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2009 AvAliAção de imóveis Prof. Daniel Alves soares Prof. Roberto Gartner Copyright © UNIASSELVI 2009 Elaboração: Prof. Daniel Alves soares Prof. Roberto Gartner Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.3 S676a Soares, Daniel Alves. Caderno de Estudos: Avaliação de Imóveis / Daniel Alves Soares [e] Roberto Gärtner. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2009. x ; 122 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-190-3 1. Administração – Avaliação de Imóveis I.Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Gärtner, Roberto. III. Núcleo de Ensino a Distância. IV. Título. Impresso por: III ApresentAção Caros(a) Acadêmicos(a) O trabalho do profissional de corretor de imóveis tornou-se cada vez mais significativo, à medida que a urbanização cresceu no Brasil, aliado à demanda e oferta de imóveis urbanos e rurais. Diante disto, é importante que a avaliação dos imóveis seja feita de forma correta e profissional, através do uso de metodologia e um roteiro a ser seguido. Desta maneira, a busca por todo tipo de informação fornece melhores condições na avaliação de imóveis, além de possibilitar o desenvolvimento de um trabalho de qualidade e com maior garantia. Os objetivos de uma avaliação podem ser terrenos para habitação ou comércio, glebas urbanizáveis, casas, apartamentos, salas comerciais ou prédios industriais. Para que seja feita uma boa avaliação dos imóveis, o profissional deve conhecer não só as ferramentas matemáticas envolvidas no cálculo, mas também o funcionamento do mercado em que se situa o imóvel. Qualquer que seja o método empregado, a intenção é sempre obter o valor de mercado do imóvel. As abordagens de cálculo são distintas, cada qual com suas peculiaridades e limitações. É com base em todo o exposto que apresentamos o presente caderno de estudos, o qual tem o intuito de apresentar as principais atividades das intermediações na avaliação de imóveis, além da classe, os princípios éticos e a legislação que rege tais avaliações. Bom Estudo! Professor Daniel Alves Soares Professor Roberto Gärtner IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII sumário UNIDADE 1 – CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS ................................................... 1 TÓPICO 1 – URBANIZAÇÃO ............................................................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO ................................................................................................ 3 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 6 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 7 TÓPICO 2 – CONCEITOS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS ........................ 9 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 9 2 CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS ............................................................................ 9 3 CONCEITO DE VALOR ................................................................................................................... 11 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 14 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 3 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS ........................................................... 19 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19 2 TIPOS DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ..................................................................................... 20 2.1 MÉTODO COMPARATIVO .................................................................................................. 21 2.2 MÉTODO EVOLUTIVO ......................................................................................................... 23 2.3 MÉTODO INVOLUTIVO ...................................................................................................... 23 2.4 MÉTODO DA CAPITALIZAÇÃO DA RENDA ............................................................. 25 2.5 MÉTODO DA QUANTIFICAÇÃO DO CUSTO ............................................................ 26 2.6 MÉTODO DO CUSTO DE REPRODUÇÃO ..................................................................... 28 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 29 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 32 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 33 TÓPICO 4 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO .................................................................................... 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35 2 ETAPAS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 35 3 FONTES DE INFORMAÇÃO .......................................................................................................... 36 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 47 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 48 AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................49 VIII UNIDADE 2 – AVALIAÇÕES DE TERRENOS E EDIFICAÇÕES ............................................. 51 TÓPICO 1 – AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS ...................................................................... 53 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53 2 AVALIAÇÕES DE PROPRIEDADES RURAIS ............................................................................ 53 3 AVALIAÇÃO DE GLEBAS (PROPRIEDADES AGRÍCOLAS) ................................................ 55 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 59 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 60 TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS ................................................................. 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 TIPOS DE BENFEITORIAS ............................................................................................................. 63 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 71 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72 TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DE TERRENOS .................................................................................... 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73 2 TERRENOS URBANOS ................................................................................................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 80 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 81 TÓPICO 4 – DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS ................................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83 2 DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS ....................................................................................................... 83 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 86 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87 TÓPICO 5 – FORMAÇÃO DE PREÇO DE ALUGUÉIS ................................................................ 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 POR COMPARAÇÃO DIRETA ...................................................................................................... 89 3 POR REMUNERAÇÃO DE CAPITAL ........................................................................................... 90 4 POR PARTICIPAÇÃO NO FATURAMENTO.............................................................................. 90 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 91 RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 UNIDADE 3 – NORMAS E LAUDOS TÉCNICOS ........................................................................ 95 TÓPICO 1 – LAUDO DE AVALIAÇÃO ........................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97 2 ROTEIRO PARA LAUDO DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 97 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 101 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 105 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 106 IX TÓPICO 2 – NORMAS BRASILEIRAS DE AVALIAÇÃO ........................................................... 109 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 109 2 NB 14653 ............................................................................................................................................... 109 3 TÉCNICA DE ELABORAÇÃO DE LAUDOS .............................................................................. 111 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 114 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 116 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 117 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 119 X 1 UNIDADE 1 CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto a: • conhecer e adotar os conceitos de avaliação de imóveis; • identificar os métodos de avaliação de imóveis pelo profissional desta área; • possibilitar ao aluno(a) o processo de avaliação de imóveis e responsabili- dades. Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que, no final de cada um deles você encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – URBANIZAÇÃO TÓPICO 2 – CONCEITOS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS TÓPICO 3 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS TÓPICO 4 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 URBANIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Fixar o preço de venda, o valor da locação, a revisão do aluguel, bem como divisão de bens (separação, herança e outros) e ainda valores a serem pagos em desapropriações e seguros, fazem parte do trabalho do Corretor de Imóveis e também dos profissionais escritos nos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura. O trabalho dos corretores de imóveis tornou-se cada vez mais importante, à medida que a urbanização avançou no Brasil, aliado à demanda e oferta de imóveis urbanos e rurais de maneira crescente, sendo necessária que a avaliação dos imóveis fosse feita através de uma metodologia e um roteiro a ser seguido. 2 EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO O processo de urbanização no Brasil é considerado a partir da criação de cidades e distritos (vilas), independentes de suas características. Para Veiga (2003), a definição de cidade, ainda vigente no Brasil, foi estabelecida pelo Decreto-Lei nº 311, de 1938, que transformou em cidades todas as sedes municipais existentes, independentemente de suas características funcionais. Por força do citado Decreto-Lei, qualquer comunidade que seja sede de município ou de distrito será considerada urbana e, consequentemente, cidade, não importando a quantidade de habitantes que possua. Em 09 de novembrode 1967, foi promulgada a Lei Complementar nº 1, com o objetivo de estabelecer a necessidade de lei estadual e consulta prévia à população interessada para a criação de novos municípios. Esta lei estabelecia que a criação de novos municípios deveria ser precedida de: UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 4 Art. 1º [...] Parágrafo Único – O processo de criação de Município terá início mediante representação dirigida à Assembléia Legislativa, assinada, no mínimo, por 100 (cem) eleitores, residentes ou domiciliados na área em que se deseja desmembrar, com as respectivas firmas reconhecidas. Art. 2º. Nenhum Município será criado sem a verificação da existência, na respectiva área territorial, dos seguintes requisitos: I – população estimada, superior a 10.000 (dez mil) habitantes ou não inferior a 5 (cinco) milésimos da existente no Estado; II – eleitorado não inferior a 10% (dez por cento) da população; III – centro urbano já constituído, com número de casas superior a 200 (duzentas); IV – arrecadação, no último exercício, de 5 (cinco) milésimos da receita estadual de impostos. Este diploma permanece em vigor com a orientação traçada pelo art. 18, §4º, da Constituição Federal de 1988, alterado pela Emenda Constitucional nº. 15, de 12 de setembro de 1996. O art. 18, §4º, da Carta Magna reza que: [...] a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. NOTA Com a evolução e crescimento das cidades, surgem forças com expressivo significado, que podem alterar um determinado mercado imobiliário. Estas têm de ser cuidadosamente analisadas pelos profissionais que atuam na área de avaliações, os quais têm de estar preparados para interpretá-las. Estas forças podem criar, manter, modificar e até mesmo destruir o valor de mercado de um bem imóvel, muitas vezes motivadas por idéias e normas sociais, ajustes e alterações econômicas, regulamentações políticas e até mesmo por situações físicas ou naturais. Neste contexto, e diante da premissa de que tais forças determinam, o modelo das variáveis que afetam o custo, o preço e o valor, elementos de real importância para a elaboração de um laudo de avaliação, têm-se que as mesmas se encontram assim exemplificadas: TÓPICO 1 | URBANIZAÇÃO 5 De Características Físicas e Naturais - clima e topografia; - fertilidade do solo; - recursos minerais; - fatores comunitários, como o transporte, as escolas, as igrejas, os parques e as áreas de lazer; - controle das enchentes e conservação do solo; - características do solo e do subsolo; - avanços tecnológicos que afetam o uso da terra. De Características Sociais - crescimento e declínio populacional; - alterações na densidade populacional; - modificações no tamanho das famílias; - distribuição geográfica de grupos compatíveis; - atitudes relativas às atividades educacionais e sociais; - atitudes relativas ao projeto arquitetônico e sua utilidade; - outros fatores emergentes dos ideais e desejos sociais do homem. De Características Econômicas - recursos naturais: suas quantidades, qualidades, localização e taxas de esgotamento; - tendências comerciais e industriais; - tendências de emprego e níveis salariais; - disponibilidade de dinheiro e crédito; - níveis de preço, taxas de juros e carga tributária; - todos os demais fatores que têm efeito direto ou indireto sobre o poder aquisitivo. QUADRO 1: ASPECTOS IMPORTANTES DE INFERÊNCIA NO MERCADO. FONTE: Mendonça et al. (1998, p.15). No processo de urbanização, o valor do solo e os custos de transporte passaram a ter uma relação direta. Neste sentido, três fatores influenciam o valor do solo: físicos: a imobilidade do solo não permite o deslocamento do bem de um lugar para outro para atender à demanda e sua indestrutibilidade sempre garante a ele um valor; localização: são aqueles cuja localização de diversos usos do solo é produto da concorrência do mercado – melhor emprego do solo, maior valor. Exemplos destes fatores são: o sistema de transporte, cuja melhoria pode levar a um aumento do valor em regiões em que há melhor acessibilidade, o prestígio e as características sociais; regulamentação: considera as restrições legais, as normas e leis de zoneamento etc. Assim, apesar de reconhecer os valores dos imóveis, esses são incrementados com a melhoria do sistema de transporte, haja vista a importância da acessibilidade ao centro como fator principal de localização das funções urbanas, considerando que esta deve ser considerada com relação à toda região urbana e não só com relação à área central. 6 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: A definição de cidade, ainda vigente no Brasil, foi estabelecida pelo Decreto- Lei nº 311, de 1938, que transformou em cidades todas as sedes municipais existentes, independentemente de suas características funcionais. Algumas forças determinam o modelo das variáveis que afetam o custo, o preço e o valor, elementos de real importância para a elaboração de um laudo de avaliação, que são as características físicas e naturais, as características sociais e as características econômicas. No processo de urbanização, o valor do solo e os custos de transporte passaram a ter uma relação direta. Neste sentido, três fatores influenciam o valor do solo: físico, localização e regulamentação. Os valores dos imóveis são incrementados com a melhoria do sistema de transporte, haja vista a importância da acessibilidade como fator principal de localização das funções urbanas. RESUMO DO TÓPICO 1 7 Resolva as questões a seguir e exercite seus conhecimentos. 1) Fixar o preço de venda, o valor da locação, a revisão do aluguel, bem como divisão de bens (separação, herança e outros), e ainda valores a serem pagos em desapropriações e seguros, são atribuições que fazem parte do trabalho do Corretor de Imóveis e também dos profissionais escritos nos Conselhos Regionais de Engenharia e arquitetura. ( ) verdadeiro ( ) falso 2) Por força do citado Decreto-Lei, não é qualquer comunidade que seja sede de município ou distrito que será considerada urbana e, conseqüentemente, cidade, pois o importante é a quantidade de habitantes que possua. ( ) verdadeiro ( ) falso 3) Em 09 de novembro de _________, foi promulgada a Lei Complementar n 1, com o objetivo de ________________ a necessidade de lei estadual e consulta prévia à população interessada para a criação de novos _____________________. 4) Das variáveis que afetam o custo, o preço e o valor, elementos de real importância para a elaboração de um laudo de avaliação, têm-se que as mesmas se encontram assim exemplificadas: Assinale a alternativa correta. a) ( ) de característica físicas e naturais; b) ( ) de características sociais; c) ( ) de características econômicas; d) ( ) estão corretas as alternativas A e C; e) ( ) estão corretas as alternativas A, B e C. AUTOATIVIDADE 8 5) Assinale a alternativa correta. No que se refere ao clima, à topografia, à fertilidade do solo, ao controle de enchentes e à conservação do solo, podemos dizer que são fatores relacionados à seguinte característica/às seguintes características: a) ( ) característica regional e climática; b) ( ) característica de risco; c) ( ) característica física; d) ( ) característica natural; e) ( ) estão corretas as respostas C e D. 9 TÓPICO 2 CONCEITOS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A avaliação de imóveis é a determinação técnica do valor de um imóvel ou de um direito sobre ele, sendo empregada em uma variedade de situações, dentro e fora do âmbito judicial, tais como: inventários, dissolução de sociedade, operações de compra e venda, aluguel, cobrançade tributos, seguros, hipotecas, estudos de dinâmica imobiliária e outros (GONZALEZ, 1997). Os objetos de uma avaliação podem ser terrenos para habitação ou comércio, glebas urbanizáveis, casas, apartamentos, salas comerciais ou prédios industriais. Para que seja feita uma boa avaliação, o profissional deve conhecer não só as ferramentas matemáticas envolvidas no cálculo, mas também o funcionamento do mercado em que se situa o imóvel. 