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UNINASSAU RECIFE - GRAÇAS ENGENHARIA CIVIL THAYNA CAMILA PEREIRA DOS SANTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O VALOR DE MERCADO E O VALOR VENAL REGISTRADO PARA FINS DE ITBI Recife 2018 THAYNA CAMILA PEREIRA DOS SANTOS AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O VALOR DE MERCADO E O VALOR VENAL REGISTRADO PARA FINS DE ITBI Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de ENGENHARIA CIVIL da UNINASSAU RECIFE - GRAÇAS Recife 2018 Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL S237a Santos, Thayna Camila Pereira dos. Avaliação de Imóveis Urbanos: Uma Análise Comparativa Entre o Valor de Mercado e o Valor Venal Registrado Para Fins de Itbi / Thayna Camila Pereira dos Santos. - UNINASSAU: Recife - 2018 67 f. TCC (Curso de Engenharia Civil) - Uninassau Recife - Graças - Orientador(es): Dr(a) Lutemberg de Araujo Florencio 1. Engenharia de Avaliações. 2. Método Comparativo Direto de Dados de Mercado. 3. Regressão Linear Múltipla. 4. Valor de Mercado. 5. Valor Venal. 6. Comparative Direct Method Of Market Data. 7. Engineering Of Evaluations. 8. Market Value. 9. Multiple Linear Regression. 10. Venal Value. I.Título II.Dr(a) Lutemberg de Araujo Florencio UNINASSAU - REC CDU - 624 AGRADECIMENTOS Primeiramente aos meus pais, Severino Santos e Jane Pereira, pelo apoio, incentivo e amor. Vocês foram fundamentais para este êxito. Muito obrigada por acreditarem em mim, almejar meu melhor, investirem em minha educação e me proporcionarem tantas coisas boas. Ao meu namorado, Ermesson Junior, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida. Você me deu uma nova perspectiva de vida. Obrigada pelo carinho, parceria, amor е por me fazer tão bem. Aos meus colegas de trabalho Ana Nery, Bruno Bezerra, Dante Albuquerque, Genita Ribeiro, Helio Figueredo, Ivson Araujo, Larissa França e Maria Pontual, que contribuíram com a escolha do tema, compreensão, informações, instruções, apoio e motivação. À Prefeitura da Cidade do Recife e à Secretaria de Finanças, pelo fornecimento dos dados utilizados neste trabalho. As amizades que ganhei durante esta caminhada e todos os demais que cruzaram e seguiram o mesmo caminho. Sou grata por todas as lembranças e companheirismo. Que continuemos nossa jornada juntos, como engenheiros. A todos os mestres pela paciência, aprendizado, dedicação e compromisso. Em especial Celso Leão, Cláudio Vasconcelos e Elias Arcanjo. Agradeço imensamente pelas contribuições em minha carreira profissional. Ao meu orientador, Lutemberg Florencio, por todo auxílio, paciência e experiência partilhado. A Deus e aos demais que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização desta conquista, muito obrigada! “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” José de Alencar RESUMO O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI), que incide sobre o valor venal dos bens ou direitos transmitidos, é fundamental para a arrecadação de receitas pelo município. Contudo, avaliações imobiliárias realizadas com base no empirismo, em divagações, opiniões subjetivas ou suposições sem as devidas comprovações científicas podem comprometer a arrecadação e resultar em carga tributária equivocadamente transferida entre contribuintes. Isso posto, o presente trabalho visa promover uma análise comparativa entre a estimativa do valor de mercado de imóveis urbanos, calculada com base no método comparativo direto de dados de mercado e uso de regressão linear múltipla, e o respectivo valor venal registrado pelo município para fins de ITBI. O estudo foi realizado no bairro das Graças, Cidade de Recife-PE, tendo sido coletados dados de imóveis à venda ofertados no mercado, além de consultada a base de cadastro Imobiliário da Prefeitura do Recife. Os resultados obtidos evidenciam uma distorção média de aproximadamente 12% entre o valor de mercado e o valor venal para fins de ITBI com variações de 2% a 30%, o que reforça a importância do emprego dos métodos e técnicas da Engenharia de Avaliações para subsidiar o poder público no que tange à estimativa de valor das propriedades tributadas, conferindo qualidade e segurança ao sistema de tributação. Palavras-chave: Valor Venal. Valor de Mercado. Regressão Linear Múltipla. Método Comparativo Direto de Dados de Mercado. Engenharia de Avaliações. ABSTRACT The Tax on the Transmission of Real Estate Inter Vivos (TTRE), which focuses on the real value of the assets or rights transmitted, is fundamental for the collection of revenues by the municipality. However, real estate valuations conducted on the basis of empiricism, ramblings, subjective opinions or assumptions without proper scientific evidence may jeopardize collection and result in a wrongly transferred tax burden among taxpayers. The present work aims to promote a comparative analysis between the estimation of the market value of urban real estate, calculated based on the direct comparative method of market data and the use of multiple linear regression, and the respective market value recorded by the municipality for purposes of TTRE. The study was carried out in the neighborhood of Graças, in the city of Recife-PE, and data were collected on properties for sale offered in the market, in addition to consulting the Real Estate registry of the City Hall of Recife. The results show an average distortion of approximately 12% between the market value and the market value for TTRE purposes with variations from 2% to 30%, which reinforces the importance of using the methods and techniques of the Evaluation Engineering to subsidize the public power in relation to the estimated value of taxed properties, conferring quality and safety to the taxation system. Keywords: Venal Value. Market Value. Multiple Linear Regression. Comparative Direct Method of Market Data. Engineering of Evaluations. LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 – Fórmula do Valor Venal do Imóvel ....................................................... 19 Equação 2 – Modelo de Regressão Linear Simples .................................................. 26 Equação 3 – Modelo de Regressão Linear Múltipla .................................................. 27 Equação 4 – Base de Cálculo do ITBI ....................................................................... 33 Equação 5 – Modelo de Estimativa de Valor ............................................................. 52 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mapa de Sistema Viário ........................................................................... 35 Figura 2 – Vista Aérea do Bairro Graças ................................................................... 36 Figura 3 – Praça do Entroncamento .......................................................................... 37 Figura 4 – Jardim do Baobá ...................................................................................... 38 Figura 5 – Museu do Estado de Pernambuco ........................................................... 39 Figura 6 – Estação de Ponte D’Uchoa ...................................................................... 40LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Regressão Linear Simples ...................................................................... 26 Gráfico 2 – Regressão Linear Múltipla ...................................................................... 27 Gráfico 3 – Distribuição de Frequência ..................................................................... 53 Gráfico 4 – Resíduos Padronizados Versus Valor Ajustado ..................................... 54 Gráfico 5 – Valor Observado x Valor Estimado ......................................................... 56 Gráfico 6 – Comportamento da Variável Área Privativa ............................................ 57 Gráfico 7 – Comportamento da Variável Idade Real ................................................. 58 Gráfico 8 – Comportamento da Variável Padrão de Acabamento ............................. 58 Gráfico 9 – Comportamento da Variável Subunidade ............................................... 59 Gráfico 10 – Comportamento da Variável Suíte ........................................................ 59 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Características Principais dos Padrões de Acabamento ......................... 45 Tabela 2 – Relação de Abreviaturas de Variáveis ..................................................... 48 Tabela 3 – Normalidade dos Resíduos ..................................................................... 53 Tabela 4 – Matriz das Correlações ............................................................................ 55 Tabela 5 – Parâmetros de Análise das Variáveis Independentes e Dependente ...... 56 Tabela 6 – Teste de F de Snedecor .......................................................................... 57 Tabela 7 – Dados Comparativos de Avaliações ........................................................ 61 Tabela 8 – Hipótese do Imposto nos Modelos de Estudo ......................................... 