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2017 - TGA I - Material Didático

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO 
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIA CONTÁBEIS 
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I 
 
2017.1 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá – MT 
 2 
ÍNDICE 
 
UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO....... ........................................ 06 
 
CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO ....................... 07 
1. A Formação Profissional e Conceitos de Administração. .................................................... 07 
2. As Organizações e a Administração ..................................................................................... 09 
3. Conceito e Princípios da Administração .............................................................................. 13 
4. Administração como Arte e Ciência ..................................................................................... 14 
5. Construção e Formação do Conhecimento Administrativo ................................................. 16 
6. Eficiência e Eficácia ............................................................................................................. 17 
7. Teorias da Administração e das Organizações ..................................................................... 18 
8. Novos Paradigmas e Megatendências da Administração ..................................................... 20 
 
CAPÍTULO 2 – TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO ............................................ 23 
1. Teoria da Administração Científica. ..................................................................................... 23 
2. Teoria Clássica da Administração ........................................................................................ 24 
3. Teoria das Relações Humanas .............................................................................................. 24 
4. Teoria da Burocracia ............................................................................................................ 25 
5. Teoria Estruturalista ............................................................................................................ 26 
6. Teoria Neoclássica da Administração .................................................................................. 27 
7. Teoria Comportamental ........................................................................................................ 28 
8. Teoria Quantitativa da Administração .................................................................................. 29 
9. Teoria Sistêmica da Administração ...................................................................................... 29 
10. Teoria da Contingência ....................................................................................................... 30 
11. Novos Teóricos da Administração ..................................................................................... 31 
 
CAPÍTULO 3 – O QUE OS ADMINISTRADORES REALIZAM ................................... 34 
1. Funções Desempenhadas pelos Administradores. ................................................................ 34 
2. Níveis de Administração ...................................................................................................... 35 
3. Funções Organizacionais ...................................................................................................... 37 
4. Habilidades e Competências do Administrador ................................................................... 38 
5. O Trabalho do Administrador .............................................................................................. 41 
 
CAPÍTULO 4 – ÁREAS FUNCIONAIS DAS ORGANIZAÇÕES ................................... 43 
1. Funções das Empresas. ......................................................................................................... 43 
2. Operações e Produção .......................................................................................................... 43 
3. Marketing ............................................................................................................................. 46 
4. Finanças ................................................................................................................................ 49 
5. Recursos Humanos ............................................................................................................... 52 
6. Logística e Distribuição ........................................................................................................ 56 
 
CAPÍTULO 5 – ADMINISTRAÇÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ................... 58 
1. Antiguidade: 4000 a.C a 476 d.C. ........................................................................................ 58 
2. Idade Média: de 476 d.C até 1453 ........................................................................................ 59 
3. Idade Moderna: de1453 até 1789 ......................................................................................... 60 
4. Idade Contemporânea: de 1789 até os dias atuais ................................................................ 62 
 
CAPÍTULO 6 – AMBIENTES MUTÁVEIS DA ADMINISTRAÇÃO ............................. 66 
1. Ambientes Organizacionais. ................................................................................................. 66 
 3 
2. Macroambiente ou Ambiente Contextual ............................................................................. 68 
3. Ambiente de Tarefa ou Ambiente Operacional .................................................................... 88 
4. Microambiente ou Ambiente Interno ................................................................................... 94 
 
UNIDADE II – ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO....... ................................ 86 
 
CAPÍTULO 7 – ADMINISTRAÇÃO CIENTIFICA E LINHA DE MONTAGEM ........ 87 
1. Taylor e o Movimento da Administração Científica ............................................................ 87 
2. Fases da Administração Científica ....................................................................................... 88 
 2.1 Primeira Fase: Salários e Sistemática da Produção ........................................................ 89 
 2.2 Segunda Fase: Aprimoramento dos Métodos de Trabalho ............................................. 90 
 2.3 Terceira Fase: Consolidação dos Princípios ................................................................... 91 
3. Integrantes do Movimento .................................................................................................... 92 
4. Produção em Massa e Linha de Montagem .......................................................................... 93 
 4.1 Princípios da Produção em Massa .................................................................................. 94 
 4.2 A Linha de Montagem de Henry Ford............................................................................ 94 
 4.3 A Linha de Montagem Móvel ........................................................................................ 95 
 4.4 Inovações de Ford ........................................................................................................... 95 
 
CAPÍTULO 8 – TEORIA CLÁSSICA E ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS ........ 97 
1. Processo Administrativo na Visão de Henry Fayol. ............................................................. 97 
2. As Funções Administrativas .................................................................................................98 
3. Princípios da Administração de Fayol .................................................................................. 98 
4. Discípulos de Fayol ............................................................................................................ 101 
5. Comparação entre Taylor e Fayol ..................................................................................... 102 
6. Teoria Neoclássica .............................................................................................................. 103 
7. Administração por Objetivos (APO) .................................................................................. 103 
 7.1 Conceitos e Características ........................................................................................... 103 
 7.2 Aspectos-Chave do Processo da APO .......................................................................... 106 
 
CAPÍTULO 9 – PROCESSO INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO .......................... 108 
1. A Informação e Tomada de Decisão. ................................................................................. 108 
2. Planejamento ...................................................................................................................... 108 
3. Organização ........................................................................................................................ 112 
4. Liderança ............................................................................................................................ 114 
5. Execução ............................................................................................................................. 115 
6. Controle .............................................................................................................................. 115 
 
CAPÍTULO 10 – TEORIA DA BUROCRACIA ............................................................... 118 
1. Grupos Formais e Informais. .............................................................................................. 118 
2. Max Weber e a Burocracia ................................................................................................. 118 
3. Classificação de Autoridade ............................................................................................... 119 
4. Outros Estudiosos da Burocracia ........................................................................................ 119 
5. Características da Burocracia ............................................................................................. 120 
 5.1 Formalidade. ................................................................................................................. 120 
 5.2 Impessoalidade ............................................................................................................. 120 
 5.3 Profissionalismo ........................................................................................................... 120 
6. Tipo Ideal de Burocracia .................................................................................................... 121 
7. As Funções e Disfunções da Burocracia ............................................................................ 121 
8. Relação entre as Teorias Clássicas. .................................................................................... 121 
 4 
9. Amitai Etzioni e o Poder .................................................................................................... 123 
 9.1 Organizações Coercitivas ............................................................................................. 124 
 9.2 Organizações Utilitárias ............................................................................................... 124 
 9.3 Organizações Normativas ............................................................................................. 124 
10. Modelos de Organização .................................................................................................. 124 
 10.1 Tipo Mecanicista ...................................................................................................... 124 
 10.2 Tipo Orgânica ........................................................................................................... 125 
11. Adhocracia ........................................................................................................................ 125 
 
UNIDADE III – DA ESCOLA CLÁSSICA AO MODELO JAPONÊS....... ................... 127 
 
CAPÍTULO 11 – TEORIA ESTRUTURALISTA ............................................................. 128 
1. A Organização como Função da Administração ................................................................ 128 
2. Estrutura Formal da Organização ....................................................................................... 128 
3. Tipos de Organização ......................................................................................................... 130 
4. Departamentalização .......................................................................................................... 133 
5. Princípios Centrais da Teoria Estruturalista ....................................................................... 136 
6. Autores da Teoria Estruturalista ......................................................................................... 137 
7. Estrutura Organizacional no Terceiro Milênio ................................................................... 138 
 
CAPÍTULO 12 – PAPEL DOS GERENTES ..................................................................... 139 
1. Introdução. .......................................................................................................................... 139 
2. Chester Barnard e as Funções do Executivo ...................................................................... 139 
3. Herbert Simon e o Processo Decisório ............................................................................... 140 
 3.1 Tomada de Decisões Gerenciais e Resolução de Problemas ........................................ 141 
 3.2 Certeza, Risco e Incerteza ........................................................................................... 143 
 3.3 Abordagens à Tomada de Decisões .............................................................................. 143 
4. Henry Mintzberg e os Papeis Gerenciais ............................................................................ 144 
5. Rosemar Stewart e as Escolhas Gerenciais ........................................................................ 148 
6. Princípios de Adrew Grove ................................................................................................ 149 
7. Fred Luthans e o Desenvolvimento dos Gerentes .............................................................. 150 
 