2 CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Segundo Mendonça et al. (1998), dentro dos princípios básicos da avaliação, estão a definição e a análise de alguns conceitos, que são: é a determinação da soma em dinheiro que, num dado momento, pode-se atribuir, em vista de um escopo prefixado, a um determinado imóvel; é a apreciação do valor que tenha, em determinada data, o todo ou parte de um bem ou coisa; é a técnica de estimar, comercialmente ou para efeitos legais, os valores dos imóveis e de outros bens; é o trabalho técnico que compreende um conjunto de raciocínios, inspeções e cálculos tendentes a determinar o valor de um bem. UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 10 NOTA Assim, a função principal de uma avaliação de imóvel é obter uma estimativa do valor de um imóvel, sob um determinado conjunto de condições. Existem vários métodos para se encontrar o valor de mercado de uma propriedade. Verifica-se que a dificuldade maior para determinação de uma avaliação de imóveis são as variáveis que influem em seu valor. Isso porque devem ser considerados vários fatores existentes em consideração e que modificam o valor final do imóvel. Segundo a 1ª Convenção Panamericana de Avaliações apud Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (1983), realizada em Lima, no Peru, o valor de um imóvel, em dado momento, é único, quaisquer que sejam os fins para os quais é avaliado. Esse valor se deduz de: avaliação direta ou valor intrínseco composto do valor do terreno, construções e benfeitorias; avaliação indireta ou valor rentístico, calculado com base na renda que produz ou pode produzir; valor venal estabelecido pela oferta e procura. Este valor é ideal e o objeto de uma avaliação é se aproximar o mais possível dele. O melhor caminho é a comparação com dados de transações de imóveis semelhantes, efetuadas na mesma época em que se necessita encontrar o valor. Mas, isso nem sempre é possível, principalmente quando se trata de imóveis singulares, tais como grandes prédios comerciais e industriais. Nestes casos, devem ser aplicados outros métodos. Conforme os autores mencionados anteriormente, os critérios de escolha de variáveis são os mais variados possíveis, de acordo com as características da região de localização e o imóvel. Na grande maioria deles, há o emprego da Análise de Regressão Múltipla, uma vez que este é o critério de avaliação mais usual e recomendado pela NBR 5676. TÓPICO 2 | CONCEITOS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 11 3 CONCEITO DE VALOR Associada à avaliação propriamente dita, surge a necessidade de definirmos o que é ‘valor’, sendo que a idéia predominante se encontra intimamente ligada à da utilidade, ou seja, só tem valor aquilo que é útil, havendo a necessidade, para que uma coisa seja considerada útil, da ocorrência de três condições: a existência de relação entre as qualidades dessa coisa, necessidades ou desejos; conhecimentos da relação; possibilidade de ser utilizada. A NB-502/89 (Norma Brasileira para Avaliação de Imóveis Urbanos) da ABNT apresenta a seguinte definição de valor: O valor a ser determinado corresponde sempre àquele que, num dado instante, é único, qualquer que seja a finalidade da avaliação. Esse valor corresponde também ao preço que se definiria em um mercado de concorrência perfeita, caracterizado pelas seguintes premissas: a) homogeneidade dos bens levados a mercado. b) Número elevado de proprietários e compradores, de tal sorte que não possam individualmente, ou em grupos, alterar o mercado. c) Inexistência de influências externas. d) Racionalidade dos participantes e conhecimento absoluto de todos sobre o bem, o mercado e as tendências deste. e) Perfeita mobilidade de fatores e de participantes, oferecendo liquidez com liberdade plena de entrada e saída de mercado. A conceituação de preço é compreendida como a expressão monetária representada por um bem, ou seja, a importância em dinheiro pela qual determinada mercadoria poderá ser vendida (quantidade de moeda). Tem-se como exemplo o caso em que dois ou mais imóveis, com valores diferentes de mercado, venham a ser vendidos pelo mesmo preço (representado em quantidade de moeda), quando tais negociações ocorram em épocas diferentes, sendo que neste caso consideram-se as taxas de remuneração do capital. Os principais conceitos de valores, conforme as definições da NBR 14653- 1, NBR 14653-2 e Gonzalez (1997), são: Valor: é a relação entre a intensidade das necessidades econômicas do homem e a quantidade de bens disponíveis para satisfazê-las, sendo determinado pela relação entre oferta e procura do bem. O valor não é uma propriedade intrínseca do bem, mas uma característica definida pelo mercado, resultante da oferta e da procura, único em um momento considerado. Assim, o valor de um bem é resultante de diversas causas, sendo a maioria delas de origem psicológica, portanto não suscetíveis de medição objetiva. UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 12 Valor de Mercado: quantia mais provável pela qual se negociaria com conhecimento, prudência e sem compulsão num bem, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigentes. Se for solicitada a determinação de outra referência que não o se valor de mercado ou fração, esse fato deve ser destacado junto ao respectivo valor. É o resultado de uma transação entre um vendedor desejoso de vender, mas não forçado a isto, e um comprador que quer comprar, mas também não está forçado, tendo ambos pleno conhecimento das condições de compra e venda e da utilidade da propriedade. Outra interpretação é a de que valor de mercado é o preço mais elevado, em dinheiro, que um bem alcança, exposto à venda em um mercado aberto e competitivo sob todas as condições necessárias a uma venda justa, na qual comprador e vendedor procedem de forma prudente com todos os conhecimentos indispensáveis, assumindo que o preço não seria afetado por estímulos indevidos. A importância relativa dos imóveis é refletida nos seus preços, que são os valores convertidos em unidades monetárias. É o valor efetivo da transação, a quantia de recursos trocada pelo imóvel. Os preços estão sujeitos, entretanto, às peculiaridades das transações e dos agentes. O preço obtido pode se diferenciar do valor porque as partes têm liberdade restrita para negociar, por exemplo. Valor Patrimonial: somatório do valor do terreno, benfeitorias e eventuais equipamentos de um imóvel. Para que este represente o valor de mercado, deve ser apurado e aplicado o fator de comercialização com base em informações de mercado levantadas pelo avaliador ou em pesquisa de caráter regional, previamente publicada. Valor em Risco: valor para fins de seguros de um determinado imóvel, representado pelo valor das benfeitorias, equipamentos e instalações, conforme objeto da apólice ou da contratação, observada a máxima depreciação. Valor Econômico: valor resultante do Fluxo de Caixa Descontado na aplicação do método da capitalização da renda. Valor de Liquidação Forçada: valor para uma situação de venda compulsória, típico de leilões e também muito utilizado para garantias bancárias. Quando utilizado, deve ser também apresentado o valor de mercado. Valor de Custo: total dos custos necessários para se repor o bem, com explicitação do estado em que se encontra ou sem considerar eventual depreciação. Valor de Indenização: valor de bens, não obrigatoriamente de mercado, destinado a ressarcimento dos débitos, desapropriação ou congêneres.Para os efeitos da Norma NBR 14653-1 e 14653-2, recomendam-se as notações, os símbolos gráficos e as convenções literais seguintes, complementados por outros que se tornem necessários em casos especiais: TÓPICO 2 | CONCEITOS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 13 At Área do terreno Ab Área das benfeitorias Ac Área das construções Capc Coeficiente de aproveitamento calculado Ce Coeficiente de esquema ou frentes múltiplas Cf Coeficiente de frente Cp Coeficiente de profundidade f Expoente da fórmula do coeficiente de frente FC Fator de Comercialização Fc Fator de consistência do terreno Fob Fator de obsoletismo Ff Fator de fonte ou oferta Fpr Frente projetada do terreno Fp Frente principal do terreno Fr Frente de referência do terreno Ft Fator de topografia OF Orçamento unitário final p Expoente da fórmula do coeficiente de profundidade Pe Profundidade equivalente Pm Profundidade recomendada para a zona Pma Profundidade máxima recomendada para a zona Pmi Profundidade mínima recomendada para a zona Vt Valor total do terreno Vb Valor de custo total das benfeitorias Vi Valor do imóvel Vo Valor de oferta Vvb Valor de venda das benfeitorias Vu Valor básico unitário QUADRO 2: SÍMBOLOS GRÁFICOS E AS CONVENÇÕES FONTE: NBR 14653-1 E 14653-2 No âmbito da avaliação de imóveis esses símbolos são usualmente empregados, devendo o corretor de imóveis ter pleno