62 LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ART Anotação de Responsabilidade Técnica CADIMO Cadastro Imobiliário COHAB-PE Companhia de Habitação Popular de Pernambuco CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia CTN Código Tributário Nacional CTM Código Tributário do Município do Recife CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISS Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza ITBI Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos MCDM Método Comparativo Direto de Dados de Mercado NBR Norma Brasileira IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano PCR Prefeitura da Cidade do Recife PMCMV Programa Minha Casa, Minha Vida SEFIN Secretaria de Finanças SFH Sistema Financeiro de Habitação SSAM Serviço Social Agamenon Magalhães SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 16 2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 16 2.2. Objetivos Específicos ......................................................................................... 16 3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 17 3.1. Engenharia de Avaliações .................................................................................. 17 3.2. Normas Técnicas e Legislações Aplicáveis ........................................................ 17 3.3. Valor e Preço ...................................................................................................... 18 3.3.1. Valor de Mercado ............................................................................................ 18 3.3.2. Valor Venal ...................................................................................................... 18 3.3.3. Diferença entre Valor Venal x Valor de Mercado ............................................ 19 3.3.4. Preço ............................................................................................................... 20 3.4. Princípios da Avaliação de Imóveis .................................................................... 20 3.5. Mercado Imobiliário ............................................................................................ 20 3.6. Especificações das Avaliações .......................................................................... 21 3.6.1. Características das Variáveis .......................................................................... 22 3.7. Métodos de Avaliação de Imóveis ...................................................................... 22 3.7.1. Método Comparativo Direto de Dados de Mercado ........................................ 23 3.8. Inferência Estatística .......................................................................................... 24 3.8.1. Testes de Hipótese ......................................................................................... 24 3.8.2. Testes de Significância .................................................................................... 25 3.9. Análise de Regressão Linear ............................................................................. 25 3.9.1. Regressão Linear Simples .............................................................................. 25 3.9.2. Regressão Linear Múltipla ............................................................................... 26 3.9.3. Pressupostos Básicos do Modelo ................................................................... 27 3.10. Softwares Específicos Utilizados na Engenharia de Avaliações ...................... 30 3.11. Tributos Imobiliários ......................................................................................... 30 3.11.1. Imposto sobre a Transmissão de Bens e de Direitos a eles Relativos .......... 32 4. METODOLOGIA ................................................................................................... 34 4.1. Área de Estudo ................................................................................................... 34 4.1.1. Dados Históricos do Recife ............................................................................. 34 4.1.2. Caracterização da Região ............................................................................... 34 4.1.2.1. Dados Históricos das Graças ....................................................................... 35 4.1.2.2. Infraestrutura Urbana ................................................................................... 41 4.1.2.3. Lei dos Doze Bairros .................................................................................... 41 4.2. Coleta de Dados ................................................................................................. 42 4.2.1. Planilha de Coleta de Dados ........................................................................... 42 4.2.2. Caracterização das Variáveis Pesquisadas .................................................... 42 4.2.3. Caracterização das Abreviaturas das Variáveis .............................................. 48 4.2.4. Caracterização dos Apartamentos Selecionados ............................................ 48 4.3. Análise de Dados ............................................................................................... 51 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 52 5.1. Verificação dos Pressupostos Básicosdo Modelo ............................................. 53 5.1.1. Normalidade .................................................................................................... 53 5.1.2. Homocedasticidade e Autocorrelação ............................................................. 54 5.1.3. Colinearidade ou Multicolinearidade ............................................................... 54 5.2. Verificação de Pontos Atípicos ........................................................................... 55 5.3. Verificação e Análise dos Gráficos, Medidas de Diagnóstico, Testes e Intervalos Estatísticos Voltados para a Qualidade do Ajustamento ........................................... 55 5.3.1. Gráfico de Aderência ....................................................................................... 55 5.3..2. Coeficiente de Determinação ......................................................................... 56 5.3.3. Coeficiente de Correlação ............................................................................... 56 5.3.4. Teste de Hipóteses ......................................................................................... 56 5.4. Verificação da Adequação Teórica e Lógica do Modelo .................................... 57 5.5. Verificação das Avaliações ................................................................................. 60 5.5.1. Estimativa de Valor ......................................................................................... 60 5.5.2. Análise Comparativa ....................................................................................... 61 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 64 APÊNDICE ................................................................................................................ 67 APÊNDICE A – PLANILHA DE COLETA DE DADOS .............................................. 67 14 1. INTRODUÇÃO A avaliação imobiliária exige conhecimentos específicos não apenas na área de engenharia, mas em outras áreas do conhecimento, e tem por objetivo determinar, na maior parte dos casos, de forma segura e objetiva, o valor de mercado de um bem. A estimativa do valor de mercado dos imóveis é resultado de uma combinação de fatores, tais como aspectos físicos e atributos de localização, histórico, social, ambiental, dentre outros, sendo de extrema relevância para a tomada de decisão tanto no setor público como no privado, a exemplo de operações de compra e venda entre particulares ou mesmo de tributações no âmbito do poder público. No âmbito do poder público, os municípios instituem os impostos de natureza patrimonial com a base de cálculo definida no Código Tributário Nacional (CTN). Para o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o valor de venda dos imóveis entende-se como o preço mais provável pelo qual um imóvel seria vendido nas condições de mercado vigentes sendo considerados o terreno e construções de caráter permanente. Para o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter vivos (ITBI), o valor venal – caracterizado pelas prefeituras para determinar a quantia sobre a qual incidem os tributos imobiliários – calcula-se por meio de fórmula que envolve o valor do terreno e da edificação, considerando-se sua depreciação. O ITBI define-se pelos bens e direitos transmitidos incidindo sobre os imóveis que foram transferidos tendo como base de cálculo o próprio valor de mercado declarado pelo contribuinte ou, caso contrário, o valor de mercado estimado de cada transação. Portanto, tem-se que ambos os impostos incidem sobre o valor venal do imóvel sob a forma de alíquotas. Isso posto, evidencia-se a importância da avaliação imobiliária para fins fiscais, visto que a baixa qualidade do trabalho avaliatório pode implicar em carga tributária equivocadamente transferida entre contribuintes. Propriedades que apresentam características semelhantes devem guardar similaridade nos valores estimados, em consonância ao princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade. Da mesma forma, ressalta-se que avaliações elaboradas 15 com base no empirismo podem gerar distorções na cobrança do imposto, na medida em que propriedades de alto valor são avaliadas abaixo do valor de mercado e vice- versa. Assim sendo, o presente trabalho aborda o uso de metodologia científica, pautada na aplicação de técnicas de Inferência Estatística, para a avaliação de imóveis urbanos, buscando contribuir para o aperfeiçoamento da tributação imobiliária pelo poder público, na garantia da capacidade dos impostos em gerar receitas com equidade e justiça fiscal. 