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Tópico Especial * Coordenador do Setor de Ortodontia do Hospital de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), Bauru, SP e Professor Doutor Convidado do Departamento de Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo. ** Aluna de Pós-graduação em nível de mestrado na área de Ortodontia - da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP. *** Aluno de Pós-graduação em nível de mestrado na área de Ortodontia - da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP. **** Professor Titular da disciplina de Ortodontia Preventiva - Departamento de Odontologia Infantil e Social - da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. ***** Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia Preventiva - Departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. ****** Professor Doutor do Departamento de Odontologia Infantil e Social - Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Leopoldino Capelozza Filho * Rosely Suguino ** Mauricio Almeida Cardoso *** Francisco Antonio Bertoz **** Marcos Rogério de Mendonça ***** Osmar Aparecido Cuoghi ****** Palavras-chave: Expansão Rápida da Maxila. Protração Maxilar. Tratamento da Classe III. Má oclusão Classe III. Aparelho Sky Hook. Resumo O protocolo de tratamento da má oclusão de Classe III está reco- nhecidamente definido. Variando em detalhes, mas mantendo sua essência, é utilizado em to- dos os lugares onde se pratica a Ortodontia com base em evidência científica. O que se pretende aqui é apresentar este protocolo por meio de sua aplicação em um paciente com longo acompanhamento, dis- cutindo-o sob a perspectiva atual e justificando algumas mudanças nos procedimentos adotados na época do tratamento. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA O tratamento da má oclusão de Classe III em pacientes portadores de crescimento padrão III é um dos maiores desafios da Ortodontia. A imprevisibilidade e a natureza potencialmente desfavorável des- te padrão de crescimento torna o Leopoldino Capelozza Filho A Class III Malocclusion Orthodontic Treatment: Reviewing the ERM and Traction Method in a Clinical Case Tratamento Ortodôntico da Classe III: Revisando o Método (ERM e Tração) por meio de um Caso Clínico prognóstico a médio e longo prazo nebuloso, complicando, sob esta perspectiva o tratamento adotado para estes pacientes. A prevalência desta má oclu- são varia de acordo com a região pesquisada, sendo observada com maior freqüência em países asiáti- cos como Japão e Coréia44. No Japão ela varia de 4% a 5% na população geral23,67, enquanto que na Europa atinge apenas 1% a 2%34. No Brasil, de acordo com uma pesquisa reali- zada na região de Bauru, estima-se uma prevalência da Classe III em torno de 3%61. Estes dados são úteis e relevantes, mas para sua correta interpretação deveria ser considera- do que eles foram obtidos a partir da constatação morfológica da relação sagital de molares em Classe III55. A classificação de Angle se baseia apenas na relação oclusal dos primeiros molares permanentes55 no sentido ântero-posterior, não levando em consideração as discre- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 99 pâncias verticais e o padrão facial de crescimento. Assim, uma má oclusão Classe III de Angle não necessariamente implica em uma deformidade esquelética, poden- do estar presente em indivíduos com bom padrão facial, como uma ocorrência puramente den- toalveolar. Isto significa que estão mesclados nestes percentuais in- divíduos com e sem discrepâncias esqueléticas sagitais e mesmo pacientes padrão face longa. Sob esta perspectiva, a prevalência de indivíduos portadores de padrão III, má oclusão de Classe III, seria inferior ao propalado com base nestes levantamentos. A determinação do agente cau- sal mais freqüente ainda é confu- sa, devido esta miscelânea permi- tida na determinação dos grupos amostrais estudados. Durante muito tempo a má oclusão Classe III de Angle e o prognatismo man- dibular foram relacionados como sendo sinônimos, o que caracte- rizava a mandíbula como o com- ponente esquelético diretamente envolvido no desenvolvimento da anomalia craniofacial. Os es- tudos mais recentes com amos- tras de portadores de má oclusão de Classe III, embora não sejam absolutamente esclarecedores de- vido ao tamanho das amostras e pelos critérios adotados para sua composição e análise, definem os componentes estruturais desta má oclusão. Algumas investigações sugerem que vários tipos de pa- drões de combinação esquelética podem compor indivíduos com esta má oclusão22, 27, 57. Deste modo, a má oclusão de Classe III poderia ser resultado de um prognatismo mandibu- lar, retrusão maxilar ou uma combinação de ambos21, 22, 24, 27, 36, 57. Alguns estudos22, 27 de- monstram que em média 60% das más oclusões de Classe III se caracterizam por uma deficiência maxilar. Isto também é discutível como conceito para aplicação clí- nica, considerando que o método utilizado para a análise da amos- tra foi o cefalométrico, reconhe- cidamente ineficaz para definir forma e parâmetros confiáveis de normalidade quando adota- dos em indivíduos portadores de discrepâncias esqueletais. De qualquer modo, seria razoável admitir que o prognatismo man- dibular verdadeiro é menos fre- qüente do que um dia se supôs. Isto é extremamente relevante para fins terapêuticos conforme poderemos constatar adiante. Durante muito tempo os ortodontistas evitaram o trata- mento precoce da Classe III por acreditarem que esta má oclusão fosse causada, primária e princi- palmente, por um crescimento excessivo da mandíbula. A im- possibilidade do seu controle69 tornava o tratamento cirúrgico inevitável na maioria dos casos. O advento do conceito do envol- vimento maxilar freqüente nes- ta doença, influiu drasticamente na sua abordagem terapêutica. Assim, se passou a considerar que um diagnóstico precoce da má oclusão de Classe III permi- tiria, por meio de um tratamento ortopédico, alterações no cres- cimento e desenvolvimento da maxila e das suas relações com a mandíbula. Além disso, ocor- reria uma melhora nas relações oclusais, faciais e psico-sociais, promovendo um ambiente mais favorável para o crescimento normal37. Estas alterações po- deriam ser alcançadas, consi- derando que a Classe III não se encontra totalmente definida e consolidada nos jovens27, 69. Devido à grande variabilida- de das análises cefalométricas, outros fatores devem ser consi- derados na elaboração do plano de tratamento interceptivo da má oclusão de um paciente padrão III. A aparência facial, mais que o perfil isolado e visto na radiografia, a quantidade de discrepância sagital analisada em conjunto com a discrepân- cia no comprimento do arco, a posição dos incisivos freqüen- temente compensados e mas- carando a má oclusão, podem isoladamente ou combinados exercer uma maior influência no diagnóstico, tratamento e nos resultados pós-tratamento10, 52. Turpin (apud SAADIA; TORRES56, 2000) propôs algu- mas guias de orientação na de- cisão de quando interceptar uma má oclusão de Classe III, indican- do em um quadro alguns fatores positivos e negativos. Caso o paciente se enquadre na coluna positiva, então o tratamento pre- coce deve ser considerado, porém se algumas características do pa- ciente recaia na coluna negativa, a melhor alternativa pode ser o adiamento do tratamento até a cessação do crescimento condilar. Os fatores positivos constituíam: tipo facial convergente, deslo- camento funcional AP, cresci- mento condilar simétrico, jovemcom crescimento remanescente, desarmonia esquelética média (ANB< -2), boa cooperação, au- sência de prognatismo familiar e boa estética facial. Por outro lado, os fatores negativos apresentados foram: tipo facial