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FACULDADE PITÁGORAS DE ENSINO UNIDADE RAJA NÚCLEO DE ENGENHARIAS ENGENHARIA ELÉTRICA APLICAÇÃO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS EM RESIDÊNCIAS Fabíola Pereira de Carvalho Fabrício Afonso Pereira Silva Mário Sérgio dos Santos Vinícius Souza Silva Weidman Firmino Belo Horizonte 2012 Fabíola Pereira de Carvalho Fabrício Afonso Pereira Silva Mário Sérgio dos Santos Vinícius Souza Silva Weidman Firmino APLICAÇÃO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS EM RESIDÊNCIAS Monografia apresentada a Faculdade Pitágoras como pré-requisito para obtenção do título de bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Jorge Magno Alves Pereira Belo Horizonte 2012 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ff � fi � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ff � fi fl ffi ffi � fl ! 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Também aos nossos colegas de profissão que confiaram em nossas escolhas e nos ajudaram a aplicar e aprimorar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Aos amigos adquiridos nesse período, que sempre se esforçaram para que em todos os momentos realizássemos o melhor trabalho possível, ajudando-se uns aos outros e finalmente a todos os professores que nos deram a única coisa que ninguém pode nos tirar, o conhecimento. AGRADECIMENTOS Agradecemos esta conquista a todas as pessoas que durante todos estes anos de curso, estiveram ao nosso lado, compreendendo as ausências para que pudéssemos adquirir o conhecimento necessário para esta formação e nos incentivando nos momentos mais difíceis. Esta vitória dedicamos a todos os amigos, familiares e professores que acompanharam a nossa caminhada, confiaram, torceram e incentivaram, para que chegássemos até aqui, somos eternamente grato a todos. Mesmo a jornada sendo árdua e difícil e muitas vezes o desânimo tentando nos derrotar, o apoio incondicional de nossas famílias e amigos nos impulsionaram nesta luta. A nossos professores – em especial nossos orientadores do TCC, Ângela Baumgratz e Jorge Magno Alves Pereira – fica a gratidão eterna do fornecimento de seus conhecimentos para que pudéssemos nos aprimorar, a disponibilidade para tirar dúvidas mesmo em finais de semana e feriados, paciência de explicar repetidas vezes algo que não intendíamos e nos proporcionar este momento de glória. Nessa nossa grande batalha, creiam todos, a vitória também é de vocês. MUITO OBRIGADO! “O esforço de dois indivíduos trabalhando como unidade em direção a uma meta comum é maior que a soma dos esforços dos indivíduos trabalhando individualmente.” Willian B. Cornell RESUMO De acordo com as novas estimativas da EPE–Empresa de Pesquisa Energética para estudos feitos até o ano de 2021, o crescimento médio anual da demanda total de eletricidade será de 4,5% ao ano no período, passando de 472 mil gigawatts-hora (GWh), dados de 2011, para 736 mil GWh em 2021. Por outro lado, a taxa de crescimento do PIB brasileiro é estimada em 4,7% ao ano, em média, nos próximos 10 anos. É esperado que a expansão média do consumo anual de energia elétrica seja um pouco inferior à da economia. Este fator poderia representar um paradoxo, uma vez que no passado o crescimento da economia significava uma proporção direta na demanda por energia elétrica. A explicação para estas previsões são às claras sinalizações da elevação da eficiência no uso da eletricidade. Alinhadas com essas tendências estão a utilização de fontes de energias limpas e renováveis, destacando-se cada vez mais a energia solar fotovoltaica como alternativa viável, principalmente pelos benefícios ambientais. Neste trabalho abordaremos a utilização de geração de energia solar fotovoltaica em ambientes residenciais como meio complementar de produção de energia elétrica. Palavras chave: energia solar fotovoltaica, energia elétrica, viabilidade, valores ambientais, economia. ABSTRACT According to new estimates by the Energy Research Company (EPE) in studies done by the year 2021, the average annual growth of total electricity demand will be 4.5% per annum over the period, rising from 472,000 gigawatt-hours (GWh), data from 2011 to 736,000 GWh in 2021. The growth rate of the Brazilian GDP is estimated at 4.7% per year on average in 10 years. The expansion of the average annual consumption of electricity will be slightly lower than the economy. This factor could represent a paradox, since in past economic growth meant a direct proportion to the demand for electricity. The explanations for these predictions are the clear signs of increased efficiency in electricity use. Aligned with these trends is the use of sources of clean and renewable energy, highlighting growing solar photovoltaic energy as a viable alternative, especially for the environmental benefits. In this work we discuss the use of solar photovoltaic generation in residential ambients as a supplementary means of producing electricity. Keywords: solar photovoltaics, electricity, feasibility, environmental values, economy. LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Tabela de cargas da residência ............................................................ 50 TABELA 2 - Orçamento para instalação do sistema fotovoltaico na residência ........ 51 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Radiação solar médiaque incide na superfície terrestre ....................... 13 FIGURA 2 - Gráfico comparativo de tarifas de energia no mundo ............................ 14 FIGURA 3 - Matriz energética no Brasil e no Mundo ................................................ 15 FIGURA 4 - Perfil Esquemático de Usina hidrelétrica ............................................... 22 FIGURA 5 - Perfil esquemático da Usina nuclear ..................................................... 23 FIGURA 6 – Vista em corte de um aerogerador ........................................................ 25 FIGURA 7 - Perfil esquemático de um aerogerador .................................................. 25 FIGURA 8 - Percentuais de absorção e reflexão da radiação solar terrestre. ........... 27 FIGURA 9 - Estrutura de uma célula fotovoltaica ...................................................... 29 FIGURA 10 - Kit de geração de energia fotovoltaica. ................................................ 31 FIGURA 11 - Painel solar. ......................................................................................... 32 FIGURA 12 - Bateria de descarga profunda, usada em sistemas fotovoltaicos. ....... 37 FIGURA 13 - Gráfico da tensão contínua fornecida pela bateria e painel solar. ....... 38 FIGURA 14 - Gráfico da tensão alternada na saída do inversor. ............................. 39 FIGURA 15 - Esquema elétrico de um inversor trifásico conectado a painel fotovoltaico. ............................................................................................................... 40 FIGURA 16 - Onda de tensão quadrada ................................................................... 40 FIGURA 17 - Usina solar Tauá .................................................................................. 45 FIGURA 18 - Diagrama esquemático de uma central fotovoltaica ............................ 46 FIGURA 19 - Configurações de centrais fotovoltaicas com um (a) ou vários inversores (b) ............................................................................................................ 47 FIGURA 20 - Esquema de residência com sistema interligado à rede elétrica ......... 48 FIGURA 21 - Consumo médio mensal em kW/h ....................................................... 51 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 1.1 Problema ............................................................................................................. 15 1.2 Objetivos ............................................................................................................. 16 1.2.1 Objetivos específicos........................................................................................ 16 1.3 Justificativa .......................................................................................................... 17 1.4 Divisão de Trabalho ............................................................................................ 17 2 METODOLOGIA .................................................................................................... 19 3 PRINCIPAIS FONTES DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ..................... 21 3.1 Energia hidráulica ............................................................................................... 21 3.2 Energia Nuclear .................................................................................................. 22 3.3 Energia eólica ..................................................................................................... 24 3.4 Energia solar ....................................................................................................... 26 4 A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA ................................................................. 