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Direito Tributário

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Conteúdo: Direito Tributário - 18/02/2019
1. Conceito: é ramo didaticamente autônomo do direito público, que estuda princípios e normas disciplinadoras do exercício das atividades estatais de instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.
2. Natureza jurídica: direito público.
3. Finalidade: delimitar o poder de tributar, evitando abusos no exercício das atividades do Fisco em prejuízo dos contribuintes.
4. Relação com outros ramos do Direito
O Direito Tributário é ramo autônomo porque tem leis e princípios próprios.
O Direito Tributário é ramo de sobreposição, porque utiliza conceitos e institutos de outros ramos.
a) Direito Financeiro: quando o dinheiro do contribuinte ingressa nos cofres públicos, termina o campo de interesse do Direito Tributário e começa o do Direito Financeiro, que estuda a destinação do dinheiro arrecadado pelo fisco.
b) Direito Constitucional: a CF/88 versa sobre o STN (Sistema Tributário Nacional), as espécies de tributo, a competência tributária, os princípios tributários, a imunidade tributária e o regime do Simples Nacional.
c) Direito Administrativo: aplicam-se princípios administrativos ao Direito Tributário (legalidade, impessoalidade, segurança jurídica, publicidade); os processos tributários têm influência dos processos administrativos; a estrutura organizacional e o quadro de pessoal da Administração Tributária são subordinados às regras do Direito Administrativo.
d) Direito Civil: a legislação tributária utiliza institutos e conceitos do Direito Civil. Ex.: conceito de proprietário e imóvel na hipótese de incidência de IPTU.
e) Direito Penal: crimes contra a ordem tributária.
f) Direito Processual Penal: ritos para apuração e julgamento dos crimes contra a ordem tributária.
g) Direito Empresarial: responsabilidade tributária.
h) Direito Processual Civil: estabelece o devido processo legal para a cobrança de tributos.
i) Direito Internacional: tratados e convenções internacionais versando sobre questões tributárias.
5. Objeto de estudo: 
a) imediato: princípios e normas que disciplinam o Fisco.
b) mediato: atividades estatais de instituição, cobrança e fiscalização de tributos.
6. Competência para legislar sobre Direito Tributário
- Competência concorrente entre União, Estados e DF.
- Os Municípios podem legislar com base no interesse local.
A competência para legislar sobre Direito Tributário (ampla, disciplina vários temas relacionados à tributação) é diferente da competência tributária (institui o tributo).
7. Fontes
a) materiais: acontecimentos relevantes para o Direito, que ocorrem na sociedade, determinando a necessidade de criação de uma norma. Ex.: o advento da internet e da clonagem humana ensejaram a criação de normas.
b) formais: 
- primárias ou imediatas: podem criar regras jurídicas. Ex.: leis, medidas provisórias, emendas constitucionais.
- secundárias ou mediatas: só podem detalhar as regras primárias. Ex.: decretos, regulamentos, portarias.
8. Princípios:
a) Supremacia do interesse público: as normas do Direito Tributário são cogentes. O Estado tem prerrogativas. Obs.: direito de propriedade. 
b) Indisponibilidade do interesse público: aquele que administra o Estado não pode abrir mão de algo que pertence ao Estado. 
Obs.: Questionamento doutrinário: a cobrança de tributos é concretização do poder do Estado?
9. Atividade financeira do Estado
a) Consecução de bem público;
b) Necessidade de recursos.
Classificação: (onde o Estado busca o dinheiro).
- Receita ordinária: proveniente de recursos e patrimônio do próprio Estado.
- Receita derivada: proveniente do patrimônio do particular. Ex.: tributos.
Conteúdo: Tributo - 11/03/2019
1. Conceito: é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (Art. 3º, lei n. 5172/66, CTN).
a) prestação pecuniária: o pagamento da exação deve ser em moeda para facilitar ao Estado gerir a máquina pública. 
Obs.: há a possibilidade de dação em pagamento de bens imóveis (art. 156, XI, CTN) e aceita-se o título de crédito cheque (art. 162 do CTN). Não se admite o tributo “in labore” (prestação de serviço) e o tributo “in natura” (entrega de bens móveis). LC 104/01. Art. 156, XI, CTN.
b) prestação compulsória instituída por lei: o pagamento do tributo é um dever decorrente do poder de império do Estado. Não é uma obrigação consensual ou facultativa. O dever de pagar tributos sempre surge da lei (em atendimento ao princípio da legalidade). Art. 150, I, CF e Art. 47, CF.
c) não constitui sanção por ato ilícito: o dever de pagar os tributos surge de um fato gerador que atende ao direito, isto é, é preciso para manutenção da máquina pública. Já a sanção, por exemplo: o dever de pagar multa, surge de um ato ilícito. O tributo não pode ser usado como punição.