divergente, sem deslocamento AP, crescimento assimétrico, crescimento fina- lizado, desarmonia esquelética severa (ANB > -2), pouca co- operação, padrão familiar esta- belecido e estética facial pobre. O tratamento instituído em pacientes jovens freqüentemente tem como objetivo modificar a di- reção de crescimento41, 64, aumen- tando sobremaneira a possibilida- de de uma correção não cirúrgica destes pacientes quando tratados durante a fase de crescimento64. Devido à limitação em se influenciar o crescimento man- 100 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 dibular e a maleabilidade bem estabelecida do crescimento maxilar, o tratamento de escolha para a correção de uma Classe III de severidade média a moderada seria a expansão rápida e orto- pédica da maxila seguida de pro- tração maxilar para frente e para baixo17, 33, 43, 46. O uso da mento- neira, embora efetivo dentro de limites não previsíveis, tem sua dificuldade maior no longo tem- po de tratamento e na correlação pobre entre custos e benefícios. Os estudos da escola japonesa, brilhantemente resumidos em trabalho publicado no Seminars Orthodontics em 199766, for- necem bases para aqueles que desejam utilizá-la, ao mesmo tempo em que a contra-indica quando o objetivo primário for melhora estética. O uso deste recurso terapêutico encontra-se, pelo panorama da literatura, abandonado pelos ocidentais e adotado apenas pelos orientais. As alterações observadas após a expansão e protração maxilar7, 16, 26, 39, 41, 46, 48, 51, 60, 68 ocorrem mediante um discreto avanço da maxila, inclinação vestibular dos incisivos superiores, movimento mesial dos molares superiores, acentuada rotação horária da mandíbula, aumento signifi- cativo da altura facial anterior inferior e inclinação lingual dos incisivos inferiores. A cooperação do paciente, o potencial de crescimento favo- rável, e uma resposta biológica apropriada intensificará o resul- tado do tratamento41. Além dis- so, não deve ser menosprezada a qualidade técnica dos procedi- mentos adotados31. A protração maxilar proporciona uma força anterior constante direcionada na maxila. De acordo com al- guns estudos realizados em ani- mais35, 38, 49, esta força promove um significante deslocamento anterior das suturas maxilares, acompanhada pelas alterações histológicas nas suturas circum- maxilares35, 38. Além disso, a expansão rá- pida da maxila (ERM) parece absolutamente necessária no tratamento da Classe III, con- tribuindo para o aumento da largura transversa da maxila64 e do efeito da protração provo- cado pela ruptura do sistema de suturas da maxila9, 30, 43, 69. A melhor época para se insti- tuir a expansão e protração ma- xilar seria obviamente durante o período de crescimento ativo da maxila. Com exceção de Haas29 a escolha universal11, 17, 33, 35, 38, 39, 45, 68, 69 recai sobre o período da troca dos incisivos, ou seja, imediatamente antes, durante ou imediatamente após o primeiro período da dentadura mista71. A extrema efetividade deste procedimento quando adotado por Haas na dentadura perma- nente jovem, após a irrupção dos primeiros pré-molares, torna difícil questionar esta sua esco- lha etária. Entretanto, a quase unanimidade dos autores que defendem o uso mais precoce deste procedimento, está apoia- da em conceitos de crescimento craniofacial bem justificados. Conforme apresentado por Delaire19 a maxila comprome- tida (real ou relativamente) de um indivíduo portador de cres- cimento padrão III, apresentaria poucos problemas nos primeiros 4 ou 5 anos de vida. Nesta fase, o crescimento maxilar em todas as direções seria mais depen- dente das estruturas adjacentes, como massa neural, sincondrose da base do crânio e septo nasal. Ocorrendo de modo muito signi- ficativo neste período, provoca- ria movimentos de crescimento fortemente determinantes para a posição maxilar. Finalizado este período, a maxila passaria a depender primariamente de seu crescimento intrínseco, sendo extremamente oportuno a nor- malização de sua forma, posição e relações funcionais, justifican- do assim a indicação imediata de tratamento interceptivo. Os trabalhos da literatura11, 17, 33, 39, 41, 44, 45, 69 indicam uma certa vantagem para o tratamento re- alizado mais precocemente. Kim et al.41, por meio de uma revisão de literatura com aplicação de meta-análise encontraram me- lhores resultados quando a ex- pansão e protração são realiza- das antes dos 10 anos de idade. Embora isto não seja conclusivo quando se comparam os efeitos deste tratamento de modo iso- lado em cada área, o fenômeno “menor idade” parece contribuir conclusivamente para melhores resultados quando os efeitos são avaliados em conjunto. Esta estratégia de tratamen- to freqüentemente conduz o ortodontista a conviver com as compensações dentárias. Quando os resultados obtidos não são satisfatórios do ponto de vista estético e funcional, a melhor opção para a correção de um paciente padrão III seria um tratamento ortodôntico-ci- rúrgico combinado. Da mesma maneira, a associação de uma discrepância vertical acentuada também conduziria a esta mes- ma abordagem. Este artigo apresenta o pro- tocolo para tratamento intercep- tivo da má oclusão de Classe III por meio de sua aplicação em uma paciente com crescimento padrão III. Descrever o método, possibilidades e limitações deste tratamento e discutí-lo sob a pers- pectiva atual, sugerindo e justifi- cando algumas mudanças, cons- tituem o escopo deste trabalho. Adicionalmente, as características do caso, uma menina xantoder- ma com idade biológica atrasada e o longo acompanhamento do R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 101 caso até a idade adulta, permite interessantes considerações. CASO CLÍNICO A paciente M.K., 9 a e 9m de idade, gênero feminino, xanto- derma, encontrava-se na fase intermediária da dentadura mis- ta na época dos registros iniciais. Foi recomendada para exame pelo dentista com suspeita de Classe III. Com acompanhamen- to odontológico e bom padrão de higiene, a paciente não havia se submetido a nenhum tratamento ortodôntico prévio. A história médica não acrescentou nada e a história familiar não evidenciava caráter genético na má oclusão. EXAMES Análise Facial A análise facial evidenciou uma face simétrica, linhas mé- dias dentárias coincidentes com a facial, competência labial e razoável equilíbrio dos terços, prejudicado pelo excesso discreto da metade inferior do terço infe- rior (Fig. 1C). Esta análise exige ponderação, considerando idade e características étnicas impres- sas na anatomia tegumentar. Do ponto de vista da idade, o perfil poderia ser considerado pouco convexo. Uma face infantil de- veria exibir um perfil mais con- vexo, mas talvez isto deva ser considerado com certa cautela devido à herança xantoderma da paciente. De qualquer modo, com base nestes dados a classifi- cação da paciente como provável padrão III pareceu razoável. A análise morfológica da radiografia lateral de face e do cefalograma evidenciou uma mandíbula grande e compen- sações dentárias na região dos incisivos inferiores (Fig.1C ). O advérbio muito poderia ser utili- zado para enfatizar a magnitude da compensação caso a pacientefosse caucasiana. Considerando novamente sua etnia, as incli- nações aumentadas para os in- cisivos superiores e diminuídas para os inferiores poderiam ser, pelo menos parcialmente, inter- pretadas como normais. A análise cefalométrica con- firmou o excesso mandibular ou pelo menos uma discrepância entre a proporção maxilo-man- dibular expressa pela avaliação de McNamara (Quadro 1). Novamente, considerando que a proporções definidas por este autor dizem respeito à caucasia- nos americanos, o diagnóstico tem caráter muito relativo. Análise Intrabucal e de Mode- los dos Arcos Dentários A paciente