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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIA CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I 2017.1 Prof. Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro Cuiabá – MT 2 ÍNDICE UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO....... ........................................ 06 CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO ....................... 07 1. A Formação Profissional e Conceitos de Administração. .................................................... 07 2. As Organizações e a Administração ..................................................................................... 09 3. Conceito e Princípios da Administração .............................................................................. 13 4. Administração como Arte e Ciência ..................................................................................... 14 5. Construção e Formação do Conhecimento Administrativo ................................................. 16 6. Eficiência e Eficácia ............................................................................................................. 17 7. Teorias da Administração e das Organizações ..................................................................... 18 8. Novos Paradigmas e Megatendências da Administração ..................................................... 20 CAPÍTULO 2 – TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO ............................................ 23 1. Teoria da Administração Científica. ..................................................................................... 23 2. Teoria Clássica da Administração ........................................................................................ 24 3. Teoria das Relações Humanas .............................................................................................. 24 4. Teoria da Burocracia ............................................................................................................ 25 5. Teoria Estruturalista ............................................................................................................ 26 6. Teoria Neoclássica da Administração .................................................................................. 27 7. Teoria Comportamental ........................................................................................................ 28 8. Teoria Quantitativa da Administração .................................................................................. 29 9. Teoria Sistêmica da Administração ...................................................................................... 29 10. Teoria da Contingência ....................................................................................................... 30 11. Novos Teóricos da Administração ..................................................................................... 31 CAPÍTULO 3 – O QUE OS ADMINISTRADORES REALIZAM ................................... 34 1. Funções Desempenhadas pelos Administradores. ................................................................ 34 2. Níveis de Administração ...................................................................................................... 35 3. Funções Organizacionais ...................................................................................................... 37 4. Habilidades e Competências do Administrador ................................................................... 38 5. O Trabalho do Administrador .............................................................................................. 41 CAPÍTULO 4 – ÁREAS FUNCIONAIS DAS ORGANIZAÇÕES ................................... 43 1. Funções das Empresas. ......................................................................................................... 43 2. Operações e Produção .......................................................................................................... 43 3. Marketing ............................................................................................................................. 46 4. Finanças ................................................................................................................................ 49 5. Recursos Humanos ............................................................................................................... 52 6. Logística e Distribuição ........................................................................................................ 56 CAPÍTULO 5 – ADMINISTRAÇÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ................... 58 1. Antiguidade: 4000 a.C a 476 d.C. ........................................................................................ 58 2. Idade Média: de 476 d.C até 1453 ........................................................................................ 59 3. Idade Moderna: de1453 até 1789 ......................................................................................... 60 4. Idade Contemporânea: de 1789 até os dias atuais ................................................................ 62 CAPÍTULO 6 – AMBIENTES MUTÁVEIS DA ADMINISTRAÇÃO ............................. 66 1. Ambientes Organizacionais. ................................................................................................. 66 3 2. Macroambiente ou Ambiente Contextual ............................................................................. 68 3. Ambiente de Tarefa ou Ambiente Operacional .................................................................... 88 4. Microambiente ou Ambiente Interno ................................................................................... 94 UNIDADE II – ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO....... ................................ 86 CAPÍTULO 7 – ADMINISTRAÇÃO CIENTIFICA E LINHA DE MONTAGEM ........ 87 1. Taylor e o Movimento da Administração Científica ............................................................ 87 2. Fases da Administração Científica ....................................................................................... 88 2.1 Primeira Fase: Salários e Sistemática da Produção ........................................................ 89 2.2 Segunda Fase: Aprimoramento dos Métodos de Trabalho ............................................. 90 2.3 Terceira Fase: Consolidação dos Princípios ................................................................... 91 3. Integrantes do Movimento .................................................................................................... 92 4. Produção em Massa e Linha de Montagem .......................................................................... 93 4.1 Princípios da Produção em Massa .................................................................................. 94 4.2 A Linha de Montagem de Henry Ford............................................................................ 94 4.3 A Linha de Montagem Móvel ........................................................................................ 95 4.4 Inovações de Ford ........................................................................................................... 95 CAPÍTULO 8 – TEORIA CLÁSSICA E ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS ........ 97 1. Processo Administrativo na Visão de Henry Fayol. ............................................................. 97 2. As Funções Administrativas .................................................................................................98 3. Princípios da Administração de Fayol .................................................................................. 98 4. Discípulos de Fayol ............................................................................................................ 101 5. Comparação entre Taylor e Fayol ..................................................................................... 102 6. Teoria Neoclássica .............................................................................................................. 103 7. Administração por Objetivos (APO) .................................................................................. 103 7.1 Conceitos e Características ........................................................................................... 103 7.2 Aspectos-Chave do Processo da APO .......................................................................... 106 CAPÍTULO 9 – PROCESSO INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO .......................... 108 1. A Informação e Tomada de Decisão. ................................................................................. 108 2. Planejamento ...................................................................................................................... 108 3. Organização ........................................................................................................................ 112 4. Liderança ............................................................................................................................ 