CAPÍTULO 13 – AUTORIDADE E PODER NAS ORGANIZAÇÕES ......................... 151 
1. Delegação. .......................................................................................................................... 151 
2. Autoridade .......................................................................................................................... 152 
3. Poder ................................................................................................................................... 154 
4. Responsabilidade e Prestação de Contas ............................................................................ 155 
5. Centralização e Descentralização ....................................................................................... 156 
6. Downsizing ......................................................................................................................... 157 
 
CAPÍTULO 14 – ADMINISTRAÇAODA QUALIDADE ............................................... 159 
1. Introdução. .......................................................................................................................... 159 
2. Principais Integrantes da Escola da Qualidade ................................................................... 159 
3. Termos Centrais do Conceito de Qualidade ....................................................................... 160 
 3.1 Excelência. .................................................................................................................... 161 
 3.2 Valor ............................................................................................................................. 161 
 3.3 Conformidade com Especificações .............................................................................. 161 
 3.4 Regularidade ................................................................................................................. 161 
 3.5 Adequação ao Uso ........................................................................................................ 161 
4. Qualidade em Produtos e Serviços ..................................................................................... 163 
 5 
5. Custos ................................................................................................................................. 165 
6. O Cliente em Primeiro Lugar. ............................................................................................ 165 
7. Eras da História da Qualidade ............................................................................................ 166 
 7.1 Era da Inspeção ............................................................................................................. 166 
 7.2 Era do Controle Estatístico ........................................................................................... 167 
 7.3 Era da Qualidade Total ................................................................................................. 168 
 
CAPÍTULO 15 – QUALIDADE TOTAL JAPONESA .................................................... 171 
1. A Escola Japonesa da Qualidade Total............................................................................... 171 
2. Gurus da Qualidade no Japão ............................................................................................. 172 
 2.1 Deming. ........................................................................................................................ 172 
 2.2 Juran ............................................................................................................................. 174 
 2.3 Ishikawa ........................................................................................................................ 175 
 2.4 Crosby ........................................................................................................................... 175 
3. A Era da Qualidade atinge a Maturidade............................................................................ 176 
4. Normas ISO 9000 ............................................................................................................... 177 
 
CAPÍTULO 16 – MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇAO .................................. 179 
1. Ideias Centrais versus Ideias Orientais da Administração. ................................................ 179 
2. Sistema Toyota de Produção .............................................................................................. 179 
 2.1 Eliminação de Desperdícios. ........................................................................................ 180 
 2.2 Fabricação com Qualidade ........................................................................................... 184 
3. Ferramentas da Qualidade .................................................................................................. 185 
 3.1 CCQ – Círculos de Controle de Qualidade .................................................................. 185 
 3.2 TQC – Total Quality Control........................................................................................ 185 
 3.3 Programa 5S ................................................................................................................. 186 
 3.4 Princípio de Pareto ....................................................................................................... 187 
 3.5 Diagrama de Ishikawa .................................................................................................. 188 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 190 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta unidade trata dos fundamentos da administração, tais como: 
conceito e campo de atuação, as organizações, as funções administrativas, 
os níveis da Administração, o processo de gestão, os níveis da 
administração, as atividades e habilidades do administrador, as teorias da 
administração, a formação do conhecimento administrativo, os novos 
paradigmas da Administração, a evolução histórica da Administração e as 
variáveis ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
CAPÍTULO 1: PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO 
 
Neste capítulo vamos iniciar o estudo de Administração partindo do campo de estudo, 
seu significado, a importância da administração para a sociedade. No final veremos a 
relação entre administração e organização, os conceitos de eficiência e eficácia e o 
início das teorias das organizações. 
 
1. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO 
 
 A primeira instituição de ensino superior no Brasil a oferecer o Curso de 
Administração foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1952, quando fundou a 
Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP). Em 1954, foi criada a Escola de 
Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), com o objetivo de preparar 
profissionais para atuarem em empresas privadas, que vinham em um ritmo grande de 
crescimento. Já a Universidade de São Paulo (USP) criou, em 1946, a Faculdade de 
Economia e Administração (FEA), e ofertou o curso de Administração a partir de 1963. 
 
 O desenvolvimento do país no Governo de Getúlio Vargas e, posteriormente, 
com Juscelino Kubitschek (anos 1950), com a industrialização, principalmente de bens 
duráveis (automóveis, por exemplo), sentiu-se a necessidade de profissionais que 
gerenciassem e dessem suporte para essas empresas, com conhecimento suficiente para 
compreender a nova sociedade que começava a consolidar, marcada pela urbanização e 
novas tecnologias. 
 
As mudanças econômicas e sociais, bem como nas estruturas organizacionais 
das empresas acentuaram a importância do Administrador nesse momento histórico do 
país. Assim, por meio da Lei nº. 4.769, de 9 de setembro de 1965, foi regulamentada a 
profissão de Técnico de Administração. Com a Lei, definiu-se a designação 
profissional, o exercício da profissão, o campo de atuação (financeira, material, 
orçamento, administração mercadológica, administração e seleção de pessoal, 
administração da produção), a atividade profissional (como pesquisas, análises, 
planejamento, elaboração de pareceres e relatórios, funções de chefia ou direção, 
magistério), a obrigatoriedade da Carteira de Identidade de Técnico de Administração 
no exercício profissional, dentre outras prerrogativas. 
 
 No ano seguinte apósa regulamentação da profissão, o Conselho Federal de 
Educação fixou, por meio do Parecer nº. 307/66 (aprovado em 8 de julho de 1966), o 
primeiro currículo mínimo do Curso de Administração, composto pelas seguintes 
disciplinas: Matemática, Estatística, Contabilidade, Teoria Econômica, Economia 
Brasileira, Psicologia Aplicada à Administração, Sociologia Aplicada à Administração, 
Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Social, Legislação Tributária, 
Teoria Geral da Administração, Administração Financeira e Orçamentária, 
Administração de Pessoal, Administração de Material, Direito Administrativo, 
Administração da Produção, Administração de Vendas. 
 
 Em 1967, a Lei foi regulamentada por meio do Decreto nº. 61.934, de 22 de 
setembro de 1967. Com isto, criou-se o órgão responsável pela disciplina e fiscalização 
da categoria profissional: o CFTA – Conselho Federal de Técnicos de Administração. O 
objetivo maior da entidade era definir, afirmar e fixar a atuação do administrador nas 
organizações, de modo a contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do país. 
 8 
Em seguida, foram fundados os Conselhos Regionais de Administração nas diversas 
capitais brasileiras, formando o atual sistema CFA/CRAs. 
 
 Em 1985, no 20º aniversário da Profissão de Administrador, a Lei Federal 7.321, 
de 13 de junho de 1985, alterou a denominação Técnico de Administração para 
Administrador, após intensa campanha coordenada pelo CRA-SP, com apoio de 
universidades, faculdades e outros conselhos regionais. 
 
 Em 4 de outubro de 1993, a Resolução do Conselho Federal de Educação nº. 2 
aprovou um novo currículo mínimo, substituindo o de 1966. A formação básica e 
instrumental era composta por disciplinas como Economia, Direito, Filosofia, 
Sociologia, Psicologia, Matemática, Estatística, Contabilidade e Informática. As 
disciplinas de formação profissional incluíam Teorias da Administração; Administração 
(mercadológica, de produção, financeira e orçamentária, de Recursos Humanos, de 
Materiais e Patrimoniais, de Sistema de Informação) e Organização, Sistemas e 
Métodos. A Resolução ainda definia 960 h/a de disciplinas eletivas e complementares 
mais 300h/a de estágio supervisionado. O Art. 4º estabelecia que “os mínimos de 
conteúdo e duração, fixados nessa Resolução serão obrigatórios a partir de 1995, 
podendo, as instituições que tenham condições para tanto e assim desejarem, aplica-los 
a partir de 1994”. 
 
 Com a redemocratização, em 1985, e a abertura econômica do país, em 1990, o 
papel do Administrador torna-se imprescindível para o desenvolvimento da sociedade, 
por meio dos setores primário (Estado, e os órgãos de administração direta e indireta), 
secundário (composto pelas indústrias, comércio e serviços) e terciário (Organizações 
Não-Governamentais). São organizações que precisam dar resultados e alcançar 
objetivos de forma eficiente e eficaz. Para isso, devem ser gerenciadas por profissionais 
capazes de compreender a dinâmica, o processo, a interdependência das partes, as 
variáveis ambientais. E por tudo isso, os administradores têm habilidades para envolver 
os elementos essenciais no planejamento e cada ação executada. 
 