apresentava uma má oclusão de Classe III para os caninos (Fig. 1D, F) e trespasse vertical e horizontal de 0mm, em posição de oclusão cêntrica. Os arcos dentários superior e infe- rior apresentavam apinhamento moderado na área dos incisivos. O exame estático e dinâmico dos modelos acrescentou pouco ao já observado no exame intra- bucal. Evidência notável foi que a maxila examinada em posição corrigida (Classe I) mostrava moderado excesso transversal, contrariando a impressão de atresia que o exame de modelos e clínico em posição de Classe III exibia. Isto é exatamente o que denominamos de atresia maxilar relativa. Relativa por- que foi criada pelo erro sagital na relação maxilo-mandibular e não por deficiência transversal verdadeira da maxila ou do arco dentário superior. DIAGNÓSTICO O conjunto de observações permitiu o diagnóstico de pro- vável padrão III, face aceitável e má oclusão de Classe III (1/4) com compensação dentária, em dentadura mista período inter- transitório. PROGNÓSTICO O prognóstico deste tipo de má oclusão sempre é, em nos- so ponto de vista, nebuloso. Freqüentemente, como neste caso, é muito difícil definir a etiologia e a localização do erro esquelético. Além disso, a mag- nitude do problema não está definida e determinar as con- seqüências que os muitos anos de crescimento remanescente causarão é pretensão que deve ser evitada. De qualquer modo, com esta perspectiva sombria, deve-se pelo menos, considerar o prognóstico nebuloso e depen- dente de novas avaliações para definição. PLANO DE TRATAMENTO O plano de tratamento ado- tado foi o interceptivo básico para a correção da má oclusão diagnosticada. Há tempo62, 63 utilizamos a expansão rápida da maxila (ERM) seguida da tração maxilar (TM) como protocolo para a correção deste tipo de deformidade. Expansão rápida da maxila (ERM) A ERM parece inquestioná- vel neste protocolo, por poten- cializar a futura tração maxilar7. Na época do tratamento, assim real ideal discrepância diagnóstico CoA 78 80 -2 cl. III CoGn 106 97-100 +6 deficiência Maxilar DifMN 28 20 +8 excesso Afai 57 57-59 0 mandibular QUADRO 1 Análise de Mcnamara 102 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 A B C D E F G H FIGURA 1 - Fotos da paciente Pré-tratamento: Face (A e B); Telerradiografia inicial (C); Intrabucais (D-H); Panorâmica inicial (I). I R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 103 como hoje, adotávamos para este procedimento o aparelho expansor tipo Haas29 adaptado para a dentadura decídua ou mista14. Este aparelho é insubs- tituível neste protocolo de tra- tamento. A expansão pode ser facilmente realizada nesta idade e isto permite que aparelhos tecnicamente inferiores sejam empregados com aparente su- cesso. Porém, além dos efeitos ortopédicos potencialmente me- nores, nenhum deles se presta como o expansor dentomucosu- portado preconizado por Haas29, para suportar a força exercida durante a tração maxilar31. Seu desenho, com os apoios de resi- na no palato e rigidez conferidos pela sua estrutura de fios espes- sos soldada às bandas, interage com a forma da maxila e trans- fere para o esqueleto o estresse resultante da tração maxilar. Isto poupa os dentes maxilares de movimentos indesejáveis em direção anterior, principalmente durante e imediatamente após a expansão, quando forças re- siduais comprimem de modo significativo a mucosa palatina e tornam ainda mais íntima a relação entre aparelho e estru- tura maxilar. Assim, em nossa perspectiva atual, mantemos o uso deste aparelho com sutis modificações em seu desenho e na velocidade e quantidade de ativação. Em relação à modificação na estrutura do aparelho, conforme descrito em publicação13, optamos pela colocação de bandas apenas nos segundos molares decíduos, mantendo a construção de uma armação contínua em fio espesso (1,0 a 1,2 mm, dependendo do tamanho do aparelho) que con- torna todos os dentes decíduos e é soldada na vestibular e palatina da banda (Fig. 2). Os segundos molares decí- duos são eleitos para bandagem em vez dos primeiros molares permanentes, sempre que apre- sentarem condições radiculares para suportar o esforço da ERM. Isto se deve à probabilidade de transtornos radiculares ocasio- nados por este procedimento, muito bem descrito na litera- tura por Barber e Sims7. Estes autores demonstraram em um estudo histológico realizado em humanos, que a superfície vestibular das raízes dos dentes suporte do aparelho expansor que estiverem presos a ele, especificamente dos pré-mo- lares com as bandas soldadas ao expansor, sofreram extensa reabsorção. Embora estas rea- bsorções sejam mais extensas do que invasoras e, portanto de baixa iatrogenia, o processo de reparo com cemento celular é longo e sugere não ser absoluto, principalmente na reinserção das fibras de Sharpey. Assim, melhor seria evitar que estes danos atinjam os molares per- manentes, deslocando-os para os molares decíduos que serão esfoliados, anulando este im- pacto biológico da ERM. Isto se torna ainda mais importante nos pacientes portadores de pa- drão III, reconhecendo-se a pos- sibilidade da realização de uma outra expansão na dentadura permanente. Caso isto ocorra, nada melhor que utilizar den- tes, molares e pré-molares, que nunca tenham sido submetidos a este esforço antes. A ERM foi então executada na paciente em quantidade que considerávamos razoável (Fig. 3A, B e C) e de acordo com um protocolo de ativação que hoje consideramos muito rápido FIGURA 2 - Fotos intrabucais do aparelho expansor modificado para dentadura decídua e mista precoce (A-E). Bandas colocadas nos dentes 55 e 65. A B C D E 104 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 (uma volta completa por dia). Na época do tratamento, a quantidade de expansão era executada com o objetivo de sobrecorrigir a mordida pos- terior, posicionando as pontas das cúspides palatinas dos dentes posteriores da maxila em contato com as cúspides vesti- bulares dos dentes inferiores, conforme fica claro na figura 3. Este é o conceito de ativação adequada quando realizamos uma expansão convencional, mas equivocado para uma ERM executada como parte do pro- tocolo de tratamento de uma má oclusão de Classe III. Nesta circunstância é necessária uma grande expansão, cujo objetivo extrapola a super correção da mordida e busca provocar uma desarticulação maxilar para per- mitir maior efetividade para a tração maxilar. Estes conceitos de Haas31 podem soar superlati- vos, mas seus resultados muitos superiores aos descritos na lite- ratura por grandes profissionais, nos obrigam a considerá-los em nossas ações terapêuticas, des- de que nossos objetivos sejam superiores a intençãode fazer somente aquilo que estamos acostumados. Deste modo, na perspectiva atual, teríamos rea- lizado uma ERM muito maior da que foi descrito nesta paciente, similar a que tentamos exempli- ficar na figura 4. Quanto à ativação do para- fuso expansor, atualmente para esta faixa etária, após as ativa- ções (3⁄4 ou ) efetuadas no pri- meiro dia e que tem por objetivo tornar o aparelho ortopédico, mantemos uma ativação de 1⁄4 pela manhã e 1⁄4 à noite até que a separação dos incisivos cen- trais superiores evidencie clini- camente a expansão maxilar. A partir daí passamos a ativar o aparelho apenas 1⁄4 de volta por dia. Isto parece preencher o requisito principal da ativação ideal, introduzindo uma força que é imediatamente liberada. A experiência clínica e a literatura6, 13, 14, 39, 42, 51, 59, 62, 63 evidenciam excepcionais resultados para ERM na dentadura mista, com uma abertura verdadeira da su- tura (efeito ortopédico) similar àquela do parafuso expansor. Isto se deve à menor resistência imposta pelas suturas maxilares à expansão e justifica a adoção de ativação mais lenta e menor magnitude de força presente no aparelho, sem perda de sua efi- cácia. A adoção deste protocolo de ativação torna mais longa a duração do período de expansão que, associado com a intenção de fazer expansões muito maio- res, se estende ainda mais. No tratamento das deficiências reais ou relativas da maxila, quando a ERM é associada à tração ma- xilar isto pode ser considerada uma vantagem, conforme vere- mos a seguir. Tração Maxilar (TM) No caso clínico que apresen- tamos neste trabalho, após fina- lizar a ERM, adaptamos o dispo- sitivo para tração maxilar, neste caso uma mentoneira com fios verticais colocados para apoio dos elásticos e tracionamento da maxila, conhecido como “sky hook” (Fig. 5A, B). Este aparelho pode ser comprado ou confeccionado em laboratório25, como o que foi utilizado nesta paciente. Os elásticos para tração com força de 300 cN de cada lado foram adaptados em ganchos previamente soldados no apare- lho expansor. O posicionamento anterior dos ganchos e o uso FIGURA 3 - Fotos Intrabucais após a ERM na paciente na M.K. Bandas nos dentes 16 e 26, hoje evitadas. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 105 do aparelho de tração tipo “sky hook” denotam preocupação com o vertical. Conceitualmente, estas opções terapêuticas desen- cadeariam componentes verticais mais amenos. Na concepção atual, indica- ríamos para este caso o uso da Máscara facial em vez do “sky hook”, e seu uso não após a ERM, mas sim imediatamen- te após a evidência clínica da disjunção maxilar observada pela separação dos incisivos centrais superiores. Quanto a A B C ED GF H FIGURA 4 - Fotos intrabucais iniciais (A-E); Fotos intrabucais pós-expansão (I-K); Fotos intrabucais pós-expansão mostrando a sobrecorreção. KJI força, não recomendaríamos o uso de 300 cN , mas sim a maior quantidade de força que a paciente pudesse suportar. A indicação da máscara em vez do aparelho “Sky Hook” utilizado para tração, se justifica em nosso entender, pela liber- dade em incrementar a altura facial anterior inferior, uma vez que as relações proporcionais verticais da face da paciente permitiam. Dentro deste con- texto, os ganchos para apoio dos elásticos poderiam estar localizados na região mais pos- terior do aparelho expansor. A liberdade para o incremento das dimensões verticais do terço in- ferior da face, deve ser exercida em pacientes com selamento labial e apto funcionalmente, como no caso da paciente em questão. Isto é justificado pelos reflexos positivos na melhora das relações mandibulares com a maxila e a face advindos disto, responsáveis por grande parte da impressão de sucesso que esta abordagem terapêuti- 106 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 tura é controversa a respeito. Um estudo realizado por Silva Filho et al.63 discute este as- pecto, apresentando uma tabela na qual denotam-se valores de força com uma discrepância que rompe os limites do aceitável. Uma visão realista apoiada no que é possível realizar na prática clínica determina que a maioria dos pacientes suportariam for- ças em torno de 300 cN. Isto poderia ser aumentado em al- guns pacientes mais tolerantes ou com recursos que pudessem aliviar a pressão sobre o mento. A preocupação com a força utilizada na TM é relevante, porque pode ser ela a respon- sável pelo discreto efeito ân- tero-posterior que o protocolo de tratamento aqui discutido provoca na maxila. Em uma análise dos resultados obtidos por Haas31, observa-se que apesar de seus pacientes serem tratados no início da dentadura permanente, onde a restrição à tração pode ser maior, os resul- tados são muito superiores aos da literatura6, 7, 11, 17, 31, 33, 39, 41, 44, 63, 69. Além da grande ERM preconizada, procedimento que também passamos a adotar, supõe-se que o outro diferencial seja o método de tração. Em vez da máscara facial, é utilizada a mentoneira30, 31, que segundo o autor é, o diferencial que per- mite utilizar forças de tração superiores a 1000 grs de cada lado. Desconhecemos relatos de profissionais que tenham conse- guido repetir esta abordagem, tanto na literatura quanto na prática clínica. Isto não signifi- ca que duvidemos dela, já que os resultados do seu propositor são a evidência maior de que alguma coisa única e melhor é por ele executada. De qualquer modo, voltamos ao ponto que interessa: conceitualmente deve ficar claro que na TM devemos empregar a maior força que o paciente possa suportar. Os limites de força máxima que atualmente são utilizados, com exceção do Haas31, sugerem não atingir níveis que permitam a efetividade que gostaríamos de conferir a este procedimento. O número de horas de uso re- comendado para a paciente que apresentamos neste trabalho foi de 12 horas “mais um minuto”. Este tipo de recomendação visa deixar claro a idéia de que é necessário utilizar o aparelho durante a metade das horas de um dia. O uso noturno é indi- cado devido ao desconforto e aparência do aparelho, e a cola- boração obtida na prática clinica é boa se aceitarmos o protocolo mínimo de 8 a 10 horas (uso para dormir). O tempo de tratamento com a TM foi de 6 meses e o resul- tado obtido pode ser observado FIGURA 5 - Fotos da paciente com o aparelho de tração maxilar “Sky Hook”(A e B). Ao final do tratamento (6 meses) mostrando a correção obtida (C e D). ca proporciona. Além disto, os excessos prováveis instituídos durante o tratamento serão eliminados pelo tempo, pois os planos horizontais maxilares e mandibulares tendem a retornar aos valores originais52. A recomendação do uso da TM não após, mas sim durante e após a ERM, tem o objetivo de potencializar a difícil tarefa que representa deslocar a maxila para baixo e para frente. A de- sorganização sutural provocada pela ERM e já evidenciada his- tologicamente em animais35, 38, 45, seria um fator a favorecer o apenas limitado deslocamento maxilar que a TM é capaz de realizar. Quanto à força, é suposto que o princípio seria empregar a maior força possível. Os limites são óbvios para um sistema que institui a força de encontro ao tegumento facial, mas a litera- A B DC R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 107 pela comparação das telerra- diografias (Fig.6). A melhora na relação maxilo-mandibular é evidente, com participação da rotação da mandíbula no senti- do horário e aumento na altura facial anterior inferior. Apesar disto, uma análise crí- tica dos resultados e a inevitável comparação com os obtidos por Haas poderiam sugerir falta de atitude para super correção nos tratamentos de ERM e TM que executamos. Nós reconhece- mos que nossas expansões são menores e estamos tentando executá-las com a amplitude recomendada (12 a 16 mm, Haas)31. Incluímos a mentonei- ra em nosso protocolo para ins- tituir forças maiores nas trações, mas talvez esteja faltando a real intenção de aceitar e executar a sobrecorreção, buscando a rela- ção molar de Classe II e a mordi- da cruzada vestibular. Aceitando a idéia de que o tratamento deva buscar a nor- malização morfológica para per- mitir a funcional, no íntimo nos desagrada a idéia de desarticular a maxila e deslocar de modo drástico a mandíbula, criando uma alteração morfológica e funcional significativa. Porém, isto faz sentido se investigarmos as características de crescimento presente nos pacientes de padrão III e fizermos comparações. No paciente padrão II, um erro esquelético sagital positivo na relação maxilo – mandibular é criado pelo padrão de cresci- mento inadequado, geralmente da mandíbula. Nesta circunstân- cia, quando a compensação não é efetiva, há perturbação funcio- nal significativa e o tratamento visa dar crescimento à mandí- bula e com isto criar uma mor- fologia mais próxima do normal. Mesmo reconhecendo a limitada e temporária capacidade de in- terferir sobre o padrão de cres- cimento dos