16 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Promover análise comparativa entre a estimativa do valor de mercado de imóveis urbanos, calculada com base no método comparativo direto de dados de mercado e uso de regressão linear múltipla, e o respectivo valor venal registrado pelo município para fins de ITBI. 2.2. Objetivos Específicos ▪ Evidenciar o uso da NBR 14653-2 (Avaliação de bens – imóveis urbanos) em avaliações imobiliárias; ▪ Utilizar regressão linear múltipla como ferramenta para a determinação do valor de imóveis urbanos; ▪ Identificar quais as variáveis mais importantes para explicar o comportamento dos preços no mercado imobiliário estudado; ▪ Analisar o comportamento do mercado imobiliário. 17 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Engenharia de Avaliações A engenharia de avaliações é parte da engenharia que reúne um conjunto de conhecimento em diversas áreas, além de bom senso para determinar, de forma técnica e segura, o valor de um bem, de seus direitos, frutos e custos de reprodução, levando-se em consideração decisões a respeito de valores envolvendo bens de qualquer tipo de natureza, servindo a diversos atores do mercado imobiliário, tais como: imobiliárias, bancos de crédito imobiliário, compradores ou vendedores de imóveis; para empresas seguradoras: poder judiciário; fundos de pensão; incorporadoras; construtoras; prefeituras; investidores. Avaliações baseadas neste conceito podem subsidiar operações de garantias; transações de compra e venda; transações de locação; decisões judiciais; taxação de impostos prediais, territoriais, de transmissão, laudêmios; decisões sobre investimentos; balanços patrimoniais; operações de seguros; separações ou cisões de empresas; desapropriações amigáveis ou judiciais. Desta forma, apresentam um mercado de trabalho vasto formado pelo setor público e setor privado, destacando- se o poder judiciário. (DANTAS, 1998, p.3). 3.2. Normas Técnicas e Legislações Aplicáveis Regulamentam-se pela Norma Brasileira (NBR) 14653 para “Avaliação de Bens” da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que se compreende por sete seções, sendo Parte 1 – Procedimentos gerais e Parte 2 – Imóveis urbanos o foco do presente trabalho. Define-se a avaliação de bens em concordância com a norma supracitada: Análise técnica, realizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores da viabilidade de sua utilização econômica, para uma determinada finalidade, situação e data. Fixam-se diretrizes através da Parte 1 quanto a classificação da natureza do bem; instituição de terminologia, definições, símbolos e abreviaturas; descrição das atividades básicas; definição da metodologiabásica; especificação das avaliações; 18 requisitos básicos de laudos e pareceres técnicos de avaliação. Detalham-se por meio da Parte 2 critérios e recomendações para imóveis urbanos complementando conceitos, termos, simbologias e classificações; procedimentos metodológicos, gerais e específicos; laudo de avaliação completo e simplificado. São de exclusiva atribuição a engenheiros, arquitetos e agrônomos as avaliações de bens, de acordo com sua habilitação profissional, conforme se determina a Lei Federal nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 e as Resoluções nª 205, nº 218 e nº 345 do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (CONFEA) consistindo em estudo, projeto, análise, avaliação, vistoria, perícia, parecer e divulgação técnica. 3.3. Valor e Preço Explanam-se abaixo conceitos básicos de valor e preço que serão devidamente abordados no presente trabalho. 3.3.1. Valor de Mercado Quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, em uma data de referência, dentro das condições do mercado vigente (ABNT, 2001, p. 5). 3.3.2. Valor Venal Diz respeito ao preço que o bem teria se fosse colocado à venda em condições normais de mercado. Denominada Código Tributário Nacional (CTN), a lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 38, determina-se a partir desse valor a base de cálculo do imposto dos bens ou direitos transmitidos devendo identificar-se com aspecto material da hipótese de incidência tributária e ser capaz de dimensioná-lo. A princípio prevalece o valor informado pelo contribuinte, caso contrário, se faz necessária a hipótese de arbitramento desse valor admitido nos casos previstos no art. 149 da lei supracitada. Segundo Código Tributário do Município do Recife (CTM), determinado pela lei 15.563, de 27 de dezembro de 1991, art. 24, o valor venal do imóvel, edificado ou 19 não, será obtido para fins de cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) por meio da seguinte fórmula: Equação 1 – Fórmula do Valor Venal do Imóvel VV = (V0 x TF) + (Vu x Ac x Cdice) Onde: VV é o valor venal do imóvel; V0 é o valor unitário do metro linear de testada fictícia de cada face de quadra dos logradouros públicos, definido pela Planta Genérica de Valores de Terrenos; TF é a testada fictícia do imóvel; Vu é o valor do metro quadrado de construção nos termos da Tabela de Preços de Construção; Ac é a área construída do imóvel; Cdice é o coeficiente de depreciação em razão do estado de conservação, da estrutura e da idade do imóvel. 3.3.3. Diferença entre Valor Venal x Valor de Mercado O valor de mercado é um parâmetro muito relevante para tomada de decisão tanto no setor público ou privado que devem dispor de avaliações confiáveis; os serviços de habitação correspondem às características estruturais e locacionais, de onde os preços individuais não são observados no mercado; o preço hedônico pode ser de grande interesse para o empreendedor, podendo este ajudar na análise do custo benefício, bem como na elaboração e implementação de políticas habitacionais e urbanas (DANTAS; MAGALHÃES; VERGOLINO; 2007). O valor venal possui uma fórmula padrão determinada pelo poder público (ver Equação 1), onde as variáveis são na generalidade constantes, e depender apenas daquele imóvel, enquanto que no valor de mercado existem diferenciados métodos para se estimar seu valor através de outros similares. Estes cálculos podem resultar em valores diferentes essencialmente pela multiplicidade de aspectos presentes no mercado imobiliário. Neste estudo considera-se o valor estimado pelo método comparativo de dados de mercado para comparar com o valor declarado pelo contribuinte como valor venal. 20 3.3.4. Preço Quantia pela qual se efetua, ou se propõe efetuar, uma transação envolvendo um bem, um fruto ou um direito sobre ele (ABNT, 2001, p. 5). Estima-se a análise do preço dos imóveis no aspecto físico e num conjunto de atributos como localização, aspecto histórico, social, ambiental, dentre outros. Assim, o capital imobiliário tem como estratégia de ação para a empreitada dos ganhos fundiários por meio das externalidades que são agregadas ao preço das edificações (ABRAMO; FARIA; 1998). 3.4. Princípios da Avaliação de Imóveis Para o propósito da avaliação, a determinação do valor do imóvel é de suma importância o conhecimento do bem avaliando, o planejamento da pesquisa, a coleta de dados de mercado, a análise exploratória dos dados, a modelagem e a elaboração do laudo (DANTAS, 1998, p.47). Inicialmente se realiza uma vistoria ao avaliando buscando conhecer suas características definindo variáveis importantes, sendo estas as principais para a estimativa de valor de mercado: padrão de acabamento; áreas total, privativa e comum; idade real; estado de conservação; quantidade de quartos, de suítes, banheiros, vagas de garagem, pavimentos, apartamentos por pavimento, equipamentos; analisando-se os aspectos influenciantes do mercado imobiliário. Investiga-se o mercado imobiliário através do levantamento obtendo-se assim dados amostrais com características semelhantes às do avaliando para base do tratamento estatístico. Caracteriza-se a delimitação do mercado elegendo variáveis relevantes para a formação do valor. Em seguida, realiza-se a coleta dos imóveis pertinentes para posterior análise e tratamento dos mesmos, excluindo aqueles incompatíveis ao modelo até a formação de dados amostrais apropriados para uso da inferência estatística, através da busca de modelos explicativos do mercado imobiliário. 