conhecimento. UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 14 LEITURA COMPLEMENTAR MERCADO DE TRABALHO: CORRETOR DE IMÓVEIS A categoria dos corretores de imóveis reúne cerca de 200 mil profissionais em todo o Brasil, atuando como autônomos ou ligados a imobiliárias. O presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis, João Teodoro da Silva, afirma que, embora a profissão seja extremamente avançada, do ponto de vista operacional, a lei de regência exige somente o curso de técnico em transações imobiliárias. Segundo ele, a pessoa tem que ter o segundo grau completo para poder passar pelo curso de formação técnica específica e ingressar na profissão. De acordo com as Secretarias de Educação estaduais de todo o Brasil, a carga horária do curso técnico para exercer a profissão é de aproximadamente 800 horas/aula. “Não é um curso demorado, leva aproximadamente um ano”, comenta Silva. João Teodoro da Silva afirma que um corretor de imóveis pode se aperfeiçoar no desempenho de sua função, mas ele já nasce propenso a ser um negociador. E o mercado imobiliário está exigindo avanço na profissão. “Hoje nós interagimos com muita freqüência com os países do Mercosul, da América do Norte, com países asiáticos e europeus. O Brasil é um dos três principais investidores estrangeiros na área imobiliária. Nós temos China, Índia e Brasil. Por isso, temos recebido muitos investidores estrangeiros”, diz. Sobre o mercado imobiliário de Brasília, Silva admite que seu valor é alto, mas considera um mercado adequado à sua realidade. Ele lembra que há outros mercados caros no Brasil e é difícil explicar isso ao comprador. Nas cidades satélites, por exemplo, o mercado imobiliário é similar ao que existe no resto do Brasil. Quando se fala dos preços de imóveis no Plano Piloto, a realidade muito diferente do restante do Brasil. “O corretor de imóveis e a população entendem isso. Se a pessoa quer morar pertinho do centro de Brasília, terá que pagar o preço. Isso porque nós temos uma carência muito grande de projeções, de terrenos. Como a interferência do custo do terreno na avaliação do imóvel é muito elevada, o metro quadrado da construção fica mais caro”, explica. FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL23551-5604,00.html>. Acesso em: 01 jul. 2009. 15 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: A avaliação de imóveis é a determinação técnica do valor de um imóvel ou de um direito sobre ele, que é objeto de uma avaliação os terrenos para habitação ou comércio, glebas urbanizáveis, casas, apartamentos, salas comerciais ou prédios industriais. Para que seja feita uma boa avaliação, o profissional deve conhecer não só as ferramentas matemáticas envolvidas no cálculo, mas também o funcionamento do mercado onde se situa o imóvel. Verifica-se que a dificuldade maior para determinação de uma avaliação de imóveis são as variáveis que influem em seu valor. Isso porque devem ser considerados vários fatores existentes em consideração e que modificam o valor final do imóvel. A conceituação de preço é compreendida como a expressão monetária representada por um bem, ou seja, a importância em dinheiro pela qual determinada mercadoria poderá ser vendida (quantidade de moeda). 16 Para testar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões que seguem: 1) A função principal de uma avaliação de imóveis não é obter uma estimativa do valor de um imóvel, sob um determinado conjunto de condições, pois os métodos para encontrar o valor de mercado de uma propriedade são restritos. ( ) verdadeiro ( ) falso 2) Assinale a alternativa correta: Segundo a I Convenção Panamericana de Avaliação, o instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (1983), realizada em Lima, no Peru, o valor de um imóvel, em dado momento, é único, quaisquer que sejam os fins para os quais é avaliado. Esse valor se deduz: a) ( ) da avaliação direta ou valor intrínseco composto do valor do terreno, construções e benefícios. b) ( ) da avaliação indireta ou valor rentístico, calculado com base na renda que produz ou pode produzir. c) ( ) do valor venal estabelecido pela oferta e procura. d) ( ) estão corretas as questões A e B. e) ( ) estão corretas as questões A, B e C. 3) A conceituação de preço é compreendida como a expressão ______________ representada por um bem, ou seja, a importância em _____________ pela qual determinada mercadoria poderá ser ________________. 4) Assinale a alternativa correta.Os principais conceitos de valores, conforme as definições da NBR 14653-1, NBR 14653-2 e Gonzáles (1997) são: a) ( ) valor e valor de mercado. b) ( ) valor patrimonial e valor de risco. c) ( ) valor econômico e valor de liquidação forçada. d) ( ) valor de custo e valor de indenização. e) ( ) todas as alternativas acima estão corretas. AUTOATIVIDADE 17 5) Assinale a alternativa correta. Referente ao valor da indenização, é correto afirmar que: a) ( ) é o valor resultante do fluxo de caixa descontado na aplicação do método de capitalização da renda. b) ( ) é o valor para fins de seguros de um determinado imóvel, representado pelo valor das benfeitorias, equipamentos e instalações, observada a máxima depreciação. c) ( ) é o valor de bens, não obrigatoriamente de mercado, destinado ao ressarcimento dos débitos, desapropriação ou congêneres. d) ( ) é o somatório do valor do terreno, benfeitorias e eventuais equipamentos de um imóvel. e) ( ) é o valor mais provável pela qual se negocia com conhecimento, prudência e sem compulsão um bem, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigentes. 18 19 TÓPICO 3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A avaliação de imóveis segue critérios específicos, não sendo válida se for realizada ao acaso e sem qualquer tipo de parâmetro. Assim, Gonzalez (1997) afirma que os métodos de avaliação podem ser divididos em dois grupos: diretos e indiretos. Os diretos baseiam-se na comparação de dados de transações semelhantes no mercado ou na determinação do custo de reprodução do bem, enquanto que os indiretos são baseados na renda que o imóvel pode proporcionar, em sua capacidade de aproveitamento ou na diferença entre terrenos ocupados ou não por construções. Qualquer que seja o método empregado, a intenção é sempre obter o valor de mercado do imóvel. As abordagens de cálculo são distintas, cada qual com suas peculiaridades e limitações. As situações mais freqüentes em que se faz necessária a avaliação técnica de umimóvel são, no âmbito particular: na compra e venda de imóveis, em que os interessados desejem ter idéia precisa do bem em questão; na reavaliação de ativos de empresas, para efeito de aumento de capital; pelas empresas, para atendimento ao contido na Lei das Sociedades Anônimas; em divisões, heranças e meações; nas discussões acerca de lançamentos de impostos. No âmbito da coisa pública: na avaliação de bens para fins de compra ou privatização; no cálculo de valores para lançamento de impostos. 20 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS No âmbito judicial: nas discussões entre pessoas físicas ou jurídicas que envolvam valores de imóveis, freqüentes em ações demarcatórias, possessórias, indenizatórias etc.; nas discussões acerca de indenizações por desapropriações ou servidões de passagem. 2 TIPOS DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Para estabelecer regras e critérios para avaliação, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – 1989) propôs uma ‘Norma Brasileira para Avaliação de Imóveis Urbanos’, a NBR 5676, passando a vigorar a NR 14653. Esta norma estabelece três níveis distintos de rigor para a realização de uma avaliação, com graus crescentes de refinamento matemático e fundamentação, que são: expedito: baseado na subjetividade, não utiliza qualquer instrumento matemático para a estimação de valor; de precisão: utilização de, no mínimo, cinco dados da propriedade para a formação do valor. O tratamento dispensado aos elementos da amostra deve ser feito através de estatística descritiva, homogeneizando-se os elementos observados, quando não perfeitamente comparáveis, e são admitidas as homogeneizações feitas através de fatores ou ponderações empíricas, porém, consagradas, que consideram as diferenças entre os elementos de seus atributos; de precisão rigorosa: a avaliação deve ser feita através de metodologia adequada, com grande isenção de subjetividade, e o tratamento para alcançar a convicção de valor deve ser baseado em processos de inferência estatística que permitam calcular estimativas não tendenciosas de valor, estabelecendo intervalos de confiança para elas, além de submetê-las a testes de hipóteses. Em função da natureza do bem, da finalidade da avaliação e da disponibilidade de dados de mercado, podem ser utilizados os métodos a seguir apresentados. TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 21 2.1 MÉTODO COMPARATIVO É assim chamado porque o avaliador formula e emite juízo sobre o valor, comparando os valores ou preços do mercado de imóveis comparáveis. Este método é o mais usualmente empregado. Consiste em fazer uma comparação direta com os preços pagos no mercado para propriedades similares, quando existem substitutos razoavelmente semelhantes e ocorrem