114 5. Execução ............................................................................................................................. 115 6. Controle .............................................................................................................................. 115 CAPÍTULO 10 – TEORIA DA BUROCRACIA ............................................................... 118 1. Grupos Formais e Informais. .............................................................................................. 118 2. Max Weber e a Burocracia ................................................................................................. 118 3. Classificação de Autoridade ............................................................................................... 119 4. Outros Estudiosos da Burocracia ........................................................................................ 119 5. Características da Burocracia ............................................................................................. 120 5.1 Formalidade. ................................................................................................................. 120 5.2 Impessoalidade ............................................................................................................. 120 5.3 Profissionalismo ........................................................................................................... 120 6. Tipo Ideal de Burocracia .................................................................................................... 121 7. As Funções e Disfunções da Burocracia ............................................................................ 121 8. Relação entre as Teorias Clássicas. .................................................................................... 121 4 9. Amitai Etzioni e o Poder .................................................................................................... 123 9.1 Organizações Coercitivas ............................................................................................. 124 9.2 Organizações Utilitárias ............................................................................................... 124 9.3 Organizações Normativas ............................................................................................. 124 10. Modelos de Organização .................................................................................................. 124 10.1 Tipo Mecanicista ...................................................................................................... 124 10.2 Tipo Orgânica ........................................................................................................... 125 11. Adhocracia ........................................................................................................................ 125 UNIDADE III – DA ESCOLA CLÁSSICA AO MODELO JAPONÊS....... ................... 127 CAPÍTULO 11 – TEORIA ESTRUTURALISTA ............................................................. 128 1. A Organização como Função da Administração ................................................................ 128 2. Estrutura Formal da Organização ....................................................................................... 128 3. Tipos de Organização ......................................................................................................... 130 4. Departamentalização .......................................................................................................... 133 5. Princípios Centrais da Teoria Estruturalista ....................................................................... 136 6. Autores da Teoria Estruturalista ......................................................................................... 137 7. Estrutura Organizacional no Terceiro Milênio ................................................................... 138 CAPÍTULO 12 – PAPEL DOS GERENTES ..................................................................... 139 1. Introdução. .......................................................................................................................... 139 2. Chester Barnard e as Funções do Executivo ...................................................................... 139 3. Herbert Simon e o Processo Decisório ............................................................................... 140 3.1 Tomada de Decisões Gerenciais e Resolução de Problemas ........................................ 141 3.2 Certeza, Risco e Incerteza ........................................................................................... 143 3.3 Abordagens à Tomada de Decisões .............................................................................. 143 4. Henry Mintzberg e os Papeis Gerenciais ............................................................................ 144 5. Rosemar Stewart e as Escolhas Gerenciais ........................................................................ 148 6. Princípios de Adrew Grove ................................................................................................ 149 7. Fred Luthans e o Desenvolvimento dos Gerentes .............................................................. 150 CAPÍTULO 13 – AUTORIDADE E PODER NAS ORGANIZAÇÕES ......................... 151 1. Delegação. .......................................................................................................................... 151 2. Autoridade .......................................................................................................................... 152 3. Poder ................................................................................................................................... 154 4. Responsabilidade e Prestação de Contas ............................................................................ 155 5. Centralização e Descentralização ....................................................................................... 156 6. Downsizing ......................................................................................................................... 157 CAPÍTULO 14 – ADMINISTRAÇAODA QUALIDADE ............................................... 159 1. Introdução. .......................................................................................................................... 159 2. Principais Integrantes da Escola da Qualidade ................................................................... 159 3. Termos Centrais do Conceito de Qualidade ....................................................................... 160 3.1 Excelência. .................................................................................................................... 161 3.2 Valor ............................................................................................................................. 161 3.3 Conformidade com Especificações .............................................................................. 161 3.4 Regularidade ................................................................................................................. 161 3.5 Adequação ao Uso ........................................................................................................ 161 4. Qualidade em Produtos e Serviços ..................................................................................... 163 5 5. Custos ................................................................................................................................. 165 6. O Cliente em Primeiro Lugar. ............................................................................................ 165 7. Eras da História da Qualidade ............................................................................................ 166 7.1 Era da Inspeção ............................................................................................................. 166 7.2 Era do Controle Estatístico ........................................................................................... 167 7.3 Era da Qualidade Total ................................................................................................. 168 CAPÍTULO 15 – QUALIDADE TOTAL JAPONESA .................................................... 171 1. A Escola Japonesa da Qualidade Total............................................................................... 171 2. Gurus da Qualidade no Japão ............................................................................................. 172 2.1 Deming. ........................................................................................................................ 172 2.2 Juran ............................................................................................................................. 174 2.3 Ishikawa ........................................................................................................................ 175 2.4 Crosby ........................................................................................................................... 