Obs.: A multa é receita derivada. Art. 43, CTN. Art. 118, CTN.
Obs.: Pecunia non olef (O dinheiro não tem cheiro); a tributação recai sobre atividade ilícita ou fruto de ato ilícito (art. 118, CTN). Ex.: traficante, mafioso, bicheiro também devem pagar tributos.
d) cobrança mediante atividade plenamente vinculada: o Fisco é obrigado a realizar o lançamento tributário se constatar a ocorrência do fato gerador, porque o lançamento é ato administrativo vinculado (não discricionário) e obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional do agente público competente (art. 142, p.u., CTN).
2. Teorias das espécies tributárias
a) tripartite ou tripartição: (CTN) são três as espécies de tributos (impostos, taxas e contribuições de melhorias).
b) quadripartite: são quatro as espécies de tributos (impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios).
c) quinquipartite ou pentapartição: são cinco as espécies de tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais). Essa é a teoria majoritária na doutrina e na jurisprudência (STF).
3. Finalidade dos tributos: 
a) fiscal: objetivo meramente de arrecadação para custear o aparelho estatal.
b) extrafiscal: objetivo social, econômico e político.
c) parafiscal: o tributo é arrecadado por pessoa diversa da que o criou. 
Obs.: ocorre a delegação da capacidade para cobrar e fiscalizar tributos, isto é, a capacidade ativa na relação jurídica tributária. A competência tributária (de criação de tributos) é indelegável.
Obs.: Não confundir juros (percentual sobre valor emprestado), correção monetária (atualização do poder de compara do dinheiro) e multa (sanção de ato ilícito).
Obs.: princípio da não-afetação: o tributo é obrigação unilateral do contribuinte para com o Estado que pode utilizar o valor arrecadado no que quiser, pois não há o dever de contraprestação.
Conteúdo: Espécies de tributo	- 01/04/2019
1. Taxa
- Conceito: tributo bilateral, contraprestacional, causal, retributivo, remuneratório e sinalagmático.
- Previsão: art. 77, CTN e art. 145, II, CF/88.
- Competência: art. 145, II, CF/88.
Competência comum a todos os entes federativos. O mesmo ente que cria a taxa, arrecada-a. São criadas e disciplinadas por lei ordinária.
- Fato gerador: a instituição é vinculada a uma atividade estatal relacionada ao contribuinte.
Primeiro há um ato do Estado e depois, a cobrança da taxa. Há, pois, contraprestação. 
- Espécies de taxas: as taxas incidem sobre
a) serviço público específico e divisível/ singular; 
São taxas de serviço, isto é, quando o Estado presta ao contribuinte um serviço específico (significa utilidade ou necessidade pública) e divisível uti singuli (significa suscetível de uso separadamente, por cada usuário). O custo da atividade estatal específica recai sobre seu beneficiário direto porque a prestação (ou fornecimento) torna mais cômoda a vida do usuário. Ex.: fornecimento de água, transporte coletivo, energia elétrica, coleta de lixo, taxa judiciária, emolumentos pagos aos cartórios extrajudiciais. 
Obs.: Taxa vs. Tarifa. Se oserviço uti singuli for prestado diretamente pelo Estado ou por entidade da Administração indireta, a remuneração será taxa. Porém, se for prestado por concessionário ou pemissionário, será tarifa. Ex.: telefonia celular fixa, serviço postal.
b) exercício efetivo do poder de polícia. (Arts. 78 e 79 do CTN)
São taxas cobradas para remunerar atividades exercidas pelo Estado para limitar, fiscalizar e sancionar o interesse particular em benefício do interesse coletivo. Ex.: taxa de fiscalização ambiental, taxa de licenciamento de veículo, taxa de licenciamento de elevadores, taxa para obtenção de alvará, taxa para expedição de certidões e atestados, taxa para expedição de passaporte, taxa para renovação de licença de funcionamento de estabelecimento comercial.
- Formas de prestação:
a) efetiva: o serviço público é cobrado porque é, de fato, usufruído pelo contribuinte. Ex.: taxa judiciária.
b) potencial: o serviço público é cobrado mesmo que não usufruído pelo contribuinte, porque está disponível para utilização a qualquer momento. Isso ocorre porque o serviço público tem um custo, e, mesmo que o contribuinte decida não usar, o prestador pode exigir um valor fixo mínimo. Ex.: fiscalização da vigilância sanitária pelos empresários.