28 4.1 Princípio de funcionamento de sistemas fotovoltaicos ....................................... 28 4.1.1 Junção P-N ...................................................................................................... 28 4.2 Os benefícios da energia solar fotovoltaica ........................................................ 29 4.3 Componentes de sistemas solares fotovoltaicos ................................................. 30 4.3.1 Painéis solares ................................................................................................. 31 4.3.2 Tipos de células solares ................................................................................... 32 4.3.2.1 Células de silício monocristalino .................................................................. 33 4.3.2.2 Células de silício policristalino ...................................................................... 33 4.3.2.3 Células de silício amorfo ............................................................................. 34 4.3.2.4 Célula de arsenieto de gálio (AsGa) ............................................................. 34 4.3.2.5 Células de telureto de cadmio (TeCd) .......................................................... 34 4.3.2.6 Célula de disseleneto de cobre e índio (CuInSe2) ....................................... 35 4.3.3 Baterias ........................................................................................................... 35 4.3.4 Controlador de carga ....................................................................................... 37 4.3.5 Inversor ........................................................................................................... 38 5 UTILIZAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS RESIDENCIAIS ....................... 41 5.1 Esquema de montagem ..................................................................................... 41 5.1.1 Painéis solares ................................................................................................ 41 5.1.2 Direcionamento e inclinação dos módulos ....................................................... 42 5.1.3 Instalação dos demais componentes .............................................................. 43 5.2 Interligação com a rede elétrica ......................................................................... 44 5.2.1 Grandes centrais ............................................................................................. 44 5.2.2 Produção distribuída ....................................................................................... 48 5.3 Custos de instalação .......................................................................................... 49 5.4 Custos de Manutenção....................................................................................... 52 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 53 6.1 Panorama brasileiro de sistemas fotovoltaicos interligados a rede ..................... 53 6.2 Proposta de continuidade de estudo .................................................................. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 58 APÊNDICE A – Proposta Técnico Comercial da Montagem de um Sistema Real. ... 63 11 1 INTRODUÇÃO O mundo está em crescente desenvolvimento de tecnologias e aproveitamentos energéticos. A demanda por energia produzida por meio de fontes renováveis e sustentáveis está sendo bastante valorizada neste novo cenário. Assim, a utilização de fontes de energias limpas é essencial para avanços em todos os seguimentos da economia global, principalmente a do Brasil que têm experimentado uma taxa de crescimento e estabilidade superior a sua média histórica. O objetivo deste trabalho é o estudo da energia fotovoltaica. Essa energia apesar de relativamente nova têm tido uma expressiva elevação na sua utilização para geração de energia elétrica. Nos últimos 10 anos,a tecnologia fotovoltaica tem mostrado potencial para tornar-se uma das fontes de eletricidade predominantes no mundo – com um crescimento robusto e contínuo mesmo em tempos de crise financeira e econômica. Espera-se que esse crescimento continue nos anos seguintes, respaldado pela conscientização das suas vantagens. No final de 2009, a capacidade mundial instalada acumulada de sistemas fotovoltaicos era de aproximadamente 23 GW. Um ano depois era de 40 GW. Em 2011, mais de 69 GW estão instalado no mundo, podendo produzir 85 TWh de eletricidade a cada ano. Esse volume de energia é suficiente para abastecer a necessidade anual de mais de 20 milhões de casas. (EPIA – Global Market Outlook for Photovoltaics until 2016 – maio de 2012, p. 11.) O efeito fotovoltaico foi descoberto por Edmond Becquerel em 1839, que produziu corrente elétrica expondo dois eletrodos de prata à luz. Em 1877 foi construída a primeira célula fotovoltaica, sendo que essa apresentava um rendimento baixíssimo e consequentemente não houve desenvolvimento da mesma. Somente em 1954 foi publicado o primeiro artigo sobre células fotovoltaicas de silício, que apresentava um rendimento de aproximadamente 4,5%. Aplicações nos campos espacial e militar impulsionaram o desenvolvimento das células solares para a geração de energia para satélites artificiais. A crise energética mundial de 1973 renovou e ampliou o interesse em aplicações terrestres. Nos Estados Unidos, as empresas de petróleo resolveram diversificar seus investimentos, englobando a produção de energia a partir da radiação solar. 12 Porém, para tornar economicamente viável essa forma de conversão de energia, seria necessário, naquele momento, reduzir em até 100 vezes o custo de produção das células solares em relação ao daquelas células usadas em explorações espaciais (CEPEL, 2006). Segundo o Cresesb, em 1993 a produção de células fotovoltaicas atingiu a marca de 60 MWp, sendo o Silício praticamente absoluto no “ranking” dos materiais utilizados. Ele é o segundo elemento mais abundante no globo terrestre e tem sido explorado sob diversas formas: monocristalino, policristalino e amorfo. No entanto, a busca por materiais alternativos está sendo intensa e concentra-se na área de filmes finos, onde o silício amorfo se enquadra. As células de filmes finos, além de utilizarem menor quantidade de material do que as que apresentam estruturas cristalinas, requerem uma menor quantidade de energia no seu processo de fabricação, ou seja, possuem uma maior eficiência energética. Para Lisita (2005), a disponibilização de energia elétrica a partir do aproveitamento da energia solar através de painéis fotovoltaicos e a sua conexão com a rede elétrica de distribuição, é uma realidade em diversos países e vem crescendo e se consolidando como uma forma sustentável de obtenção de eletricidade, caracterizando-se como um processo de cogeração. Campelo (2003) define cogeração como “a produção descentralizada de eletricidade, e em particular a micro-geração” apresentando-a como uma solução para o futuro, pois a partir das novas tecnologias é possível, no próprio local de consumo, transformar e disponibilizar energia elétrica em quantidade suficiente com alta eficiência já que não ocorrem perdas por transporte de energia. Se considerarmos que a radiação solar no planeta é abundante, podendo ser considerada uma fonte inesgotável e o reduzido impacto ambiental da geração de energia elétrica fotovoltaica, justifica-se o porquê ela é vista como a solução energética para o futuro. A figura abaixo mostra a distribuição diária média entre 1991-1993 da energia solar recebida pela terra ao redor do mundo. Os círculos pretos representam a área necessária para suprir toda a demanda de energia do planeta terra. 13 FIGURA 1 - Radiação solar média que incide na superfície terrestre Fonte: http://www.solarenergy.com.br/energia-solar/ No Brasil a aplicação de painéis fotovoltaicos em unidades comerciais e residenciais está apenas na fase inicial, a falta de estudos relativos ao assunto podem trazer atrasos tecnológicos para a sociedade brasileira. As tarifas residenciais e industriais de energia elétrica aplicadas no Brasil estão em valores próximos aos das praticadas em economias desenvolvidas da Europa, entretanto o valor dos tributos e encargos embutidos na tarifa são mais elevados que na maioria dos países europeus, desta forma incidindo em um valor final elevado ao consumidor. A figura abaixo faz um comparativo das tarifas industriais de consumo de energia elétrica de 27 países. 14 FIGURA 2 - Gráfico comparativo de tarifas de energia no mundo Fonte: Portal o Setor Elétrico Vale destacar ainda que são fortes os impactos ambientais para novos empreendimentos de geração em larga escala. Estes fatos citados reforçam a necessidade da implementação de sistemas fotovoltaicos para contribuir no processo de geração de energia de forma eficiente e de baixo custo, levando ao aperfeiçoamento da tecnologia da cogeração, inclusive para pequeno porte. 15 1.1 Problema O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo industrializado com 44,1% de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólicas e solares. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade do País. Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento. Na Figura 3, consta a matriz energética mundial e do Brasil. FIGURA 3 - Matriz energética no Brasil e no Mundo Fonte: Os autores (dados coletados do Ministério de Minas e Energia (2012)) Os grandes aproveitamentos hídricos já estão praticamente consolidados em termos de suas capacidades instaladas, sobretudo no eixo sul e sudeste de maior consumo. A formação de reservatórios de acumulação de água e regularização de vazões, por sua vez, provoca alterações no regime das águas e a formação de microclimas, favorecendo certas espécies (não necessariamente as mais importantes) e prejudicando ou até mesmo extinguindo outras. 16 Desta forma é fundamental o desenvolvimento e uso de outras fontes de geração de energia elétrica. A utilização da energia fotovoltaica em aplicações em unidades residenciais e comerciais ainda não está difundida devido à resistência em mudanças nos meios tradicionais de geração para alternativos e sustentáveis. 1.2 Objetivos Este trabalho tem como objetivo detalhar o sistema de produção de energia fotovoltaica mostrando sua viabilidade como importante alternativa para contribuir no suprimento da crescente demanda mundial de energia. Para isso será feito o estudo dos componentes básicos e a aplicação de um projeto de sistema fotovoltaico aplicado a uso residencial. Vale ressaltar ainda que serão demonstrados os benefícios e baixos impactos ambientais de seu uso como fonte adicional de geração de energia elétrica. Como objetivo final desse trabalho será apresentado o custo benefício da implementação de placas fotovoltaicas para fornecimento de energia em uma residência. 1.2.1 Objetivos específicos Para concluir o trabalho serão abordados os seguintes objetivos específicos: a) Detalhar o processo de produção de energia fotovoltaico desde a geração da energia, armazenagem e a efetiva utilização em unidades residenciais, processos para que a mesma chegue às condições de utilização em unidades residenciais. b) Pesquisara capacidade de geração das placas fotovoltaicas e projetar um sistema para atendimento a uma demanda específica. c) Avaliar o custo de instalação e manutenção das placas fotovoltaicas; 17 1.3 Justificativa A utilização de energia elétrica, a partir do aproveitamento da energia solar com painéis fotovoltaicos e sua conexão com a rede elétrica está bastante difundida em países desenvolvidos e vem se consolidando como uma forma sustentável de obtenção de eletricidade mundialmente. A Alemanha é líder em produção de energia fotovoltaica, onde sua produção representa 55% da produção global (http://www.gstriatum.com/pt/alemanha-o-lider-mundial-em- energia-solar/). Estudar como os painéis solares fotovoltaicos convertem a diretamente a energia da luz do sol em energia elétrica confiável, limpa e sem interferências externas torna-se especialmente importante na atualidade. Os estudos mostrarão a quantificação dos custos de geração em Wh por $ e isso servirá de parâmetros para que novos empreendimentos sejam iniciados. 1.4 Divisão de Trabalho Neste trabalho falaremos sobre a instalação de um sistema de geração fotovoltaico em uma residência. No Capítulo 1, apresentada uma introdução abordando os avanços dos estudos fotovoltaicos, o problema objeto de estudo, o objetivo e a justificativa que levou à proposta desse trabalho. No Capítulo 2, será exposta a metodologia demonstrando todo o caminho para as soluções propostas. No Capítulo 3, será realizado um referencial teórico, onde são citadas as principais fontes de geração de energia elétrica segundo alguns autores pesquisados. No Capítulo 4, será apresentado o sistema fotovoltaico, abordando os princípios de funcionamento das células fotovoltaicas, os benefícios da implantação e seus 18 componentes, descrevendo os equipamentos e suas funções no sistema de geração. No Capítulo 5, será apresentada sua utilização em residências, onde serão abordados o esquema de montagem, como é feita sua interligação com a rede elétrica e seus custos com instalação e manutenção para estudo da viabilidade econômica da implantação do sistema de geração fotovoltaico. No Capítulo 6, serão apresentadas as conclusões deste trabalho e serão propostos temas para futuros trabalhos. 19 2 METODOLOGIA A palavra metodologia origina-se do alfabeto grego, onde META significa caminho e LOGOS estudos. Assim, metodologia se define como o caminho utilizado para o estudo de um tema. A metodologia utilizada neste TCC é a coleta de dados, informações e aspectos gerais relacionados à energia fotovoltaica, principalmente, voltados para o uso residencial. Foi realizado um levantamento para verificar a real disponibilidade bibliográfica a respeito do tema em questão (energia solar fotovoltaica). Uma vez que essa disponibilidade foi confirmada, tornando possível consultar variadas referências bibliográficas para o levantamento também dos tipos e das características de diversos meios de produção de energia elétrica, o método descritivo – que, segundo os autores A. L. Cervo e P. A. Bervian, consiste em observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão a frequência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores – foi usado para explicitar tais informações. Ainda devido a essas referências bibliográficas, que permitiram o recolhimento de dados sobre a constituição dos sistemas fotovoltaicos, foram citados os componentes e suas respectivas funções, a fim de melhor esclarecer o funcionamento de cada componente desse sistema. Também foram abordados aspectos qualitativos sobre a energia solar fotovoltaica e sua aplicação em residências. Isso, com o intuito de apresentar suas qualidades e defeitos para que fique bem claro ao leitor do trabalho, até que ponto o sistema fotovoltaico pode ser vantajoso ou não. Por fim, a viabilidade ambiental e econômica do uso, instalação e da manutenção dos painéis fotovoltaicos pôde ser comprovada devido aos dados reais que foram recolhidos, analisados e processados a respeito da residência de um dos 20 componentes da nossa equipe, Fabrício Afonso, que reside no bairro Santa Lúcia, em Betim. Onde foi feito um levantamento de todos os equipamentos que consomem energia elétrica existentes nesta residência e suas respectivas potências. Com o intuito de se dimensionar a energia elétrica necessária para manter uma casa, foi feita uma relação de todas essas cargas, para então definir qual a potência exigida do equipamento fotovoltaico. Por fim, todo esse processo de pesquisa, com o qual nos deparamos e analisamos livros, monografias, artigos científicos e fornecedor, foi essencial para que os autores agregassem mais conhecimento, no sentido de aplicação da energia fotovoltaica em residências. Além disso, esse conhecimento serviu como a base para a elaboração das considerações finais, onde está exposto tudo o que foi tangibilizado pelos autores. 21 3 PRINCIPAIS FONTES DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Segundo Ruth Leão (2011), a energia elétrica sempre ocupou, desde sua descoberta, um lugar fundamental na sociedade. E hoje com avanço tecnológico é impossível falar de tecnologia sem falar de energia elétrica, pois é ela que possibilita o perfeito funcionamento de cada produto que faz parte deste avanço. A geração de energia elétrica conforme Leonel Márquez (2011) se dá através de diversas outras fontes de energia, como energia hidráulica, energia cinética, energia eólica, energia nuclear, energia solar. 3.1 Energia hidráulica Segundo ANEEL (2008), o sistema de geração de energia elétrica através de fontes hídricas se dá pela integração da vazão dos rios obedecendo à periodicidade deste recurso e o desnível do relevo e na maioria dos casos a água é represada em reservatórios aumentando assim sua energia potencial. Esta água represada é responsável por acionar uma turbina que tem a função de converter a energia cinética da água em energia mecânica através de um eixo que por sua vez aciona um gerador de eletricidade. O conjunto de equipamento e instalações é chamado de Hidrelétrica. A hidrelétrica segundo a ANEEL (2008) é composto por: a) Sistema de Captação e Adução de água: estes sistemas são formados por túneis ou canais que tem a função de levar a água até a casa de força; b) Casa de Força: nelas estão contidas as turbinas, que são compostas por uma série de pás ligadas a um eixo acopladas a um gerador. Durante seu giro, as turbinas convertem energia cinética em energia elétrica por meio do gerador; c) Barragem cujo objetivo é: interromper o curso natural do rio formando um reservatório que além de armazenar água permite a formação do desnível necessário para configuração da energia potencial hidráulica; 22 d) Vertedouro: tem a função de permitir a saída da água sempre que os níveis ultrapassem os limites recomendáveis. A figura abaixo mostra o esquema básico de funcionamento de uma usina hidrelétrica. FIGURA 4 - Perfil Esquemático de Usina hidrelétrica Fonte: Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 