175 3. A Era da Qualidade atinge a Maturidade............................................................................ 176 4. Normas ISO 9000 ............................................................................................................... 177 CAPÍTULO 16 – MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇAO .................................. 179 1. Ideias Centrais versus Ideias Orientais da Administração. ................................................ 179 2. Sistema Toyota de Produção .............................................................................................. 179 2.1 Eliminação de Desperdícios. ........................................................................................ 180 2.2 Fabricação com Qualidade ........................................................................................... 184 3. Ferramentas da Qualidade .................................................................................................. 185 3.1 CCQ – Círculos de Controle de Qualidade .................................................................. 185 3.2 TQC – Total Quality Control........................................................................................ 185 3.3 Programa 5S ................................................................................................................. 186 3.4 Princípio de Pareto ....................................................................................................... 187 3.5 Diagrama de Ishikawa .................................................................................................. 188 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 190 6 UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Esta unidade trata dos fundamentos da administração, tais como: conceito e campo de atuação, as organizações, as funções administrativas, os níveis da Administração, o processo de gestão, os níveis da administração, as atividades e habilidades do administrador, as teorias da administração, a formação do conhecimento administrativo, os novos paradigmas da Administração, a evolução histórica da Administração e as variáveis ambientais. 7 CAPÍTULO 1: PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO Neste capítulo vamos iniciar o estudo de Administração partindo do campo de estudo, seu significado, a importância da administração para a sociedade. No final veremos a relação entre administração e organização, os conceitos de eficiência e eficácia e o início das teorias das organizações. 1. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO A primeira instituição de ensino superior no Brasil a oferecer o Curso de Administração foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1952, quando fundou a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP). Em 1954, foi criada a Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), com o objetivo de preparar profissionais para atuarem em empresas privadas, que vinham em um ritmo grande de crescimento. Já a Universidade de São Paulo (USP) criou, em 1946, a Faculdade de Economia e Administração (FEA), e ofertou o curso de Administração a partir de 1963. O desenvolvimento do país no Governo de Getúlio Vargas e, posteriormente, com Juscelino Kubitschek (anos 1950), com a industrialização, principalmente de bens duráveis (automóveis, por exemplo), sentiu-se a necessidade de profissionais que gerenciassem e dessem suporte para essas empresas, com conhecimento suficiente para compreender a nova sociedade que começava a consolidar, marcada pela urbanização e novas tecnologias. As mudanças econômicas e sociais, bem como nas estruturas organizacionais das empresas acentuaram a importância do Administrador nesse momento histórico do país. Assim, por meio da Lei nº. 4.769, de 9 de setembro de 1965, foi regulamentada a profissão de Técnico de Administração. Com a Lei, definiu-se a designação profissional, o exercício da profissão, o campo de atuação (financeira, material, orçamento, administração mercadológica, administração e seleção de pessoal, administração da produção), a atividade profissional (como pesquisas, análises, planejamento, elaboração de pareceres e relatórios, funções de chefia ou direção, magistério), a obrigatoriedade da Carteira de Identidade de Técnico de Administração no exercício profissional, dentre outras prerrogativas. No ano seguinte apósa regulamentação da profissão, o Conselho Federal de Educação fixou, por meio do Parecer nº. 307/66 (aprovado em 8 de julho de 1966), o primeiro currículo mínimo do Curso de Administração, composto pelas seguintes disciplinas: Matemática, Estatística, Contabilidade, Teoria Econômica, Economia Brasileira, Psicologia Aplicada à Administração, Sociologia Aplicada à Administração, Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Social, Legislação Tributária, Teoria Geral da Administração, Administração Financeira e Orçamentária, Administração de Pessoal, Administração de Material, Direito Administrativo, Administração da Produção, Administração de Vendas. Em 1967, a Lei foi regulamentada por meio do Decreto nº. 61.934, de 22 de setembro de 1967. Com isto, criou-se o órgão responsável pela disciplina e fiscalização da categoria profissional: o CFTA – Conselho Federal de Técnicos de Administração. O objetivo maior da entidade era definir, afirmar e fixar a atuação do administrador nas organizações, de modo a contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do país. 8 Em seguida, foram fundados os Conselhos Regionais de Administração nas diversas capitais brasileiras, formando o atual sistema CFA/CRAs. Em 1985, no 20º aniversário da Profissão de Administrador, a Lei Federal 7.321, de 13 de junho de 1985, alterou a denominação Técnico de Administração para Administrador, após intensa campanha coordenada pelo CRA-SP, com apoio de universidades, faculdades e outros conselhos regionais. Em 4 de outubro de 1993, a Resolução do Conselho Federal de Educação nº. 2 aprovou um novo currículo mínimo, substituindo o de 1966. A formação básica e instrumental era composta por disciplinas como Economia, Direito, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Matemática, Estatística, Contabilidade e Informática. As disciplinas de formação profissional incluíam Teorias da Administração; Administração (mercadológica, de produção, financeira e orçamentária, de Recursos Humanos, de Materiais e Patrimoniais, de Sistema de Informação) e Organização, Sistemas e Métodos. A Resolução ainda definia 960 h/a de disciplinas eletivas e complementares mais 300h/a de estágio supervisionado. O Art. 4º estabelecia que “os mínimos de conteúdo e duração, fixados nessa Resolução serão obrigatórios a partir de 1995, podendo, as instituições que tenham condições para tanto e assim desejarem, aplica-los a partir de 1994”. Com a redemocratização, em 1985, e a abertura econômica do país, em 1990, o papel do Administrador torna-se imprescindível para o desenvolvimento da sociedade, por meio dos setores primário (Estado, e os órgãos de administração direta e indireta), secundário (composto pelas indústrias, comércio e serviços) e terciário (Organizações Não-Governamentais). São organizações que precisam dar resultados e alcançar objetivos de forma eficiente e eficaz. Para isso, devem ser gerenciadas por profissionais capazes de compreender a dinâmica, o processo, a interdependência das partes, as variáveis ambientais. E por tudo isso, os administradores têm habilidades para envolver os elementos essenciais no planejamento e cada ação executada. É nesse novo cenário que o MEC instituiu em 2005, as novas diretrizes do Curso de Administração (Resolução nº. 4, de 13 de julho de 2005), através da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, no qual as universidades devem se adequar para inserir no mercado de trabalho, profissionais capacitados e habilitados. Para isso, o Art. 3º da Resolução nº. 4/2005, diz que: A formação na área de Administração deve ensejar como perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender questões científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas informações e apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou emergente, nos vários segmentos do campo de atuação do administrador. E aborda como competência e habilidades essenciais o pensamento sistêmico e estratégico; expressão e comunicação na arte de negociar; raciocínio lógico, crítico e analítico; iniciativa, criatividade, inteligência interpessoal; capacidade para dar consultora e assessoria empresarial; reconhecer e definir problemas; equacionar soluções; refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção; ter vontade política e administrativa; ter consciência ética do seu exercício profissional, dentre outros. 