transações com certa freqüência. Conforme Gonzalez (1997), este método é largamente empregado para propriedades residenciais, nas quais existe normalmente mais similaridade entre diferentes unidades. As principais dificuldades do uso do método estão associadas à impossibilidade de encontrar propriedades idênticas – há diferenças na área construída, acabamento, estado de conservação etc. Além disso, os preços variam consideravelmente em espaços de tempo relativamente curtos. NOTA É um método preferencialmente utilizado na busca do valor de mercado de terrenos, casas padronizadas, lojas, apartamentos, escritórios, armazéns, entre outros, sempre que houver dados semelhantes ao avaliando. O método é baseado em informações sobre preços de propriedades comparáveis com a que está sendo avaliada. Os avaliadores precisam conferir as condições em que são feitas as transações (os motivos dos compradores e vendedores), para verificar se os preços são típicos de mercado ou se existem condições não econômicas influindo. O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (1983), relata que o método comparativo subdivide-se em dois outros: o comparativo pelas características – porquanto os valores são comparáveis baseando-se nas características dos imóveis; e o comparativo pela renda – porque o meio usado para a comparação dos valores ou preços do mercado é a renda real ou a renda prevista. Explica Gonzalez (1997) que, para se obter o valor de um imóvel por este método, é preciso que existam dados de transações com imóveis semelhantes, em número e especificação razoáveis, para permitir a obtenção de resultados com confiabilidade. A partir da amostra do mercado, dois procedimentos podem ser adotados: a homogeneização de valores ou a inferência estatística. Ambos são formas de ponderação de valores. O primeiro adota pesos arbitrários, baseados na decisão subjetiva do avaliador. A técnica estatística, por outro lado, é um procedimento científico, objetivo e que permite a obtenção de parâmetros de qualificação do trabalho. 22 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Requisitos para fundamentação no Tratamento por Fatores: a) caracterização completa do imóvel avaliando quanto a todas as variáveis analisadas, com fotos que permitam identificá-las, bem como visão geral do entorno; b) mínimo de cinco elementos amostrais efetivamente utilizados após a homogeneização; c) identificação dos elementos comparativos com fotos (pelo menos frontal), com informações sobre as variáveis analisadas no modelo adotado e croqui de localização; d) o valor homogeneizado de cada elemento após a aplicação do conjunto de fatores não resulte aquém da metade, ou além do dobro do valor de transações, ou após aplicação do fator oferta; e) os fatores utilizados devem ser validados em relação à sua condição de homogeneização. Requisitos para fundamentação na Inferência Estatística: a) caracterização completa do imóvel avaliando quanto a todas as variáveis analisadas, com fotos que permitam identificá-las, bem como visão geral do entorno; b) número mínimo de elementos: 4(k+1), onde k é o número de variáveis independentes, devidamente identificados em relação às características utilizadas e fontes de informação; c) identificação dos elementos comparativos com fotos (pelo menos frontal), com informações sobre as variáveis analisadas no modelo adotado e croqui de localização; d) extrapolação admitida para apenas uma variável, em até 100% da fronteira amostral, desde que o valor estimado nesse ponto não ultrapasse 10% do valor calculado no limite da fronteira amostral; e) nível de significância alfa (somatório do valor das duas caudas) máximo para a rejeição da hipótese nula de cada regressor de 10%; f) nível de significância do modelo não pode ultrapassar 1% no teste F de Snedcor. Em se tratando de propriedades rurais, exige-se uma análise profunda dos elementos que mais influenciam os valores da terra, que são: TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 23 características intrínsecas do solo: fertilidade, profundidade e pedregosidade; características internas do solo: cor e textura; características topográficas: declividade e relevo; características extrínsecas e antropogênicas: erosão, drenagem e obras para seus controles respectivos estágios de desbravamento, aguadas e obras de irrigação; condições econômicas: acessibilidade e vias de transporte interno; condições socioculturais; facilidades habitacionais. 2.2 MÉTODO EVOLUTIVO Indicado para estimar o valor de mercado no caso de inexistência de dados amostrais semelhantes ao avaliando. É o caso de residências de alto padrão, galpões, entre outros. Este método analítico consiste em partir do valor do terreno, somá-lo ao valor da construção com custos diretos e indiretos e acrescentar ao total os custos financeiros, despesas de vendas e lucro do empreendedor, que devem ser contemplados no mercado por meio do cálculo do fator de comercialização. Vi = (Vt + Vb) x FC Para aplicação deste método, o valor do terreno deve ser calculado em comparação com outros, o valor da benfeitoria por meio do método do custo e do fator de comercialização obtidono mercado, comparando-se com imóveis que tenham as mesmas características e proporções similares de terrenos e benfeitorias. Este fator de comercialização pode ser maior ou menor que uma unidade, em função das condições de mercado. 2.3 MÉTODO INVOLUTIVO Utilizado no caso de inexistência de dados amostrais semelhantes ao avaliando. A avaliação de uma gleba ou de um terreno pode ser realizada em função do seu aproveitamento potencial. O método do máximo aproveitamento eficiente (involutivo) busca identificar os melhores usos, em qualidade e quantidade. Todos os tipos de utilizações possíveis devem ser investigados. 24 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Neste momento, é importante a assessoria de um profissional que projete habitualmente. Definida a utilização, a análise segue com a execução de orçamentos (mais ou menos detalhados, conforme o caso), pesquisa de dados de mercado para os bens que devem ser produzidos (lotes ou unidades construídas), verificação da viabilidade e dos frutos e despesas esperadas (aluguéis, lucros na venda, taxas, custos de publicidade e corretagem etc.). (GONZALEZ, 1997). Toda a fundamentação básica do Método Involutivo reside na capacidade de renda que um hipotético empreendimento poderia dar a um possível investidovr que tivesse os recursos para bancar as despesas decorrentes de sua implantação, e, nessa forma de aplicação de seus recursos, obter vantagens maiores que a simples aplicação financeira do capital. (MENDONÇA et al., 1998). Ou seja, deve-se determinar o quanto se poderia pagar por um imóvel bruto de maneira que, uma vez loteado e vendido, alcançasse um valor capaz de cobrir as despesas decorrentes de sua implantação e gerar lucro. NOTA Destaca-se que este lucro deverá, forçosamente, ser maior que o obtido pela aplicação financeira, pelos riscos maiores a que estariam sujeitos tais capitais. Se o imóvel em avaliação é um terreno urbano, realiza-se um estudo para sua edificação, considerando as despesas necessárias para produzir o melhor tipo de empreendimento, incluindo todos os custos e o lucro do promotor. O valor do terreno é a diferença entre o valor de mercado das unidades que seriam construídas (avaliado pela comparação com imóveis semelhantes) e este total de despesas. A avaliação por este processo considera a receita provável da comercialização das unidades hipotéticas com base em preços obtidos em pesquisas; considera todas as despesas inerentes à transformação do terreno no empreendimento projetado; prevê margem de lucro líquido ao empreendedor, despesas de comercialização das unidades, mediante taxas financeiras operacionais reais, expressamente justificadas. Para a aplicação deste método, exige-se que: o imóvel avaliando esteja inserido em zona de tendência mercadológica com empreendimentos semelhantes ao concebido, além de legalmente permitidos seu uso e ocupação; as unidades admitidas no modelo adotado sejam características e em quantidades absorvíveis pelo mercado, no prazo preestabelecido pelo estudo e compatível com a realidade; TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 25 as formulações matemático-financeiras sejam expressas no laudo. Sendo uma gleba urbana, geralmente se verifica a alternativa de loteamento. Os valores dos terrenos na região são determinados por comparação de dados de mercado. Deve ser preparado um projeto de loteamento, obtendo- se o número de lotes, no tamanho padrão adotado na região, e verificando-se as despesas a serem realizadas. O valor da gleba é a diferença entre o montante das vendas destes lotes e o custo para obtê-los. Deve ser empregado quando não houver mínimas condições de utilização do método comparativo direto. Trata-se de um critério indireto de valoração que indica a viabilidade de incorporação de uma gleba ou terreno de grandes dimensões para transformá-los em outro empreendimento. Na utilização deste método, deve-se dar preferência, pela ordem: modelos dinâmicos com fluxo de caixa, conforme NBR 14653-4; modelos dinâmicos com equação de fórmulas pré-definidas; modelos estáticos, com fórmulas simplificadas, apenas para pequenas glebas, absorvíveis em curtos prazos. 