3.5. Mercado Imobiliário O bem-estar da sociedade associa-se à sua capacidade de gerar os bens necessários e desejados ao consumo dos indivíduos. Quanto maior for a utilização 21 de bens, satisfeitas as hipóteses de racionalidade, maior o nível de bem-estar atingido. A noção de consumo relaciona-se, de maneira geral, à transformação de bens materiais. Apesar disso, quando introduzimos a dimensão espacial observa-se que uma parcela da satisfação dos indivíduos depende das características específicas de cada localização. O mercado imobiliário surge como uma resposta às necessidades de crescimento da cidade e é consequência direta da dinâmica de formação e desenvolvimento dos núcleos urbanos (FLORENCIO, 2010). Os imóveis possuem comportamento diferenciado economicamente de outros bens devido às suas características especiais de heterogeneidade e estas divergências entre os mesmos permitem explicar a variação de preços. Abramo e Faria (2016) afirmam ainda: O capital imobiliário utiliza estratégias de ação, tais como a atuação de forma concentrada, delimitando áreas de valorização, e a inovação/diferenciação do produto-habitação. Essa inovação não se refere apenas aos atributos do imóvel em si, como altera o padrão de ocupação de toda uma área, valorizando-a em relação às outras áreas da cidade. Essas estratégias se traduzem em externalidades, que são incorporadas ao valor dos imóveis, definindo assim, acesso diferenciado das famílias com diferentes rendimentos. Assim, a estratégia de inovação para atrair demanda, se traduz na oferta do bem habitação com todos os seus atributos intrínsecos (características físicas), e extrínsecos (“acessibilidades que a localização da moradia permite usufruir”). Atributos esses que representam os valores de uso do imóvel, por sua condição essencial de abrigo do homem, como também representa um eficiente econômico familiar, e sua aquisição levará em consideração a sua valorização futura na estruturade preços imobiliários na cidade. 3.6. Especificações das Avaliações Como estabelecido na NBR 14653, o nível de grau de fundamentação e grau de precisão (NBR 14653-2, item 9.1) são diretamente relacionados ao empenho do avaliador, à confiabilidade dos dados do mercado e à escolha do modelo aplicado no processo. O grau de fundamentação obtém-se pela soma dos pontos de cada item que compõe a tabela específica do método utilizado. Define-se como o aprofundamento do trabalho avaliatório, em razão da confiabilidade, qualidade e quantidade de dados 22 amostrais. O grau de precisão relaciona-se à amplitude do intervalo de confiança de 80% em torno do valor central da estimativa definido, estabelecido quando possibilitar a medição de certeza e nível de erro tolerável numa avaliação. Tanto a fundamentação quanto a precisão classificam-se por I, II e III sendo o III o mais rigoroso e eu apresenta menor grau de subjetividade. 3.6.1. Características das Variáveis Em avaliações de imóveis, a variável dependente é o preço pesquisado e as variáveis independentes são as características decorrentes de atributos, que podem ser de natureza quantitativa, qualitativa e dicotômica. 3.6.1.1. Variável Quantitativa As variáveis quantitativas são medidas em escala numérica. Exemplifica-se como área, frente, número de dormitórios, entre outros. 3.6.1.2. Variável Qualitativa As variáveis qualitativas são ordenadas de acordo com os atributos inerentes ao bem, representando características que não se podem mensurar e sim classificar denominar e diferenciar. 3.6.1.3. Variável Dicotômica As variáveis dicotômicas, ou variáveis binárias, assumem somente dois valores. Caracterizam-se pela existência ou não de determinados atributos e são inseridas sob a forma “sim” ou “não”, sendo o número (1) para existência de atributo e (0) para ausência na amostra. 3.6.1.4. Variável Proxy Utilizam-nas para substituição de outras variáveis de difícil mensuração, guardando relação de pertinência com outras variáveis. Utilizam-se como exemplos comuns índice fiscal ou padrão construtivo (FLORENCIO, 2016). 3.7. Métodos de Avaliação de Imóveis Determina-se a escolha da metodologia em função da natureza do bem avaliado, finalidade da avaliação e dados de mercado disponíveis. Deve-se justificar a escolha, atendendo à norma 14.653-1, com o propósito de explicar o 23 comportamento do mercado por meio de modelos. O Método Comparativo de dados de mercado e o Comparativo de Custo de Reprodução de Benfeitorias não dependem de outros métodos para chegar ao valor do bem avaliando, sendo denominados diretos. O método da renda, o involutivo, o evolutivo e o residual necessitam da complementação dos métodos diretos para a determinação do valor, sendo denominados indiretos. Neste trabalho será abordado o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, descrito na seção seguinte. 3.7.1. Método Comparativo Direto de Dados de Mercado O valor do imóvel é obtido pela comparação com um conjunto de dados de mercado que possuem atributos mais semelhantes possíveis ao do imóvel avaliando. A aplicação do método tem as seguintes etapas: ▪ Vistoria do imóvel avaliando; ▪ Identificação das possíveis variáveis influenciantes; ▪ Investigação do mercado imobiliário; ▪ Tratamento dos dados. Os métodos em que são considerados mais de um critério são definidos como métodos de decisão multicritério. Para realizar a avaliação são consideradas algumas variáveis de acordo com os critérios definidos, e para cada tipo de critério, é induzida uma ordenação particular de alternativas, exigindo a adoção de um mecanismo para efetivação da ordenação geral, que é chamada de ranking ou classificação (KAHRAMAN, 2008). De Boer, Weger e Telgen (1998) destacaram que o método é capaz de contribuir para a tomada de decisão, uma vez que justificam esses processos e permitem um processamento mais eficiente e automatizado, possibilitando o arquivamento de informações para consultas futuras. Wang (2010) afirma que o método é um relevante auxílio para os gestores na resolução de decisões dificultosas nas organizações. A NBR 14653-1 (ABNT, 2001) determinou prioridade sobre o uso do Método Comparativo Direto de Dados de Mercado (MCDM) para avaliação de imóveis, e apenas quando não for possível utilizar o MCDM, deve-se usar outro método. 24 Na área de avaliação de imóveis, este método tem sido usado comumente para busca de valores de mercado de terrenos, casas padronizadas, lojas, apartamentos, escritórios e outros imóveis, sempre que for possível obter dados que possuam semelhança ao avaliando, segundo a NBR 14653-2 (ABNT, 2004). Dessa forma, o MCDM é o método mais usado para a avaliação de imóveis urbanos, sendo para tanto, utilizado o enfoque da Inferência Estatística e da Regressão Linear (PELLI; 2015). As tendências do mercado são pesquisadas por inferência estatística aplicada em modelos de regressão linear consistindo em estudar o comportamento da variável dependente em relação as variáveis independentes responsáveis pela sua formação. 3.8. Inferência Estatística Estatística é a ciência que trata de coleta, organização, análise e interpretação dos dados para a tomada de decisões. O estudo de estatística tem dois ramos principais, sendo descritiva e inferencial. A estatística descritiva envolve a organização, o resumo e a representação dos dados. A estatística inferencial envolve o uso de uma amostra para chegar a conclusões sobre uma população. O surgimento da inferência estatística divide-se em estimação e testes de hipóteses, exercendo-se proficientes métodos estatísticos desenvolvidos para contribuir com o processo de realizar julgamentos científicos diante de incerteza e variação, sendo estes métodos aplicados para analisar dados de um processo e para identificar onde, dentro do processo, mudanças podem ser feitas para melhorar a qualidade (DEVORE, 2010). Esta técnica busca esclarecer, no caso da Engenharia de Avaliações, com grau de confiabilidade, o comportamento geral do mercado imobiliário através de uma amostra representativa de dados coletados neste meio, baseando-se em testes de hipóteses e intervalo de confiança (NERY, 2014). 3.8.1. Testes de Hipótese O teste de hipótese é um processo que usa estatísticas amostrais para testar uma afirmação, denominada hipótese estatística, sobre o valor de um parâmetro 25 populacional. Para se testar a afirmação sobre um parâmetro, deve-se especificar um par de hipóteses – uma que representa a afirmação e outra seu complemento. Quando uma dessas hipóteses é falsa, a outra deve ser verdadeira. Qualquer uma dessas hipóteses, hipótese nula (H0) ou hipótese alternativa (H1), pode representar a afirmação original (LARSON; FARBER, 2015). 3.8.2. Testes de Significância A análise da significância individual de cada parâmetro da regressão deve ser realizada a partir do teste t de Student enquanto que na análise da significância global do modelo de regressão deve-se elaborar o teste F de Snedecor. O teste de hipótese, baseado na distribuição t de Student, é utilizado para avaliar (rejeitar ou não a hipótese) a influência de uma variável sobre a formação de preços. O teste de hipótese, baseado na distribuição F de Fisher-Snedecor, utiliza a técnica denominada análise de variância, sendo empregado para avaliar se o mercado deve ser explicado pelo modelo de regressão ou pela média dos preços. Os níveis de significância utilizados nos testes citados acima devem ser compatíveiscom as especificações da avaliação (ABNT, 2011). 