3.2 Energia Nuclear Segundo Luiz Augusto (2006), a energia nuclear utilizada para produção de energia elétrica esta associada à fissão de átomos pesados, como urânio, tório e plutônio. E isto se dá devido a instabilidade natural de alguns isótopos destes materiais estes, que tendem a converter em outros materiais com números atômicos mais baixos com liberação de energia devido a perda de massa. Esta energia é elevada e se apresenta na forma de calor, por isso é usadanas usinas termonucleares para produção de energia elétrica. Para a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, átomos de alguns elementos químicos conhecidos como átomo pesado, transformam massa em energia através de reações nucleares. Essa energia pode ser transformada em energia elétrica de duas formas: A fissão nuclear, que ocorre quando a divisão do núcleo atômico se divide em dois menores, quando atingidos por um nêutron, e a fusão nuclear, na 23 qual dois ou mais núcleos se unem para produzir um novo elemento. A fissão do átomo de urânio é o principal processo empregado em usinas nucleares para geração de energia elétrica, devido à energia liberada durante esse processo. A usina nuclear é constituída de três circuitos independentes, ou seja, sem que haja contato físico entre os dois circuitos, a saber: primário, secundário e de refrigeração. No primário, a água no reator é aquecida, a uma média de 300ºC pela energia térmica liberada na fissão do átomo. Em seguida, essa água passa por tubulações e vai até o gerador de vapor, onde vaporiza a água do circuito secundário, esse vapor que é utilizado para movimentar a turbina acoplada ao gerador elétrico. Já na última etapa, o vapor é condensado através da transferência de energia térmica com a água de refrigeração, e a água volta ao gerador de vapor para reiniciar o ciclo. A figura abaixo mostra o funcionamento de uma central nuclear, que também é uma termoelétrica, ou seja, produz eletricidade a partir de calor. FIGURA 5 - Perfil esquemático da Usina nuclear Fonte: http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_energia_nuclear.htm 24 3.3 Energia eólica A energia eólica é denominada a energia cinética contida nos ventos. Para a geração de energia elétrica, empregam-se turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, esses são compostos por hélices que captam a força do vento e são ligadas a turbinas que acionam um gerador elétrico. Os aerogeradores segundo Felix A. Farret (2010) são máquinas que transformam a energia cinética dos ventos em energia mecânica e esta energia mecânica em energia elétrica acopladas a um gerador de eletricidade. Para o Ceresb (2006), esses aerogeradores são compostos pelos seguintes subconjuntos: a) Rotor: é onde são fixadas as pás da turbina. O rotor capta a energia cinética dos ventos e a transforma em energia elétrica. Esse subconjunto é conectado a um eixo que transmite a rotação das pás para um gerador elétrico; b) Nacele: é o suporte do gerador, que fica instalado no alto da torre. O gerador que também faz parte desse subconjunto que tem a função de realizar a conversão eletromecânica, produzindo a energia elétrica; c) Torre: é a estrutura que sustenta a nacele e o rotor, permitindo que os dois subconjuntos tenham altura ideal para capturar ventos de maior velocidade. A figura abaixo mostra um aerogerador com todos os seus componentes: 25 FIGURA 6 – Vista em corte de um aerogerador Fonte:http://www.cresesb.cepel.br/content.php?catid%5B%5D=1&catid%5B%5D=5 Na Figura 7, consta o perfil esquemático do funcionamento de um aerogerador. FIGURA 7 - Perfil esquemático de um aerogerador Fonte: http://www.prysmianclub.com.br/revista/PClub_19/frame_energia.html 26 3.4 Energia solar A energia solar segundo Antônio Roque (2012) é a fonte primária que garante a existência da vida na terra. Ela é gerada no interior do sol através de fusão nuclear e é transmitida para terra através de radiação eletromagnética, podendo ser transformada em diversas outras formas de energia, como energia gravitacional, energia cinética, energia térmica, energia elétrica, energia química, energia eólica, etc. Estas formas de energia por sua vez podem ser transformadas também em outras formas de energia permitindo assim obter energia elétrica através de diversas fontes de energia. A energia elétrica proveniente de fonte solar, segundo Paul Hewitt (2002), pode ser gerada diretamente ou indiretamente. Diretamente é o caso que ocorre com as células fotovoltaicas que serão apresentadas no próximo tópico. E indiretamente é o que ocorre conforme citado abaixo. Hídrica ou hidráulica: o sol é o responsável pelo ciclo da água. É ele que faz evaporar a água que mais tarde se transforma em chuva, a qual segue para o rio, que por sua vez é armazenado para gerar energia potencial gravitacional e depois energia cinética, a qual tem a função de girar as turbinas de uma hidrelétrica. Energia Térmica: o sol é o responsável pela vida das plantas. Conforme dito acima ele que garante o ciclo das águas e ele é que permite que as plantas realizem fotossíntese gerando assim as árvores que mais tarde se transforma em carvão vegetal e é usada em usinas termoelétrica. Energia Eólica: o sol é o responsável pelo aquecimento desigual da superfície da terra o que gera assim os ventos, estes por sua vez podem ser usados para girar as pás de uma turbina, transformando a energia eólica em energia mecânica e esta em energia elétrica. 27 A figura abaixo mostra os percentuais de absorção e reflexão da radiação solar terrestre, comprovando assim, como a energia elétrica é gerada direta ou indiretamente por fonte solar. FIGURA 8 - Percentuais de absorção e reflexão da radiação solar terrestre. Fonte: http://www.prysmianclub.com.br/revista/PClub_19/frame_energia.html 28 4 A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA 4.1 Princípio de funcionamento de sistemas fotovoltaicos Para entender o processo de conversão da energia solar é necessário explicar o que é efeito fotovoltaico. Através do efeito fotovoltaico, células solares convertem diretamente a energia do sol em energia elétrica. Quando os fótons contidos na energia do sol penetram sobre um material semicondutor com características elétricas do tipo junção PN, a energia de uma fração destes fótons pode excitar elétrons no semicondutor, que por sua vez poderão dar origem a uma corrente elétrica. 4.1.1 Junção P-N O principal componente do sistema fotovoltaico é a célula fotovoltaica, que são fabricadas com material semicondutor, ou seja, material com características intermédias entre um condutor e um isolante. O material semicondutor mais utilizado é o diodo de silício, esse é formado por uma junção P-N, que durante sua formação, cria uma barreira de potencial e uma região de depleção. Um material semicondutor é dito ser do tipo n quando contém excesso de elétrons, isto é, quando é portador de uma carga elétrica negativa. É obtido dopando-se (contaminando) o silício com algum elemento químico com mais elétrons em sua banda de valência que o silício. O átomo de fósforo, por exemplo, possui cinco elétrons na banda de valência (um a mais que o silício). Quando um átomo de silício é substituído por um átomo de fósforo um elétron é “solto” e fica relativamente livre para se mover no cristal de silício. Por isso o fósforo é comumente utilizando para a produção de semicondutores tipo-n. Um semicondutor é dito ser do tipo-p quando contém excesso de lacunas (ausência de elétron em local que deveria existir, resultando em “carga positiva”). É obtido dopando-se o silício com algum elemento com menos elétrons em sua banda de valência que o próprio. Por 29 sua vez, o átomo de boro tem três elétrons na camada de valência (um a menos que o silício). Quando substitui o silício, produz uma “lacuna” (falta de elétron) que pode se mover livremente no cristal de silício. Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade e de fósforo na outra, seráformado o que se chama junção pn, que é central para o funcionamento da célula fotovoltaica. (http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/profotov.pdf) Conforme ilustração abaixo, cada célula solar compõe-se de camada fina de material tipo N e outra com maior espessura de material tipo P. FIGURA 9 - Estrutura de uma célula fotovoltaica Fonte: www.soloneg.com.br 4.2 Os benefícios da energia solar fotovoltaica Os sistemas solares fotovoltaicos integrados a residências oferecem diversas vantagens. O sol é uma fonte de calor que pode ser considerada inesgotável, e uma parte da luz solar que incide na terra pode ser convertida pelas centrais fotovoltaicas para produzir energia. Como as placas são instaladas na própria residência, há uma redução de perdas por transmissão e distribuição de energia e dos investimentos em linhas de transmissão e distribuição, já que a eletricidade é consumida onde é produzida. 