantil.
 A partir da relação entre crianças, jogos e brincadeiras com o uso das tecnologias, das falas das crianças ao utilizarem determinadas ferramentas e das descrições de campo, discutiremos a respeito das tecnologias visando assegurar o desenvolvimento das múltiplas linguagens das crianças e por conseguinte, contribuindo no modo de ser criança e vivenciar sua infância na contemporaneidade.
CAPÍTULO 3: PRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES LÚDICAS NA ESCOLA
A sala de aula pode se transformar também em lugar de brincadeiras, se o professor conseguir conciliar os objetivos pedagógicos com os desejos do aluno (ALMEIDA, 2009). Para tal, é necessário encontrar o equilíbrio entre o cumprimento de suas funções pedagógicas – ensinar conteúdos e habilidades, ensinar a aprender – e psicológicas, contribuindo para o desenvolvimento da subjetividade, para a construção do ser humano autônomo e criativo – na moldura do desempenho das funções sociais –, preparar para o exercício da cidadania e da vida coletiva, incentivar a busca da justiça social e da igualdade com respeito à diferença.
Reconstruir conceitos importantes sobre o ato de brincar e sua importância no contexto escolar éfundamental para a prática pedagógica do professor. Se ele busca a formação de indivíduos dinâmicos, criativos, reflexivos e capazes de enfrentar desafios, deve proporcionar condições para que as crianças brinquem de forma espontânea, dando a elas a oportunidade de ter momentos de prazer e alegria no ambiente escolar, tornando-se autoras de suas próprias criações. Mais uma vez remetendo a Winnicott (1975), quando não reprimidas, a espontaneidade e a criatividade agem no sentido de fazer as coisas, de brincar; consequentemente, as crianças alcançam a aprendizagem.
Mas o que seria, de fato, uma aula lúdica? Para Fortuna (2000, p. 9), “uma aula lúdica é uma aula que se assemelha ao brincar”, ou seja, é uma aula livre, criativa e imprevisível. É aquela que desafia o aluno e o professor, colocando-os como sujeitos do processo pedagógico. A presença da brincadeira na escola ultrapassa o ensino de conteúdos de forma lúdica, dando aos alunos a oportunidade de aprender sem perceber que o estão.
O brincar estimula a inteligência porque faz com que o indivíduo solte sua imaginação e desenvolva a criatividade, possibilitando o exercício da concentração, da atenção e do engajamento, proporcionando, assim, desafios e motivação
3.1 A brinquedoteca como espaço privilegiado para o brincar
 A brinquedoteca é um espaço que proporciona, por meio de jogos e brincadeiras a construção de conhecimento e aquisição de habilidades cognitivas, além de integrar socialmente o sujeito no mundo da imaginação. 
 Esses espaços lúdicos, surgiram no Brasil na década de 1980, porém com um contexto diferente do modelo inglês, que fazia empréstimos de brinquedos após uma crise no país, que levava as crianças de uma escola próxima, a furtarem brinquedos de uma loja infantil, sendo assim o dono da loja resolveu emprestar brinquedos a elas. Surge então as brinquedotecas, que no contexto brasileiro se diferenciam, pois não emprestam brinquedos e sim proporcionam um espaço lúdico e acolhedor para a criança brincar.
 Sobre a consideração acima, Santos (1995, p.8), corrobo que:
“Este ambiente criado especialmente para a criança tem como objetivo estimular a criatividade, desenvolver a imaginação, a comunicação e a expressão, incentivar a brincadeira do faz-de-conta, a dramatização, a construção, a solução de problemas, a socialização e a vontade de inventar, colocando ao alcance da criança uma variedade de atividades que, além de possibilitar a ludicidade individual e coletiva, permite que ela construa o seu próprio conhecimento”.
 Através da citação acima, pode-se compreender a necessidade de se introduzir esse espaço lúdico dentro das escolas, pois quando a criança brinca ela está desenvolvendo habilidades e construindo conhecimento, sendo que para adquirir o processo de alfabetização e numeramento, as habilidades motoras e o desenvolvimento cognitivo devem estar bem desenvolvidas. 