3.9. Análise de Regressão Linear Segundo ABNT (2001), a análise de regressão é a técnica mais utilizada quando se desejar estudar o comportamento de uma variável dependente em relação a outras que são responsáveis pela variabilidade observada nos preços (NBR 14653-2, Anexo A, item A. 1.1) 3.9.1. Regressão Linear Simples Quando a variabilidade dos preços depende de apenas uma variável independente, utiliza-se o modelo de regressão simples. Caso tenha duas ou mais variáveis responsáveis pela formação dos preços, deve ser usado o modelo de regressão múltipla (THOFEHRN, 2010). A análise de regressão é iniciada pelo traçado do diagrama de dispersão sendo o mesmo um gráfico em que a variável independente (X) é disposta no eixo 26 das abscissas e a variável dependente (Y), no eixo das ordenadas. A curva de regressão é a linha que mais se ajusta a todos os pontos, apresentando tendência à linearidade juntamente com os modelos de regressão ideais. Assim, representa-se um modelo de regressão linear simples através de um sistema de coordenadas cartesiano em que todos os pontos “variável independente x preço observado” e a curva de regressão resultante for uma reta, evidenciado no gráfico seguinte. Gráfico 1 – Regressão Linear Simples Representa-se pela seguinte equação: Equação 2 – Modelo de Regressão Linear Simples Y= b0+b1.X Onde: Y: Variável dependente (ou explicada); X: Variável independente (ou explicativa); b0: Intercepto ou coeficiente linear da reta; b1: Coeficiente angular da reta. Para o mercado imobiliário, faz-se necessária a utilização de modelos baseados em regressão linear múltipla, uma vez que os preços praticados neste segmento dependem de mais de uma variável independente para explicá-los (NERY, 2014). 3.9.2. Regressão Linear Múltipla O modelo de regressão múltipla é composto de, pelo menos, duas variáveis independentes e se representa em um sistema de coordenadas formado por três eixos ortogonais, sendo um eixo para a variável dependente e os restantes para 27 cada variável independente onde todos os pontos “variáveis independentes x preço observado” e a superfície de regressão for um plano, comprovado no gráfico subsequente. Gráfico 2 – Regressão Linear Múltipla Utiliza-se a regressão linear múltipla principalmente em avaliações de imóveis urbanos e quando mais de uma variável independente interfere na variabilidade dos preços de mercado. Representa-se pela seguinte equação: Equação 3 – Modelo de Regressão Linear Múltipla Y=b0+b1X1+b2X2+b3X3+ ⋯ + bkXk+ e Onde: Y: Variável dependente; X1…Xk: Variáveis independentes; b0: Intercepto (constante da equação); b1…bk: Coeficientes parciais da regressão; e: Erro total da regressão (desvio da estimativa). 3.9.3. Pressupostos Básicos do Modelo Ressalta-se a necessidade de se observar os pressupostos descritos a seguir em conformidade com a norma NBR 14.653-2:2011, evidenciando suas especificações, normalidade, homocedasticidade, colinearidade, não- X2 Y X1 28 multicolinearidade, não-autocorrelação, independência e inexistência de pontos atípicos, com o objetivo de obter avaliações não tendenciosas, eficientes e consistentes (SILVA; FLORENCIO, 2014). 3.9.3.1. Linearidade Analisa-se o comportamento gráfico da variável dependente em relação a cada variável independente, verificando se refletem o comportamento do mercado resultando-se assim num modelo satisfatório. Caso contrário, deve-se realizar transformações (item A.2.1.1). 3.9.3.2. Normalidade Verifica-se a normalidade através das seguintes maneiras: exame de histograma dos resíduos amostrais padronizados para averiguar se é semelhante com a curva normal; análise do gráfico de resíduos padronizados versus valores ajustados onde se deve apresentar pontos dispersos aleatoriamente, com a maioria situado no intervalo [ - 2; + 2]; comparação da frequência relativa dos resíduos amostrais padronizados nos intervalos de [ -1; + 1 ] , [ -1,64; + 1,64 ] e [ -1,96; + 1,96 ], com as probabilidades da distribuição normal padrão nos mesmos intervalos, ou seja, 68%, 90% e 95%; exame do gráfico dos resíduos ordenados padronizados versus quantis da distribuição normal padronizada, que deve se aproximar da bissetriz do primeiro quadrante; testes de aderência não-paramétricos (item A.2.1.2). 3.9.3.3. Homocedasticidade Verifica-se por intermédio da análise gráfica dos resíduos versus valores ajustados que devem apresentar pontos dispostos aleatoriamente, sem nenhum padrão definido, e também pelo teste de Park e de White (item A.2.1.3). 3.9.3.4. Autocorrelação O exame da autocorrelação deve ser precedido pelo pré-ordenamento dos elementos amostrais, em relação aos valores ajustados e, se for o caso, às variáveis independentes possivelmente causadoras do problema. Sua verificação pode ser feita, entre outros procedimentos, pela análise do gráfico dos resíduos cotejados com os valores ajustados, que deve apresentar pontos dispersos aleatoriamente, sem nenhum padrão definido (item A.2.1.4). 29 3.9.3.5. Colinearidade ou Multicolinearidade Forte dependência linear entre duas ou mais variáveis independentes provoca degenerações no modelo e limita a sua utilização. Para verificação da multicolinearidade deve-se, em primeiro lugar, analisar a matriz das correlações, que espelha as dependências lineares de primeira ordem entre as variáveis independentes, com atenção especial para resultados superiores a 0,80. Possibilita- se também ocorrer multicolinearidade, mesmo quando a matriz de correlação apresenta coeficientes de valor baixo, recomenda-se, também, verificar o correlacionamento de cada variável com subconjuntos de outras variáveis independentes, por meio de regressões auxiliares, como pela análise de variância por partes (item A.2.1.5). 3.9.3.6. Pontos influenciantes ou “outliers” Verifica-se a existência desses pontos atípicos pelo gráfico dos resíduos versus cada variável independente, como também em relação aos valores ajustados, ou usando técnicas estatísticas mais avançadas, como a estatística de Cook ou a distância de Mahalanobis para detectar pontos influenciantes (item A.2.1.6). 3.9.3.7. Coeficiente de Correlação Representa a dependência linear entre a variável explicada (Y) e explicativa (X), variando entre -1 e +1. Quanto mais próximo da unidade estiver o módulo deste resultado da unidade, maior será esta dependência. Quanto mais próximo de zero, menor será (NERY, 2014). 3.9.3.8. Coeficiente de Determinação Representa o poder de explicação do modelo em relação às variáveis consideradas e é calculado através do quadrado do coeficiente de correlação variando entre 0<R²≤1 (NERY, 2014). 3.9.3.9. Poder de Explicação A explicação do modelo pode ser aferida pelo seu coeficiente de determinação que sempre cresce com o aumento do número de variáveis independentes e não leva em conta o número de graus de liberdade perdidos a cada parâmetro estimado. Deve-se considerar o coeficiente de determinação ajustado (item A.4). 30 3.9.3.10. Campo de Arbítrio Intervalo com amplitude de 15%, para mais e para menos, em torno da estimativa de tendência central utilizada na avaliação utilizado quando variáveis relevantes para a avaliação do imóvel não tiverem sido contempladas no modelo, por escassez de dados de mercado, por inexistência de fatores de homogeneização aplicáveis ou porque essasvariáveis não se apresentaram estatisticamente significantes em modelos de regressão, desde que a amplitude seja suficiente para absorver as influências não consideradas e que os ajustes sejam justificados (item 8.2.1.5). 3.9.3.11. Intervalos de Confiança Corresponde ao intervalo no qual se pode afirmar com determinada probabilidade que o verdadeiro valor do parâmetro populacional está contido (DANTAS, 1998, p.88). Larson e Farber (2015) ressaltam que o intervalo de confiança produz limites de erro sobre o parâmetro. 3.10. Softwares Específicos Utilizados na Engenharia de Avaliações Há uma extensa variedade de softwares específicos utilizados na Engenharia de Avaliações para auxílio no planilhamento, modelagem e análise estatística, dentre eles destaca-se o TS-SISREG, empregado no presente trabalho. O TS- SISREG foi desenvolvido pela TECSYS Engenharia para avaliação imobiliária e contempla a modelagem por meio de regressão linear e redes neurais. 