indivíduos, deve-se reconhecer que o tratamento, embora com grande variação nas respostas, consegue atingir a correção da oclusão1. Seja por estímulo e crescimento temporá- rio da mandíbula e ou restrição ao crescimento maxilar e, com certeza, compensação dentária, as relações maxilo-mandibulares se ajustam e o paciente fica mor- fologicamente apto à função. Admitamos portanto, que temos agora um quadro mais favorável para o crescimento, incluindo a mandíbula, com possibilidade de que seu poten- cial genético máximo possa se manifestar. Será que seria desejável repe- tir estas circunstâncias no trata- mento dos pacientes padrão III? Nestes, o erro esquelético sagital na relação maxilo-mandibular é negativo e criado por uma de- ficiência maxilar e ou excesso mandibular e ainda há outra diferença significativa para compreensão dos objetivos de tratamento. Esta má oclusão se instala de maneira progressiva desde o nascimento e, por ca- racterística filogenética dos hu- manos, costuma se manifestar de modo visível somente a par- tir do final da dentadura decídua e começo da mista, passando assim, de modo obrigatório por um estágio de normalidade. FIGURA 6 - A) Telerradiografia inicial; B) Telerradiografia pós-tração. A B 108 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 Isto confere aos portadores desta má oclusão uma capaci- dade de compensação ímpar5, 15, ou seja, manutenção de forma mínima para permitir função, à custa de ajustes dos dentes e alvéolo e outras áreas menos condicionadas geneticamente. Do ponto de vista prático, isto significa que ao identificarmos a má oclusão a encontramos em um ambiente funcional, onde o crescimento pode se processar de forma plena dentro dos li- mites ditados pela genética do indivíduo. Mas se a maxila é deficiente e ou a mandíbula tem características de excesso, será que isto é bom? O tratamento, que como já vimos é unanimi- dade, adota a ERM e a TM e isto faz sentido, já que a maxila com deficiência real ou relativa será beneficiada. E a mandí- bula? Como reflexo imediato desta abordagem terapêutica ela deslocará para baixo e para trás, aumentando a altura facial anterior inferior e contribuindo de modo significativo para a melhora das grandezas cefalo- métricas que avaliam os efeitos deste tratamento. Voltando ao ponto de onde começamos estes comentários, que foi a avaliação da figura 6, vemos que tínhamos do ponto de vista morfológico e funcional uma melhor posição da mandí- bula no inicial do que no final do tratamento, mas ainda assim fazemos uma avaliação positiva de todo o conjunto. Bem, isto significa que gos- tamos do incremento conferido à maxila e aceitamos o desloca- mento impingido à mandíbula. Partindo desta premissa e vol- tando ao escopo principal deste artigo que é atualizar o protocolo para tratamento da má oclusão Classe III, enfatizamos a já co- mentada necessidade de conferir à maxila uma grande dose de crescimento por meio de uma ex- pansão significativa. Isto é lógico e fácil de aceitar, considerando que a maxila está deficiente real ou relativamente. E quanto à mandíbula, deslocada no espaço e desarticulada, quebrando a ro- tina fisiológica que, quase como regra, os portadores de Classe III apresentam antes do tratamen- to? Isto perturba os profissionais, que chegam a recomendar que se busque recuperar estas condi- ções com atitudes terapêuticas52. Mas não seria ilógico ajudar a re- criar as condições que ajudaram a gestar a má oclusão? Em outras palavras, norma- lizar as relações entre a maxila e a mandíbula e criar condições ideais de crescimento seria bom para quem? Para a maxila que expandida e tracionada ganhou crescimento, a normalização funcional seria bem vinda, mas ainda assim não prioritária neste momento, principalmen- te se os parâmetros de grande expansão aqui recomendados foram seguidos. Provavelmente a grande beneficiada seria a mandíbula, que devolvida ao seu nicho e condições originais voltaria a poder manifestar sua capacidade plena de crescimen- to, que costuma ser exagerada e a principal causa de limitação do tratamento ortodôntico nos pacientes padrão III. Portanto, gostaria de levantar a hipótese de que o desarranjo criado nas relações entre maxila e mandíbula com a grande ERM e a TM recomendadas neste ar- tigo e inspiradas nos trabalhos de Haas31, criam como melhor efeito um incremento de cresci- mento maxilar significativo e um desajuste funcional que perturba a plena manifestação de cres- cimento mandibular. Livre de contenção no pós-tratamento, o restabelecimento da correção destas relações será buscado e, nós sabemos, via de regra obtida. A expectativa é que isto demore mais para acontecer do que com a paciente descrita neste trabalho, conforme veremos a seguir, e que este tempo seja um tempo difícil para o crescimento mandibular. Embora hipotético este pen- samento parece lógico, por ser um contraponto ao conceito universal de que a morfologia adequada favorece a manifes- tação de crescimento genetica- mente disponível. Além do mais, talvez seja este o elo entre as grandes cor- reções sugeridas por Haas31 e os inevitáveis desarranjos morfo- lógicos e funcionais e o índice de sucesso do procedimento de ERM acoplado à TM. Clinicamente a interação dos resultados da ERM e da TM, pode ser considerada razoável para a oclusão e a face que apresenta uma melhora muito discreta (Fig. 5A, B, C, D). Considerando o tempo de tra- tamento, mantemos atualmente a mesma perspectiva que nor- teou esta conduta ao seu tempo. Ainda pensamos que o trata- mento deve buscar a super cor- reção, mas respeitamos o fator tempo para preservar seu caráter ortopédico. Aproveitando-se o período ativo da ERM mais lon- go após a adoção do protocolo de maior expansão e ativação mais lenta, e estendendo-se por mais alguns curtos meses, período em que a maxila ainda se reorganiza após a perturbaçãoterapêutica introduzida, potencializamos a resposta ortopédica. Não acha- mos razoável prolongar o tra- tamento na busca da supercor- reção, pois caso ela não ocorra neste período próximo ao desar- ranjo ortopédico, será alcançada às custas de movimentação den- tária compensatória, componen- te absolutamente inconveniente nesta fase do tratamento. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 109 Monitoramento de Crescimento A primeira fase de tratamen- to foi caracterizada por uma abordagem rápida (6 meses), de caráter eminentemente orto- pédico. A paciente foi inserida então em uma fase denominada de monitoramento de crescimen- to. Um ano após o protocolo de tratamento com ERM e TM a paciente está bem (Fig. 7). Pela perspectiva atual a presença de uma sobrecorreção significativa seria desejável. Os pais ou res- ponsáveis foram orientados a entender que o necessário havia sido feito e a aceitar que o princi- pal fator determinante do futuro seria o padrão de crescimento da paciente que ainda era uma incógnita. Para tentar desven- dá-lo, nada melhor do que um acompanhamento da irrupção dentária e crescimento, com exa- mes a intervalos de seis meses. O tempo que decorreu desta postura adotada quando do tra- tamento desta paciente até hoje, apenas reforçou esta conduta. A experiência de muitos outros casos tratados e os resultados da literatura18, 26, 40, 51, 53, 60, 70 reforçam esta conduta apoiada no conceito de que pacientes com envolvimento esquelético sagital (padrão II e III), quando são funcionais apresentam uma alta capacidade de compensa- ção e não necessitam de auxílio para fazê-lo. Em outras pala- vras, não requerem o emprego de aparelhos de contenção que usualmente são recomendados para estes pacientes, desde a finalização do tratamento in- terceptivo aqui descrito, até a dentadura permanente completa e/ou a fase de aparelho fixo. Por que isto é equivocado? Consideremos