30 Outra vantagem a ser destacada é que a instalação dispensa uma área física dedicada, o sistema pode ser incorporado no próprio telhado assumindo parte da arquitetura da residência. O investimento se concentra na aquisição dos componentes para montagem de uma central de produção de energia solar fotovoltaica, o custo com instalação e manutenção é baixo, principalmente se considerarmos que a instalação é simples e as células fotovoltaicas tem uma vida útil de mais de 25 anos, sendo necessário manter os painéis limpos de elementos que impeçam a absorção da luz solar pelo painel. A energia solar fotovoltaica é renovável, não polui o meio ambiente e ainda ajuda a reduzir o efeito dos gases produzidos pelas emissões de CO2 para a atmosfera e alterações climáticas causadas pelo efeito estufa. Os painéis solares são a cada dia mais potentes ao mesmo tempo que seu custo vem decaindo. Isso torna cada vez mais a energia solar uma solução economicamente viável. 4.3 Componentes de sistemas solares fotovoltaicos Para conversão da energia solar em elétrica, é necessária a utilização de um conjunto de equipamentos para geração de energia fotovoltaica. O qual tem a função de converter a radiação solar em energia elétrica para o uso e ainda armazenar parte dela para momentos de geração insuficiente, podendo ou não ser conectado a rede da concessionária de energia elétrica. O equipamento fotovoltaico é composto basicamente de painel solar, bateria, inversor e controlador de carga da bateria, conforme mostrado na figura abaixo: 31 FIGURA 10 - Kit de geração de energia fotovoltaica. Fonte: Centro de referência para a energia solar e eólica Sérgio de Salvo Brito - CRESESB. 2000. (adaptado). A sua instalação é simplificada e consiste nas seguintes etapas: a) Fixação do painel em local com o maior período de incidência de radiação solar durante o dia, visto que a produção de energia elétrica será diretamente proporcional à quantidade de radiação solar recebida pelo painel, tornando-o mais ou menos vantajoso; b) Instalação das baterias e do controlador de carga, que deve estar em local ventilado, seco e de acesso restrito; c) Instalação de um quadro de distribuição de energia exclusivo, permitindo que alguns equipamentos ou a instalação elétrica inteira possam ser ligados respeitando- se a potência do conjunto de geração que normalmente é insuficiente para alimentação de cargas muito grandes, como por exemplo, o chuveiro. 4.3.1 Painéis solares Os painéis são os responsáveis pela absorção e transformação da radiação solar incidente em energia elétrica através de células solares. Essas células, de uma forma individual, têm baixa eficiência, pois fornecem uma quantidade de energia relativamente pequena. Mas em conjunto (associadas em série), podem fornecer a potência necessária para suprir certa demanda. Segundo Wolfgang Palz, 1995, o 32 rendimento de uma célula fotovoltaica é definido como a potência da luz incidente e a potência elétrica disponível nos terminais, isto é, sua eficiência de conversão é medida pela proporção da radiação solar incidente e a quantidade de energia elétrica gerada. A figura abaixo mostra o sistema fotovoltaico instalado em uma residência. FIGURA 11 - Painel solar. Fonte: Conceito Cidades Solares 4.3.2 Tipos de células solares As células solares são constituídas de materiais semicondutores e podendo ser encontradas em diversos componentes químicos cada um com o seu grau de dopagem, destacando, segundo Ricardo Ruther (2004) as de silício (Si), a telureto de cádimo (TeCd), dissileneto de cobre (gálio) e indio (CuInSe2) . De acordo com o processo de fabricação, nas células de silício cristalinos são formadas estruturas atômicas conhecidas como monocristalinas, policristalinas ou amorfas. 33 4.3.2.1 Células de silício monocristalino Segundo Câmara (2011), essas células, dentre as disponíveis no mercado, são as que apresentam melhor eficiência em termos de conversão da luz solar em energia elétrica, na faixa de 24,7%. Não são de uso exclusivo dos sistemas solares fotovoltaicos, uma vez que chips de computador e outros equipamentos eletrônicos também são fabricados a partir do silício monocristalino. Seu processo de fabricação exige elevadas temperaturas de trabalho (na faixa de 1400°C), ambiente limpo, adequado e tecnologia de ú ltima geração. Consequentemente, isso gera um aumento dos gastos com a produção dessas células. Mesmo assim, são as mais utilizadas nos painéis solares fotovoltaicos. 4.3.2.2 Células de silício policristalino Este tipo de célula apresenta eficiência inferior as monocristalinas, devido ao menor refinamento do processo de produção da mesma, o que a torna mais simples e baratas. Apesar da perda de eficiência, os valores dos painéis produzidos com este tipo de célula o faz ser competitivo perante os demais em relação ao custo/benefício. Seu método de fabricação consiste em aquecer o silício bruto até o estado de fusão, ele é resfriado em formato de blocos, sendo logo após serrado em pastilhas e dopado em sua camada superior com fósforo. Segundo o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio de Salvo Brito e o documento “Energia Fotovoltaica - Manual sobre tecnologias, projeto e instalação”, a eficiência dessas células é de aproximadamente 14% em escalas industriais. 34 4.3.2.3 Células de silício amorfo As células fabricadas deste material diferem-se das anteriores pela falta de formação de cristais de silício e fabricação relativamente mais simples, comprometendo a eficiência de conversão que gira em torno de 5 a 8%. Esta é produzida através de processo conhecido como processo a plasma, onde filmes finos do material são depositados sobre materiais de baixo custo como o vidro, por exemplo, a temperatura aproximada de 200º. Desta forma esta tecnologia se torna bastante versátil, podendo-se adequar as características do painel ao desejado facilmente. 4.3.2.4 Célula de arsenieto de gálio (AsGa) As células de AsGa apresentam uma eficiência um pouco melhor que as células monocristalinas, aproximadamente 27%, segundo FALCÃO, 2005. Mesmo se mostrando mais eficiente, os gastos envolvidos no seu processo de fabricação inviabilizam o seu uso em residências. Assim, são utilizadas geralmente no espaço, em satélites. 4.3.2.5 Células de telureto de cadmio (TeCd) Este tipo de célula apresenta baixa participação no mercado devido a toxicidade dos materiais utilizados em seu processo de fabricação e falta de matéria prima. Apesar de serem de fabricaçãobarata e esteticamente mais vantajosa em relação ao silício policristalino, tendo um tom marrom/azul, até pouco tempo seu uso era restrito aos equipamentos de pequeno porte, principalmente calculadoras de mão, devido aos problemas apresentados anteriormente. 35 Em termos de eficiência essas células apresentam um valor em torno de 10%, segundo Falcão, 2005. 4.3.2.6 Célula de disseleneto de cobre e índio (CuInSe2) A células à base de disseleneto de cobre e índio, CuInSe2 – ou CIS – apresentam potencial de atingir eficiências relativamente elevadas, na ordem de 19%, segundo Falcão, 2005. Contudo, deixam a desejar quanto à estabilidade em ambientes quentes e úmidos, ou seja, variam sua eficiência. Por este motivo exigem a garantia de uma boa isolação contra umidade. Painéis solares de CIS apresentam, como o silício amorfo e o TeCd, uma ótima aparência estética e devem surgir no mercado com grandes superfícies, encontrando aplicações arquitetônicas diversas. Se esta tecnologia atingir quantidades significativas de produção, assim como no caso do TeCd, a pouca abundância dos elementos envolvidos e sua toxicidade são aspectos que têm de ser levado em conta. Atualmente, a liga CuIn1-x GaxSe2 surge como uma alternativa ao CIS. Estas ligas, conhecidas como CIGS, mostram-se também promissoras para fabricação em grande escala. Elas são estáveis e resistentes não só quando expostas à radiação solar terrestre como também às condições de radiação no espaço. (FALCÃO, Vivienne Denise. Fabricação de células solares de CdS/ CdTe. Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2005. (Dissertação de Mestrado para obtenção do título de Mestre em Ciências dos materiais)). Em seu processo de fabricação surge um resíduo toxico (o selênio), porém em pouca proporção. Não demanda de temperaturas muito altas, como o processo da fabricação de células monocristalinas (1400 °C) e nem muit o baixas, como o das células amorfas (250 °C), na faixa de 500 °C, o que pe rmite considerar um custo intermediário. 