- Lançamento: de ofício, isto é, diretamente pela autoridade administrativa, sem qualquer participação do contribuinte. (art. 149, CTN).
- Afetação da receita da taxa: a receita da arrecadação da taxa deve ser destinada ao custeio da atividade estatal que deu origem à cobrança. É inconstitucional a destinação da receita arrecadada para entidades privadas.
- Princípio da referibilidade: o recurso obtido com o pagamento da taxa não pode ser maior do que o gasto do ente público com a prestação de serviço ou poder de polícia.
- Hipóteses de não pagamento de taxa:
Imunidade: é regra proibitiva de competência, é constitucional. Ex.: é inconstitucional cobrar taxa de universidade pública.
Isenção: ocorre mediante lei, é obediência ao princípio da isonomia. Ex.: Quem não tem condição de pagar a taxa judiciária, tem direito ao benefício da gratuidade da justiça.
2. Contribuições de melhoria
- Conceito: tributos cobrados quando a realização de uma obra pública causa acréscimo no valor do imóvel privado localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente pela obra.
Ex.: pavimentação e alargamento de via pública, iluminação, arborização, esgoto pluvial, melhoramento de praça, pontes, túneis, proteção contra secas, inundações, erosão, etc.
- Previsão: art. 145, III, CF; arts. 81 e 82, CTN; Decreto-lei n. 195/67.
- Competência: comum. São criadas por lei ordinária.
- Fato gerador: vinculado ao ato do Estado que deu origem a cobrança. Valorização imobiliária e obra pública.
- Lançamento: de ofício.
Obs.: Obra pública vs. Serviço público. A semelhança entre eles cria dificuldade para identificar se o tributo a ser cobrado deve ser taxa ou contribuição de melhoria. A obra pública recai sobre atividade nova, prepondera o resultado final. Ex.: asfaltamento de rua, se valorizar imóvel particular, dá causa a contribuição de melhoria.
O serviço público recai sobre a manutenção, prepondera a atividade em si mesma. Ex.: recapeamento asfáltico.
- Desvalorização do imóvel particular: se a obra pública causar desvalorização do imóvel particular, o Direito Administrativo admite propositura de ação indenizatória em face do Poder Público, fundamentada na prática de ato ilícito. Ex.: construção de presídio ou unidade de internação de menores infratores, viadutos, estação de metrô.
 
3. Empréstimo compulsório
- Conceito: tributos restituíveis de competência exclusiva da União, cobrados em casos excepcionais. 
- Previsão: art. 148, CF e art. 15, CTN.
- Competência: exclusiva da União. Obs.: não admite delegação.
- Causas justificadoras: 
a) guerra externa ou sua iminência (a guerra ainda não iniciou);
b) calamidade pública (que exija auxílio federal porque é impossível de se resolver com os recursos orçamentários disponíveis);
c) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Ex.: transposição das águas do Rio São Francisco.
- Natureza: vinculada ou desvinculada. O constituinte deu liberdade ao legislador para decidir se o empréstimo compulsório será cobrado de forma vinculada ou não a determinada atividade estatal.
- Destinação: a aplicação do recurso está vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
- Fato gerador: está na lei que institui o tributo. 
Obs.: inaplicabilidade do art. 4 do CTN, segundo o qual “a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador”. O fato gerador serve para diferenciar os tributos. Entretanto, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios não se diferenciam dos outros tributos por causa do fato gerador. Pelo contrário, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios podem ter fato gerador idêntico ao de outros tributos, admitindo, até mesmo, bitributação e bis in idem. Na verdade, os empréstimos compulsórios se distinguem por serem restituíveis (a União tem que devolver o valor ao contribuinte, na mesma espécie em que o tributo foi recolhido) e as contribuições especiais por sua destinação constitucional. 
Obs.: são conceitos importantes ...
Bitributação: duas ou mais entidades exigem tributos sobre um único fato gerador.
Bis in idem: uma única entidade exige mais de um tributo sobre o mesmo fato gerador. Ex.: diante de uma guerra externa, a União institui simultaneamente empréstimo compulsório e imposto extraordinário para custear os gastos com o embate internacional.
Tredestinação: há desvio de finalidade na aplicação do valor arrecadado.
Adestinação: o valor arrecadado não é aplicado em nenhuma finalidade, fica nos cofres públicos.