 Segundo Moyles (2002, p. 36,37), O brincar “aberto”, aquele que poderíamos chamar de a verdadeira situação de brincar, apresenta um esfera de possibilidades para a criança, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem e tornando mais clara a sua aprendizagem. Parte da tarefa do professor atender as necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem.
 O papel do professor é assumido na terceira parte do ciclo do brincar, quando ele deve tentar diagnosticar o que a criança aprendeu – o papel de observador e avaliador. Ele mantém e intensifica esta aprendizagem e estimula o desenvolvimento de um novo ciclo. 
 O professor deve buscar na sua formação, metodologias que proporcionem a aprendizagem lúdica para seus alunos. Através de um recurso pedagógico, disponível dentro da escola, o processo de aquisição do conhecimento envolvendo o brincar se tornaria mais prático e prazeroso para o educador e o educando. 
 Defende-se neste contexto, o uso de brinquedotecas escolares, para que todo o processo de aprendizagem cognitiva, ao qual a criança tem direito, seja desenvolvido. Sendo assim, considerando que o aluno ingressa no ensino fundamental, iniciando o processo de alfabetização e numeramento, necessita de um ambiente que possibilite e promova a aprendizagem de forma lúdica, para que, possa ter sua construção cognitiva plenamente desenvolvida.
3.2 História das ludotecas
 “As ludotecas são espaços de jogos, onde crianças, jovens e adolescentes vão brincar”. “No Brasil se costuma denominar de brinquedoteca, termo adequadamente justificado, uma vez que na língua portuguesa se utiliza habitualmente o vocábulo” brincar “, quando se faz referência ao jogo infantil. A palavra Ludo tem origem na palavra latina ludu, com o sentido de jogo, divertimento” (NEGRINE, Airton, 1994, 62).
 Existem indicadores, mas nada concreto, de que a primeira ludoteca foi fundada em 1934 na cidade de Los Angeles (Califórnia). Em 1960 a UNESCO lançou a ideia a nível internacional, com o objetivo de estimular o desenvolvimento das crianças e sendo assim concluíram que a escola seria o melhor lugar para que as ludotecas fossem implantadas, pois antes disto elas existiam em bairros e ou centros de cidades.
 Para que se possa ter uma ideia do percurso histórico das ludotecas, pode-se dizer que um 1979 Maria de Borja, apresentou na Espanha uma tese doutoral: “Estudo para implantação de uma rede de ludotecas na Catalunha” (Espanha). A investigação e o tema eram totalmente desconhecidos, pois tratava de um modelo pedagógico-social de ludoteca como instituição educativa e parte integrante e responsável também pela socialização das crianças.
 Na Espanha em 1922, já existiam 125 ludotecas e a tendência era de que estas continuassem se multiplicando e foi o que realmente ocorreu. A partir daí, não se possuem registros exatos de como e quando elas cresceram. No Brasil não há um ano específico e citado para o surgimento, mas acredita-se que foi logo após a expansão das ludotecas na Espanha.
 Em 1993, em São Paulo, realizou-se o III Seminário estatal sobre jogos, brinquedos e ludotecas. Isso significa que os pedagogos definitivamente não apenas passaram a investigar os resultados do jogo no processo de desenvolvimento e aprendizagem, mas também a exercer influência sobre a indústria dos brinquedos. Neste sentido, as ludotecas como espaço lúdico alternativo são instituições que possibilitam a abertura de um novo e proveitoso campo de atuação.
 Atualmente a grande maioria das escolas que seguem a linha construtivista possui inseridas nos ambientes escolares uma ludoteca, mas as escolas mais tradicionais ainda.
3.3 A relevância do brinquedo e da brincadeira educação infantil escolar
 No fim do século XIX, o psicólogo e filósofo Francês Henri Wallon (1879-1962), o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896- 1934) buscaram compreender como os pequenos se relacionavam com o mundo e como produziam cultura. Até então, a concepção dominante era de que eles não eram produtores e socializadores de cultura própria. Investigando essa faceta do universo infantil eles concluíram que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se dá por meio da brincadeira e que é dessa maneira que elas se expressam culturalmente. 