2.4 MÉTODO DA CAPITALIZAÇÃO DA RENDA Este método tem esta denominação porque o resultado obtido é tão somente fruto da capitalização da renda real ou da renda prevista. O valor do imóvel é obtido pela capitalização de sua renda real ou prevista, a uma taxa de juros compatível com o mercado, representado pelo valor atual dos benefícios futuros que resultam dos direitos de propriedade (usufruir). É usado quando o valor depende essencialmente da capacidade de gerar lucros, como no caso de cinemas e hotéis, e também para imóveis rurais. Pode ser empregado também para outros imóveis, estimando-se o valor a partir do seu aluguel (real ou potencial). A abordagem usual é estimar o rendimento bruto e deduzir dele os custos de trabalho e juros sobre o capital. Este método é recomendado para empreendimentos de base imobiliária, tais como shopping centers, hotéis. Nesses empreendimentos, deve-se observar as prescrições da NBR 14653-4. Também pode ser utilizado na determinação do valor de mercado, em situações em que não existam condições da aplicação do método comparativo direto ou evolutivo, ou, alternativamente, quando a finalidade da avaliação seja a identificação do valor econômico. Nesses casos, é necessário fundamentar: despesas necessárias à sua manutenção e operação, e receitas provenientes da sua exploração, descontados os impostos; 26 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS estrutura mínima do fluxo de caixa conforme previsto na ABNT 14653-4, no que for aplicável; taxa de desconto, no mínimo, pelo critério determinístico. Conforme o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (1983), este método é subdividido em dois grupos: renda ou capitalização direta: o resultado é obtido diretamente pela capitalização da renda líquida do imóvel, real ou revista; renda ou capitalização indireta ou residual: o resultado é obtido por meio de capitalização da renda líquida residual atribuível ao terreno, quando o objeto é apenas o terreno; e pela capitalização da renda líquida residual atribuível às benfeitorias, quando se procura o resultado somente para as benfeitorias. 2.5 MÉTODO DA QUANTIFICAÇÃO DO CUSTO É utilizado quando houver necessidade de obter o custo do bem. Este método é utilizado para a apuração do valor das benfeitorias no método evolutivo, ou quando a finalidade da avaliação for a identificação do custo. Estão previstos os seguintes critérios para identificação do custo de reedição do imóvel: Método da quantificação do custo – por custos unitários ou por orçamentos analíticos. Utilizado para identificar o custo de reedição de benfeitorias. Pode ser apropriado pelo custo unitário básico de construção ou por orçamento detalhado, com identificação das fontes consultadas. Para apuração do custo de construção, pode ser aplicado o modelo previsto na NBR 14653-2, representado a seguir: C = [CUB + OE + OI + (OFe – Ofd)] (1 + A) (1 + F) (1 + L) Assim: C é o custo unitário de construção por m2 de área equivalente de construção; CUB e o custo unitário básico; OE é o orçamento de elevadores; OI é o orçamento de instalações especiais e outras, tais como geradores, sistemas de proteção contra incêndio, centrais de gás, interfones, antenas coletivas, urbanização, projetos etc.; S TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 27 OFe é o orçamento de fundações especiais; OFd é o orçamento de fundações diretas; S é a área equivalente de construção, de acordo com a NBR 12721; A é a taxa de administração da obra; F é o percentual relativo aos custos financeiros durante o período da construção; L é o percentual correspondente ao lucro ou remuneração da construtora. Se os custos das edificações em condomínio foram estimados conforme previsto na NBR 12721, devem ser utilizadasas áreas equivalentes de construções para os custos unitários padrão, representadas pela seguinte fórmula: S Aq i i i = Ap + . P n Σ ( ) Considere-se: S é a área equivalente de construção; Ap é a área construída padrão; Aqi é a área construída de padrão diferente; Pi é o percentual correspondente à razão entre o custo estimado da área de padrão diferente e a área padrão, de acordo com os limites estabelecidos na NBR 12721. Ao custo das edificações resultante da multiplicação da área S pelo Custo Unitário Básico com características mais próximas às do elemento avaliando, devem ser acrescidos os itens de custo não contemplados pela NBR 12721. Método da quantificação de custos – por orçamentos analíticos: deve ser elaborado um orçamento detalhado, levantados todos os quantitativos e respectivos custos unitários de materiais, com identificação das fontes e preenchida planilha conforme modelo sugerido na NBR 12721. Método comparativo direto de custo: na utilização deste método deve-se considerar uma amostra composta por custos de projetos ou obras semelhantes. 28 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 2.6 MÉTODO DO CUSTO DE REPRODUÇÃO A base do método do custo de reprodução (ou de substituição) é a consideração de que o valor de um imóvel é equivalente ao custo de execução da edificação mais o custo do terreno (este avaliado por comparação de dados de mercado). O método fundamenta-se na premissa de que um comprador bem informado não pagará mais que o necessário para construir uma propriedade substituta, com a mesma utilidade daquela que está comprando. A esta definição acrescenta-se a necessária suposição da racionalidade do comprador. (GONZALEZ, 1997). NOTA Este método se caracteriza pela comparação do custo de uma construção semelhante à que se está atribuindo o valor, valendo-se de tabelas de custos básicos da construção ou de cálculo orçamentário realizado pelo próprio avaliador. Para se chegar ao valor do imóvel, primeiramente, é necessário saber sua área construída e enquadrar a edificação avaliada ao padrão básico de construção a que ela mais se assemelha, baseado no critério da experiência, ou mais apropriadamente, nos critérios especificados na NBR 12721/92, que estabelece padrão de construção com níveis alto, normal e baixo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (1983), denomina-se método do custo aquele que manipula essencialmente os orçamentos para se obter o custo de reprodução ou de substituição do imóvel a ser avaliado. Subdivide-se este grupo em dois outros: método do custo pela reprodução: obtido o custo do terreno, obtém-se o da benfeitoria por meio de orçamentos sumários ou pormenorizados de benfeitorias iguais às que estão sendo avaliadas. Este imóvel será depreciado de acordo com seu estado de conservação, adequacidade, aproveitamento eficiente etc., ou valorizado de acordo com o aproveitamento econômico do terreno; método do custo pela substituição: difere do anterior nas benfeitorias, que não são mais iguais às que estão sendo avaliadas e sim benfeitorias análogas, que possam substituir as existentes nas suas finalidades e capacidades. Apesar de sua importância, esta técnica é imperfeita, pois o valor de mercado de uma propriedade não é determinado pelo custo necessário para construí-la (determinístico), mas pelas quase imprevisíveis relações entre oferta e demanda, no jogo entre compradores e vendedores (probabilístico). TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 29 Outra simplificação é que o custo de produção é muito semelhante para toda uma região ou cidade, enquanto que os valores de mercado dos imóveis variam muito de um local para outro. Além disso, a quantidade de transações com imóveis velhos é muito maior que com imóveis novos, e os preços, na verdade, são definidos pelos níveis de preço dos imóveis do estoque e não pelo custo dos novos. Se o valor do bem for inferior ao custo de produção, o que é evidentemente comum para imóveis usados, o método não propiciará bons resultados. O custo de reprodução é usado para construções que raramente mudam de dono, como hospitais e escolas, ou para prédios comerciais e industriais singulares para os quais existe pouca ou nenhuma evidência em forma de preços de venda. É um método largamente utilizado para cálculo de impostos prediais. Outra utilização é na avaliação de benfeitorias (sem o terreno), de prédios inacabados ou em péssimo estado de conservação (exigindo reformas). Salienta Gonzalez (1997) que devem ser considerados todos os custos, tais como aquisição de terreno, projetos, lucro do construtor, impostos, descontando- se a depreciação e acrescentando-se um terceiro elemento, conhecido como Fator de Comercialização ou Vantagem da Coisa Feita do imóvel avaliando, uma vez que ele está pronto para uso (não existem riscos ou custos financeiros e a ocupação é imediata). Se o imóvel é comercial, acrescenta-se também a parcela devida ao Fundo de Comércio. LEITURA COMPLEMENTAR EM LEILÃO, IMÓVEL PODE SAIR POR UM TERÇO DO VALOR DE MERCADO Apartamento de três quartos em bairro nobre de SP tem lance mínimo de R$ 141 mil. Comprador, porém, deve ter cuidado com dívidas, pendências judiciais e estado do imóvel. Fernando Scheller do G1, em São Paulo Um apartamento de três quartos, duas vagas de garagem e mais de cem metros quadrados de área no bairro Perdizes, região nobre de São Paulo, tem lance mínimo de R$ 141 mil à vista no leilão que o Banco Itaú promove neste sábado (12) por meio de um leiloeiro independente. Segundo a Imobiliária Lello, caso a venda saia pelo lance mínimo, o comprador pode pagar valor correspondente a um terço de um apartamento equivalente no mesmo bairro, cujo preço varia hoje R$ 320 mil e R$ 420 mil. “Barganhas” como essa são comuns no mercado de leilões de imóveis - geralmente apartamentos, casas e conjuntos comerciais que são tomados dos donos por falta de pagamento das prestações. 