Calamidade pública: situação emergencial transitória provocada pela ação humana ou evento da natureza. Ex.: furacão, terremoto, tsunami, enchente, desmoronamento, acidente aéreo de grandes proporções.
- Princípio da anterioridade: art. 150, III, “b” e “c”.
4. Imposto
- Previsão: art. 16, CTN e art. 145, I, CF/88.
- Conceito: tributo desvinculado de uma atividade estatal relativa ao contribuinte. Não têm caráter restitutivo, mas contributivo. São usados para custeio de serviços públicos uti universi e outras despesas estatais gerais.
- Competência: privativa de cada ente federativo (art. 153, 155 e 156 da CF). 
A competência é indelegável, isto é, não é permitida a transferência de competência para instituir impostos (art. 7º do CTN). É criado por lei ordinária.
- Destinação: não vinculado, não afetado. (Art. 167, IV, CF).
- Princípio da capacidade contributiva: é um comando dirigido ao legislador, é um desdobramento do princípio da isonomia, é aplicável somente a alguns impostos, consiste na cobrança graduada mediante o potencial econômico do contribuinte.
- Princípio da não afetação e “dupla desvinculação” dos impostos: proíbe que o legislador vincule a receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Só se aplica aos impostos.
- Impostos residuais: são impostos novos ainda não previstos entre os atualmente atribuídos aos entes federativos pela CF/88.
- Imposto extraordinário de guerra: criados pela União por meio de lei ordinária, em caso de guerra externa ou sua iminência, com cobrança imediata. Difere do empréstimo compulsório porque admite criação por medida provisória, não é restituído, é suprimido gradativamente assim que cessadas as causas de sua criação.
5. Contribuições especiais
- Conceito: tributo finalístico qualificado pela destinação.
- Previsão: art. 149, 149-A e 195, CF.
- Competência: exclusiva da União. Criadas por lei ordinária.
- Fato gerador: a finalidade para que foram criadas. (A CF/88 estabelece a finalidade). Não se aplica o art. 4, CTN. 
- Destinação: afetada a órgão, fundo ou despesa.
- Finalidades: 
a) para intervenção no domínio econômico;
b) para custeio das categorias profissionais ou econômicas;
c) para custeio do serviço de iluminação pública;
d) para financiamentoda Seguridade Social;
e) para custeio de entidades privadas de serviço social e formação profissional;
f) para custeio da educação básica pública.
- Espécies: (art. 149, CF)
a) contribuições sociais: para o financiamento da Seguridade Social (art. 195, CF).
b) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE): para regular setores da economia. 
c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas: para custear entidades de classe e outras instituições representativas de interesses profissionais. São tributos instituídos pela União e delegados por meio de lei (parafiscalidade) às entidades de classe para que façam a arrecadação. 
Obs.: 
- Contribuição de iluminação pública (art. 149-A: acrescentado pela Emenda n. 39/2002): ATENÇÃO! Não é taxa. É contribuição especial arrecadada pelos Municípios e DF para custeio do serviço de iluminação pública, facultada a cobrança na fatura da energia residencial.
- Contribuição confederativa (art. 8, IV, CF): ATENÇÃO! Não é tributo, mas uma exigência de recolhimento facultativo que pode ser instituída pela Assembleia Geral (e não por lei) da categoria profissional para custeio do sistema sindical como um todo.
Questões feitas pelo professor durante a aula.