4.3.3 Baterias A bateria tem a função de armazenar a energia elétrica sobressalente, quando a oferta de energia do painel é maior que a demanda da instalação. É utilizada 36 geralmente durante a noite ou em dias nublados, quando a incidência de radiação solar é insuficiente para uma geração significativa. Elas transformam a energia elétrica recebida durante seu carregamento em energia química, que pode ser armazenada em seu interior e quando necessário fazem a conversão contrária fornecendo novamente eletricidade para o sistema. Este processo é controlado pelo controlador de carga das baterias, o que não as deixa carregar além do seu limite a fim de evitar danos nas mesmas. As baterias mais indicadas para o uso em sistemas fotovoltaicos são as de chumbo- ácido, geralmente agrupadas em um banco de baterias, dependendo da demanda da instalação. Em alguns casos esse tipo é considerado o menos eficiente, com a pior relação entre peso e energia. Em compensação, é a tecnologia cujo custo/benefício encontra-se mais vantajoso, já que o chumbo é um material barato. O processo de obtenção destas baterias é simples e a maior parte da matéria prima é proveniente de reciclagem. As baterias automotivas também são de chumbo-ácido, mas não são apropriadas para o sistema fotovoltaico, uma vez que se forem descarregadas, por várias vezes, abaixo de 20% da sua capacidade perdem suas características químicas e se tornam inutilizáveis, diminuindo a autonomia do sistema. A bateria mais utilizada então é a de chumbo-ácido do tipo descarga profunda selada (também conhecida como estacionária), a qual mesmo se for descarregada até 80% de sua capacidade máxima e recarregada novamente, todos os dias, pode durar por vários anos, conforme especificação do fabricante. Isso ocorre por causa da espessura de suas placas serem mais espessas que as convencionais. Essas baterias seladas requerem pouca manutenção, sendo necessário apenas conferir sempre o aperto dos terminais para que se mantenham livres de corrosão, a qual pode ser ocasionada, principalmente por mau contato elétrico. A figura abaixo é uma bateria de descarga profunda. 37 FIGURA 12 - Bateria de descarga profunda, usada em sistemas fotovoltaicos. Fonte: http://www.electricasas.com/wp-content/uploads/2009/01/bateria2.jpg Baterias com esta topologia de construção são compostas por placas de chumbo e dióxido de chumbo, colocadas dentro de uma solução de ácido sulfúrico misturado com água. Quando se solicita corrente elétrica da bateria, conectando-se algum circuito elétrico entre seus terminais, ocorre uma reação química onde o ácido da solução dissolve o chumbo, gerando como produtos finais sulfato de chumbo e água. Durante o processo de carregamento, ocorre reação contrária, ocorrendo uma reconstrução das placas de chumbo e ácido sulfúrico ao estado inicial, lembrando que como as conversões não são perfeitas, a bateria vai perdendo a capacidade de se recarregar ao longo dos ciclos de carga e descarga. 4.3.4 Controlador de carga O controlador de carga é o equipamento responsável pelo correto controle de carga das baterias. Durante o fornecimento de energia elétrica pelos painéis solares este equipamento detecta momentos em que a capacidade de fornecimento é maior que o consumo e direciona parte da corrente elétrica para as baterias, caso estas não estejam completamente carregadas. Durante o processo ele assegura o fornecimento correto de tensão e corrente dependendo das características da bateria. 38 Em sistemas mais modificados este componente assume a função também de controlar o fluxo de potências, entre a carga a ser alimentada e a rede da concessionária. Em momentos de baterias totalmente carregadas e que a produção supera o consumo, esta energia pode até mesmo ser vendida, dependendo da legislação vigente, contribuindo para a redução da conta de energia e gerando lucros. Quando a geração passa a ser insuficiente o equipamento chaveia a instalação para rede elétrica da concessionária fazendo com que não haja intermitência da energia elétrica. 4.3.5 Inversor Por último temos o inversor, que transforma a tensão elétrica contínua fornecida pelas baterias e painel solar em alternada, que é o tipo fornecido pelas concessionárias e mais utilizado pelos aparelhos eletroeletrônicos. As figuras abaixo mostram as tensões contínuas e alternadas durante o processo de geração fotovoltaico. FIGURA 13 - Gráfico da tensão contínua fornecida pela bateria e painel solar. Fonte: Os autores 39 FIGURA 14 - Gráfico da tensão alternada na saída do inversor. Fonte: Os autores O Inversor é conhecido como dispositivo de estado sólido por não conter partes móveis, sendo totalmente eletroeletrônico. Trata-se de um equipamento bastante versátil, com aplicações em diversas funções. É comum sua utilização na indústria, para o acionamento e controle de motores elétricos. Em residências para a alimentação de computadores, através de “NO-BREAK” durante faltas de energia elétrica. O princípio da inversão de corrente, parte do pressuposto de transformar a corrente elétrica da entrada que é de natureza contínua em alternada em sua saída, com frequência e tensão compatíveis com os aparelhos a serem alimentados. Geralmente essa tensão é de 127 V ou 220 V e essa frequência 60 Hz, de acordo com o sistema nacional brasileiro. A partir do conceito de que a corrente alternada senoidal inverte sua polaridade duas vezes por ciclo, no tipo de inversor usado, utilizam-se as chamadas chaves eletrônicas, que trocam a polaridade do circuitovárias vezes por segundo de acordo com a frequência desejada, criando o efeito de uma corrente alternada. Estas chaves controladas podem ser de transistores1, convencionais IGBT’s, IGCT’s ou MOSFETs. 1 - Dispositivo eletrônico construído com material semicondutor que tem a função de controle de tensão e corrente elétrica, podendo funcionar como chave eletrônica ou impedância variável, operado através de aplicação de corrente elétrica controlada em sua base.É utilizado em praticamente todos os equipamentos eletrônicos. 40 FIGURA 15 - Esquema elétrico de um inversor trifásico conectado a painel fotovoltaico. Fonte: http://www.ufjf.br Além dos vários componentes possíveis de se utilizar para sua construção há também vários tipos de inversão, que são responsáveis diretamente pelo formato de onda em sua saída. O principal e mais usual é o PWM (por largura de pulso), onde a forma de onda é quadrada, aproximadamente semelhante à da rede, que é a senoidal. FIGURA 16 - Onda de tensão quadrada Fonte: Os autores 41 5 UTILIZAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS RESIDENCIAIS 5.1 Esquema de montagem 5.1.1 Painéis solares Os painéis fotovoltaicos são partes vitais dos sistemas de produção de energia elétrica fotovoltaica e são necessários alguns cuidados em sua instalação para garantir o máximo aproveitamento das características do equipamento e sua confiabilidade. A quantidade de painéis a ser instalada deverá ser estimada por projeto diante da sua aplicação, através da relação entre necessidade de fornecimento de determinada potência elétrica total e a nominal fornecida pelo painel. Estes devem ser fixados em local livre de sombreamento observando-se a variação da posição do sol ao longo das estações, evitando locais em que edifícios, vegetação e qualquer outro objeto possam obstruir a radiação solar direta, visto que isto pode reduzir desproporcionalmente a produção de energia elétrica. Para maior segurança, devem-se cobrir os painéis durante sua instalação para não haver a geração de tensões indesejadas em seus terminais que podem causar choque elétrico no instalador e como em toda instalação elétrica, as partes metálicas tem de ser devidamente aterradas na malha principal da instalação para garantir a segurança a pessoas que possam ter contato com o conjunto e a integridade material, protegendo os equipamentos também contra descargas elétricas mais severas. Considerando que as características elétricas onde se tem tensões baixas e correntes elevadas os demais componentes do sistema devem ser instalados com a menor distância possível para diminuição das perdas e da necessidade de cabeamento de seção maior que pode onerar os custos. O projeto da instalação e todos os procedimentos aplicados na execução devem estar de acordo com as normas cabíveis. 42 Em relação a fixação dos painéis solares um ponto importante é construção do suporte dos painéis. Ele deve oferecer robustez, com elevada resistência mecânica devendo ser capaz de resistir aos ventos que em determinadas partes do país podem vir a atingir até velocidades superiores a 100 km/h durante tempestades, caso contrário, há a possibilidade de danos ao equipamento e o arremesso sobre outros objetos ou pessoas. 