 É nesse novo cenário que o MEC instituiu em 2005, as novas diretrizes do Curso 
de Administração (Resolução nº. 4, de 13 de julho de 2005), através da Câmara de 
Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, no qual as universidades devem 
se adequar para inserir no mercado de trabalho, profissionais capacitados e habilitados. 
 
Para isso, o Art. 3º da Resolução nº. 4/2005, diz que: 
A formação na área de Administração deve ensejar como perfil desejado do 
formando, capacitação e aptidão para compreender questões científicas, 
técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados 
níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver 
gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas 
informações e apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade 
contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou emergente, nos 
vários segmentos do campo de atuação do administrador. 
 
E aborda como competência e habilidades essenciais o pensamento sistêmico e 
estratégico; expressão e comunicação na arte de negociar; raciocínio lógico, crítico e 
analítico; iniciativa, criatividade, inteligência interpessoal; capacidade para dar 
consultora e assessoria empresarial; reconhecer e definir problemas; equacionar 
soluções; refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção; ter vontade política e 
administrativa; ter consciência ética do seu exercício profissional, dentre outros. 
 9 
Para atender às novas determinações, o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve 
estruturar o currículo de modo a contemplar os conteúdos de Formação Básica 
(antropóloga, sociologia, filosofia, psicologia, ética, ciência política, economia, 
contabilidade, direito, tecnologia), de Formação Profissional (teorias da administração 
e das organizações, administração de recursos humanos, mercado e marketing, 
materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistema de informações, 
planejamento estratégico e serviços), de Estudos Quantitativos e suas Tecnologias 
(pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e estatísticos, aplicação 
de tecnologias), de Formação Complementar (estudos opcionais de caráter transversal 
e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando). 
 
A Ciência da Administração é dinâmica, isso porque as organizações são 
sistemas abertos capazes de receber e exercer influência do ambiente externo. 
 
2. AS ORGANIZAÇÕES E A ADMINISTRAÇÃO 
 
 Vivemos em um mundo de organizações, sejam elas públicas, privadas ou as 
chamadas do Terceiro Setor, que são entidades de direito privado, mas sem fins 
lucrativos. As organizações fazem parte das nossas vidas desde muito tempo e são elas 
que vêm, a cada dia, suprindo nossas necessidades desde as mais básicas, como 
alimentação com empresas como Nestlé até de relacionamento e comunicação, como o 
Google. Na história da humanidade, encontramos registros de antigas organizações 
como o Arsenal de Veneza (1436) e a Kongo Gumi (fundada em 578 no Japão e que 
funcionou até 2007, e especializada em construção de centros budistas), Coca-Cola 
(1886), outras recentes e com forte posição no mercado como Google (1998), e outras 
que ainda estão na ativa como Banco do Brasil (1808), Ypióca (1846), Mongeral 
(1835), Diário de Pernambuco (1825), Azul Linhas Aéreas (2008). Enfim, para 
nascermos, crescermos e até morrermos precisamos de organizações. 
 
Na sociedade de organizações, o ambiente é cada vez mais mutável e complexo: 
são diversas empresas heterogêneas que desenvolvem produtos e serviços para atender 
pessoas ou outras organizações, que mudam constantemente, de acordo com os 
problemas e necessidades que se apresentam. Podemos relacionar aqui algumas 
organizações com diferentes objetivos, setores (públicas, indústrias, comércio, serviços, 
agropecuárias) e portes (micro, pequenas, médias e grandes), porém essenciais ao bem-
estar social, tais como: indústrias de alimentos e de artigos de higiene pessoal, fazendas 
e beneficiadoras, atacados e distribuidores, varejo de supermercados, farmácias, 
hospitais, escolas, universidades, exércitos, autarquias, empresas públicas, instituições 
financeiras, lanchonetes, asilos, creches, agências de viagem, empresas de comunicação, 
entretenimento e lazer, água e energia, dentre várias outras. 
 
Para Silva (2013, p. 4), “organizações bem administradas desenvolvem 
consistência, crescimento e prosperidade; já as mal administradas decliname, muitas 
vezes, morrem. Algumas organizações conseguem se recuperar do declínio, com 
certeza, utilizando-se de recursos administrados altamente eficazes, mas está cada vez 
mais difícil se recuperar de situações caóticas”. 
 
Com relação aos setores (Tabela 1.1), o primário compreende as organizações 
públicas, o secundário as organizações de iniciativa privada, e o terceiro as organizações 
 10 
não-governamentais, também denominadas Organizações da Sociedade Civil de 
Interesse Públicos (OSCIPs), e criadas pela Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. 
Tabela 1.1 – Conceito de Organização 
SETOR TIPOS DE ORGANIZAÇÕES EXEMPLOS 
Primário Estado, autarquias, fundações, 
empresas públicas 
Mato Grosso, ANVISA, UFMT, Banco do 
Brasil. 
Secundário Indústrias, comércio, serviços, 
agropecuária 
Unilever, Extra, Localiza, A. Maggi. 
Terciário ONGs, OSCIPs, Fundações, 
Associações 
Cruz Vermelha, SOS Mata Atlântica, 
Associações de Bairros, Fundação Bradesco. 
Fonte: Própria 
 Quanto ao porte das empresas, há classificações definidas quanto ao 
faturamento e quanto ao número de funcionários (Tabela 1.2). 
Tabela 1.2 – Porte das Empresas Quanto à Receita 
Classificação Receita operacional bruta anual 
Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões 
Pequena empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões 
Média empresa Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões 
Média-grande empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões 
Grande empresa Maior que R$ 300 milhões 
Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Navegacao_Suplementar/Perfil/porte.html. 
Acesso em: 10/08/11 
 
Quanto ao número de empregados, o IBGE tem como critério de classificação do 
porte das empresas, para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e outros (Tabela 1.3): 
 
Tabela 1.3 – Porte das Empresas Quanto a Número de Funcionários 
PORTE INDÚSTRIAS COMÉRCIO E SERVIÇOS 
Micro Com até 19 empregados Até 9 empregados 
Pequena De 20 a 99 empregados De 10 a 49 empregados 
Média De 100 a 499 empregados De 50 a 99 empregados 
Grande Mais de 500 empregados Mais de 100 empregados 
Fonte: IBGE 
 
Em relação aos ramos de negócios, mais precisamente da iniciativa privada 
(segundo setor), temos o seguinte (Tabela 1.4): 
Tabela 1.4 – Ramos da Indústria 
Ramo da Indústria Exemplos 
Alimentício Brasil Foods, Ambev, Nestlé, Cargill, JBS, M. Dias Branco. 
Papel e celulose Papirus, Kimberly-Clark, Melhoramentos, Suzano, Rigesa. 
Maquinário John Deere, Agrale, Sthil, New Holland, Case. 
Plástico Bayer, Basf, Chemicals. 
Calçados Alpargatas, Arezzo, Beira Rio, Ferracini, Ramarim, Dakota. 
Têxtil Santista, Marisol, Damyller, Marisa. 
Moveleiro Carraro, Bertoline, Todeschini. 
Cosmético e Perfumaria Natura, Boticário, Avon, Biu extratos. 
Informática Positivo, Dell, IBM, Microsoft, Apple. 
Mineração Vale, Petrobrás, Usiminas, Votorantim. 
Higiene e Limpeza Kimberly-Clark, Unilever, JBS, Procter & Gamble. 
Brinquedos Estrela, Caloi, Copag, 
Automotivo Fiat, Ford, GM, Honda, Toyota, Chevrolet. 
Fonte: Própria 
 11 
 Para que as organizações alcancem seus objetivos, irão precisar de dinheiro, 
equipamentos, pessoas, estrutura, informação, conhecimento, insumos, para que 
processem suas atividades e forneçam o produto final ao usuário ou comprador. No 
entanto, para fazer uso adequado desses recursos, irá precisar de um profissional de 
Administração, pois esse profissional permite que haja interação e envolvimento das 
partes durante todo o processo. Para compreender o papel dessas organizações e como 
deve ser cumprido, você precisar estudar Administração, já que provavelmente, irá fazer 
parte de alguma organização, seja pública ou privada. 
 