9 Para atender às novas determinações, o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve estruturar o currículo de modo a contemplar os conteúdos de Formação Básica (antropóloga, sociologia, filosofia, psicologia, ética, ciência política, economia, contabilidade, direito, tecnologia), de Formação Profissional (teorias da administração e das organizações, administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistema de informações, planejamento estratégico e serviços), de Estudos Quantitativos e suas Tecnologias (pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e estatísticos, aplicação de tecnologias), de Formação Complementar (estudos opcionais de caráter transversal e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando). A Ciência da Administração é dinâmica, isso porque as organizações são sistemas abertos capazes de receber e exercer influência do ambiente externo. 2. AS ORGANIZAÇÕES E A ADMINISTRAÇÃO Vivemos em um mundo de organizações, sejam elas públicas, privadas ou as chamadas do Terceiro Setor, que são entidades de direito privado, mas sem fins lucrativos. As organizações fazem parte das nossas vidas desde muito tempo e são elas que vêm, a cada dia, suprindo nossas necessidades desde as mais básicas, como alimentação com empresas como Nestlé até de relacionamento e comunicação, como o Google. Na história da humanidade, encontramos registros de antigas organizações como o Arsenal de Veneza (1436) e a Kongo Gumi (fundada em 578 no Japão e que funcionou até 2007, e especializada em construção de centros budistas), Coca-Cola (1886), outras recentes e com forte posição no mercado como Google (1998), e outras que ainda estão na ativa como Banco do Brasil (1808), Ypióca (1846), Mongeral (1835), Diário de Pernambuco (1825), Azul Linhas Aéreas (2008). Enfim, para nascermos, crescermos e até morrermos precisamos de organizações. Na sociedade de organizações, o ambiente é cada vez mais mutável e complexo: são diversas empresas heterogêneas que desenvolvem produtos e serviços para atender pessoas ou outras organizações, que mudam constantemente, de acordo com os problemas e necessidades que se apresentam. Podemos relacionar aqui algumas organizações com diferentes objetivos, setores (públicas, indústrias, comércio, serviços, agropecuárias) e portes (micro, pequenas, médias e grandes), porém essenciais ao bem- estar social, tais como: indústrias de alimentos e de artigos de higiene pessoal, fazendas e beneficiadoras, atacados e distribuidores, varejo de supermercados, farmácias, hospitais, escolas, universidades, exércitos, autarquias, empresas públicas, instituições financeiras, lanchonetes, asilos, creches, agências de viagem, empresas de comunicação, entretenimento e lazer, água e energia, dentre várias outras. Para Silva (2013, p. 4), “organizações bem administradas desenvolvem consistência, crescimento e prosperidade; já as mal administradas decliname, muitas vezes, morrem. Algumas organizações conseguem se recuperar do declínio, com certeza, utilizando-se de recursos administrados altamente eficazes, mas está cada vez mais difícil se recuperar de situações caóticas”. Com relação aos setores (Tabela 1.1), o primário compreende as organizações públicas, o secundário as organizações de iniciativa privada, e o terceiro as organizações 10 não-governamentais, também denominadas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Públicos (OSCIPs), e criadas pela Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Tabela 1.1 – Conceito de Organização SETOR TIPOS DE ORGANIZAÇÕES EXEMPLOS Primário Estado, autarquias, fundações, empresas públicas Mato Grosso, ANVISA, UFMT, Banco do Brasil. Secundário Indústrias, comércio, serviços, agropecuária Unilever, Extra, Localiza, A. Maggi. Terciário ONGs, OSCIPs, Fundações, Associações Cruz Vermelha, SOS Mata Atlântica, Associações de Bairros, Fundação Bradesco. Fonte: Própria Quanto ao porte das empresas, há classificações definidas quanto ao faturamento e quanto ao número de funcionários (Tabela 1.2). Tabela 1.2 – Porte das Empresas Quanto à Receita Classificação Receita operacional bruta anual Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões Pequena empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões Média empresa Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões Média-grande empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande empresa Maior que R$ 300 milhões Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Navegacao_Suplementar/Perfil/porte.html. Acesso em: 10/08/11 Quanto ao número de empregados, o IBGE tem como critério de classificação do porte das empresas, para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e outros (Tabela 1.3): Tabela 1.3 – Porte das Empresas Quanto a Número de Funcionários PORTE INDÚSTRIAS COMÉRCIO E SERVIÇOS Micro Com até 19 empregados Até 9 empregados Pequena De 20 a 99 empregados De 10 a 49 empregados Média De 100 a 499 empregados De 50 a 99 empregados Grande Mais de 500 empregados Mais de 100 empregados Fonte: IBGE Em relação aos ramos de negócios, mais precisamente da iniciativa privada (segundo setor), temos o seguinte (Tabela 1.4): Tabela 1.4 – Ramos da Indústria Ramo da Indústria Exemplos Alimentício Brasil Foods, Ambev, Nestlé, Cargill, JBS, M. Dias Branco. Papel e celulose Papirus, Kimberly-Clark, Melhoramentos, Suzano, Rigesa. Maquinário John Deere, Agrale, Sthil, New Holland, Case. Plástico Bayer, Basf, Chemicals. Calçados Alpargatas, Arezzo, Beira Rio, Ferracini, Ramarim, Dakota. Têxtil Santista, Marisol, Damyller, Marisa. Moveleiro Carraro, Bertoline, Todeschini. Cosmético e Perfumaria Natura, Boticário, Avon, Biu extratos. Informática Positivo, Dell, IBM, Microsoft, Apple. Mineração Vale, Petrobrás, Usiminas, Votorantim. Higiene e Limpeza Kimberly-Clark, Unilever, JBS, Procter & Gamble. Brinquedos Estrela, Caloi, Copag, Automotivo Fiat, Ford, GM, Honda, Toyota, Chevrolet. Fonte: Própria 11 Para que as organizações alcancem seus objetivos, irão precisar de dinheiro, equipamentos, pessoas, estrutura, informação, conhecimento, insumos, para que processem suas atividades e forneçam o produto final ao usuário ou comprador. No entanto, para fazer uso adequado desses recursos, irá precisar de um profissional de Administração, pois esse profissional permite que haja interação e envolvimento das partes durante todo o processo. Para compreender o papel dessas organizações e como deve ser cumprido, você precisar estudar Administração, já que provavelmente, irá fazer parte de alguma organização, seja pública ou privada. Para Maximiano (2006a), a palavra Administração é frequentemente usada no dia-a-dia, como também Organização, Administrador, Gerente, Eficiência, Eficácia, entre outras. E são esses termos que vamos procurar compreender de forma teórica e prática. Chiavenatto (2006, p. 2), ressalta que a Administração é fundamental em qualquer tipo ou escala de utilização de recursos, tecnologias e competências devidamente integrados e alinhados para alcançar objetivos. Segundo Sobral & Peci (2008, p. 5), “Administração é um processo que consiste na coordenação do trabalho dos membros da organização e na alocação dos recursos dos membros da organização e na alocação dos recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos de uma forma eficiente e eficaz”. Por exemplo, as organizações lançam produtos para atender determinados públicos. Em 2015, com a crise econômica brasileira, as fabricantes de cerveja prevendo a queda nas vendas, lançaram produtos Premium, com maior valor agregado por identificarem que o público de maior renda não tem o mesmo impacto da crise no que diz respeito ao consumo de cerveja. Veja a seguir a informação do portal globo sobre o caso. Para driblar a crise econômica, a Ambev está apostando em cervejas mais caras. A companhia, líder do setor no país com 67,5% de participação no mercado, vai investir neste ano todas as suas fichas em rótulos artesanais, com preços bem maiores em relação as chamadas cervejas pilsen, como Skol, Antarctica e Brahma. De acordo com o presidente da companhia, Bernardo Pinto Paiva, o objetivo da companhia é ganhar valor agregado com um maior portfólio de produtos. Vamos elevar as marcas aspiracionais e estimular o crescimento do segmento premium com as marcas Stella Artois e Budweiser. Segundo ele, o segmento deve crescer 15% em 2015, enquanto o setor no geral vem amargando queda nas vendas. Com o aumento do dólar, as cervejas importadas ficaram mais caras, o que acabam beneficiando as bebidas especiais fabricadas no Brasil. A meta da companhia é elevar dos atuais 7% para 25% a fatia das bebidas artesanais no longo prazo. A companhia lançou novas versões da Bohemia, com sabores de pimenta rosa, jabuticaba e erva mate. O preço sugerido? R$ 12, bem mais rentável que as principais marcas da companhia, cuja lata de 350 ml sai entre R$ 2,15 (Brahma) e R$ 2,40 (Skol). A Antártica custa cerca de R$ 2,30. Já a lata de 350 ml da Budweiser sai a quase R$ 3 (Fonte: ROSA, Bruno, 2015; https://oglobo.globo.com/economia/para- driblar-crise-ambev-aposta-em-cervejas-mais-caras-16331439#ixzz4gV8skmux. Acesso em 17 de maio de 2017). A Administração conduz as organizações de forma integrada, de modo que as áreas como finanças ou gestão de pessoas, por exemplo, possam convergir para os objetivos comuns, que no final das contas significa contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do país, produtos e serviços de qualidade. O desempenho das 12 organizações no mundo contemporâneo é motivo para avaliar o impacto no desenvolvimento