3.11. Tributos Imobiliários O incremento das receitas do município depende de ações específicas no campo legislativo e operacional. Dentre eles, destacam-se os impostos por serem de competência privativa. Seu conjunto sintetiza-se em impostos, taxas e contribuições. Os impostos constituem fontes de financiamento da atividade municipal, enquanto as taxas e contribuições são fontes de ressarcimento de custos de determinada atividade ou realização de obras. O § 1º do art. 145 da Constituição Federal reforça que os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. GUEDES (2008) relata que a carga tributária resultante requer a busca de um 31 ponto de equilíbrio para adequar-se às diferenças socioeconômicas e culturais da sociedade residente no município. A estrutura e a diversidade do patrimônio imobiliário local refletem, em princípio, essa desigualdade. Nesse contexto, sugere- se a amplitude e diversificação da carga tributária atendendo aos seguintes princípios: Equidade: a carga tributária resultante deve estar relacionada com o princípio da capacidade contributiva, baseado na premissa de ser decrescente a utilidade marginal da renda, ou seja, quanto maior a renda do contribuinte, menor, em termos relativos, é a parcela que ele destina à satisfação das suas necessidades básicas; Produtividade: a arrecadação tributária, como fonte de financiamento das ações governamentais, deve contribuir com recursos financeiros em montantes adequados para atender as crescentes demandas; Eficácia: a simplicidade do sistema, aliada à perfeita identificação dos fatos imponíveis e dos respectivos contribuintes, deve reduzir, de um lado, a sonegação e a inadimplência e, de outro, o custo da administração de toda a atividade tributária. (GUEDES, 2008, p.20) Posto isto, descreve-se breves esclarecimentos sobre os principais impostos tributários municipais, sendo estes: ✓ O Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU) incide sobre a propriedade de bens imóveis localizados na zona urbana. ✓ O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza se aplica para todos serviços diferentes de comunicações e transporte interestadual e intermunicipal. ✓ Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI) se aplica apenas às transmissões onerosas imobiliárias, tratando-se do imposto em que o comprador do imóvel, cedente ou permutante, paga sobre o valor do negócio, sendo seu recolhimento obrigatório para o Registro de Imóveis e a conclusão da escritura. Entretanto, devido à baixa qualidade das avaliações, a carga tributária pode ser equivocadamente transferida entre contribuintes em que propriedades são depreciadas, supervalorizadas ou, em outras situações, quando a carga tributária se concentra na tributação sobre o consumo e não considera os rendimentos do adquirente do bem, gerando assim regressividade na cobrança do imposto. Logo, propriedades que apresentam as mesmas características podem ser avaliadas e, em decorrência, por níveis avaliatórios distintos discordam do princípio da isonomia 32 ferindo o tratamento justo para os cidadãos. Dentre os impostos citados, especifica-se abaixo sobre o tributo estudado no presente trabalho. 3.11.1. Imposto sobre a Transmissão de Bens e de Direitos a eles Relativos Caracteriza-se pela lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, seção III, art. 35, CTN, a competência para atribuir as operações de transmissão imobiliária relativas a quaisquer bens ou direitos. A tributação incide sobre operações de transmissões onerosa por ato inter vivos de bens imóveis, adquiridos por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição, denominado Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter vivos (ITBI), ou Imposto sobre Transmissão Inter Vivos (ITIV). Contudo, não é preciso pagar o ITBI quando o imóvel for adquirido por doação (transmissão não onerosa) ou quando a transmissão configurar algum caso de isenção, não incidência ou imunidade. A base de cálculo do imposto é baseada no valor venal dos bens ou direitos transmitidos, ou seja, usualmente estabelecido a partir do valor de mercado do imóvel onde se consideram área, localização, preço de mercado, entre outras variáveis. Sobre esse mesmo valor aplica-se uma alíquota para se chegar ao total do imposto. No município de Recife, o ITBI regulamenta-se pelos artigos 43 a 61 da Lei 15.563 de 1991 – Código Tributário Municipal, atuando como condição indispensável para o registro no cartório da transferência de um imóvel adquirido sendo este imóvel territorial ou predial. Ainda de acordo com o artigo 52 da Lei 15.563/91, Código Tributário Municipal, a alíquota do ITBI é 3% seja o imóvel edificado ou não, podendo variar para 1% nos casos de imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação – SFH e 1,8% quando o contribuinte opta por promover o recolhimento antecipado do ITBI, conforme previsto na referida Lei. Esta alíquota é. O art. 43 determina o pagamento do imposto em consequência de: a) compra e venda pura ou com cláusulas especiais; b) arrematação ou adjudicação; c) mandato em causa própria e seus substabelecimentos, quando o instrumento contiver os requisitos essenciais à compra e venda; 33 d) permutação ou dação em pagamento; e) o excesso em bens imóveis sobre o valor do quinhão da meação, partilhado ou adjudicado nas separações judiciais a cada um dos cônjuges, independente de outros valores partilhados ou adjudicados, ou ainda dívida do casal; f) a diferença entre o valor da quota-parte material recebido por um ou mais condôminos, na divisão para extinção de condomínio, e o valor de sua quota-parte ideal; g) o excesso em bens imóveis sobre o valor do quinhão hereditário ou de meação, partilhado ou adjudicado a herdeiro ou meeiro; h) a transferência de direitos reais sobre construções existentes em terreno alheio, ainda que feita ao proprietário do solo; i) incorporação de bens imóveis e direitos a eles relativos, ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, quando esta tiver como atividade preponderante a compra e venda, a locação e o arrendamento mercantil de bens imóveis; (RECIFE; 1991, art. 43, p.31) Sendo expressa assim a base de cálculo do imposto: Equação 4 – Base de Cálculo do ITBI Imposto = VV . a Onde: VV: Valor venal; a: Alíquota do ITBI (varia de 1% a 3%); Conforme no art. 39 da Constituição Federal, a alíquota do imposto não excederá os limites fixados em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de aplicaçãode alíquota mais baixa, as transmissões que atendam à política nacional de habitação. Denota-se ainda que há exceções no ITBI, sendo estes os casos para isenção do pagamento do imposto: I – A aquisição de imóvel componente de conjuntos habitacionais populares financiados por meio da Companhia de Habitação Popular de Pernambuco – COHAB-PE ou do Serviço Social Agamenon Magalhães – SSAM, a título definitivo ou de promessa de compra e venda, com ou sem cláusula de arrependimento, durante o prazo de amortização das parcelas; II – A aquisição de terrenos que se destinem à construção de unidade habitacional popular pela Companhia de Habitação Popular de Pernambuco – COHAB-PE; III – a aquisição de bem imóvel para residência própria cujo valor venal, definido nos termos da legislação em vigor, não ultrapasse o valor máximo de aquisição das unidades previsto no Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV, para as unidades destinadas às famílias na faixa 1; IV – A aquisição de bem imóvel para residência própria, por ex-combatente brasileiro. (RECIFE; 1991, art. 48, p. 33) 34 4. METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido em três etapas, a saber: (i) determinação de área de estudo; (ii) coleta de dados; (iii) análise e tratamento de dados. 4.1. Área de Estudo 4.1.1. Dados Históricos do Recife De acordo com o IBGE (2017), o município Recife tem população de 1.633.697 habitantes e área territorial de 218,435 km². O Recife tem clima tropical- úmido com ambientes naturais compostos por praias, rios, mangues, matas e mananciais. A urbanização iniciou pelo Bairro do Recife, crescendo no século XIX. Nesta fase, a cidade apontava parar estrutura urbana radiocêntrica, com formato de estrela apontando para cinco direções sendo norte, sul, sudeste, oeste e noroeste. O processo de metropolização avança em 1950 com integração de área intersticial entre Recife e Olinda. Em 1970, a conurbação entre municípios da redondeza incentivam a implantação de distritos industriais e grandes conjuntos habitacionais. Destacam-se os empreendimentos Porto de Suape no eixo sul, o polo farmacoquímico, a Fiat ao norte e a Cidade da Copa no eixo oeste que intensificam a dinâmica metropolitana, gerando maior pressão sobre a Cidade, núcleo central da Metrópole do Recife. 4.1.2. Caracterização da Região Os imóveis objetos de estudo estão localizados no bairro da Graças, na cidade de Recife-PE. Serão apresentadas informações pertinentes com breve descrição das principais características do bairro na qual os apartamentos estão inseridos, com objetivo de caracterizar tal adjacência. O bairro tornou-se fronteira imobiliária, devido ao alto valor de localização e poder aquisitivo de população. Indica alta verticalização, ou seja, processo urbanístico em que consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios de luxo e arranha-céus. 35 4.1.2.1. Dados Históricos das Graças Figura 1 – Mapa de Sistema Viário Fonte: Desenvolvimento Humano no Recife (2005) Surgiu a partir de sítio em torno do perímetro Capunga. No século XIX, recebeu o nome após a construção da Igreja de Nossa Senhora das Graças, em 36 1872. O bairro Graças é considerado nobre da Zona Norte do Recife. Com população de 20.538 habitantes, sendo 43.05% homens e 56.95% mulheres, e área territorial de 144 hectares, o bairro – localizado entre a classe alta da Capital do Estado de Pernambuco – apresenta um dos maiores níveis de qualidade de vida com 99,2% da população alfabetizada com média de 2,9 moradores por domicílio e rendimento nominal médio mensal de R$ 9.484,01. Apresenta-se na Figura 1 o mapa de sistema viário do bairro contendo circunjacência, logradouros, demarcações e pontos de interesses culturais, descritos estes posteriormente. Figura 2 – Vista Aérea do Bairro Graças Fonte: Google (2018) No bairro há uma variedade de pontos com destaque de valorização cultural, educação, saúde e gastronomia, como por exemplo, construções históricas como o Museu do Estado de Pernambuco, casarões antigos, palacetes e igrejas; instituições de ensino como a Academia Pernambucana de Letras, Colégio Governador Barbosa Lima, Colégio Vera Cruz, Colégio Agnes, Colégio Marista São Luís, Colégio Damas, entre outros; Hospitais, comércios, consultórios, restaurantes, pizzarias, academias, farmácias, salão de beleza, praças e entre outros que revitalizam o povoado bairro. 