 Para Maximiano (2006a), a palavra Administração é frequentemente usada no 
dia-a-dia, como também Organização, Administrador, Gerente, Eficiência, Eficácia, 
entre outras. E são esses termos que vamos procurar compreender de forma teórica e 
prática. Chiavenatto (2006, p. 2), ressalta que a Administração é fundamental em 
qualquer tipo ou escala de utilização de recursos, tecnologias e competências 
devidamente integrados e alinhados para alcançar objetivos. Segundo Sobral & Peci 
(2008, p. 5), “Administração é um processo que consiste na coordenação do trabalho 
dos membros da organização e na alocação dos recursos dos membros da organização e 
na alocação dos recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos de 
uma forma eficiente e eficaz”. 
 
Por exemplo, as organizações lançam produtos para atender determinados 
públicos. Em 2015, com a crise econômica brasileira, as fabricantes de cerveja prevendo 
a queda nas vendas, lançaram produtos Premium, com maior valor agregado por 
identificarem que o público de maior renda não tem o mesmo impacto da crise no que 
diz respeito ao consumo de cerveja. Veja a seguir a informação do portal globo sobre o 
caso. 
 
Para driblar a crise econômica, a Ambev está apostando em cervejas mais caras. 
A companhia, líder do setor no país com 67,5% de participação no mercado, vai investir 
neste ano todas as suas fichas em rótulos artesanais, com preços bem maiores em 
relação as chamadas cervejas pilsen, como Skol, Antarctica e Brahma. De acordo com o 
presidente da companhia, Bernardo Pinto Paiva, o objetivo da companhia é ganhar valor 
agregado com um maior portfólio de produtos. Vamos elevar as marcas aspiracionais e 
estimular o crescimento do segmento premium com as marcas Stella Artois e 
Budweiser. Segundo ele, o segmento deve crescer 15% em 2015, enquanto o setor no 
geral vem amargando queda nas vendas. Com o aumento do dólar, as cervejas 
importadas ficaram mais caras, o que acabam beneficiando as bebidas especiais 
fabricadas no Brasil. A meta da companhia é elevar dos atuais 7% para 25% a fatia das 
bebidas artesanais no longo prazo. A companhia lançou novas versões da Bohemia, com 
sabores de pimenta rosa, jabuticaba e erva mate. O preço sugerido? R$ 12, bem mais 
rentável que as principais marcas da companhia, cuja lata de 350 ml sai entre R$ 2,15 
(Brahma) e R$ 2,40 (Skol). A Antártica custa cerca de R$ 2,30. Já a lata de 350 ml da 
Budweiser sai a quase R$ 3 (Fonte: ROSA, Bruno, 2015; https://oglobo.globo.com/economia/para-
driblar-crise-ambev-aposta-em-cervejas-mais-caras-16331439#ixzz4gV8skmux. Acesso em 17 de maio 
de 2017). 
 
A Administração conduz as organizações de forma integrada, de modo que as 
áreas como finanças ou gestão de pessoas, por exemplo, possam convergir para os 
objetivos comuns, que no final das contas significa contribuir com o desenvolvimento 
socioeconômico do país, produtos e serviços de qualidade. O desempenho das 
 12 
organizações no mundo contemporâneo é motivo para avaliar o impacto no 
desenvolvimento de uma sociedade. Como afirma Maximiano (2006a), as organizações 
assumiram importância sem precedentes na sociedade e na vida das pessoas. 
 
No Brasil, a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988 traz 
em seus artigos a obrigatoriedade da função social das organizações. Considerada pelas 
autoridades e críticos, a mais cidadã de todas as constituições brasileiras, foi resultado 
de muito trabalhado desenvolvido pela Assembléia Constituinte desenvolvido entre 
Fevereiro de 1987 e Setembro de 1988. 
 
Para exemplificar o impacto que as organizações exercem no comportamento 
das pessoas, podemos citar o site de relacionamento Facebook, que reúne milhares de 
pessoas em torno de discussões, encontros, amizades, troca de informações, anúncios, 
comunidades, em uma plataforma virtual. Outro exemplo é a Netflix, que está 
impactando a formacomo temos acesso ao conteúdo de entretenimento televisivo, como 
especialmente as séries. Entretanto, é importante que lembremos aqui, que o 
reconhecimento de qualquer organização se dá pelos serviços de qualidade e pela ética e 
transparência nas relações entre organização e usuário. 
 
Para Megginson et al (1998), existe uma organização todas as vezes que duas 
ou mais pessoas interagem para alcançar certo objetivo. Segundo Maximiano (2006a), 
uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo 
(Figura 1.1). Para Chiavenatto (2006, p. 110), “uma organização é um conjunto de 
cargos funcionais e hierárquicos, a cujas prescrições e normas de comportamento todos 
os seus membros devem ser sujeitos”. Peter Drucker (1994) apud Caravantes (1998) 
define organização como um grupo humano, composto por especialistas que trabalham 
em conjunto em uma atividade comum. 
 
De acordo com Sobral & Peci (2008, p. 4-5), 
“as organizações são grupos estruturados de pessoas que se juntam para 
alcançar objetivos comuns. Surgem como resposta à necessidade dos 
indivíduos de alcançar metas que, isoladamente, não conseguiriam atingir, em 
virtude da complexidade e da variedade das tarefas inerentes ao trabalho a se 
efetuar. (...) Todas as organizações têm um propósito ou uma finalidade. Os 
objetivos são inúmeros, desde produzir um produto, proporcionar 
entretenimento, atender as necessidades sociais ou espirituais da sociedade, 
defender um país, entre muitos outros”. 
 
Figura 1.1 – Conceito de Organização 
 
Fonte: Adaptado de Maximiano (2006a) 
 13 
3. CONCEITO E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO 
 
 Etimologicamente, a palavra Administração, vem do latim ad, que significa 
direção e minister, subordinação ou obediência. Assim, é uma atividade no qual alguém 
realiza algo sob o comando de outro. Nesse significado, há subordinação, mas hoje o 
conceito de administração engloba outros fatores que exigem participação, 
envolvimento e cooperação e não somente obediência. É o caso da visão sistêmica, 
holística e pensamento estratégico. No decorrer dessa disciplina, vamos abordar esses 
elementos. Na disciplina de Planejamento Estratégico e Organizacional, serão 
detalhados os princípios, conceitos e processos do pensamento estratégico. 
 
Megginson et al. (1998) conceituam Administração “como trabalho com 
recursos humanos, financeiros e materiais para atingir objetivos organizacionais através 
do desempenho das funções de planejar, organizar, liderar e controlar” (Figura 1.2). 
 
Figura 1.2 – O que é Administração 
 
Fonte: Adaptado de Maximiano (2006a), Chiavenatto (2006) e Megginson et al (1998) 
 
 Para Maximiano (2006a), a Administração “é o processo de tomar decisões 
sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos 
de funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle”. Segundo Silva 
(2005, p. 6), “Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização 
eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas 
organizacionais”. 
 
 Em outras palavras, a finalidade da administração é estabelecer e alcançar 
objetivos e metas. As empresas com fins lucrativos buscam aumentar seus lucros, mas 
também atender às necessidades de diversos públicos de interesse, como os clientes, 
fornecedores, comunidade em geral, governo, funcionário e demais com o qual 
mantenham relacionamentos diretos ou indiretos. Para àquelas sem fins lucrativos, os 
objetivos podem ser os mais diversos como atender aos anseios da sociedade no caso de 
uma empresa pública ou Organização Não-Governamental (ONGs). 
 
 Para isso, desempenham-se as funções administrativas como planejamento e 
liderança e utilizam-se de pessoas (recursos humanos), de dinheiro (recursos 
financeiros) e edifício, equipamentos e matéria-prima (recursos materiais). O conceito 
de administração requer uma análise sistêmica e holística de uma organização. 
 
 Nas empresas familiares, por exemplo, a Administração permite que as mesmas 
cresçam e se sejam valorizadas. Segundo Álvares (2007), o crescimento das empresas 
brasileiras com controle familiar foi superior ao das demais empresas. Mas para isso, 
houve profissionalismo nas decisões e na gestão. Por exemplo, a Votorantim, no início 
dos anos 2000, a empresa implantou um novo modelo de gestão. Os membros da 
família, Antonio Ermírio de Moraes e José Ermírio de Moraes, se afastaram das 
decisões diárias e concentraram suas ações no campo estratégico. 
 