duas hipóteses alternativas de crescimento para a paciente que aqui apresenta- mos para discutir as nuances deste tratamento. Na primeira, ela seria realmente uma pa- ciente padrão III, com um forte determinante para uma mandí- bula prognata. Após a melhora conferida pela abordagem inter- ceptiva, a paciente utilizaria um aparelho com objetivo de con- tenção. Com base em evidência científica, o único aparelho útil para esta paciente na hipótese de um crescimento de mandíbu- la prognata, seria a mentoneira. Ainda assim, dentro de certos limites e com a premissa de ser utilizada até o final do cresci- mento e não somente até o final da dentadura mista66. Qualquer outro aparelho confrontado com este padrão III de crescimento seria inútil e o destino da pa- ciente seria inalterado apesar dos esforços, incluindo tempo e dinheiro gastos nesta tentativa de contenção. Os dentes seriam compensados, talvez demais para serem viáveis funcional- mente, e a face seria prognata, FIGURA 7 - Fotos da Face (A, B e C) e oclusão (D e F) após 1 ano da ERM e Tração maxilar. A B C FED 110 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 perturbando mais ou menos a aparência estética da paciente. Consideremos agora a se- gunda hipótese, que seria de um crescimento normal ou suportável em termos de con- seqüências nas relações faciais. Não podemos nos esquecer que a paciente em questão é funcional, ou seja, apresenta selamento labial e executa adequadamente as funções intra e peribucais. O engrenamento oclusal perdido com a terapia é buscado de for- ma natural, e nesta paciente, foi obtido em 1 ano (Fig. 7). Nestas condições, sob um programa de contenção, a paciente manteria suas relações dentárias frente ao crescimento normal; ou compen- saria os dentes superiores e in- feriores, alvéolo, sínfise e ângulo mandibular5 frente a um cresci- mento de padrão III suportável. Assim chegaria à dentadura per- manente com relações dentárias e faciais aceitáveis. Este resulta- do, que também seria alcançado pela paciente sem um programa de contenção, será creditado ao aparelho utilizado e não ao seu padrão de crescimento. Deste modo, o falso positivo vai en- corajar a mesma atitude fútil e inútil em outros pacientes. É preciso ter conhecimento para reconhecer quais apare- lhos são capazes de interferir de modo limitado e temporário sobre o padrão de crescimento dos indivíduos da espécie hu- mana20. Quando indicados para corrigir a má oclusão criada por um crescimento equivocado, como na paciente aqui apre- sentada, introduzem alterações que, quer sejam reais modifi- cadoras de crescimento ou de ajuste compensatório ao nível dos dentes, são positivas por melhorar a morfologia e permi- tir a possibilidade funcional. A rotina fisiológica permite o que Enlow e Hunter47 denominaram de equivalência de crescimento. Este conceito de possibilidade funcional determinando inter- relações de crescimento entre estruturas contíguas, explica a possibilidade da manutenção destas relações às custas das compensações dentárias, pos- turais e de zonas ósseas menos condicionadas geneticamente em indivíduos com um padrão de crescimento anormal. Este fenômeno encontra nos porta- dores de padrão III sua expres- são máxima, provavelmente porque todo paciente Classe III um dia foi normal. Obedecendo a trilha de crescimento determi- nada pela filogenética, fogem da morfologia facial convexa típica dos primeiros anos de vida mais rapidamente do que o normal para o padrão I. Porém, tendo neste estágio as referências da normalidade, tentarão preser- vá-las até chegar ao padrão III, destino final resultante de seu crescimento residual, maturação e envelhecimento. É preciso não ser pretensioso para entender que se relações de normalidade funcionais foram obtidas com o tratamento, o paciente tentará a todo custo mantê-las, utilizando suas habilidades e dispensando o uso de recursos que quando imersos em um ambiente corri- gido ou em busca de correção, não ajudarão nesta manuten- ção. Resumindo de forma enfá- tica o que até aqui foi exposto para dar suporte à idéia, deve- mos entender que se o aparelho não é capaz de anular o cresci- mento desfavorável, para mas- carar seus efeitos com critérios biológicos apurados, o indivíduo não necessita de ajuda. A paciente que acompanha- mos neste artigo e que estava em um programa de moni- toramento de crescimento, é apresentada na figura 8 com 13 anos e 3 meses, em um momento que consideramos muito importante como ates- tado de competência funcional permitindo a compensação. O exame das relações oclusais nes- te estágio mostra os pré-molares irrompendo em uma relação de Classe I perfeita (Fig. 8D, F). Isto acontece apesar das relações faciais evidenciarem uma clara manutenção do padrão inicial e uma deterioração nas condições obtidas com o final do tratamen- to. A análise da telerradiografia confirma a compensação dos incisivos superiores e inferiores (Fig. 8G). As condições gerais poderiam ser consideradas acei- táveis nesta idade, mas a infor- mação da mãe de que a paciente ainda não tinha tido a menarca complicava naquele momento o prognóstico final, admitindo que muito crescimento padrão III ainda poderia ser esperado. A idade é um dos fatores determi- nantes em pacientes padrão III, na composição da lei da gravi- dade utilizada para determinar o prognóstico, visto que o cresci- mento é inimigo da boa relação maxilo mandibular. Tratamento Ortodôntico Corretivo O tratamento ortodôntico comaparelho fixo total só foi realiza- do após a paciente ter atingido a menarca. Esta postergação tem como objetivo permitir definição do caso e a opção segura pelo tratamento ortodôntico com- pensatório ou corretivo descom- pensatório com finalidade de preparar a paciente para cirurgia ortognática12. Atualmente temos no protocolo a conduta de tomar esta decisão em pacientes padrão III, quando eles estão no mínimo no estágio II de idade óssea, conforme definido em trabalho de Haag e Taranger28. Para esta avaliação, solicitamos uma ra- diografia carpal depois de pelo R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 111 menos um ano pós-menarca no gênero feminino e pubescência plena no gênero masculino. Isto nos fornece segurança de estar- mos com o surto de crescimento facial finalizado. As condições de estética facial e relações dentárias per- mitiram nesta paciente a opção pelo tratamento compensatório. A essência deste tratamento se resume na eliminação do que é excrescente na má oclusão, mantendo as posições dentárias compensatórias que não criam problema de natureza funcional e sejam suportáveis esteticamen- te15. Os resultados obtidos para oclusão e face podem ser vis- tos no conjunto de imagens da Figura 9. A oclusão foi corrigida e exibe uma vestíbulo versão dos incisivos superiores, que poderia ser menor caso os incisivos infe- FIGURA 8 - Fotos da Fase de monitoramento de crescimento da paciente. Aos 13 anos e 3 meses – Fotos da Face (A, B, C) mos- tram características de padrão III. A oclusão no entanto está compensada (D, E, F) conforme pode ser comprovada pela imagem radiográfica (G, H). G H FED A B C 112 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 riores, associados com o aumen- to da altura facial positivamente introduzida, tivessem no mínimo mantido sua linguo versão. O conhecimento disponível na época não permitiu que o tratamento ortodôntico com- pensatório desta paciente fosse realizado corretamente. Foram utilizados braquetes da prescri- ção padrão de Andrews3. Estes braquetes funcionam relativa- mente bem no arco superior do paciente Classe III, considerando que os caninos apresentam uma angulação acentuada (11º), mas são um desastre no arco infe- rior15. Neste arco, a prescrição padrão de Andrews determina 5º de