30 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS O valor é especialmente baixo quando o imóvel – como no caso do apartamento acima – está ocupado. E as boas ofertas não se restringem a São Paulo: em Curitiba, um apartamento de três quartos em um bairro de classe média alta, Água Verde, tem lance mínimo de R$ 94 mil em outro leilão. Entretanto, antes de entrar “de cabeça” no mercado de leilões, há alguns cuidados a serem tomados. O primeiro deles, de acordo com quem trabalha diretamente nesse setor, é ler bem o edital. Lá, pelo menos em um cenário ideal, estarão todas as informações sobre o imóvel: se ele está ocupado ou desocupado, quais são as dívidas – de IPTU e condomínio, por exemplo – e também pendências judiciais relativos ao bem. De acordo com o assessor de leilões André Uniga, da Vardana Leilões, de Curitiba, os bancos geralmente contratam engenheiros civis para fazer uma avaliação do estado do imóvel. Os que vão a leilão, diz ele, geralmente estão mais deteriorados do que os vendidos por imobiliárias. “Para tudo, até os furos na parede, existe uma tabela que vai determinar o valor ‘x’ pelo qual o imóvel pode ser vendido em leilão”, explica. Quem paga as dívidas Quanto às dívidas anteriores ao leilão, tudo depende do edital. Em uma venda do Banco Real, por exemplo, o banco ressaltou no edital que arcaria com os débitos anteriores à venda. Mas a Vardana Leilões fez recentemente um leilão para o Itaú em que todas as dívidas ficaram sob responsabilidade do novo dono. “Se for um valor significativo, o banco pode considerar este valor na avaliação e fazer uma dedução”, ressalta Uniga. Quanto mais complicações, explica o assessor da Vardana Leilões, mais barato o imóvel. Por isso, muita gente prefere comprar imóveis ocupados. Na disputa por imóveis ocupados, diz ele, o comprador individual tem que concorrer com imobiliárias, que compram apartamentos, casas, terrenos e conjuntos comerciais para revendê-los mais tarde, após a solução de pendências,a preços maiores. Uniga diz que, na maioria das vezes, os imóveis em que o preço do leilão está muito abaixo do praticado pelo mercado não saem pelo preço mínimo. Dependendo da localização e do edifício, o preço pode acabar ficando muito parecido com o valor real do bem. Nesses casos, dependendo da quantidade de dívidas do apartamento ou casa, a compra em leilão pode não valer a pena. Para o assessor de leilões, é preciso “sorte” para comprar um imóvel preço pelo lance inicial. TÓPICO 3 | MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS 31 Caixa A Caixa Econômica Federal mantém em seu site uma lista de imóveis disponíveis para venda em leilão. A busca pode ser feita por cidade e por tipo de bem. A Caixa informa também que, nos leilões da instituição, todas as dívidas referentes aos imóveis leiloados – IPTU, condomínio, água e luz – são de responsabilidade do comprador. Segundo a assessoria de imprensa do banco, geralmente são critérios técnicos que determinam a avaliação de casas e apartamentos, especialmente no caso de imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Em outros casos, diz a instituição, o imóvel pode ir a leilão pelo valor da dívida, que poderá ser inferior ao valor do imóvel. Cuidados O advogado Roberto Wilson Renault Pinto, sócio responsável pelo setor imobiliário do escritório Felsberg e Associados, disse que o banco tem a obrigação de incluir no edital todos os débitos e pendências referentes ao imóvel. Segundo ele, cerca de 70% dos imóveis que vão a leilão têm algum tipo de problema jurídico. Caso o banco conceda pouco tempo entre a compra em leilão e a formalização da escritura da casa ou apartamento, ele aconselha que o comprador busque ajuda jurídica para não deixar escapar nenhum problema referente ao bem adquirido. No caso específico da Caixa, porém, o cliente tem um prazo para desistir do negócio, bastando apenas preencher um termo fornecido pelo banco. Para imóveis ocupados, explica Renault Pinto, é necessário que o novo proprietário entre na Justiça. O advogado explica que, como o novo dono já pagou pelo imóvel, geralmente não há muitos problemas em conseguir a reintegração de posse – o comprador só precisa ter paciência. “O problema é a lerdeza por parte da Justiça dos estados”, ressalta. FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL644318-935 6,00-EM+LEILAO+IMOVEL+PODE+SAIR+POR+UM+TERCO+DO+VALOR+DO+MERCADO. html>. Acesso em: 01 jul. 2009. 32 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: Qualquer que seja o método empregado, a intenção é sempre obter o valor de mercado do imóvel. As abordagens de cálculo são distintas, cada qual com suas peculiaridades e limitações. O método comparativo é o mais usualmente empregado, pois consiste em fazer uma comparação direta com os preços pagos no mercado para propriedades similares, quando existem substitutos razoavelmente semelhantes e ocorrem transações com certa freqüência. O método evolutivo consiste em partir do valor do terreno, somá-lo ao valor da construção com custos diretos e indiretos e acrescentar ao total os custos financeiros, despesas de vendas e lucro do empreendedor, que devem ser contemplados no mercado por meio do cálculo do fator de comercialização. O método do máximo aproveitamento eficiente (involutivo) busca identificar os melhores usos, em qualidade e quantidade. Todos os tipos de utilizações possíveis devem ser investigados. No método da capitalização da renda, o valor do imóvel é obtido pela capitalização de sua renda real ou prevista, a uma taxa de juros compatível com o mercado, representado pelo valor atual dos benefícios futuros que resultam dos direitos de propriedade (usufruir). O método da quantificação do custo é utilizado para a apuração do valor das benfeitorias no método evolutivo, ou quando a finalidade da avaliação for a identificação do custo. O método do custo de reprodução se caracteriza pela comparação do custo de uma construção semelhante à que se está atribuindo o valor, valendo-se de tabelas de custos básicos da construção ou de cálculo orçamentário realizado pelo próprio avaliador. Não há hierarquia entre esses métodos avaliatórios, devendo-se optar pela metodologia mais adequada à finalidade da avaliação. 33 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir: 1) Qualquer que seja o método de avaliação de imóveis empregado, a intenção nem sempre é obter o valor de mercado do imóvel, pois as abordagens de cálculo são distintas, cada qual com suas peculiaridades e limitações. ( ) verdadeiro. ( ) falso. 2) O método de avaliação de imóveis usualmente mais empregado é o método evolutivo, pois consiste em fazer uma comparação direta com os preços pagos no mercado para propriedades similares, quando existem substitutos razoavelmente semelhantes e ocorrem transações com certa freqüência. ( ) verdadeiro. ( ) falso. 3) As situações mais freqüentes em que se faz necessária a avaliação técnica de um imóvel no âmbito particular e no âmbito da coisa pública, são: a) ( ) na avaliação de bens para fins de compra ou privatização. b) ( ) no cálculo de valores para lançamento de impostos. c) ( ) nas discussões entre pessoas físicas ou jurídicas que envolvam valores de imóveis. d) ( ) na compra e venda de imóveis, em que os interessados desejem ter idéia precisa do bem em questão. e) ( ) nas discussões acerca de indenizações por desapropriações ou servidões de passagem. 4) Assinale a alternativa correta. Quanto aos métodos de avaliação de imóveis, temos o método evolutivo, para o qual é correto afirmar-se que: a) ( ) é assim chamado porque o avaliador formula e emite juízo sobre o valor, comparado os valores ou preços do mercado de imóveis comparáveis. b) ( ) é indicado para estimar o valor de mercado no caso de inexistência de dados amostrais semelhantes ao avaliado. É o caso de residências de alto padrão, galpões, entre outros. c) ( ) é o método do máximo aproveitamento eficiente, pois busca identificar os melhores usos, em qualidade e quantidade. d) ( ) é o método que busca o resultado obtido tão somente fruto da capitalização da renda real ou renda prevista. e) ( ) é o método utilizado quando houver necessidade de obter o custo do bem. AUTOATIVIDADE 34 5) O método comparativo é o mais usualmente empregado, pois consiste em fazer uma ___________________ direta com os preços pagos no ___________________ para propriedades similares, quando existem substitutos razoavelmente semelhantes e ocorrem _______________ com certa freqüência. 