 14 
 Em relação aos princípios, que são afirmativas básicas ou uma verdade 
fundamental que proveem entendimento e orientação ao pensamento e à prática, na 
tomada de decisão, são os seguintes na área da Administração (SILVA, 2013): 
 
 Dinâmicos: os princípios de administração são flexíveis por natureza e estão 
mudando continuamente. 
 Generalizações: não podem ser estabelecidos tão rigorosamente como os das 
ciências físicas, porque seres humanos se comportam mais erraticamente do que 
os fenômenos físicos. 
 Relativos: não podem ser leis absolutas que podem ser aplicadas cegamente em 
todas as situações. 
 Inexatos: são relacionados ao caos e procuram trazer ordem a ele, regulando o 
comportamento humano em qualquer situação. 
 Universais: são aplicáveis a negócios, governos, universidades e outras 
organizações não lucrativas ao redor do mundo. 
 
Fundamentalmente, os princípios são desenvolvidos para ajudar os executivos a 
pensar e agir, podendo evitar erros em seu trabalho e predizer resultados de suas ações 
com confiança. 
 
4. ADMINISTRAÇÃO COMO ARTE E CIÊNCIA 
 
 A palavra Ciência provém do latim scire, que significa tão-somente conhecer. 
Para Caravantes (1998), o objetivo da ciência é descrever os fenômenos do mundo real. 
E quando utilizamos o conhecimento para agir, então passamos para o campo das 
ciências aplicadas. 
 
 Segundo Lupton (1972) apud Caravantes (1998), as ciências sociais são todas as 
atividades que estão preocupadas em sistematicamente investigar e explicar aspectos da 
relação entre o indivíduo e a sociedade da qual faz parte. Assim, a Administração é 
denominada Ciência Social Aplicada, pois investiga as organizações, de modo a 
conhecê-las, para que possa aplicar constantemente novos conhecimentos, teorias, 
princípios, contribuindo assim, com o desenvolvimento das mesmas. É uma ciência que 
aplica os conhecimentos à ação, como afirmava Peter Drucker. 
 
 Os administradores eficazes usam, em geral, a abordagem científica ao tomar 
decisões. Eles sistematicamente observam a existência de um problema, coletam dados 
sobre eles e soluções em potencial, generalizam em relação aos resultados em potencial, 
e tomam a decisão necessária. Para Chiavenatto (2006, p. 2), a Administração constitui 
a maior inovação do século XX. Graças a ela, as ciências puderam ver suas descobertas 
transformadas em bens e serviços disponíveis à sociedade. (...) Tornou produtivos os 
conhecimentos dos vários campos do conhecimento humano. Chiavenatto (2014, p. 12) 
assim define a administração como ciência: a administração repousa em fundamentos 
científicos e em metodologias e teorias sobre fatos e evidências que são analisados, 
experimentados e testados na prática cotidiana. Como ciência, ela define o que causa o 
que, por que causa e quando causa, isto é, as relações de causa e efeito. 
 
 Entretanto, como afirmam Megginson et al (1998), em muitos aspectos de 
planejamento, liderança, comunicação e trato com o elemento humano, os 
administradores também usam a abordagem artística, baseando suas decisões em 
 15 
julgamento, intuição ou simplesmente em “palpite”.Como arte, Chiavenatto (2014, p. 
13) assim considera: a administração requer do administrador a leitura de cada situação 
em um visão abrangente, com intuição e abordagem criativa e inovadora não somente 
para resolver problemas, mas, principalmente, para criar, mudar, inovar e transformar as 
organizações. 
 
 Algumas considerações devem ser feitas sob o enfoque da administração como 
ciência: (SILVA 2005, p. 29): 
 
 Os seres humanos não são padronizados e os experimentos não podem ser 
repetidos sob condições padronizadas (Frederick Taylor); 
 
 A administração preenche os requisitos para um campo de conhecimento, 
porque ela pode ser estudada (pode ser aprendida, ensinada e pesquisada), por 
algum tempo e tem sido organizada numa série de teorias (Luther Gullick); 
 
 O caráter científico da administração é bem suportado por modelos matemáticos 
e os administradores também podem tomar decisões apropriadas colocando estas 
técnicas em uso; 
 
 A administração, entretanto, não pode ser apontada como ciência exata, como as 
ciências naturais; nunca poderá ser uma ciência exata porque trata com seres 
humanos. Sendo assim, é uma ciência social que lida com fenômenos 
complexos, sobre os quais pouco se sabe. Alguns estudiosos ou escritores 
preferem denominar a administração como uma “ciência leve”, na qual não 
existem regras pesadas e rápidas, mas sim limitações (Peter Drucker); 
 
 É verdade que a administração não pode ser uma ciência exata, mas é científica 
porque um administrador se comporta do mesmo modo que um cientista. Os 
princípios que governam a formulação de metas, hipóteses, coleta de dados, 
análise e interpretação dos fatos, teste de conclusões e alcance das soluções são 
os mesmos. A grande diferença é que o administrador tem que operar sob certas 
limitações impostas pelas mutantes condições dos negócios. 
 
Do exposto, a administração se caracteriza como uma ciência inexata, porque o 
objeto de estudo é o ser humano, e este não é padronizado. As pessoas que compõem as 
organizações e, por consequência, o estudo da Administração, assumem papel de 
funcionários, consumidores, cidadãos, políticos, sindicalistas, artistas, enfim, são 
diversas pessoas com papéis diferentes, que se comportam de forma diferente e que são 
mutáveis ao longo da vida. Tem ainda as decisões estratégicas das empresas, que 
dependem cada vez mais das mutações que ocorrem em escala internacional, cultural, 
legal, econômica, tecnológica, dentre outras. 
 
 A Administração eficaz é, em resumo, uma combinação das duas abordagens, 
em proporções variáveis e em situações diferentes. Pois como afirma Silva (2005, p. 
30), “a arte é apoiada no conhecimento de princípios desenvolvidos pela ciência”. (...) 
 
 Por exemplo, a decisão de mudança em uma embalagem de produto pode se dá 
através da pesquisa de mercado, utilizando-se assim da ciência, como também da 
 16 
capacidade adquirida do Administrador em conhecer as características do mercado-alvo 
e suas necessidades. 
 
 A P&G, que chegou ao Brasil em 1988, para lançar a sua pasta de dente Crest 
Pro-Health, em 2009 aqui, realizou 15 diferentes pesquisas de mercado, entre março de 
2006 e fevereiro de 2009, ouvindo 5.200 consumidores, número quatro vezes maior do 
que o habitual em lançamento de produto. Nas pesquisas, foram testados desde os 
hábitos de escovação dos brasileiros até a preferência por sabores – entre a gama de 
produtos da empresa há variedades como anis, canela, laranja, limão e até mesmo 
maracujá e açaí, sabores que o brasileiro estranhou. A embalagem também foi 
submetida à aprovação dos consumidores, sendo avaliada em testes sofisticados, como o 
eye trackink. Por meio dessa tecnologia, os designers da empresa se valeram de uma 
tela de computador capaz de registrar o movimento dos olhos dos consumidores pelo 
produto, e com isso, detectaram os pontos que mais chamavam atenção das pessoas 
(como a reação às cores, ao tamanho das letras e às ilustrações na caixa de papelão). Até 
a decisão pelo modelo final, foram testadas 44 embalagens diferentes (TEICH 2009). 
 
 A literatura inclui ainda outros dois enfoques na discussão sobre o que é a 
Administração: como Profissão (SILVA, 2013) e como Tecnologia (CHIAVENATTO, 
2014). 
 
 A Administração é vista também como uma profissão, em razão das habilidades 
desenvolvidas por estudiosos, consultores e inovadores que coordenam atividades de 
corporações diversas. De acordo com estudiosos como Edgar Schein e Billy J. Hodge, 
as principais características de uma profissão incluem: 
 
 Um conjunto sistemático de princípios, técnicas, habilidades e conhecimento 
especializado. 
 Um mínimo de treinamento e competência. 
 Um estreito código de ética ou padrões de conduta. 
 Um compromisso de servir, mais do que obter recompensas monetárias. 
Como Tecnologia, a administração utiliza técnicas, modelos, práticas e 
ferramentas conceituais baseadas em teorias científicas que facilitam a vida do 
administrador e tornam seu trabalho mais eficaz (CHIAVENATTO, 2014). 
 
5. CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DO CONHECIMENTO ADMINISTRATIVO 
 
 Os conhecimentos da Ciência da Administração são produzidos pela observação, 
levantamentos e análise crítica da experiência prática das organizações e de seus 
administradores. 
 
Há duas fontes principais desses conhecimentos: a própria experiência prática e 
os métodos científicos. (Adaptado de CHIAVENATTO 2006; MAXIMIANO 2006a). 
 
Henry Fayol, Frederick W. Taylor e Chester Barnard escreveram suas memórias 
administrativas a partir de suas próprias experiências. Por mais que fossem empíricas, 
 17 
esses estudiosos deixaram um legado para a teoria administrativa e na consolidação do 
campo científico da Administração. 
 
Em relação aos métodos científicos, temos: 
 
 Experimento: o método científico por excelência, e consiste em medir 
conseqüências de uma alteração produzida em uma situação. Nesse caso há um 
grupo de controle e o um grupo experimental. Por exemplo, o estudo de 
Hawthorne caracteriza esse método, uma vez que houve um experimento com 
um grupo de trabalhadores para avaliar o efeito da luminosidade na 
produtividade enquanto outro grupo foi mantido sob as mesmas condições de 
trabalho. Outro exemplo é procurar medir o efeito que uma nova ação de 
marketing exerce sobre determinada linha de produto, enquanto outra linha 
similar é mantida nas estratégias anteriores. 
 
 Levantamento simples: tem como objetivo estudar uma variável, fenômeno 
administrativo ou objeto de estudo e é feito usando-se questionários, entrevistas, 
observação direta e outras técnicas semelhantes de obtenção de informações. Em 
síntese, entender algo que esteja acontecendo ou analisar a freqüência com que 
determinada técnica está disseminada. Por exemplo, quais os tipos de 
departamentos mais freqüentes em lojas de varejo? Quais os critérios utilizados 
pelas empresas para promoção de pessoal? Com que freqüência as reuniões 
informais são realizadas em empresas industriais de grande porte? 
 
 Levantamento correlacional (ou estudos causais): procuram identificar 
relações de causa e efeito entre determinadas variáveis. O estudo analisa a 
relação entre a variável independente ou de causa (x) e a variável dependente ou 
de efeito (y). Como exemplos, podemos citar: existe correlação entre o estilo de 
liderança e a produtividade dos colaboradores? E qual a relação entre vendas e 
investimentos em comunicação de marketing ou promoção? 
 
6. EFICIÊNCIA E EFICÁCIA 
O desempenho de uma organização pode ser medido de várias formas. E as 
empresas devem satisfazem seu público, como clientes, usuários, funcionários, asociedade de uma forma geral, o governo, entre outros, e por cima, resolvem seus 
problemas e atingem seus objetivos, ela está sendo eficiente e eficaz em sua 
Administração. No caso da Administração Pública, o desempenho também passar a ser 
medido pela eficiência dos serviços prestados à sociedade, como educação, saúde e 
lazer, e os serviços suplementares como atendimento, acompanhamento da satisfação do 
usuário. Mas o que significa Eficiência e Eficácia? Quais as suas diferenças? 
 
Eficiência é a capacidade de “fazer as coisas direito”, é um conceito 
matemático: é a relação entre insumo e produto (input e output). Um administrador 
eficiente é o que consegue produtos mais elevados (resultados, produtividade, 
desempenho) em relação aos insumos (mão-de-obra, material, dinheiro, máquinas e 
tempo) necessários à sua consecução (MEGGINSON et al., 1998). Para Maximiano 
(2006a), eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza 
produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Em outras palavras, significa 
 18 
usar menor quantidade de recursos para produzir mais. Pode ser definida pela equação E 
= P/R, onde P são os recursos resultantes e R os recursos utilizados. 
 
Eficácia é a capacidade de “fazer as coisas certas” ou de conseguir resultados. 
Isto inclui a escolha dos objetivos mais adequados e os melhores meios de alcançá-los. 
(MEGGINSON et al., 1998). Segundo Maximiano (2006a), eficácia é a palavra usada 
para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o grau de 
realização dos objetivos, mais a organização é eficaz. 
 
A Figura 1.3 mostra a relação entre eficiência, eficácia e desempenho 
organizacional. 
Figura 1.3 – Relação Entre Eficiência, Eficácia e Desempenho Organizacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Jones et al (2000) apud Silva (2005, p. 21). 
 
Para retratar a diferença dos dois termos, vamos descrever o seguinte exemplo: 
Uma empresa pode desenvolver um produto de forma eficiente, utilizando os recursos 
(materiais, financeiros, pessoais) economicamente, mas o produto não obteve êxito 
comercial. Nesse caso, a empresa foi eficiente, porém ineficaz, porque adotou a 
estratégia errada ou lançou o produto errado. 
 
7. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E DAS ORGANIZAÇÕES 
 
Segundo Silva (2013, p. 4), administradores usam teorias administrativas para a 
tomada de boas decisões em seus esforços diários de planejar, organizar, dirigir e 
controlar a produtividade organizacional. Para compreendermos o significado da teoria 
da administração e das organizações, vamos definir o que é teoria. 
 
Segundo Maximiano (2006a), a teoria é, essencialmente, uma representação 
abstrata do que se percebe como realidade. A teoria é um conjunto de afirmações ou 
regras feitas para enquadrar alguma parte do mundo real. Para Chiavenatto (2006, p. 3), 
“teoria é o nome dado a um conjunto de abstrações que tenta explicar a realidade”. E 
Silva (2013, p. 4), define que “uma teoria é um conjunto de conceitos e ideias que 
explica e prediz fenômenos sociais e físicos”. Assim, podemos sintetizar como leis que 
explicam os acontecimentos ou proposições sobre os fatos da realidade, de modo 
E
fi
cá
ci
a 
A
lt
a 
B
ai
x
a 
Baixa eficiência/ Alta eficácia 
 
O administrador escolhe metas para 
alcançar, mas faz uso dos recursos para 
alcance das metas. 
Resultado: um produto que o 
consumidor quer, mas muito caro 
para que ele o compre. 
Baixa eficiência/ Baixa eficácia 
 
O administrador escolhe metas erradas 
para alcançar e faz mau uso dos 
recursos. 
 Resultado: baixa qualidade de 
produto, que o consumidor não 
quer. 
Alta eficiência/ Alta eficácia 
 
O administrador escolhe metas certas 
para perseguir e faz bom uso dos 
recursos para alcance das metas. 
Resultado: um produto que o 
consumidor quer, uma qualidade e 
preço que ele pode pagar. 
Alta eficiência/ Baixa eficácia 
 
O administrador escolhe metas 
inadequadas, mas faz bom uso dos 
recursos no alcance das metas. 
Resultado: um produto de alta 
qualidade, que o consumidor não 
quer. 
 19 
racional, como também complexo. Isto porque as organizações são formadas por 
pessoas e a Administração se caracteriza como uma Ciência Social Aplicada, e por isso, 
é não-linear. É uma ciência marcada passa por mudanças constantes no ambiente das 
organizações e no comportamento das pessoas, sejam trabalhadores, consumidores, 
clientes, usuários, cidadãos. 
 
As teorias da administração, segundo Maximiano (2006a), são conhecimentos 
organizados, produzidos pela experiência prática das organizações. E a teoria geral da 
administração é o conjunto dessas teorias, que são designadas por meio de diferentes 
termos. Para Chiavenatto (2006, p.2), “a teoria das organizações é o campo do 
conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral”. E “teorias 
da administração são conhecimentos organizados e codificados em decorrência da 
experiência prática e empírica da administração em organizações”. 
 
A TGA, segundo Chiavenatto (2006, p. 12), estuda a Administração das 
organizações do ponto de vista da interação e interdependência entre seis variáveis 
principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade (Figura 
1.4). 
Figura 1.4 – As Variáveis Básicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Organização 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Chiavenato (2006, p. 11). 
 