5.1.2 Direcionamento e inclinação dos módulos O correto posicionamento dos módulos se faz importante para gerenciamento da produção energética durante o ano e para fatores externos também não comprometerem sua eficiência. Devem-se seguir as regras abaixo: a) Não se recomenda que os painéis fiquem com inclinação inferior a 10° em relação ao plano horizontal devido à necessidade de escoamento de água, dificultar o pouso de pássaros e facilitar a retirada de materiais repousados sobre a cobertura do módulo através das chuvas ou ventos; b) No hemisfério sul, caso do Brasil, os painéis devem ser direcionados para o Norte geográfico, garantindo maior exposição média ao sol e durante o ano. A maior inclinação para esta direção melhora a produção de energia nos meses de inverno, mas prejudica a produção de energia nos meses de verão, sendo necessário um balanceamento adequado para que se obtenha a maior produção elétrica média possível; c) O ângulo de inclinação para o norte em relação ao plano horizontal é em função da localização geográfica, das características climáticas da região e também das características sazonais de consumo de energia elétrica da instalação atendida, sendo de 5° a 25° maior que a latitude local; 43 5.1.3 Instalação dos demais componentes a) Controlador de carga Ao conectá-lo ao sistema deve-se fazê-lo na seguinte ordem: bateria, painéis e cargas consumidoras. Para desconectá-lo seguir a ordem inversa conforme manual. Respeitar diagrama elétrico fornecido pelo fabricante atentando-se a polaridade que se não respeitada pode danificar definitivamente todo sistema. b) Central de controle Quando possível utilizar caixa para instalação ser instalados do controlador de carga, inversor, e disjuntores de proteção, abrigando os equipamentos e tornando seu acesso mais restrito. As proteções elétricas devem estar presentes para proteção não apenas dos sistema fotovoltaico em si mais também de toda instalação da residência em caso de curto circuitos o sobrecargas. A central deverá ser instalada o mais próximo possível do restante dos componentes, fixado a parede ou local plano e sólido. c) Baterias As baterias deverão ser instaladas em local abrigado, próximo a central de controle. Poderão ser instaladas em um armário metálico preso ao armário de controle ou separadas em um rack apropriado. O local de instalação também deve ser fresco e ventilado para não haver perigo de incêndio em caso de formação de gases. Os terminais, fiação e o eventual visor para observação do eletrólito deverão ser acessíveis para futuras inspeções. As conexões elétricas deverão ser protegidas com pasta antioxidante e estarem bem realizadas, as tornando livres de mau contato que pode danificar seus terminais e ocasionar problemas futuros na instalação. Onde houver a necessidade de várias baterias elas podem ser instaladas em série ou paralelo de acordo com as características de tensão do controlador de carga e inversor de tensão. 44 5.2 Interligação com a rede elétrica Além dos sistemas autônomos, principalmente rurais, onde a geração elétrica realizada pelos sistemas fotovoltaicos é totalmente separada da rede principal, há também sistemas interligados a rede elétrica convencional, que podem ser centrais de grande porte ou constituir a geração distribuída em instalações de pequeno porte. Este tipo de geração representa atualmente apenas uma fonte complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual estão conectados, visto sua potência ser muito menor que os demais meios de geração conectados. Para que ocorra essa interligação com a rede elétrica, todo o sistema deve estar conectado a inversores que contêm componentes e topologia adequada para realizar a interface com a rede elétrica, ou equipamentos dedicados a este fim. Os aparelhos devem possuir dispositivos especiais para não inserir perturbações e outros efeitos indesejados na rede, possuindo sistema anti ilhamento2, filtros contra inserção de distorção harmônica, saída de corrente elétrica compatível com a rede em que está conectado, proteções contra sub e sobretensões, sobrecorrente e curtos circuitos, dentre outras, de acordo com as normas vigentes. Isto é muito importante para não ocorrer perturbações que venham a comprometer o fornecimento elétrico de todasinstalações conectadas a esta rede ou danos ao equipamentos de geração. 5.2.1 Grandes centrais No Brasil, a implantação de grandes centrais fotovoltaicas está atrasada em relação aos demais países, somente vindo a ocorrer a instalação da primeira no ano de 2011. A usina solar de Tauá é a primeira grande central brasileira, atualmente 2 - Sistema que protege a instalação de desconexão da rede elétrica da concessionária, evitando alteração das propriedades elétricas pela perda de referência da rede, operação isolada e possível desabastecimento em momentos de baixa geração. 45 contando com capacidade de geração de 1 MW, capaz de atender aproximadamente 1.500 famílias, e conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo operada pela empresa MPX Energia S.A.. Instalada na cidade de Tauá, a 344 km de Fortaleza, iniciou suas operações em julho de 2011. Atualmente a central é composta por 4.680 painéis, distribuídos em uma área de 12.000 m². A conexão entre a produção elétrica e o SIN é realizado por meio de subestação pertencente à concessionária de energia elétrica do Ceará, a Coelce. Apesar do início recente das operações já há planos para expansão da capacidade instalada para 5 MW e a área destinada a suas instalações permite a expansão para até 50 MW. A figura 17 apresenta a visão aérea da usina solar Tauá. FIGURA 17 - Usina solar Tauá Fonte: www.globo.com Estas centrais fornecem potência elétrica à rede durante o período de insolação, sendo desprovidas de métodos de armazenamento em grande escala, o que seria inviável financeiramente. Assim, durante a noite ainda é necessário a utilização de meios tradicionais de produção para suprir a demanda da rede. Os equipamentos responsáveis por realizarem o gerenciamento da produção são inversores comutados pela rede para evitar a operação isolada, equipados com seguidor de ponto de máxima potência, otimizando ao máximo o aproveitamento da energia gerada pelos painéis. 46 A figura abaixo mostra o diagrama esquemático de uma central fotovoltaica e sua conexão com a rede elétrica. FIGURA 18 - Diagrama esquemático de uma central fotovoltaica Fonte: Câmara, 2011 A topologia adotada para construção destas centrais depende das necessidades locais e potência da instalação. Esta pode ser através de um único inversor, centralizando a produção dos painéis principalmente onde a instalação não prover grande potência instalada para contenção de custos ou distribuindo a produção entre vários inversores, o que agrega maior confiabilidade e disponibilidade, no caso de algum equipamento vier a apresentar defeito, os demais mantém o sistema ativo. 47 FIGURA 19 - Configurações de centrais fotovoltaicas com um (a) ou vários inversores (b) Fonte: Markvart (1994) Grandes centrais fotovoltaicas conectadas à rede têm desvantagens em relação aos sistemas de menores proporções, por ocuparem grandes áreas, muitas vezes exclusivas, estarem geralmente afastadas do centro de consumo, necessitando de sistema de transmissão, distribuição e subestações, reduzindo uma de suas maiores vantagens em relação aos meios tradicionais de geração elétrica, que é a redução de investimentos com infraestrutura elétrica de transmissão, distribuição e operação, além de aumentos de perdas elétricas neste processo. Apesar disso seu uso é recomendável visto que se trata de uma energia limpa, renovável e não impacta em grandes alterações do ambiente para ser instalada. 48 5.2.2 Produção distribuída A produção distribuída é caracterizada por sistemas de pequeno porte instalados diretamente nas proximidades do centro consumidor e conectados à rede elétrica, geralmente é encontrada em cobertura de edificações, podendo também estar presente em estacionamentos, estádios ou áreas livres ou qualquer outro local em que haja condições técnicas e ambientais favoráveis. Atualmente é o tipo mais comum e vantajoso do uso de energia fotovoltaica. A Figura abaixo mostra o esquema de uma residência com sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica. FIGURA 20 - Esquema de residência com sistema interligado à rede elétrica Fonte: http://www.ecodebate.com.br Nestes tipos de instalação, os geradores fotovoltaicos são dimensionados para atender a demanda parcialmente ou totalmente, analisando-se o custo/benefício para escolha da melhor forma, pois quando se tem um consumo elétrico maior que a eletricidade produzida pelos módulos, à rede a qual o sistema está conectado irá 49 fornecer a energia para o atendimento das suas necessidades. Em contrapartida, quando o consumo elétrico for menor que a capacidade de produção, o excedente é inserido na rede de distribuição da concessionária seguindo as regras impostas pela legislação vigente. Os medidores de energia devem ser dotados de tecnologia capaz de fornecer a informação a cerca da quantidade de energia consumida e fornecida para a concessionária, para verificação dos valores a serem pagos ou recebidos da desta. Uma das principais vantagens de aplicação deste tipo de sistema consiste no fato de a geração elétrica ficar nas proximidades da carga minimizando as perdas nas redes de transmissão e distribuição além de reduzir a necessidade de investimentos por parte de concessionárias e governo na ampliação infraestrutura elétrica existente. Além disto, não há necessidade de grandes áreas exclusivas para geração elétrica como nas hidroelétricas, por exemplo, uma vez que produção e distribuição de energia elétrica são integradas a edificação. Nos locais de grande concentração de edificações comerciais, há principalmente a vantagem da coincidência de produção com a maior demanda de energia elétrica. Durante o período de maior consumo durante o dia, principalmente com a alimentação de aparelhos de ar condicionado e computadores, é o período de produção máxima dos módulos fotoelétricos, diminuindo parte da energia consumida da rede da concessionária. 