angulação para os caninos e 2º para cada um dos quatro in- cisivos inferiores. Admitindo que a angulação destes seis dentes tende a ser zero nos pacientes A B C FED FIGURA 9 - Fotografias pós-tratamento corretivo. Fotos da face de frente, perfil e sorrindo A, B e C; Fotos intrabucais D, E e F; Telerradiografia final G; Radiografia panorâmica final H. G H R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 113 padrão III, colocaríamos 18º de angulação positiva (para me- sial), criando uma significativa protrusão destes dentes durante o nivelamento e alinhamento, comprometendo de modo irre- versível o trespasse horizontal. Na época do tratamento corretivo desta paciente, já antevíamos o problema principal que era criado pela mesialização das coroas dos caninos inferiores e utilizávamos elásticos de Classe III com força leve nos estágios iniciais do ni- velamento inferior, para forçar a liberação da angulação à custa de movimento distal da raiz. A radiografia panorâmica obtida ao final do tratamento (Fig. 9 H), mostra claramente o osso novo depositado na mesial da raiz dos caninos inferiores devido à sua angulação e a telerradiografia final (Fig. 9G) a inclinação ves- tibular introduzida nos incisivos inferiores. Estas imagens resu- mem as dificuldades criadas para o tratamento em função do uso de braquetes inadequados, que removiam a compensação que a natureza havia sabiamente introduzido durante anos e que tínhamos aceitado por contri- buírem para mascarar o erro esquelético. Este quadro poderia ser melhorado com a adoção dos braquetes preconizados por Andrews para o tratamento compensatório da má oclusão de Classe III3 Nesta circuns- tância, deveriam ser utiliza- dos braquetes com inclinação aumentada para os incisivos superiores e diminuída para os incisivos inferiores. Em nossa opinião, com os conhecimen- tos hoje disponíveis, isto ainda seria insuficiente15. Além de considerar as inclinações, que realmente costumam ser maio- res nos incisivos superiores para vestibular e fortemente para lingual nos incisivos inferiores, uma adequada prescrição para o tratamento compensatório da má oclusão de Classe III (padrão III) deveria incluir ajustes para as angulações. Na prescrição Capelozza Filho15 padrão III, no arco superior os incisivos possuem 7º a mais de inclinação vestibular e caninos angulação de 11º e inclinação diminuída para –2º. No arco inferior os in- cisivos apresentam 5º a mais de inclinação lingual e angulação 0º extensiva para os caninos. A somatória destas alterações apresentadas na tabela 1, com- põe um conjunto de braquetes que introduz e/ou convive com as compensações naturais pre- sentes na má oclusão de Classe III, facilitando seu tratamento de modo significativo15. Em contraponto a estas afirma- ções, deveria ser considerado que o caso clínico aqui apresentado foi tratado com obtenção da correção da oclusão, apesar da utilização de braquetes não apropriados. Isto é verdadeiro, mas houve es- forços mecânicos desnecessários, como a já comentada restrição à mesialização da coroa dos cani- nos inferiores imposta pelo uso dos elásticos de Classe III. Além disto, e mais importante, é que a vestíbulo versão dos incisivos inferiores, criada pelo emprego de braquetes com inclinação –1º em dentes com inclinação lingual original maior, provocou uma inclinação vestibular muito acentuada na coroa dos incisivos superiores (Fig. 9G). Objetivos de tratamento não explicitados nos braquetes exigem movimentação dentária maior e de direção inde- sejável, alongando o tratamento, exigindo maior colaboração do paciente e aumentando os riscos de iatrogenia . Estes equívocos compõe atitudes que no mínimo podem ser classificados como não inteligentes. Estas considerações pode- riam ser ampliadas sob outra perspectiva. Esta vestíbulover- são exagerada dos incisivos superiores foi o ponto crítico deste tratamento. Além de indesejável do ponto de vista biológico, poder-se-ia especu- lar que semelhante inclinação talvez não pudesse ser aceita em um paciente caucasiano, considerando os reflexos es- téticos provocados no ângulo nasolabial, no encurtamento do lábio superior e na expressão do sorriso. Surpreendentemente na paciente xantoderma que aqui discutimos, estas características não comprometeram a estética (Fig 9 A,B, C), e a principal ex- plicação seria a composição te- gumentar diferente e típica para esta etnia. Esta maior convivên- cia da face xantoderma com as características determinadas por um crescimento de padrão III é muito importante no prognósti- co do tratamento. Resumindo, poderia ser especulado que um crescimento padrão III criando relações esqueléticas e dentárias similares, poderia criar uma face aceitável para um paciente xan- toderma e desagradável para um leucoderma. TABELA 1 Prescrição Padrão III / Capelozza Arco Superior Arco Inferior CL III CL III Torque Ang. Torque Ang. 1 14º 5º -6º 0º 2 10º 9º -6º 0º 3 c/ G -2º 11º -11º 0º 114R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 Contenção Finalizado o tratamento orto- dôntico compensatório entramos na fase de contenção. No período em que esta paciente foi tratada, as condutas não eram individua- lizadas e adotávamos como pro- tocolo para todos os pacientes a placa de Hawley para o arco su- perior e a contenção inferior fixa de caninos (3/3), confeccionada com fio 0,7 mm de espessura e colada somente nos caninos. Recomendava-se o uso da placa de Hawley em tempo integral durante 6 meses e depois o mesmo período de tempo para uso noturno, enquanto o 3/3 era mantido pelo menos até o final de crescimento facial ativo, com a possibilidade do seu uso ser es- tendido até os 30 anos de idade. Conforme relatou Parker54 em um artigo sobre contenção, “experiência pode não trazer conhecimento, mas pode e deve trazer perspectiva”. Sob a perspectiva atual, não somen- te de experiência clínica, mas também de conhecimentos ou da ausência destes reconhecida pela literatura, contenção exige individualização2, 50. Restringindo-nos ao escopo deste artigo, definiremos o pro- tocolo de contenção individuali- zado que estabeleceríamos hoje para a paciente aqui tratada. São diferenças sutis que podem fazer a diferença. Pensando em conter, a placa de Hawley estaria bem indica- da. Como a ERM foi executada na dentadura mista, portanto há muito tempo, sua indicação para uso e tempo de uso seria a mesma indicada quando da época do tratamento, ou seja, a adotada para pacientes tratados com movimentos restritos à área dentoalveolar. No arco inferior, apenas o 3/3 foi indicado, e con- siderando que de modo equivo- cado os incisivos inferiores não foram mantidos em sua posição, ele está bem indicado para con- ter. Portanto, onde estaria então a diferença? Exatamente no ponto em que, após a coloca- ção das contenções, a oclusão da paciente livre das amarras do aparelho fixo, buscaria seu ponto de equilíbrio sob o crescimento fa- cial remanescente. Neste aspecto, as condutas que adotamos para esta paciente, embora especula- tivas na época, fazem parte do nosso protocolo atual. A recidiva previsível no arco inferior seria a tendência dos in- cisivos inferiores inclinarem para lingual. Isto poderia ser agravado devido à instabilidade determi- nada por meio do crescimento neste tipo de padrão, que pelo diferencial maxilo mandibular, favorável à mandíbula, tende a inclinar estes dentes para lingual. Teoricamente a contenção 3/3 seria eficiente para impedir tanto a recidiva quanto a instabilidade. Caso isto ocorra, a relação de trespasse horizontal e vertical dos incisivos da paciente dete- riorará, ocorrendo toque oclusal indesejável nos incisivos e até o cruzamento anterior da mordida. Isto poderia ser evitado pelos in- cisivos superiores, porém os mes- mos estão contidos pela placa de Hawley. O