Essas variáveis atuam de maneira sistêmica e integrada, considerando as partes 
internas e externas das quais a organização faz parte. Estudar TGA possibilita 
compreender as teorias que explicam o funcionamento sistemático das empresas em 
busca do alcance dos objetivos. Os primeiros teóricos da Administração como Frederick 
Taylor e Henry Fayol, as organizações ainda eram predominantemente fechadas em 
suas estruturas. Pensadores modernos apresentam teorias com foco na visão sistêmica e 
holística, como a quinta disciplina, de Peter Senge, em 1990. Por exemplo, as indústrias 
do final do século XIX e começo do século XX apresentavam uma estrutura 
organizacional estável em função da baixa influência do ambiente em sua volta, o que 
levava a tarefas rotineiras, processos e produtos padronizados. Hoje, início do século 
XXI, as indústrias, por exemplo, inovam com frequência, modificam estruturas, lançam 
Competitividade 
Tarefas 
Estrutura Ambiente 
Pessoas 
Tecnologia 
 20 
produtos diferenciados para cada mercado-alvo, e são influenciadas de forma 
significativa pelos seus concorrentes diretos, fornecedores, governo, cultura, recursos 
naturais. 
 
Na Administração, o resultado de estudos, pesquisas, experiências, 
levantamentos e observações nas organizações foi um conjunto de teorias, como a 
Teoria Clássica, Teoria da Burocracia, Teoria das Relações Humanas, Teoria 
Estruturalista, Teoria Comportamental e da Motivação Humana, Teoria Geral dos 
Sistemas, Teoria da Contingência. A Figura 1.5 apresenta um esquema da evolução das 
principais teorias do campo da Administração. 
Figura 1.5 – As Principais Teorias do Pensamento Administrativo 
 
 
 
1903 Administração Científica 
 1909 Teoria da Burocracia 
 1916 Teoria Clássica 
 1932 Teoria das Relações Humanas 
 1947Teoria Estruturalista 
 1951 Teoria dos Sistemas 
 1953 Abordagem Sociotécnica 
 1954 Teoria Neoclássica 
 1957 Teoria Comportamental 
 1962 Desenvolvimento Organizacional 
 1972 Teoria da Contingência 
 1990 Novas abordagens 
Fonte: Chiavenato (2006, p. 11). 
 
 Cada teoria será estudada no decorrer da disciplina. Quanto às novas 
abordagens, podemos relacionar a governança corporativa, gestão da aprendizagem, 
balanced scorecard, responsabilidade socioambiental, dentre outras. 
 
8. NOVOS PARADIGMAS E MEGATENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO 
 Maximiano (2006) define paradigmas como modelos ou padrões que servem 
como marcos de referência, para explicar às pessoas como lidar com diferentes 
situações e ajudá-las nisso. Na Administração, os paradigmas representam premissas, 
modelos de gerenciamento e o contexto ambiental das organizações. 
 
 Nas premissas ou hipóteses ocorrem explicações que procuram ajudar a 
compreender as organizações e a forma como devem ser administradas. Por exemplo, a 
administração da qualidade parte da premissa que as empresas conseguirão conquistar 
os clientes, uma vez que garantirão a qualidade dos produtos e serviços em toda a cadeia 
de valor – compra da matéria-prima até o pós-venda. 
 
 Em relação aos modelos, os paradigmas referem-se às técnicas e soluções de 
problemas complexos que ocorrem na administração das empresas. Por exemplo, o 
modelo burocrático de administração objetiva profissionalizar, formalizar e organizar 
hierarquicamente uma organização; o modelo japonês de gestão que procura atingir a 
qualidade total, através da produção enxuta e a integração de todos os funcionários. 
 
 Na Tabela 1.5 a seguir será apresentado um resumo das principais mudanças de 
paradigmas que ocorrem na passagem para o terceiro milênio. 
Ano Teoria 
 21 
Tabela 1.5 – Mudanças de paradigmas na passagem para o terceiro milênio. 
PARADIGMAS TRADICIONAIS PARADIGMAS DO TERCEIRO MILÊNIO 
Revolução industrial – substituição e 
potencialização do trabalho humano por máquinas. 
Revolução digital – substituição e potencialização 
das atividades humanas de decisão, comunicação e 
informação por computadores. 
Classe operária numerosa, em conflito com uma 
classe de patrões e gerentes. 
Sindicatos com poder ou no poder; trabalhadores 
em serviços e do conhecimento e profissionais 
liberais mais numerosos que os operários clássicos. 
Empregados Colaboradores 
Trabalhador especializado – operador de máquinas 
qualificado apenas para realizar uma tarefa. 
Grupos de trabalhadores autogeridos e 
polivalentes, com educação de nível superior. 
Grandes estruturas organizacionais. Estruturas organizacionais enxutas. 
Eficiência Competitividade. 
Interesse da empresa e do acionista. Ética, responsabilidade social, governança 
corporativa, ecoeficiência. 
Fonte: Maximiano (2012) 
 
 O crescimento das organizações, aumento da concorrência, sofisticação 
tecnológica, dentre outros fatores tornam a realidade das organizações mais complexa. 
Ademais, as transformações que vêm ocorrendo na sociedade ampliam essa 
complexidade, as chamadas megatendências, que produzem forte impacto nas 
organizações. Essas megatendências são (CHIAVENATTO, 2014): 
 
 Da sociedade industrial para a sociedade da informação: a era industrial está 
vivendo o seu estágio final, e a mudança é definitiva. A sociedade pós-industrial 
que está surgindo não é uma sociedade de serviços, mas de informação. As 
inovações nas comunicações e nas telecomunicações, a explosão do computador, 
dos microprocessadores, dos smartphones e tablets e a descentralização estão 
fazendo com que essa mudança seja irreversível. 
 Da tecnologia simples para a tecnologia sofisticada: a conversão da tecnologia 
em um produto ou serviço acabado e disponível para consumo será cada vez 
mais rápida. Com isso, serão criadas novas empresas, com novas estruturas 
organizacionais mais adequadas a essas tecnologias e que tornarão rapidamente 
obsoletas as grandes organizações atualmente existentes. A sofisticação 
tecnológica deve proporcionar eficiência cada vez maior, precisão mais 
avançada e liberação da atividade humana para atividades mais complexas que 
exijam conhecimento. 
 Da economia nacional para a economia mundial: o mundo tornou-se um 
ambiente enorme, um mercado único e um centro de compras global. 
 Do curto para o longo prazo: o administrador típico do passado era orientado 
para o curto prazo. Esse estilo de atuação contrasta com o estilo japonês, no qual 
a visão de longo alcance, ou orientação estratégica, é que orienta as ações 
cotidianas. 
 Da democracia representativa para a participativa: as pessoas cujas vidas 
são afetadas por uma decisão devem fazer parte do processo de se chegar a essa 
decisão. 
 Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva: as empresas precisam 
adotar um modelo de equalização do poder em substituição ao modelo atual de 
diferenciação hierárquica, para reduzir as diferenças impostas pela hierarquia da 
autoridade que tolhe a liberdade, a iniciativa individual e a inovação. A 
tradicional organização hierárquica e piramidal, com características autocráticas 
 22 
e impositivas, está cedendo lugar a redes informais de comunicação para facilitar 
a interação das pessoas e a dinamização da organização. 
 Da opção dual para a opção múltipla: a simples opção dual – ou isto ou aquilo 
-, do tipo aberto ou fechado, burocrático ou não burocrático, autocrático ou 
democrático, simples ou complexo, Teoria X ou Teoria Y, tem demonstrado seu 
reducionismo e sua extrema simplificação. A sociedade caminha para a 
sofisticação crescente, com múltiplas opções, variações e alternativas 
intermediárias. 
 Da centralização para a descentralização: as organizações em geral – 
indústria, comércio, bancos, etc. – estão passando por um processo gradativo de 
deslocamento rumo à periferia. Essa descentralização está provocando um 
espalhamento geográfico, não somente de empresas, mas sobretudo, de 
mercados e negócios. Isso aumenta consideravelmente o volume de valores e 
contingências ambientais sobre o comportamento das empresas, o que também 
complica e aumenta o grau de incerteza e de imprevisibilidade com relação ao 
ambiente externo. 
 Da ajuda institucional para a autoajuda: os cidadão estão aprendendo a se 
desligar de instituições que os desiludiram e reaprendendo como agir por si 
mesmos, por conta própria, para resolver seus problemas. Assim, educação, 
saúde, segurança pública, previdência social e habitação passaram a ser 
importantes pontos dessa ruptura institucional. Essa passagem gradativa da 
ajuda institucional para a autoajuda é um fenômeno que afeta a administração 
das organizações, pois elas passam a sofrer as pressões provocadas pelo 
descompasso e pela defasagem dos serviços públicos. Os planos empresariais de 
previdência privada, assistência médico-hospitalar, seguro de vida e acidentes 
pessoais servem de suporte e complementoaos benefícios do Estado. 
 