 O brinquedo também possui uma dimensão histórica e cultural cuja apresentação torna-se primordial para sua compreensão. Os termos criança, infância e brinquedo são construções sociais, ou seja, representações criadas pela sociedade para identificar coisas ou objetos. 
 Para (Kishimoto1994) o brinquedo é compreendido como um “objeto suport da brincadeira”, ou seja, brinquedo aqui estará representado por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos também podem ser considerados: estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aquelesque já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos acima, piões, bonecas, carrinhos e tantos outros. 
 Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos que os brinquedos podem ser estruturados ou não estruturados dependendo de sua origem ou da transformação criativa da criança em cima do objeto. 
 Brincadeira: A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela utilização de regras. Exemplos de brincadeiras que poderíamos citar e que são amplamente conhecidas: Brincar de Casinha, Ladrão e Polícia etc. A brincadeira é uma atividade que pode ser tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a ação lúdica, a criança pode modificá-la, ausentar-se quando desejar, incluir novos membros, modificar as próprias regras, enfim existe maior liberdade de ação para as crianças.
 As brincadeiras são linguagens não verbais, nas quais a criança expressa e passa mensagens, mostrando como ela interpreta e enxerga o mundo. E é um direito de todas as crianças do mundo, garantido no Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança da UNICEF.
 Wallon (1879-1962) foi o primeiro a quebrar a paradigmas da época ao afirmar que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar livremente para que façam descobertas, levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. 
 Já (Piaget 1896-1980), focou no tempo, espaço e movimento das crianças e de como se diferem, ou seja, nas características do brincar de acordo com as faixas etárias, denominando que os mesmos fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras. 
 As pesquisas de Vygotsky (1896-1934) apontaram que a produção de cultura depende de processos interpessoais, ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um indivíduo, mas às relações dentro de um grupo. Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável por ampliar o repertório cultural das crianças.
 Conscientes de que elas se comunicam pelo brincar, Vygotsky (1896-1934) considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de instrumentos para enriquecê-las, afirmando que um importante papel da escola é desenvolver a autonomia das crianças.
 Ao observarmos uma criança em idade pré-escolar exercendo algum tipo de atividade, é fácil perceber que o brincar de faz-de-conta é constante em suas ações e atitudes. Como essa atividade surge na criança? 
 De acordo com (Leontiev 1998a, 1998b), o brinquedo surge na criança no início da idade pré-escolar, no momento em que ela sente a necessidade de agir não apenas com os objetos que fazem parte de seu ambiente físico e que são acessíveis a ela, mas com objetos a que ela ainda não tem acesso, e que são objetos pertencentes ao mundo dos adultos. Para superar essa necessidade a criança brinca e durante a atividade lúdica ela vai compreendendo a sua maneira o que faz parte desse mundo, esforçando-se para agir como um adulto, por exemplo, dirigir um carro, andar a cavalo, preparar uma comida ou atender um paciente. 
 A contradição existente entre a necessidade de a criança agir com os objetos do mundo adulto e a impossibilidade de operar de acordo com tais ações, vem a ser solucionada pela criança através de suas brincadeiras. É na atividade e, sobretudo, no brinquedo que a criança supera os limites da manipulação dos objetos que a cercam e se insere num mundo mais amplo.
 Nos jogos didáticos o adulto cria as regras, comanda a atividade e define o objetivo. Seu valor como instrumento de aprendizagem é indiscutível, a criança realmente pode aprender com ele, mas não substitui a brincadeira, podendo até confundir essas duas coisas e o professor pensar que usa o brinquedo em sala de aula quando não faz mais do que apresentar jogos didáticos.
 Enquanto a brincadeira não é dirigida, é apenas assistida e é com base nessa observação que o professor determina objetivos que serão alcançados em outras atividades. Isto é, a brincadeira é uma atividade informal que se desenvolve sem que haja investimento de objetivos pedagógicos. A brincadeira também se desenvolve dentro da família, das relações de comunicação, das relações de prazer na construção de um universo de vida cotidiana entre as crianças e os pais. 
 Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha pontos de contato com a sua realidade. Através da observação do desempenho das crianças com seus brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e cognitivo. Bem como, guardar os brinquedos com cuidado pode ser desenvolvido através da participação da criança na arrumação feita pelo adulto, esse hábito constante e espontâneo dos pais e da professora ao guardar com zelo o que utilizou, faz com que a criança adquira automaticamente o mesmo hábito, ocorrendo inclusive satisfação tanto no guardar como no brincar.