37 Uma vista aérea do bairro das Graças é apresentada na Figura 2. 4.1.2.1.1. Pontos de Valorização Cultural O bairro exalta modernidade e ao mesmo tempo preserva patrimônios históricos. Presencia riquezas da arquitetura do século 19 e, ainda assim, alguns desses casarões transformam-se quando construídos edifícios em seu terreno e dando-os assim uma nova função, servindo de exemplo o recente edifício Graças Studio Prime localizado na Rua da Amizade, 236. E em meio a todas estas transformações, apresentam-se abaixo alguma das atrações das Graças. 4.1.2.1.1.1. Parques & Áreas Verdes Figura 3 – Praça do Entroncamento Fonte: Júnior (2013) Construída em 1925 e inaugurada em 19 de outubro de 1925 com o nome de Praça Correia de Araújo, ficou conhecida como Praça do Entroncamento por se encontrar próxima à interseção de vias férreas de maxambomba, trem que serviu à cidade de 1865 até os primeiros anos do século 20. A praça atualmente apresenta paisagismo moderno com um círculo de palmeiras ao redor da fonte exposta na 38 Figura 3, e esculturas do famoso colecionador Ricardo Brennand. Figura 4 – Jardim do Baobá Fonte: Chaves (2016) O espaço verde faz parte do Projeto Parque Capibaribe localizado nas margens do Rio Capibaribe. O local tem esse nome devido à árvore exibida na Figura 4, Baobá, que é reconhecida como patrimônio do Recife desde 1988 com 15 metros de altura e copa com 10 metros de diâmetro. O ambiente tem mais de 2 (dois) mil metros quadrados com áreas de passeio, lazer e práticas esportivas com ciclovia, mesas comunitárias, balanços e píer flutuante. 39 4.1.2.1.1.2. Patrimônios Históricos Figura 5 – Museu do Estado de Pernambuco Fonte: Dsb (2015) O Museu do Estado de Pernambuco retratado na Figura 5 está localizado na Avenida Rui Barbosa, 960. Foi criado em 1929 onde o palacete costumava ser a antiga residência do filho do Barão de Beberibe, Dr. Augusto Frederico de Oliveira. Renovado. Este casarão, atual Palacete Estácio Coimbra, é um modelo de residência há dois séculos com uma exposição de obras do acervo do museu que reúne pinturas, esculturas, objetos em porcelana, metal e vidro, móveis e imagens sacras que se distribuem na área de arqueologia, cultura indígena, presença Holandesa em Pernambuco, arte Sacra e cultura afro-brasileira que possibilitam a reflexão e percepção dos modos e costumes de vida do cotidiano doméstico na época. 40 Figura 6 – Estação de Ponte D’Uchoa Fonte: Camelo (2007) Vainsencher afirma que originalmente era um caminho estreito e sinuoso que servia de acesso aos engenhos de Casa Forte, Monteiro, Apipucos e Dois Irmãos. Tem o apelido devido ao responsável por sua criação, o capitão Antônio Borges Uchôa. O mesmo tinha o intuito de permitir acesso à outra margem do Rio Capibaribe para visitar os familiares de sua esposa. O monumento histórico denotado na Figura 6 foi construído para trens urbanos que ligavam a Zona Norte do Recife ao Centro, definidos como maxambombas. É considerado um dos exemplosde arquitetura de ferro. 41 4.1.2.2. Infraestrutura Urbana ▪ Esgoto: Serviços de coleta e tratamento de esgoto prestado pela empresa COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento. ▪ Água: Fornecimento de água servida pela empresa COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento. ▪ Telefonia: Disponibilidade de serviço de telefonia por diversas empresas. ▪ Rede Internet: Disponibilidade de serviço de rede por diversas empresas. ▪ Correspondência: Serviço prestado por diversas empresas. ▪ Coleta lixo: Serviço prestado pela EMLURB – Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana da Prefeitura da cidade do Recife. 4.1.2.3. Lei dos Doze Bairros Atualmente o bairro Graças sofreu uma mudança com a Lei de nº 16.719, de 30 de novembro de 2001, referente à criação do ARU – Área de Reestruturação Urbana composta pelos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira onde se estabelecem condições de uso e ocupação de solo que devem obedecer às normas estabelecidas nesta lei. 42 4.2. Coleta de Dados Grande parte dos dados foi pesquisada pelo autor deste trabalho, através de levantamento a partir de sites de internet, imobiliárias e construtoras. As demais informações foram cedidas pela Secretaria de Finanças (SEFIN), a partir da exportação do Sistema de Cadastro Imobiliário (CADIMO), onde estão reunidas todas as características dos imóveis tomados como referência do ano de 2018 no presente estudo com a finalidade da avaliação de imóveis localizados na cidade do Recife. Os dados levantados são compostos pelas seguintes informações: logradouro com endereço, numerologia, apartamento e bairro; valor declarado obtido em contrato de compromisso de compra e venda de imóvel com natureza de transação; valor de imóvel arbitrado pelos funcionários do ITBI; tipo de empreendimento; área total do apartamento; área privativa do apartamento; quantidade de pavimentos por edifício; quantidade de subunidades (apartamentos) por edifício; ano de construção; data da pesquisa. Não obstante, salienta-se que o logradouro dos dados amostrais como nome de rua, edifício e apartamento foram omitidos por questões de sigilo em respeito à privacidade dos proprietários dos imóveis estudados. 4.2.1. Planilha de Coleta de Dados A planilha de coleta de dados facilita o registro de todas as informações dos dados amostrais que podem ser importantes na formação dos preços. As informações das amostras foram coletadas através de sites de anúncios e a outra foi cedida pelo ITBI. Sendo assim, preencheram-se dezessete variáveis, sendo dezesseis variáveis independentes e uma variável dependente, descritas abaixo. A referida planilha é apresentada no Apêndice A. 4.2.2. Caracterização das Variáveis Pesquisadas Abaixo segue breve descrição sobre as variáveis pesquisadas dos apartamentos situados no bairro Graças. 4.2.2.1. Andar (posição) Andar em que o apartamento está localizado. 43 4.2.2.2. Área real total Somatório da área privativa e comum do apartamento. 4.2. 2.3. Área de uso privativo Área efetivamente utilizada do apartamento, incluindo paredes internas e sacada. 4.2.2.4. Quarto Quantidade de quartos por apartamento, definidos como aposento ou compartimento onde se dorme. 4.2.2.5. Suíte Quantidade de suítes por apartamento, definidas como uma acomodação formada por quarto e banheiro exclusivo. 4.2.2.6. Quarto de serviço Dependência de empregada no apartamento estabelecida por quarto de serviço e banheiro de serviço. 4.2.2.7. Vaga de garagem Vagas destinadas para abrigo de veículos por apartamento, podendo ser coberta ou descoberta. 4.2.2.8. Subunidade Quantidade de apartamentos por edificação (bloco). 4.2.2.9. Pavimento Quantidade de andares da edificação (bloco). 4.2.2.10. Idade real Período decorrido entre data que foi concluída a edificação e data atual. 4.2.2.11. Elevador Existência ou ausência por edificação (bloco) de máquina para transporte de pessoas ou cargas em deslocação vertical. 4.2.2.12. Padrões dos Imóveis De acordo com a NBR 12721:2005, para representar os diferentes tipos de edificação e caracterização dos padrões de construção dos imóveis utilizam-se os seguintes critérios levando em consideração as condições de acabamento, qualidade de materiais, equipamentos, número de elevadores e área de lazer. Sendo assim, classifica-se a partir da tabela: 44 45 Tabela 1 – Características Principais dos Padrões de Acabamento RESIDÊNCIA POPULAR (RP1Q) RESIDÊNCIA PADRÃO BAIXO (R1-B) RESIDÊNCIA PADRÃO NORMAL (R1-N) RESIDÊNCIA PADRÃO ALTO (R1-A) Residência composta de dois dormitórios, sala, banheiro e cozinha com área real de até 39,56 m² Residência composta de dois dormitórios, sala, banheiro, cozinha e área para tanque com área real de até 58,64 m² Residência composta de três dormitórios, sendo um suíte com banheiro, banheiro social, sala, circulação, cozinha, área de serviço com banheiro e varanda (abrigo para automóvel) com área real de até 106,44 m² Residência composta de quadro dormitórios, sendo um suíte com banheiro e closet, outro banheiro, banheiro social, sala de estar, sala de jantar e sala íntima, circulação, cozinha, área de serviço completa e varanda (abrigo para automóvel) com área real de 224,82 m² Fonte: ABNT (2005, p. 13) 4.2.2.13. Equipamentos Identificados Consideram-se equipamentos todos os espaços e máquinas que compõem a área comum do edifício, ou segundo ABNT (2005, p. 4): “[...] Área coberta e descoberta situada nos diversos pavimentos da edificação e fora dos limites de uso privativo, que pode ser utilizada em comum por todos ou por parte dos titulares de direito das unidades autônomas.”