de uma sociedade. Como afirma Maximiano (2006a), as organizações assumiram importância sem precedentes na sociedade e na vida das pessoas. No Brasil, a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988 traz em seus artigos a obrigatoriedade da função social das organizações. Considerada pelas autoridades e críticos, a mais cidadã de todas as constituições brasileiras, foi resultado de muito trabalhado desenvolvido pela Assembléia Constituinte desenvolvido entre Fevereiro de 1987 e Setembro de 1988. Para exemplificar o impacto que as organizações exercem no comportamento das pessoas, podemos citar o site de relacionamento Facebook, que reúne milhares de pessoas em torno de discussões, encontros, amizades, troca de informações, anúncios, comunidades, em uma plataforma virtual. Outro exemplo é a Netflix, que está impactando a formacomo temos acesso ao conteúdo de entretenimento televisivo, como especialmente as séries. Entretanto, é importante que lembremos aqui, que o reconhecimento de qualquer organização se dá pelos serviços de qualidade e pela ética e transparência nas relações entre organização e usuário. Para Megginson et al (1998), existe uma organização todas as vezes que duas ou mais pessoas interagem para alcançar certo objetivo. Segundo Maximiano (2006a), uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (Figura 1.1). Para Chiavenatto (2006, p. 110), “uma organização é um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos, a cujas prescrições e normas de comportamento todos os seus membros devem ser sujeitos”. Peter Drucker (1994) apud Caravantes (1998) define organização como um grupo humano, composto por especialistas que trabalham em conjunto em uma atividade comum. De acordo com Sobral & Peci (2008, p. 4-5), “as organizações são grupos estruturados de pessoas que se juntam para alcançar objetivos comuns. Surgem como resposta à necessidade dos indivíduos de alcançar metas que, isoladamente, não conseguiriam atingir, em virtude da complexidade e da variedade das tarefas inerentes ao trabalho a se efetuar. (...) Todas as organizações têm um propósito ou uma finalidade. Os objetivos são inúmeros, desde produzir um produto, proporcionar entretenimento, atender as necessidades sociais ou espirituais da sociedade, defender um país, entre muitos outros”. Figura 1.1 – Conceito de Organização Fonte: Adaptado de Maximiano (2006a) 13 3. CONCEITO E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO Etimologicamente, a palavra Administração, vem do latim ad, que significa direção e minister, subordinação ou obediência. Assim, é uma atividade no qual alguém realiza algo sob o comando de outro. Nesse significado, há subordinação, mas hoje o conceito de administração engloba outros fatores que exigem participação, envolvimento e cooperação e não somente obediência. É o caso da visão sistêmica, holística e pensamento estratégico. No decorrer dessa disciplina, vamos abordar esses elementos. Na disciplina de Planejamento Estratégico e Organizacional, serão detalhados os princípios, conceitos e processos do pensamento estratégico. Megginson et al. (1998) conceituam Administração “como trabalho com recursos humanos, financeiros e materiais para atingir objetivos organizacionais através do desempenho das funções de planejar, organizar, liderar e controlar” (Figura 1.2). Figura 1.2 – O que é Administração Fonte: Adaptado de Maximiano (2006a), Chiavenatto (2006) e Megginson et al (1998) Para Maximiano (2006a), a Administração “é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos de funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle”. Segundo Silva (2005, p. 6), “Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais”. Em outras palavras, a finalidade da administração é estabelecer e alcançar objetivos e metas. As empresas com fins lucrativos buscam aumentar seus lucros, mas também atender às necessidades de diversos públicos de interesse, como os clientes, fornecedores, comunidade em geral, governo, funcionário e demais com o qual mantenham relacionamentos diretos ou indiretos. Para àquelas sem fins lucrativos, os objetivos podem ser os mais diversos como atender aos anseios da sociedade no caso de uma empresa pública ou Organização Não-Governamental (ONGs). Para isso, desempenham-se as funções administrativas como planejamento e liderança e utilizam-se de pessoas (recursos humanos), de dinheiro (recursos financeiros) e edifício, equipamentos e matéria-prima (recursos materiais). O conceito de administração requer uma análise sistêmica e holística de uma organização. Nas empresas familiares, por exemplo, a Administração permite que as mesmas cresçam e se sejam valorizadas. Segundo Álvares (2007), o crescimento das empresas brasileiras com controle familiar foi superior ao das demais empresas. Mas para isso, houve profissionalismo nas decisões e na gestão. Por exemplo, a Votorantim, no início dos anos 2000, a empresa implantou um novo modelo de gestão. Os membros da família, Antonio Ermírio de Moraes e José Ermírio de Moraes, se afastaram das decisões diárias e concentraram suas ações no campo estratégico. 14 Em relação aos princípios, que são afirmativas básicas ou uma verdade fundamental que proveem entendimento e orientação ao pensamento e à prática, na tomada de decisão, são os seguintes na área da Administração (SILVA, 2013): Dinâmicos: os princípios de administração são flexíveis por natureza e estão mudando continuamente. Generalizações: não podem ser estabelecidos tão rigorosamente como os das ciências físicas, porque seres humanos se comportam mais erraticamente do que os fenômenos físicos. Relativos: não podem ser leis absolutas que podem ser aplicadas cegamente em todas as situações. Inexatos: são relacionados ao caos e procuram trazer ordem a ele, regulando o comportamento humano em qualquer situação. Universais: são aplicáveis a negócios, governos, universidades e outras organizações não lucrativas ao redor do mundo. Fundamentalmente, os princípios são desenvolvidos para ajudar os executivos a pensar e agir, podendo evitar erros em seu trabalho e predizer resultados de suas ações com confiança. 4. ADMINISTRAÇÃO COMO ARTE E CIÊNCIA A palavra Ciência provém do latim scire, que significa tão-somente conhecer. Para Caravantes (1998), o objetivo da ciência é descrever os fenômenos do mundo real. E quando utilizamos o conhecimento para agir, então passamos para o campo das ciências aplicadas. Segundo Lupton (1972) apud Caravantes (1998), as ciências sociais são todas as atividades que estão preocupadas em sistematicamente investigar e explicar aspectos da relação entre o indivíduo e a sociedade da qual faz parte. Assim, a Administração é denominada Ciência Social Aplicada, pois investiga as organizações, de modo a conhecê-las, para que possa aplicar constantemente novos conhecimentos, teorias, princípios, contribuindo assim, com o desenvolvimento das mesmas. É uma ciência que aplica os conhecimentos à ação, como afirmava Peter Drucker. Os administradores eficazes usam, em geral, a abordagem científica ao tomar decisões. Eles sistematicamente observam a existência de um problema, coletam dados sobre eles e soluções em potencial, generalizam em relação aos resultados em potencial, e tomam a decisão necessária. Para Chiavenatto (2006, p. 2), a Administração constitui a maior inovação do século XX. Graças a ela, as ciências puderam ver suas descobertas transformadas em bens e serviços disponíveis à sociedade. (...) Tornou produtivos os conhecimentos dos vários campos do conhecimento humano. Chiavenatto (2014, p. 12) assim define a administração como ciência: a administração repousa em fundamentos científicos e em metodologias e teorias sobre fatos e evidências que são analisados, experimentados e testados na prática cotidiana. Como ciência, ela define o que causa o que, por que causa e quando causa, isto é, as relações de causa e efeito. Entretanto, como afirmam Megginson et al (1998), em muitos aspectos de planejamento, liderança, comunicação e trato com o elemento humano, os administradores também usam a abordagem artística, baseando suas decisões em 15 julgamento, intuição ou simplesmente em “palpite”.Como arte, Chiavenatto (2014, p. 13) assim considera: a administração requer do administrador a leitura de cada situação em um visão abrangente, com intuição e abordagem criativa e inovadora não somente para resolver problemas, mas, principalmente, para criar, mudar, inovar e transformar as organizações. Algumas considerações devem ser feitas sob o enfoque da administração como ciência: (SILVA 2005, p. 29): Os seres humanos não são padronizados e os experimentos não podem ser repetidos sob condições padronizadas (Frederick Taylor); A administração preenche os requisitos para um campo de conhecimento, porque ela pode ser estudada (pode ser aprendida, ensinada e pesquisada), por algum tempo e tem sido organizada numa série de teorias (Luther Gullick); O caráter científico da administração é bem suportado por modelos matemáticos e os administradores também podem tomar decisões apropriadas colocando estas técnicas em uso; A administração, entretanto, não pode ser apontada