 O professor precisa priorizar o lúdico em sua prática pedagógica, valorizando a liberdade de aprender pelo mecanismo mais simples e mais eficiente: a brincadeira. Para atingir esse objetivo, ele deve conscientizar-se de que necessita realizar estudos e pesquisas sobre temas relativos à aprendizagem, buscar e testar novas estratégias de ensino que atendam adequadamente à necessidade de formação do aluno
METODOLOGIA
 
 O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na Internet sobre a temática do Lúdico: brincar e jogar como forma de educar.
 Considerando que o método em análises exige uma reflexão sobre a prática pedagógica mediante o processo teórico educativo o qual está sempre em construção , podendo assim aperfeiçoar cada vez mais as práticas e conceitos conforme a evolução do conhecimento em geral, ou seja, de cada pessoa que faz parte do ensino. Faz-se necessário, uma profunda reflexão dos novos modelos, direcionados ao ato do educar por meio do brincar.
 Segundo Prodanov (2003, p.25) , a pesquisa bibliográfica é chamada de dado secundário , pois se tratam de “dados de segunda mão”, essa expressão indica que são dados disponíveis e que não foram coletados particularmente para o trabalho. Ainda complementa que a metodologia é o canal por onde deve ser obtido o conhecimento , comprovando aquilo que se encontra no trabalho , sabendo assim como abordá-lo adequadamente, sendo uma ferramenta para auxiliar na busca de respostas Prodanov (2003, p. 19 -20).
 Esse método foi designado para entendermos que a ludicidade é o ícone da educação infantil, que a criança brincando aprende com mais facilidade, desejo e vontade, é o método mais coerente de ser uti lizada na sala de aula, desde o berçário até a pré-escola , essa metodologia a oferece uma aprendizagem expressiva, de qualidade, pois motiva o aluno em querer brincar, jogar , criar e imaginar cada vez com mais frequência e o professor pode aproveitar para conhecer seu educando.CONCLUSÃO
 O lúdico é uma necessidade humana que proporciona a interação da criança com o ambiente em que vive, sendo considerado como meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas possibilitam a incorporação de valores, o desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos, o desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Assim, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário e tem a oportunidade de se desenvolver de maneira prazerosa.
 Durante todo o estudo percebeu-se que o lúdico é de fundamental importância para o bom desenvolvimento da criança, é através de brincadeiras, músicas e outros que o processo de ensino-aprendizagem se torna mais enriquecido.
 O Brincar é a principal atividade da criança pequena, a educação infantil deve então valorizar e reconhecer a importância do tempo que as crianças dedicam ao brincar, incorporando-o à rotina do trabalho educativo. Nessa perspectiva, deve-se considerar o brincar como uma forma de linguagem, pois através da brincadeira a criança interage com outras pessoas, expressa e comunica seu mundo interno, elabora e realiza construções mentais (base para a construção de sistema de representação).
 É também através da brincadeira que as crianças amadurecem para a vida coletiva, desenvolvendo competência para a interação, utilizando e experimentando as regras e papéis sociais. Portanto, o brincar é incorporado no trabalho da educação infantil como um momento de desenvolvimento psicológico e social.
 Diante das inúmeras mudanças ocorridas na educação e na forma de conceber a criança, a escola e professores ainda não estão preparados para receber e atender a esse novo perfil do aluno da educação infantil. A partir do desenvolvimento, esse estudo constatou que os jogos e brincadeiras tradicionais são atrativos para os alunos e que o lúdico tem uma função essencial no desenvolvimento da criança. Usar o lúdico como recurso pedagógico e suporte de intervenção requer um compromisso maior do educador em relação aos conteúdos trabalhados, que precisam ser significativos e fazer sentido para as crianças e para os professores.
 Portanto, entende-se que o brincar deve ser posto constantemente em questão e em prática nas instituições de educação infantil, pois ao brincar não se aprende somente conteúdos escolares, aprende-se sobre a vida e suas relações com os outros.
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