35 TÓPICO 4 PROCESSO DE AVALIAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nas construções, o valor da construção é obtido através de um orçamento. O cálculo do custo de execução é determinado para um imóvel funcionalmente semelhante, mas com os materiais de construção em uso corrente no momento da avaliação. A edificação deve ser analisada com cuidado. Algumas construções podem ter acabamentos excessivamente caros e não usuais, e o valor da propriedade não será necessariamente aumentado na mesma proporção destes custos extras. Igualmente, uma residência projetada para necessidades específicas dos ocupantes pode ter poucos interessados (ou mesmo não encontrar compradores), e o preço de venda será bem inferior ao custo de produção. Destaca Gonzalez (1997) que o avaliador pode trabalhar sob várias abordagens de cálculo, tais como: custo por orçamento detalhado, custo de grandes elementos, custo por unidade de área ou de volume ou ainda comparação com outro imóvel, de custo conhecido, fazendo-se ajustes nos elementos distintos. São muito empregados os custos padronizados, tais como o Custo Unitário Básico (CUB, calculado pelos Sindicatos Regionais de Construção Civil) e o Custo Unitário Pini (publicação em revistas), com diversas opções de tipos e acabamentos dos imóveis. 2 ETAPAS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO Para Mendonça etal. (1998), com relação ao objeto a ser avaliado, constituem etapas importantes do processo: definição do objeto da avaliação; caracterização do objeto da avaliação, com o exame de projetos, levantamentos, croquis, memoriais descritivos, escrituras e outros documentos e informações; 36 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS realização da vistoria com a maior atenção e da melhor maneira possíveis, permitindo amplo conhecimento do imóvel avaliando e do contexto imobiliário em que se situa; observação de todos os aspectos do imóvel, tais como dimensões (área, testada, profundidade), formato, topografia, consistência do solo, situação na quadra, confrontações, infra-estrutura urbana, classificação segundo a lei de uso do solo, possibilidades legais e mercadológicas de uso, equipamento comunitário disponível e utilização atual; observação dos aspectos da região, tais como condições topográficas e ambientais, natureza do solo, ocupação atual e tendências; infra-estrutura urbana, meios-fios, passeios, pavimentações, sistema viário, redes de água, energia elétrica, iluminação pública, telefone, esgotos sanitário e pluvial, redes de gás, equipamentos comunitários, atividades existentes, transportes coletivos, escolas, bancos, comércio, serviços, saúde, lazer, características das construções e tipo de ocupação do local e dos bairros circunvizinhos; observação dos aspectos ligados às possibilidades de desenvolvimento local, às posturas de uso e ocupação do solo e às restrições físicas e legais condicionantes do aproveitamento, relativos ao terreno avaliando e à região; no caso de terrenos construídos, devem ser muito bem caracterizadas as benfeitorias e edificações existentes, com destaque para os aspectos físicos (descrição e quantificação dos cômodos, características construtivas, padrão de acabamento, área construída, vida útil, idade aparente, estado de conservação etc.), funcionais e ambientais. É importante a apresentação de croquis, fotografias e outros meios que permitam a perfeita compreensão do que se avalia mesmo por pessoa que não tenha conhecimento próprio do imóvel. NOTA A busca de informações é fundamental para a avaliação de imóveis, principalmente para os métodos baseados na comparação de preços. Nos outros métodos, não se utilizam os modelos de preços, nem as variáveis. Por isso, nestes casos, utiliza-se a comparação de dados de mercado (homogeneização e inferência). 3 FONTES DE INFORMAÇÃO Através da pesquisa em jornais e imobiliárias, podem ser obtidas diversas características, entre as quais estão: valor do imóvel, número de dormitórios, existência do box ou garagem, cobertura, dependências de empregada, salas ou TÓPICO 4 | PROCESSO DE AVALIAÇÃO 37 banheiros extra, localização e data. O processamento destas informações resulta em diversas variáveis. A segurança se torna maior na medida em que os imóveis de referência sejam mais semelhantes e próximos ao avaliando. Os pontos mais importantes a serem observados nessa etapa, de acordo com Mendonça et al. (1998) são: pesquisa de dados oriundos de uma mesma região sócio-geoeconômica; equivalência de tipos de dados, de modo a não se tratar, numa mesma base, de elementos de características distintas; amplitude de dimensões compatíveis com o imóvel que se pretende avaliar; uso de fontes de informações seguras e identificadas; especificação completa do imóvel pesquisado, incluindo localização, características construtivas, idades física e aparente, características construtivas, padrão de acabamento, adequação ao mercado local, dimensões e outros que forem julgados importantes; o tipo de fonte – se oferta ou transação; condições de pagamento – transformação para pagamento à vista; época da oferta ou transação. As principais fontes de informação sobre venda ocorrida ou ofertas são os classificados de jornais, informes de imobiliárias, corretores e proprietários, além dos cartórios de registros, prefeituras e, como subsídio na tomada de decisão, laudos bem elaborados por avaliadores. As fontes de informação mais comuns são os corretores imobiliários, as próprias partes (comprador e vendedor), classificados de jornais, cartórios de registro de imóveis, agentes financiadores e as administrações municipais. Agentes e intermediários das transações Em função da concorrência acirrada, corretores e imobiliárias tendem a restringir as informações. Antes da ocorrência de uma transação, os dados só podem ser obtidos com a simulação de interesse no imóvel (o pesquisador usa o tradicional disfarce de comprador). Mesmo assim, é difícil descobrir o valor final, resultante de um intenso processo de negociações, e que pode efetivamente ser bastante inferior ao preço-base da oferta. 38 UNIDADE 1 | CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Classificados de jornais Para as transações de compra e venda, os anúncios em jornais raramente contêm todos os dados sobre o imóvel, tais como área ou idade. Muitas vezes, nem o endereço é fornecido, exigindo demorados contatos com os vendedores. Além disso, os valores apontados são ofertas que incluem, via de regra, uma razoável margem de negociação. Já para a locação, em geral, os anúncios são mais completos e podem ser aproveitados, necessitando-se apenas a conferência do valor final contratado. Em períodos de carência de oferta de imóveis para locação, a tendência é pela permanência dos valores anunciados, enquanto que, nas épocas de excesso de oferta, ocorrem variações apreciáveis, decorrentes da negociação. Agentes financeiros Os agentes financiadores, cada vez com participação menor no número de transações e com um público de classes econômicas mais elevadas, não são boas fontes, por suprimir grande parcela do mercado, notadamente os imóveis de menor valor e os de segunda mão, que são a imensa maioria do mercado imobiliário. Além disso, o financiamento de transações com terrenos ou imóveis comerciais não é comum. Prefeituras municipais Existem diversos dados de interesse que são coletados pelas administrações municipais. Os registros de aprovação de projetos e as vistorias de ‘Habite-se’ são indicativos úteis da atividade imobiliária, principalmente se organizados por regiões ou bairros. Os cadastros do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) também são interessantes, embora, por questões práticas e políticas, não sejam revisados constantemente. Assim, geralmente, os valores dos imóveis estão desatualizados e, às vezes, até o cadastro inteiro está longe da realidade, à parte de uma certa dificuldade de acesso. Cartórios de registro de imóveis O registro em cartório representa a transferência efetiva, concretizando legalmente a venda. Os cartórios de imóveis não podem registrar as transmissões sem a apresentação de prova de pagamento do imposto. Devem ser incluídos no texto do registro: número da guia, valor do imposto, estimativa fiscal (valor do imóvel, segundo a municipalidade) e data de pagamento do imposto. As demais informações, sobre as características físicas do imóvel são idênticas às constantes das guias de ITBI. TÓPICO 4 | PROCESSO DE AVALIAÇÃO 39 Para ambos, a única informação sobre a qual existem dúvidas é o valor da transação, que pode estar abaixo dos níveis do mercado. Nas outras fontes, também existe este problema, porém em sentido inverso: os valores obtidos tendem a ser maiores que os de mercado, por representarem valores de oferta, que raramente são os finais. De qualquer forma, o profissional que conhece bem a cidade sabe qualificar a região em que o imóvel está situado, mesmo sem a vistoria, precisando apenas detalhar o prédio, tarefa para a qual as fotografias são importantes. Com o endereço completo do imóvel, podem ser buscadas junto aos cadastros das Secretarias Municipais da Fazenda ou de Obras e Viação diversas informações sobre o terreno e a construção, de grande interesse para a análise. Algumas das características a serem
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