QUESTÕES PARA REVISÃO E DISCUSSÃO 
1ª) Como você avalia o campo de atuação do Administrador? É amplo? Que ciências o estudo 
da Administração absolve? 
 
2ª) Releia o conceito de Administração e elabore sua própria definição. 
 
3ª) Por que são necessários administradores em todas as organizações? Explique. 
 
4ª) Explique a relação entre Administração, Organização e Sociedade. 
 
5ª) Explique os três métodos científicos de construção do conhecimento administrativo e cite 
exemplos de cada. 
 
6ª) Cite a diferença entre eficiência e eficácia. Dê um exemplo diferente do texto. 
 
7ª) O que é uma teoria? E Teoria Geral da Administração? Qual a sua importância? 
 
8ª) Analise os paradigmas tradicionais da Administração e os paradigmas do terceiro milênio, e 
suas influências nas organizações 
 
 
 
 
 
 
 23 
CAPÍTULO 2: TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO 
 
Este capítulo aborda de forma introdutória e resumida as principais Teorias Gerais da 
Administração. 
 
1. TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA 
 
 Conceito: pioneira no pensamento administrativo que busca sintetizar um 
conjunto de princípios de gestão eficiente dos processos operacionais de 
trabalho, tendo por base a crença de que existe uma única maneira certa de 
desempenhar cada tarefa (SOBRAL e PECI, 2013). 
 
 Período: Entre 1890 e 1911 nos Estados Unidos. 
 
 Principal Autor: Frederick W. Taylor (1856-1915). 
 
 Fatores-chave do contexto: Fase monopolista do capitalismo; Elevados 
desperdícios de recursos e baixa produtividade; Força de trabalho 
desqualificada. 
 
 Pressupostos: Homem Econômico (Homo economicus) – ser humano 
essencialmente egoísta e racional, orientado por motivações materiais; A 
organização é considerada um sistema fechado – foco nos processos internos. 
Existe uma ciência da administração capaz de ser universalizada. 
 
 Foco de análise: processos operacionais de trabalho, ênfase na tarefa. 
 
 Conceitos-chave: Existe uma única maneira certa para o desempenho de cada 
tarefa; Dissociação da concepção do trabalho da sua execução; Seleção, 
treinamento e aperfeiçoamento do trabalho com base nos métodos científicos; 
Cooperação da administração com os trabalhadores; Remuneração baseada em 
incentivos materiais. 
 
 Principais contribuições: Melhoria acentuada da produtividade e eficiência nas 
fábricas; Introdução de uma forma diferenciada de remuneração, relacionada 
com a produtividade; Criação da base para o desenvolvimento da linha de 
montagem que propicia a produção em série. 
 
 Limitações e críticas: Enxerga o trabalhador como uma peça de uma máquina, 
ignorando suas necessidades sociais e psicológicas; Baseia-se em pressupostos 
motivacionais materiais e simplistas; Não considera a possibilidade de existência 
de conflitos entre objetivos dos trabalhadores e gerenciais; Concebe a 
organização como sistema fechado, não considerando as influências das forças 
externas na administração; Cria condições propícias para a alienação do 
trabalhador, por causa da superespecialização e divisão do trabalho. 
 
 Outros autores: Henry L. Gantt (1861-1919) e os Gilbreth – Frank (1868-1924) 
e Lílian (1878-1972), Henry Ford (1863-1947), Harrington Emerson (1853-
1931). 
 
 24 
2. TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO 
 
 Conceito: define a administração como um processo de cinco funções e que 
busca identificar os princípios gerais de uma administração eficiente (SOBRAL 
e PECI, 2013). 
 
 Período: Surgiu em 1916 na França. 
 
 Principal Autor: Henry Fayol (1841-1925). 
 
 Fatores-chave do contexto: Fase monopolista do capitalismo; Existência de 
empresas altamente verticalizadas e hierarquizadas; Crescente conscientização 
acerca da importância da função da administração. 
 
 Pressupostos: O sucesso da administração reside não nas habilidades pessoais 
inatas dos gestores, mas sim na utilização de métodos científicos aplicados à 
administração; Existem princípios gerais de administração possíveis de serem 
identificados e analisados; Existe a ciência da administração. 
 
 Foco de Análise: a organização como um todo, ênfase na estrutura. 
 
 Conceitos-chave: As seis áreas de operações empresariais (técnicas, comerciais, 
financeiras, segurança, contabilidade e administração); As cinco funções da 
administração (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar); Os Quatorze 
princípios de administração (divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, 
disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse 
individual ao geral, remuneração de pessoal, centralização, hierarquia, ordem, 
equidade, estabilidade de pessoal, iniciativa e espírito de equipe). 
 
 Principais contribuições: A Administração pode ser vista como uma profissão 
capaz de ser treinada e desenvolvida; Muitos dos princípios desenvolvidos por 
Fayol têm validade na atualidade; Marca a forma de compreender a 
administração enquanto processo, composto de funções-chave, visão que 
prevalece até hoje. 
 
 Limitações e críticas: Prevalece a concepção da organização como um sistema 
fechado, não dando a devida importância aos fatores externos; Foca no sistema 
formal da organização, como autoridade, hierarquia, entre outros, não levando 
em consideração o seu lado informal; Os pressupostos motivacionais ainda são 
de natureza material e simplista. 
 
 Outros autores: Luther Gulick (1892-1993), James D. Mooney (1861-1921), 
Oliver Sheldon (1894-1951), Lyndall Urwick (1891-1983). 
 
3. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS 
 
 Conceito: movimento de reação e oposição à escola clássica de administração, 
que reconhece os limites do controle burocrático como forma de regulamentação 
social e que se propõe a valorizar as dimensões relacionais e sociais no ambiente 
de trabalho (SOBRAL e PECI, 2013). 
 25 
 
 Período: Entre as décadas de 1920 e 1930 nos Estados Unidos, como 
conseqüência imediata das conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne. 
 
 Principal Autor: Elton Mayo (1880-1949). 
 
 Fatores-chave do contexto: Resultados insatisfatórios da escola clássica de 
administração; Impacto das ciências sociais e, especialmente, da sociologia e da 
psicologia; Questionamentos decorrentes das crises econômicas e sociais da 
década de 1930. 
 
 Pressupostos: Homem Social – homem movido por fatores de ordem social e 
psicológica; A organização é um sistema social e psicológica. 
 Foco de Análise: os indivíduos e os grupos informais nas organizações. 
 
 Conceitos-chave: Produtividade e eficiência são influenciadas pelos grupos 
informais de trabalho; A autoridade do gerente deve se basear em competências 
e habilidades interpessoais e sociais em vez de competência técnica. 
 
 Principais contribuições: Inclusão do fator humano na análise organizacional; 
Alerta sobre o impacto da motivação humana no desempenho das organizações. 
 
 Limitações e críticas: Prevalece a concepção da organização como um sistema 
fechado; A organização é vista exclusivamente como um sistema social, em 
detrimento de outros aspectos de natureza técnica; Resultados de outras 
pesquisas comprovam que trabalhadores felizes nem sempre são mais 
produtivos. 
 
 Outros autores: Chester Barnard (1886-1961), Mary Parker Follet (1868-1933), 
Herbert Simon (1916-2001), Kurt Lewin (1890-1947). 
 
4. TEORIA DA BUROCRACIA 
 
 Conceito: sustenta que a burocracia, tendo por base princípios como a 
impessoalidade e a racionalidade técnica, é o modelo ideal de estruturação das 
organizações da sociedade capitalista (SOBRAL e PECI, 2013). 
 
 Período: Entre 1920 e 1940. 
 
 Principal Autor:

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