que deveria ser feito? A remoção da placa de Hawley não parece ser boa idéia, pois o ajuste da relação dentária ante- rior com maior inclinação ves- tibular dos incisivos superiores não é bom nem funcional nem esteticamente. Em um primeiro momento, inferindo que a causa deva ser recidiva, o toque anterior deveria ser identificado e removi- do com ajuste oclusal. Este ajuste é realizado de rotina nos incisivos inferiores, mas em pacientes xan- todermas, onde as cristas margi- nais palatinas dos incisivos supe- riores podem ser muito salientes, o ajuste pode ser efetuado neste local. Em um novo controle, caso o toque anterior seja novamente identificado, o crescimento co- meça a ser evidenciado e, nesta circunstância, é razoável remover a contenção 3/3 e realizar um leve desgaste interproximal nos dentes inferiores da área. Esta atitude se baseia na premissa de que é melhor permitir a inclina- ção lingual de ajuste destes den- tes, com provável apinhamento e aumento de sobremordida, do que perder a relação anterior dos incisivos e o restante da correção compensatória obtida. Caso o protocolo de tratamento tenha sido obedecido e esta correção in- troduzida após o final do surto de crescimento, é provável que não haja maiores problemas. Mesmo com esta perspectiva, é óbvio que o paciente deve ser acompanhado a longo prazo. Atualmente, quando graças ao conjunto adequado de braquetes associado a uma mecânica que obedece um plano de tratamento realmente preservador da com- pensação, uma correção adicional é introduzida na região dos inci- sivos, ocorre uma flexão dento- alveolar para lingual que deveria merecer atenção especial no pro- tocolo de contenção. Sugerimos nesta circunstância o uso de uma placa de Osamu58, confortável e de fácil confecção, para uso direto durante aproximadamente 4 a 6 meses e depois para uso noturno durante 2 anos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação executada já na vida adulta, aos 22 anos de ida- de e 6 anos após a conclusão do tratamento corretivo compensa- tório evidencia uma boa situação (Fig. 10). A oclusão se manteve bem e a face é boa, podendo ser classificada como agradável. Os resultados obtidos neste caso clínico permitem algumas conclusões. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 115 FIGURA 10 - Fotos faciais e intrabucais 6 anos pós-tratamento. 116 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 Abstract The protocol of Class III malocclusion treatment is already acknowledged. Varying in details, but main- taining its essence, it is widely used in Orthodontics, based on scientific evidence. The purpose of this review is to present this protocol by means of its application in a patient with a long term fol- low up, discussing it under a current perspective and justifying some changes in the procedure adopted at the time of the treatment. Key words: Rapid Maxillary Ex- pansion. Maxillary Protraction. Class III treatment. Class III Mal- occlusion. Sky Hook Appliance. A primeira é a clara evidência da capacidade de correção que a abordagem interceptora realizada com a ERM e a TM apresenta. Valorizada pela sua rapidez e alta predictibilidade, é capaz de induzir uma série de alterações que, mes- mo não sendo de grande monta quando avaliadas isoladamente, impõem-se pelo conjunto propi- ciando correções significativas na oclusão e na face. O melhor resultado é o crescimento confe- rido à maxila e a perturbação do crescimento mandibular. Aceitando esta premissa, fica dispensado o uso de contenção ou manutenção no período de crescimento após esta terapia. Considerando-se que os apare- lhos utilizados com este propósito não são capazes de neutralizar o crescimento desfavorável, partici- pando apenas da compensação para camuflá-lo, eles são inúteis. A natureza os dispensa porque, obedecendo a princípios biológi- cos que indicam direção e limites, é capaz de executar esta com- pensação com extrema maestria, principalmente nos pacientes com crescimento padrão III. Após o tratamento, iniciamos então a fase de monitoramento do paciente, submetidos ao seu padrão de crescimento que neste momento ainda é uma incógnita. Temos então a outra conclusão permitida: considerando o prog- nóstico imediato bom, a longo prazo ele é sempre nebuloso submetendo as possibilidades te- rapêuticas e o futuro do paciente. Nesta fase, controle de irrupção e outros cuidados são oferecidos ao paciente até que este atinja o final do surto de crescimento fa- cial, quando é possível avaliar e decidir sobre o tratamento final.Entre estes cuidados pode estar a necessidade de uma nova ERM e TM, desde que a avaliação facial e a projeção para o final do cresci- mento permitam considerar o pa- ciente aceitável. Ressalta-se ainda a necessidade de uma orientação consistente para o paciente e seus responsáveis entenderem e aceita- rem as regras deste protocolo, ge- rando condições para que supor- tem aguardar a época adequada da correção definitiva. Devemos lembrá-los que haverá a proposta de tratamentos ilusórios apoiados em falsas premissas. Se por ven- tura encontrarem um terreno de ansiedade típico da adolescência, sem o contraponto da lógica e da confiança do paciente e seus pais no profissional e no protocolo aqui apresentado, perderemos o pa- ciente e ele a chance de ser tratado com base em evidência científica. Vencido o tempo e finalizado o surto de crescimento facial, é chegado o momento de optar pelo tratamento ortodôntico compensatório ou descompen- satório. O primeiro está indicado para pacientes com face no mí- nimo aceitável e que apresen- tem dentes compensados ou a compensar, com possibilidade plena de respeito aos parâme- tros biológicos convencionais da Ortodontia. O segundo para os portadores de crescimento padrão III que extrapolaram estes limites e apresentam uma face desagradável. Não existe uma regra clara para eleger es- tes pacientes, mas o bom senso, apoiado no respeito aos limites da Ortodontia e a necessidade de que seu paciente seja visto como normal pelos seus pares, cria circunstâncias que permiti- rão uma decisão consistente. Após a execução do trata- mento indicado, que em nosso caso foi o ortodôntico compen- satório, torna-se necessário ofe- recer ao paciente um programa de contenção individualizado, com objetivo de manter com ra- cionalidade a correção obtida, o que pode implicar em renunciar o posicionamento dentário al- cançado ao final do tratamento. Estas ações compõem o que apresentamos neste trabalho como método de tratamento para as más oclusões de Classe III. O objetivo da discussão que este tema ensejou, com o cotejo entre atitudes terapêuticas ado- tadas há mais de dez anos e sua atualização, foi mostrar que condutas definidas não precisam ser necessariamente definitivas. Porém, com a flexibilização que de nós é exigida pelos avanços e descobertas advindas das pesquisas científicas, é absolu- tamente necessário a prática da Ortodontia com protocolo para todos os procedimentos. Este é o caminho para a efetividade e competência, permitindo pela repetição dos procedimentos a evidência de erros e acertos e a eleição das melhores condutas. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002 117 REFERÊNCIAS 1 - AELBERS, C. M. F.; DERMAUT, L. R. Orthopedics in orthodontics: Part I: fiction or reality – a review of the literature. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v.110, no. 5, p. 513-519, Nov. 1996. 2 - AL YAMI, E. A.; KUJIPERS, J. A. M.; VAN’THOF, M. A. Stability of ortho- dontic treatment outcome: follow–up until 10 years postretention. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 115, no. 3, p. 300-304, Mar. 1999. 3 - ANDREWS, L. F. Braquetes padrão totalmente programados. In:____. 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