5.3 Custos de instalação Para análise de custos de instalação e manutenção foi consultada a empresa “Minha Casa Solar”, a qual nos forneceu orçamento para instalação de tal sistema em residência cuja carga instalada pode ser verificada abaixo: 50 TABELA 1 - Tabela de cargas da residência Quantidade Equipamento Potência 1 Computador 500W 18 Lampadas fluorescentes 15W cada 2 Chuveiros 6500W cada 1 Aparelho de DVD 15W 1 Aspirador de pó 1200W 1 Batedeira 200 W 1 Ferro de passar roupas 1200 W 1 Fogão 25W 1 Geladeira 200 VA 1 Lampada fluorescente 20W 1 Liquidificador 400 W 1 Microondas 1200W 1 Microsistem 12W 1 Mini sistem 60W 1 Minisistem 80W 1 Notebook 60W 1 Secador de cabelos 1300W 1 Tanquinho 500W 1 Telefone sem fio 4W 1 Televisão 68W 1 Televisão 80W 1 Televisão 86W 1 Video game 120W Fonte: Os autores A residência em questão possui quatro moradores e fica localizada em região de classe média, apresentando um consumo médio mensal conforme gráfico que pode ser verificado abaixo: 51 FIGURA 21 - Consumo médio mensal em kW/h Fonte: Fatura CEMIG O orçamento para atender esta demanda exceto os chuveiros, ficou em R$ 12.992,00, conforme segue anexo a este trabalho. Os valores elevados destes equipamentos devem-se principalmente ao fato de serem todos importados, o que onera os custos com transporte e pagamento de taxas alfandegárias, chegando a dobrar seu valor final. TABELA 2 - Orçamento para instalação do sistema fotovoltaico na residência EquipamentosQuant. Valor unit. Valor total Painel Solar Fotovoltaico Policristalino de 140W Kyocera Solar 6 R$ 855,00 R$ 5.130,00 Bateria Estacionária Freedom DF2500 150Ah/165Ah 6 R$ 679,00 R$ 4.074,00 Controlador de carga ou descarga de 60A (12V/24V/48V) Morningstar 1 R$ 1.489,00 R$ 1.489,00 Inversor de Energia Profissional de 3000W Wagan Tech 1 R$ 2.299,00 R$ 2.299,00 TOTAL R$ 12.992,00 Fonte: Minha Casa Solar A instalação, deve ser realizada somente por profissional habilitado e com treinamento específico para a configuração e disposição correta dos dispositivos. 52 5.4 Custos de Manutenção Os sistemas de produção de energia elétrica fotovoltaicos são confiáveis e exigem pouca manutenção. Essa consiste principalmente na limpeza periódica dos painéis, inspeção do sistema em geral para detecção de anormalidades nos componentes que o compõe e sua fiação. Em caso de necessidade deve ser feita a substituição das baterias danificadas. A poeira acumulada nos painéis diminui consideravelmente a geração elétrica causando o mesmo efeito do sombreamento, mas é de fácil retirada, sendo muitas vezes totalmente removida durante as chuvas, demandando atenção especial em regiões de alto índice de poluição. Em algumas regiões, problema mais comum encontrado é o acúmulo de fezes de pássaros, que pode ser resolvido com a instalação de dispositivos na parte superior dos módulos próprios para impedir o pouso das aves. A lavagem dos painéis, caso se faça necessário, deve ser feita durante período de baixa insolação ou à noite para não se quebrar o vidro de proteção pelo choque térmico do contato da água com o vidro quente o que pode o inutilizar. Como as baterias têm uma vida útil estimada entre 3 e 5 anos, é necessária a troca para manter a continuidade do fornecimento em períodos de produção insuficiente. No caso de instalações não interligadas à rede, dependendo de sua magnitude, a troca dessas torna a manutenção cara em relação a outros em que não é necessário esse tipo de processo, pois elas são responsáveis por cerca de metade do valor de implementação de sistemas dotados de acumuladores de energia. Vale lembrar que com o aumento no uso da energia fotovoltaica, os custos envolvidos tendem a cair, visto que haverá fabricação em grande escala de todos os componentes. Caso o Brasil se torne fabricante de componentes não existirá mais a aplicação de taxas alfandegárias, diminuindo o preço dos módulos solares e o provável surgimento de empresas especializadas no ramo. 53 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.1 Panorama brasileiro de sistemas fotovoltaicos interligados a rede Segundo o Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da ABINEE (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica), no Brasil, as estimativas mais aceitas davam conta de uma capacidade instalada acumulada de sistemas fotovoltaicos, até o final de 2011, seria de aproximadamente 31,5 MW instalados no país, sendo 30 MWp em sistemas não conectados à rede, e 1,5 MW conectados O Brasil não verá surgir, tão cedo, grandes "fazendas" de captação de energia solar para geração centralizada de eletricidade, como as que já existem nos Estados Unidos, Ucrânia, China e, principalmente, na Alemanha. A geração fotovoltaica - pela qual a luz do Sol é convertida diretamente em energia elétrica - deve ganhar espaço na matriz brasileira nos próximos anos, mas de modo mais sutil. De acordo com Roberto Meira Júnior, coordenador-geral de Fontes Alternativas e Renováveis do Ministério das Minas e Energia (MME), "a previsão [no Brasil] é adotar o modelo de geração distribuída", no qual os painéis fotovoltaicos são instalados nos telhados de casas ou outros tipos de edifício, gerando eletricidade de baixa ou média tensão que é, então, inserida na rede, e não o modelo de geração centralizada, no qual grandes áreas de solo são cobertas por painéis solares. "A energia fotovoltaica vai acontecer no Brasil", disse ele, ao falar durante o 4º Congresso Brasileiro de Energia Solar e 5ª Conferência Latino-Americana da Sociedade Internacional de Energia Solar, evento realizado no Memorial da América Latina na última semana. "Mesmo porque, a lei exige a diversificação das fontes. Mas a mesma lei também exige modalidade tarifária, e a fotovoltaica impacta na tarifa". 54 Meira Júnior disse ainda que o governo não pretende realizar, por ora, um leilão para compra de energia fotovoltaica, embora acrescentando que algo assim poderá ocorrer no "médio prazo", sem dar mais detalhes. Como pôde ser verificada ao longo deste trabalho a energia fotovoltaica tem se mostrado bastante promissora em complemento ou até mesmo em substituição a fontes tradicionais de geração de energia elétrica, visto que sua fonte é inesgotável e durante sua operação não é gerado nenhum dano ambiental e nem poluição. Por falta de incentivos governamentais e divulgação dos benefícios para as pessoas, ainda não há uma instalação em grande escala de energia solar nas unidades habitacionais. Este panorama vem mudando aos poucos ao longo do tempo, com a corrida para adoção cada vez maior de energias limpas e renováveis, para diminuição de impactos ambientais e também com novas pesquisas que tem aumentado a eficiência dos painéis solares e facilitado a fabricação destes, diminuindo os custos de fabricação e aumentando o apelo à sua utilização. A aplicação de sistemas fotovoltaicos vem apresentando crescimento acentuado no cenário mundial. Muitos países, com destaque para Alemanha, incorporaram a energia solar à sua matriz energética e implantaram políticas nacionais de incentivos a essa fonte e legislações de acordo com as características locais e tecnologia vigente. As pequenas centrais presentes em edificações têm se mostrado eficientes. Estas como geralmente estão próximas ao centro consumidor minimizam as perdas elétricas de transmissão e distribuição, reduzindo também os investimentos necessários em linhas de transmissão. São também sistemas de elevada confiabilidade e a necessidade de manutenção é quase insignificante, se limitando a limpeza dos painéis e/ou troca das baterias em sistemas que as possuam. Em locais de grande concentração de pontos comerciais, o pico de geração coincide com os horários de maior demanda, reduzindo a necessidade de energia elétrica fornecida 55 diretamente pela concessionária, não sobrecarregando a rede elétrica da concessionária e gerando redução de custos provenientes desta iniciativa. Em relação à aplicação em residências, foco de estudos deste trabalho, a instalação destes têm se mostrado viável mesmo com os custos elevados de aquisição. Segundo o Sr. Thiago da empresa Minha Casa Solar, estima-se que dependendo dos hábitos de consumo dos moradores, a recuperação do valor investido acontece entre 5 a 10 anos. Uma vez que os módulos solares possuem baixa potência unitária, é recomendável que não os utilizem para alimentar chuveiros. Para aquecimento de agua por meio da energia solar são utilizados sistemas solares que usam a circulação da agua por meio de densidade em função da temperatura. O consumo de energia de toda a residência proveniente da rede elétrica convencional pode vir a se tornar praticamente nulo com a adoção simultânea de sistemas de aquecimento de água e fotovoltaicos. Por isso, seria de extrema importância iniciativas governamentais para tentativa de popularização de sistemas fotovoltaicos principalmente para famílias de baixa renda, que ficam impossibilitadas de comprá-los atualmente devido aos custos relacionados. O custo total de instalação tomado como base uma residência de classe média, com carga instalada de aproximadamente 10,0 kW, de acordo com proposta comercial (vide
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