. Foram estes os equipamentos identificados em anúncios: Academia ou Sala de Ginástica: Lugar, centro onde se faz ginástica e se pratica esporte. Ambiente de Sauna: Banho de vapores de água quente. Aquecimento Central ou Solar: Sistema provido de resistências elétricas ou de serpentinas que centraliza o aquecimento da água de todas as torneiras de apartamento. Bicicletário: Local destinado para estacionar ou guardar bicicletas sem motores movidos a combustível. Brinquedoteca: Local destinado que contém coleções de jogos e brinquedos, 46 para livre uso, sendo principalmente crianças e adolescentes. Central de Gás: Área devidamente delimitada que contém recipientes transportáveis ou estacionários e acessórios, destinados ao armazenamento de GLP – Gás Liquefeito de Petróleo para consumo da própria instalação. Central de Ar Condicionado: Local com conjunto de máquinas de grande porte utilizadas para atingir e manter a temperatura necessária selecionada. Sistema de segurança: Circuito fechado de televisão, composto de câmeras, ligadas a um sistema de monitoramento e tratamento de imagem empregado nas atividades de segurança. Churrasqueira: Ambiente que contém grelha ou aparelho elétrico para fazer churrasco. Cisterna: Reservatório subterrâneo de águas pluviais. Copa: Local destinado à preparação de mantimentos e armazenamento de louças. Espaço Gourmet: Área privilegiada instalada, próximo de elementos vazados, destinada à prática e degustação culinária. Gerador de Energia e/ou Projeto de Iluminação: Equipamentoelétrico capaz de transformar qualquer tipo de energia em energia elétrica; Combinação entre iluminação artificial e arquitetura, visando melhor emprego de lâmpadas e modo de iluminação no ambiente. Guarita ou Recepção: Ambiente destinado ao recebimento e reconhecimento de inquilino e/ou visitante para permissão de entrada. Hall Privativo: Divisão imediata do apartamento com o exterior onde se recepcionam as pessoas. Interfone: Aparelho comunicativo que objetiva um usuário de fora de um prédio se comunicar com porteiro ou morador. Jardim: Espaço planejado ao ar livre para exibição, cultivação e apreciação de plantas, flores e outras formas de natureza. Piscina: Tanque com água artificial para natação. Pista de Cooper: Pista para prática de corrida em ritmo mais rápido que a caminhada e mais lento que a corrida. Playground: Local ao ar livre destinado para recreação infantil composto de 47 brinquedos para entretenimento de crianças. Poço Artesiano: Poço tubular profundo perfurado em local onde a linha de pressão do aquífero está acima do nível do solo, fazendo com que a água jorre espontaneamente, sem a necessidade de bomba para extraí-la. Portão Eletrônico: Portão controlado por energia elétrica e utilizado para controle de entrada ou saída de pessoas. Quadra Poliesportiva: Terreno demarcado e preparado para realização de práticas esportivas como tênis, futsal, vôlei, basquete, entre outros; Salão de Festas: Ambiente destinado a reuniões e comemorações. Salão de Jogos: Área voltada ao público adulto com coleção de jogos como tabuleiro, xadrez, mesa de pebolim, mesa de bilhar, sinuca, mesa de tênis, entre outros. Sprinkler Contra Incêndio: Dispositivo utilizado no combate a incêndios designados para responder rapidamente ao incêndio crescente, liberando grande volume de água com objetivo de controlar e suprimir o fogo. Terraço, Deck ou Solário: Ambiente exposto ao ar livre calçado por madeira, cerâmica e outros tipos de piso externo que delimitam áreas que pode funcionar solário1, playground e demais áreas para lazer. 4.2.2.14. Data da Pesquisa Ordenação por data dos dados pesquisados. 4.2.2.15. Preço Total Valor avaliado ou ofertado do apartamento. 4.2.2.16. Preço Unitário Valor derivado da razão do preço total pela área privativa do apartamento. 1 Ambiente aconchegante, descoberto para banho de sol e descanso em contato com natureza. 48 4.2.3. Caracterização das Abreviaturas das Variáveis As variáveis receberam as seguintes abreviaturas presentes na tabela posterior: Tabela 2 – Relação de Abreviaturas de Variáveis ABREVIATURA VARIÁVEL AN ANDAR AP ÁREA PRIVATIVA AT ÁREA TOTAL QT QUARTOS SU SUÍTES QS QUARTO DE SERVIÇO VG VAGA DE GARAGEM SB SUBUNIDADES PV PAVIMENTOS IR IDADE REAL PA PADRÃO DE ACABAMENTO EL ELEVADOR EQ EQUIPAMENTO PU PREÇO UNITÁRIO PT PREÇO TOTAL Fonte: Autor. 4.2.4. Caracterização dos Apartamentos Selecionados 4.2.4.1. Edifício A Construído em 2017, tendo um ano de idade real e sendo composto por dezessete pavimentos, noventa subunidades, 111,96 m² de área real total, 54,52 m² de área privativa real e elevador vertical. Cada apartamento possui uma vaga coberta de garagem, sem dependência completa de empregada, dois quartos, sendo uma suíte, além de sala para dois ambientes (estar e jantar), banheiro social, cozinha americana e área de serviço. Seu padrão de construção considerado é o baixo, existindo onze equipamentos detectados em anúncios, sendo estes: salão de festas; espaço gourmet; hall privativo; terraço, deck ou solário; sala de jogos; bicicletário; piscina; jardim; guarita; sala de ginástica; sistema de segurança. O edifício fica próximo a farmácias, instituições de ensino, igrejas, lojas, restaurantes, galerias, praças, clubes, hospitais, entre outros. 49 4.2.4.2. Edifício B Construído em 2016, tendo dois anos de idade real e sendo composto por dezesseis pavimentos, cento e oito subunidades, 70,49 m² de área real total, 35,53 m² de área privativa real e elevador vertical. Cada apartamento possui uma vaga coberta de garagem, sem dependência completa de empregada e um quarto, além de sala para dois ambientes, banheiro social, cozinha e área de serviço. Seu padrão de construção considerado é o popular, existindo oito equipamentos detectados em anúncios, sendo estes: salão de festas; guarita; piscina; interfone; portão eletrônico; poço artesiano; gerador de energia e central de gás. O edifício fica próximo a supermercado, cinema, restaurantes, igrejas, hospitais, entre outros. 4.2.4.3. Edifício C Construído em 2000, tendo dezoito anos de idade real e sendo composto por treze pavimentos, quarenta e quatro subunidades, 141,25 m² de área real total, 82,00 m² de área privativa real e elevador vertical. Cada apartamento possui uma vaga coberta de garagem, com dependência completa de empregada, dois quartos, sendo uma suíte, além de sala para dois ambientes, quartos com armário sendo a suíte com box blindex e armário, área de serviço e cozinha. Seu padrão de construção considerado é o normal, existindo sete equipamentos detectados em anúncios, sendo estes: guarita; interfone; jardim; poço artesiano; portão eletrônico; salão de festas; central de gás. O edifício fica próximo ao shopping, restaurantes, parques, instituições de ensino, praças, comércios, entre outros. 4.2.4.4. Edifício D Construído em 2006, tendo doze anos de idade real e sendo composto por dezesseis pavimentos, cinquenta e seis subunidades, 143,71 m² de área real total, 96,90 m² de área privativa real e elevador vertical. Cada apartamento possui duas vagas cobertas de garagem, com dependência completa de empregada, três quartos, sendo uma suíte, além de sala para dois ambientes, varanda, cozinha, área de serviço e banheiro de serviço. Seu padrão de construção considerado é o normal, existindo quinze equipamentos detectados em anúncios, sendo estes: guarita ou 50 recepção; portão eletrônico e/ou interfone; circuito interno de tv; jardim externo; piscina; playground; quadra poliesportiva; sala de jogos; hall privativo; cisterna; terraço, deck ou solário; central de gás; gerador de energia; sala de ginástica; salão de festas. O edifício fica próximo a lanchonetes, academia, instituições de ensino, clínica odontológica, loja comercial, restaurantes, farmácias e hospitais. 4.2.4.5. Edifício E Construído em 2001, tendo dezessete anos de idade real e sendo composto por vinte e seis pavimentos, noventa e duas subunidades, 212,07 m² de área real total, 137,00 m² de área privativa real e elevador vertical. Cada apartamento possui duas vagas cobertas de garagem, com dependência completa de empregada, três quartos, sendo uma suíte, além de banheiro social com box, uma sala para dois ambientes, área de serviço, cozinha com armário, corredor, varanda e banheiro de serviço. Foram coletadas informações de três apartamentos no total. Seu padrão de construção considerado é o normal, existindo onze equipamentos detectados em anúncios, sendo estes: central de gás; jardim; piscina; playground; sala de ginástica; salão de festas; quadra esportiva; gerador de energia; portão eletrônico; salão de jogos; sistema segurança. O edifício fica próximo ao supermercado, instituição de ensino, bancos, farmácias, clubes e parques. 51 4.3. Análise de Dados Para a etapa de análise dos dados foram consideradas as seguintes fases:
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