como ciência exata, como as ciências naturais; nunca poderá ser uma ciência exata porque trata com seres humanos. Sendo assim, é uma ciência social que lida com fenômenos complexos, sobre os quais pouco se sabe. Alguns estudiosos ou escritores preferem denominar a administração como uma “ciência leve”, na qual não existem regras pesadas e rápidas, mas sim limitações (Peter Drucker); É verdade que a administração não pode ser uma ciência exata, mas é científica porque um administrador se comporta do mesmo modo que um cientista. Os princípios que governam a formulação de metas, hipóteses, coleta de dados, análise e interpretação dos fatos, teste de conclusões e alcance das soluções são os mesmos. A grande diferença é que o administrador tem que operar sob certas limitações impostas pelas mutantes condições dos negócios. Do exposto, a administração se caracteriza como uma ciência inexata, porque o objeto de estudo é o ser humano, e este não é padronizado. As pessoas que compõem as organizações e, por consequência, o estudo da Administração, assumem papel de funcionários, consumidores, cidadãos, políticos, sindicalistas, artistas, enfim, são diversas pessoas com papéis diferentes, que se comportam de forma diferente e que são mutáveis ao longo da vida. Tem ainda as decisões estratégicas das empresas, que dependem cada vez mais das mutações que ocorrem em escala internacional, cultural, legal, econômica, tecnológica, dentre outras. A Administração eficaz é, em resumo, uma combinação das duas abordagens, em proporções variáveis e em situações diferentes. Pois como afirma Silva (2005, p. 30), “a arte é apoiada no conhecimento de princípios desenvolvidos pela ciência”. (...) Por exemplo, a decisão de mudança em uma embalagem de produto pode se dá através da pesquisa de mercado, utilizando-se assim da ciência, como também da 16 capacidade adquirida do Administrador em conhecer as características do mercado-alvo e suas necessidades. A P&G, que chegou ao Brasil em 1988, para lançar a sua pasta de dente Crest Pro-Health, em 2009 aqui, realizou 15 diferentes pesquisas de mercado, entre março de 2006 e fevereiro de 2009, ouvindo 5.200 consumidores, número quatro vezes maior do que o habitual em lançamento de produto. Nas pesquisas, foram testados desde os hábitos de escovação dos brasileiros até a preferência por sabores – entre a gama de produtos da empresa há variedades como anis, canela, laranja, limão e até mesmo maracujá e açaí, sabores que o brasileiro estranhou. A embalagem também foi submetida à aprovação dos consumidores, sendo avaliada em testes sofisticados, como o eye trackink. Por meio dessa tecnologia, os designers da empresa se valeram de uma tela de computador capaz de registrar o movimento dos olhos dos consumidores pelo produto, e com isso, detectaram os pontos que mais chamavam atenção das pessoas (como a reação às cores, ao tamanho das letras e às ilustrações na caixa de papelão). Até a decisão pelo modelo final, foram testadas 44 embalagens diferentes (TEICH 2009). A literatura inclui ainda outros dois enfoques na discussão sobre o que é a Administração: como Profissão (SILVA, 2013) e como Tecnologia (CHIAVENATTO, 2014). A Administração é vista também como uma profissão, em razão das habilidades desenvolvidas por estudiosos, consultores e inovadores que coordenam atividades de corporações diversas. De acordo com estudiosos como Edgar Schein e Billy J. Hodge, as principais características de uma profissão incluem: Um conjunto sistemático de princípios, técnicas, habilidades e conhecimento especializado. Um mínimo de treinamento e competência. Um estreito código de ética ou padrões de conduta. Um compromisso de servir, mais do que obter recompensas monetárias. Como Tecnologia, a administração utiliza técnicas, modelos, práticas e ferramentas conceituais baseadas em teorias científicas que facilitam a vida do administrador e tornam seu trabalho mais eficaz (CHIAVENATTO, 2014). 5. CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DO CONHECIMENTO ADMINISTRATIVO Os conhecimentos da Ciência da Administração são produzidos pela observação, levantamentos e análise crítica da experiência prática das organizações e de seus administradores. Há duas fontes principais desses conhecimentos: a própria experiência prática e os métodos científicos. (Adaptado de CHIAVENATTO 2006; MAXIMIANO 2006a). Henry Fayol, Frederick W. Taylor e Chester Barnard escreveram suas memórias administrativas a partir de suas próprias experiências. Por mais que fossem empíricas, 17 esses estudiosos deixaram um legado para a teoria administrativa e na consolidação do campo científico da Administração. Em relação aos métodos científicos, temos: Experimento: o método científico por excelência, e consiste em medir conseqüências de uma alteração produzida em uma situação. Nesse caso há um grupo de controle e o um grupo experimental. Por exemplo, o estudo de Hawthorne caracteriza esse método, uma vez que houve um experimento com um grupo de trabalhadores para avaliar o efeito da luminosidade na produtividade enquanto outro grupo foi mantido sob as mesmas condições de trabalho. Outro exemplo é procurar medir o efeito que uma nova ação de marketing exerce sobre determinada linha de produto, enquanto outra linha similar é mantida nas estratégias anteriores. Levantamento simples: tem como objetivo estudar uma variável, fenômeno administrativo ou objeto de estudo e é feito usando-se questionários, entrevistas, observação direta e outras técnicas semelhantes de obtenção de informações. Em síntese, entender algo que esteja acontecendo ou analisar a freqüência com que determinada técnica está disseminada. Por exemplo, quais os tipos de departamentos mais freqüentes em lojas de varejo? Quais os critérios utilizados pelas empresas para promoção de pessoal? Com que freqüência as reuniões informais são realizadas em empresas industriais de grande porte? Levantamento correlacional (ou estudos causais): procuram identificar relações de causa e efeito entre determinadas variáveis. O estudo analisa a relação entre a variável independente ou de causa (x) e a variável dependente ou de efeito (y). Como exemplos, podemos citar: existe correlação entre o estilo de liderança e a produtividade dos colaboradores? E qual a relação entre vendas e investimentos em comunicação de marketing ou promoção? 6. EFICIÊNCIA E EFICÁCIA O desempenho de uma organização pode ser medido de várias formas. E as empresas devem satisfazem seu público, como clientes, usuários, funcionários, asociedade de uma forma geral, o governo, entre outros, e por cima, resolvem seus problemas e atingem seus objetivos, ela está sendo eficiente e eficaz em sua Administração. No caso da Administração Pública, o desempenho também passar a ser medido pela eficiência dos serviços prestados à sociedade, como educação, saúde e lazer, e os serviços suplementares como atendimento, acompanhamento da satisfação do usuário. Mas o que significa Eficiência e Eficácia? Quais as suas diferenças? Eficiência é a capacidade de “fazer as coisas direito”, é um conceito matemático: é a relação entre insumo e produto (input e output). Um administrador eficiente é o que consegue produtos mais elevados (resultados, produtividade, desempenho) em relação aos insumos (mão-de-obra, material, dinheiro, máquinas e tempo) necessários à sua consecução (MEGGINSON et al., 1998). Para Maximiano (2006a), eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Em outras palavras, significa 18 usar menor quantidade de recursos para produzir mais. Pode ser definida pela equação E = P/R, onde P são os recursos resultantes e R os recursos utilizados. Eficácia é a capacidade de “fazer as coisas certas” ou de conseguir resultados. Isto inclui a escolha dos objetivos mais adequados e os melhores meios de alcançá-los. (MEGGINSON et al., 1998). Segundo Maximiano (2006a), eficácia é a palavra usada para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz. A Figura 1.3 mostra a relação entre eficiência, eficácia e desempenho organizacional. Figura 1.3 – Relação Entre Eficiência, Eficácia e Desempenho Organizacional Fonte: Jones et al (2000) apud Silva (2005, p. 21). Para retratar a diferença dos dois termos, vamos descrever o seguinte exemplo: Uma empresa pode desenvolver um produto de forma eficiente, utilizando os recursos (materiais, financeiros, pessoais) economicamente, mas o produto não obteve êxito comercial. Nesse caso, a empresa foi eficiente, porém ineficaz, porque adotou a estratégia errada ou lançou o produto errado. 7. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E DAS ORGANIZAÇÕES Segundo Silva (2013, p. 4), administradores usam teorias administrativas para a tomada de boas decisões em seus esforços diários de planejar, organizar, dirigir e controlar a produtividade organizacional. Para compreendermos o significado da teoria da administração e das organizações, vamos definir o que é teoria. Segundo Maximiano (2006a), a teoria é, essencialmente, uma representação abstrata do que se percebe como realidade. A teoria é um conjunto de afirmações ou regras feitas para enquadrar alguma parte do mundo real. Para Chiavenatto (2006, p. 3), “teoria é o nome dado a um conjunto de abstrações que tenta explicar a realidade”. E Silva (2013, p. 4), define que “uma teoria é um conjunto de conceitos e ideias que explica e prediz fenômenos sociais e físicos”. Assim, podemos sintetizar como leis que explicam os acontecimentos ou proposições sobre os fatos da realidade, de modo E fi cá ci a A lt a B ai x a Baixa eficiência/ Alta eficácia O administrador escolhe metas para alcançar, mas faz uso dos recursos para alcance das metas. Resultado: um produto que o consumidor quer, mas muito caro para que ele o compre. Baixa eficiência/ Baixa eficácia O administrador escolhe metas erradas para alcançar e faz mau uso dos recursos. Resultado: baixa qualidade de produto, que o consumidor não quer. Alta eficiência/ Alta eficácia O administrador escolhe metas certas para perseguir e faz bom uso dos recursos para alcance das metas. Resultado: um produto que o consumidor quer, uma qualidade e preço que ele pode pagar. Alta eficiência/ Baixa eficácia O administrador escolhe metas inadequadas, mas faz bom uso dos recursos no alcance das metas. Resultado: um produto de alta qualidade, que o consumidor não quer. 19 racional, como também complexo. Isto porque as organizações são formadas por pessoas e a Administração se caracteriza como uma Ciência Social Aplicada, e por isso, é não-linear. É uma ciência marcada passa por mudanças constantes no ambiente das organizações e no comportamento das pessoas, sejam trabalhadores, consumidores, clientes, usuários, cidadãos. As teorias da administração, segundo Maximiano (2006a), são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações. E a teoria geral da administração é o conjunto dessas teorias, que são designadas por meio de diferentes termos. Para Chiavenatto (2006, p.2), “a teoria das organizações é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral”. E “teorias da administração são conhecimentos organizados e codificados em decorrência da experiência prática e empírica da administração em organizações”. A TGA, segundo Chiavenatto (2006, p. 12), estuda a Administração das organizações do ponto de vista da interação e interdependência entre seis variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade (Figura 1.4). Figura 1.4 – As Variáveis Básicas Organização Fonte: Chiavenato (2006, p. 11). Essas variáveis atuam de maneira sistêmica e integrada, considerando as partes internas e externas das quais a organização faz parte. Estudar TGA possibilita compreender as teorias que explicam o funcionamento sistemático das empresas em busca do alcance dos objetivos. Os primeiros teóricos da Administração como Frederick Taylor e Henry Fayol, as organizações ainda eram predominantemente fechadas em suas estruturas. Pensadores modernos apresentam teorias com foco na visão sistêmica e holística, como a quinta disciplina, de Peter Senge, em 1990. Por exemplo, as indústrias do final do século XIX e começo do século XX apresentavam uma estrutura organizacional estável em função da baixa influência do ambiente em sua volta, o que levava a tarefas rotineiras, processos e produtos padronizados. Hoje, início do século XXI, as indústrias, por exemplo, inovam com frequência, modificam estruturas, lançam Competitividade Tarefas Estrutura Ambiente Pessoas Tecnologia 20 produtos diferenciados para cada mercado-alvo, e são influenciadas de forma significativa pelos seus concorrentes diretos, fornecedores, governo, cultura, recursos naturais. Na Administração, o resultado de estudos, pesquisas, experiências, levantamentos e observações nas organizações foi um conjunto de teorias, como a Teoria Clássica, Teoria da Burocracia, Teoria das Relações Humanas, Teoria Estruturalista, Teoria Comportamental e da Motivação Humana, Teoria Geral dos Sistemas, Teoria da Contingência. A Figura 1.5 apresenta um esquema da evolução das principais teorias do campo da Administração. Figura 1.5 – As Principais Teorias do Pensamento Administrativo 1903 Administração Científica 1909 Teoria da Burocracia 1916 Teoria Clássica 1932 Teoria das Relações Humanas 1947Teoria Estruturalista 1951 Teoria dos Sistemas 1953 Abordagem Sociotécnica 1954 Teoria Neoclássica 1957 Teoria Comportamental 1962 Desenvolvimento Organizacional 1972 Teoria da Contingência 1990 Novas abordagens Fonte: Chiavenato (2006, p. 11). Cada teoria será estudada no decorrer da disciplina. Quanto às novas abordagens, podemos relacionar a governança corporativa, gestão da aprendizagem, balanced scorecard, responsabilidade socioambiental, dentre outras. 8. NOVOS PARADIGMAS E MEGATENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO Maximiano (2006) define paradigmas como modelos ou padrões que servem como marcos de referência, para explicar às pessoas como lidar com diferentes situações e ajudá-las nisso. Na Administração, os paradigmas representam premissas, modelos de gerenciamento e o contexto ambiental das organizações. Nas premissas ou hipóteses ocorrem explicações que procuram ajudar a compreender as organizações e a forma como devem ser administradas. Por exemplo, a administração da qualidade parte da premissa que as empresas conseguirão conquistar os clientes, uma vez que garantirão a qualidade dos produtos e serviços em toda a cadeia de valor – compra da matéria-prima até o pós-venda. Em relação aos modelos, os paradigmas referem-se às técnicas e soluções de problemas complexos que ocorrem na administração das empresas. Por exemplo, o modelo burocrático de administração objetiva profissionalizar, formalizar e organizar hierarquicamente uma organização; o modelo japonês de gestão que procura atingir a qualidade total, através da produção enxuta e a integração de todos os funcionários. Na Tabela 1.5 a seguir será apresentado um resumo das principais mudanças de paradigmas que ocorrem na passagem para o terceiro milênio. Ano Teoria 21 Tabela 1.5 – Mudanças de paradigmas na passagem para o terceiro milênio. PARADIGMAS TRADICIONAIS PARADIGMAS DO TERCEIRO MILÊNIO Revolução industrial – substituição e potencialização do trabalho humano por máquinas. Revolução digital – substituição e potencialização das atividades humanas de decisão, comunicação e informação por computadores. Classe operária numerosa, em conflito com uma classe de patrões e gerentes. Sindicatos com poder ou no poder; trabalhadores em serviços e do conhecimento e profissionais liberais mais numerosos que os operários clássicos. Empregados Colaboradores Trabalhador especializado – operador de máquinas qualificado apenas para realizar uma tarefa. Grupos de trabalhadores autogeridos e polivalentes, com educação de nível superior. Grandes estruturas organizacionais. Estruturas organizacionais enxutas. Eficiência Competitividade. Interesse da empresa e do acionista. Ética, responsabilidade social, governança corporativa, ecoeficiência. Fonte: Maximiano (2012) O crescimento das organizações, aumento da concorrência, sofisticação tecnológica, dentre outros fatores tornam a realidade das organizações mais complexa. Ademais, as transformações que vêm ocorrendo na sociedade ampliam essa complexidade, as chamadas megatendências, que produzem forte impacto nas organizações. Essas megatendências são (CHIAVENATTO, 2014): Da sociedade industrial para a sociedade da informação: a era industrial está vivendo o seu estágio final, e a mudança é definitiva. A sociedade pós-industrial que está surgindo não é uma sociedade de serviços, mas de informação. As inovações nas comunicações e nas telecomunicações, a explosão do computador, dos microprocessadores, dos smartphones e tablets e a descentralização estão fazendo com que essa mudança seja irreversível. Da tecnologia simples para a tecnologia sofisticada: a conversão da tecnologia em um produto ou serviço acabado e disponível para consumo será cada vez mais rápida. Com isso, serão criadas novas empresas, com novas estruturas organizacionais mais adequadas a essas tecnologias e que tornarão rapidamente obsoletas as grandes organizações atualmente existentes. A sofisticação tecnológica deve proporcionar eficiência cada vez maior, precisão mais avançada e liberação da atividade humana para atividades mais complexas que exijam conhecimento. Da economia nacional para a economia mundial: o mundo tornou-se um ambiente enorme, um mercado único e um centro de compras global. Do curto para o longo prazo: o administrador típico do passado era orientado para o curto prazo. Esse estilo de atuação contrasta com o estilo japonês, no qual a visão de longo alcance, ou orientação estratégica, é que orienta as ações cotidianas. Da democracia representativa para a participativa: as pessoas cujas vidas são afetadas por uma decisão devem fazer parte do processo de se chegar a essa decisão. Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva: as empresas precisam adotar um modelo de equalização do poder em substituição ao modelo atual de diferenciação hierárquica, para reduzir as diferenças impostas pela hierarquia da autoridade que tolhe a liberdade, a iniciativa individual e a inovação. A tradicional organização hierárquica e piramidal, com características autocráticas 22 e impositivas, está cedendo lugar a redes informais de comunicação para facilitar a interação das pessoas e a dinamização da organização. Da opção dual para a opção múltipla: a simples opção dual – ou isto ou aquilo -, do tipo aberto ou fechado, burocrático ou não burocrático, autocrático ou democrático, simples ou complexo, Teoria X ou Teoria Y, tem demonstrado seu reducionismo e sua extrema simplificação. A sociedade caminha para a sofisticação crescente, com múltiplas opções, variações e alternativas intermediárias. Da centralização para a descentralização: as organizações em geral – indústria, comércio, bancos, etc. – estão passando por um processo gradativo de deslocamento rumo à periferia. Essa descentralização está provocando um espalhamento geográfico, não somente de empresas, mas sobretudo, de mercados e negócios. Isso aumenta consideravelmente o volume de valores e contingências ambientais sobre o comportamento das empresas, o que também complica e aumenta o grau de incerteza e de imprevisibilidade com relação ao ambiente externo. Da ajuda institucional para a autoajuda: os cidadão estão aprendendo a se desligar de instituições que os desiludiram e reaprendendo como agir por si mesmos, por conta própria, para resolver seus problemas. Assim, educação, saúde, segurança pública, previdência social e habitação passaram a ser importantes pontos dessa ruptura institucional. Essa passagem gradativa da ajuda institucional para a autoajuda é um fenômeno que afeta a administração das organizações, pois elas passam a sofrer as pressões provocadas pelo descompasso e pela defasagem dos serviços públicos. Os planos empresariais de previdência privada, assistência médico-hospitalar, seguro de vida e acidentes pessoais servem de suporte e complementoaos benefícios do Estado. QUESTÕES PARA REVISÃO E DISCUSSÃO 1ª) Como você avalia o campo de atuação do Administrador? É amplo? Que ciências o estudo da Administração absolve? 2ª) Releia o conceito de Administração e elabore sua própria definição. 3ª) Por que são necessários administradores em todas as organizações? Explique. 4ª) Explique a relação entre Administração, Organização e Sociedade. 5ª) Explique os três métodos científicos de construção do conhecimento administrativo e cite exemplos de cada. 6ª) Cite a diferença entre eficiência e eficácia. Dê um exemplo diferente do texto. 7ª) O que é uma teoria? E Teoria Geral da Administração? Qual a sua importância? 8ª) Analise os paradigmas tradicionais da Administração e os paradigmas do terceiro milênio, e suas influências nas organizações 23 CAPÍTULO 2: TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Este capítulo aborda de forma introdutória e resumida as principais Teorias Gerais da Administração. 1. TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Conceito: pioneira no pensamento administrativo que busca sintetizar um conjunto de princípios de gestão eficiente dos processos operacionais de trabalho, tendo por base a crença de que existe uma única maneira certa de desempenhar cada tarefa (SOBRAL e PECI, 2013). Período: Entre 1890 e 1911 nos Estados Unidos. Principal Autor: Frederick W. Taylor (1856-1915). Fatores-chave do contexto: Fase monopolista do capitalismo; Elevados desperdícios de recursos e baixa produtividade; Força de trabalho desqualificada. Pressupostos: Homem Econômico (Homo economicus) – ser humano essencialmente egoísta e racional, orientado por motivações materiais; A organização é considerada um sistema fechado – foco nos processos internos. Existe uma ciência da administração capaz de ser universalizada. Foco de análise: processos operacionais de trabalho, ênfase na tarefa. Conceitos-chave: Existe uma única maneira certa para o desempenho de cada tarefa; Dissociação da concepção do trabalho da sua execução; Seleção, treinamento e aperfeiçoamento do trabalho com base nos métodos científicos; Cooperação da administração com os trabalhadores; Remuneração baseada em incentivos materiais. Principais contribuições: Melhoria acentuada da produtividade e eficiência nas fábricas; Introdução de uma forma diferenciada de remuneração, relacionada com a produtividade; Criação da base para o desenvolvimento da linha de montagem que propicia a produção em série. Limitações e críticas: Enxerga o trabalhador como uma peça de uma máquina, ignorando suas necessidades sociais e psicológicas; Baseia-se em pressupostos motivacionais materiais e simplistas; Não considera a possibilidade de existência de conflitos entre objetivos dos trabalhadores e gerenciais; Concebe a organização como sistema fechado, não considerando as influências das forças externas na administração; Cria condições propícias para a alienação do trabalhador, por causa da superespecialização e divisão do trabalho. Outros autores: Henry L. Gantt (1861-1919) e os Gilbreth – Frank (1868-1924) e Lílian (1878-1972), Henry Ford (1863-1947), Harrington Emerson (1853- 1931). 24 2. TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Conceito: define a administração como um processo de cinco funções e que busca identificar os princípios gerais de uma administração eficiente (SOBRAL e PECI, 2013). Período: Surgiu em 1916 na França. Principal Autor: Henry Fayol (1841-1925). Fatores-chave do contexto: Fase monopolista do capitalismo; Existência de empresas altamente verticalizadas e hierarquizadas; Crescente conscientização acerca da importância da função da administração. Pressupostos: O sucesso da administração reside não nas habilidades pessoais inatas dos gestores, mas sim na utilização de métodos científicos aplicados à administração; Existem princípios gerais de administração possíveis de serem identificados e analisados; Existe a ciência da administração. Foco de Análise: a organização como um todo, ênfase na estrutura. Conceitos-chave: As seis áreas de operações empresariais (técnicas, comerciais, financeiras, segurança, contabilidade e administração); As cinco funções da administração (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar); Os Quatorze princípios de administração (divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse individual ao geral, remuneração de pessoal, centralização, hierarquia, ordem, equidade, estabilidade de pessoal, iniciativa e espírito de equipe). Principais contribuições: A Administração pode ser vista como uma profissão capaz de ser treinada e desenvolvida; Muitos dos princípios desenvolvidos por Fayol têm validade na atualidade; Marca a forma de compreender a administração enquanto processo, composto de funções-chave, visão que prevalece até hoje. Limitações e críticas: Prevalece a concepção da organização como um sistema fechado, não dando a devida importância aos fatores externos; Foca no sistema formal da organização, como autoridade, hierarquia, entre outros, não levando em consideração o seu lado informal; Os pressupostos motivacionais ainda são de natureza material e simplista. Outros autores: Luther Gulick (1892-1993), James D. Mooney (1861-1921), Oliver Sheldon (1894-1951), Lyndall Urwick (1891-1983). 3. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Conceito: movimento de reação e oposição à escola clássica de administração, que reconhece os limites do controle burocrático como forma de regulamentação social e que se propõe a valorizar as dimensões relacionais e sociais no ambiente de trabalho (SOBRAL e PECI, 2013). 25 Período: Entre as décadas de 1920 e 1930 nos Estados Unidos, como conseqüência imediata das conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne. Principal Autor: Elton Mayo (1880-1949). Fatores-chave do contexto: Resultados insatisfatórios da escola clássica de administração; Impacto das ciências sociais e, especialmente, da sociologia e da psicologia; Questionamentos decorrentes das crises econômicas e sociais da década de 1930. Pressupostos: Homem Social – homem movido por fatores de ordem social e psicológica; A organização é um sistema social e psicológica. Foco de Análise: os indivíduos e os grupos informais nas organizações. Conceitos-chave: Produtividade e eficiência são influenciadas pelos grupos informais de trabalho; A autoridade do gerente deve se basear em competências e habilidades interpessoais e sociais em vez de competência técnica. Principais contribuições: Inclusão do fator humano na análise organizacional; Alerta sobre o impacto da motivação humana no desempenho das organizações. Limitações e críticas: Prevalece a concepção da organização como um sistema fechado; A organização é vista exclusivamente como um sistema social, em detrimento de outros aspectos de natureza técnica; Resultados de outras pesquisas comprovam que trabalhadores felizes nem sempre são mais produtivos. Outros autores: Chester Barnard (1886-1961), Mary Parker Follet (1868-1933), Herbert Simon (1916-2001), Kurt Lewin (1890-1947). 4. TEORIA DA BUROCRACIA Conceito: sustenta que a burocracia, tendo por base princípios como a impessoalidade e a racionalidade técnica, é o modelo ideal de estruturação das organizações da sociedade capitalista (SOBRAL e PECI, 2013). Período: Entre 1920 e 1940. Principal Autor:
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