1. O empréstimo compulsório pode ter aplicação imediata?
2. Pode o presidente da República instituir empréstimo provisório por medida provisória?
3. Quais impostos são de competência do DF?
4. O que é o princípio da não-afetação dos impostos?
5. Quais são as exceções ao princípio da não-afetação dos impostos?
6. O pagamento pela iluminação pública é cobrado via contribuição ou taxa?
7. Por que a destinação da contribuição especial é afetada, mas o tributo em si não é afetado?
8. O pagamento feito pelos advogados à OAB é contribuição especial?
9. Que ente federativo é competente para instituir a contribuição de iluminação pública?
10. Brumadinho, diante do grave problema ambiental ocorrido lá, pode constituir empréstimo compulsório?
Conteúdo: Princípios Tributários − 29/04/2019	− 2ª avaliação 
1. Introdução
Os princípios tributários têm observância obrigatória pelo legislador e pelo fisco, seu descumprimento causa nulidade do tributo ou de sua cobrança. O Estado tem prerrogativas, mas os princípios e as imunidades são limitações constitucionais ao poder do Estado de tributar. O art. 150 da CF/88 (rol exemplificativo) trata os princípios tributários como garantias fundamentais do contribuinte. Isso significa que esses princípios são instituídos sempre em favor do constituinte e contra o Fisco, nunca o contrário. Portanto, tem-se que os princípios possuem natureza dúplice, pois são, ao mesmo tempo, limitações ao poder de tributar e garantias fundamentais. O art. 60, §4º, IV, da CF/88, trata os princípios tributários como cláusulas pétreas, isto é, são imodificáveis, não podem ser suprimidos ou ter seu alcance reduzido por emenda constitucional. O art. 146, II da CF/88, dispõe que a regulamentação do princípio tributário deve ser por lei complementar. O art. 62, §1º, III da CF/88 veda a aplicação de medida provisória para esse fim.
Obs.: Súmula 160 do STJ. “É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.” Atualização de base de cálculo não é majoração. O município pode atualizar o valor de tributo por decreto, mas não pode aumentar o valor por decreto. Logo, compreende-se que pode haver correção sem lei, mas a majoração tem que ser mediante lei.
2. Espécies 
a) Princípio da Legalidade (art. 150, I, CF/88 e art. 97 do CTN)
A CF/88 dispõe que é vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. O CTN estabelece que a instituição, a extinção, a majoração ou a redução de tributo sempre dependem de lei. O tipo de lei para isso é a lei ordinária (maioria simples). 
Obs.: Só quatro tributos são instituídos por lei complementar (maioria absoluta): empréstimos compulsórios, impostos sobre grandes fortunas, impostos residuais, novas fontes de custeio da seguridade.
Obs.: Do princípio da legalidade decorre o princípio do paralelismo, segundo o qual a instituição, a modificação e a extinção de um tributo tem que ocorrer pelo mesmo tipo de lei.
b) Princípio da Isonomia (art. 150, II, CF/88 e art. 5º, caput, da CF/88)
Não pode ser dado tratamento diferenciado a contribuintes que se encontrem em situação equivalente. 
Esse princípio tem três desdobramentos:
- regra da irrelevância da incapacidade civil, isto é, todos os civilmente incapazes (criança, “loucos”, empresas irregulares – sem registro na Junta comercial) pagam tributos.
- princípio pecúnia non olet (o dinheiro não tem cheiro), isto é, não importa a origem do dinheiro e nem se a atividade tributada é ilícita ou imoral, porque os frutos do ato ilícito sofrem tributação.
Obs.: O sigilo fiscal é relativizado, ou seja, para efeitos fiscais, o Fisco pode ter acesso a livros empresariais, por exemplo, quebrando o sigilo empresarial, pois no entendimento do STF, não há sigilo para a fiscalização.
- princípio da capacidade contributiva, isto é, todos os tributos devem ser graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
c) Princípio da não-surpresa ou anterioridade (art. 150, III, “b” e “c” da CF/88)
É preciso um intervalo entre a publicação da lei (que cria ou majora o tributo) e a sua efetiva exigência. O art. 150, III, CF/88 afirma que esse intervalo não se aplica para redução ou extinção de tributo, porque as leis de redução e extinção têm aplicação imediata. Esse princípio visa a segurança jurídica e a confiança do contribuinte no Fisco.
Deste princípio decorrem três outros:
I. princípio da anterioridade do exercício fiscal (alínea b). O tributo criado ou aumentado em um ano só será exigido no ano seguinte ao da publicação da lei.
II. princípio da anterioridade nonagesimal (alínea c). Há um intervalo de 90 dias entre a data de publicação da lei e o momento de exigência do tributo.
III. princípio da irretroatividade (alínea a). Impede que novas leis tributárias alcancem fatos anteriores a sua vigência.
Obs.: se houver a aplicação dos dois princípios da anterioridade, a cobrança cairá sobre a data mais distante.
Obs.: Exceções do princípio da anterioridade são os tributos com cobrança imediata. 
d) Princípio do não-confisco (art. 150, IV, da CF/88)
Não é permitido usar tributo como confisco. Esse princípio é um desdobramento da razoabilidade e da proporcionalidade. Proíbe exageros no valor do tributo exigido pelo Fisco. É aplicável a todas as espécies tributárias.
A crítica a esse princípio recai no fato de não haver critério objetivo que defina “confisco”.
e) Princípio da capacidade contributiva ou econômica (art. 145, §1º, CF/88)
Todos os tributos devem ser graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
É preciso diferenciar impostos reais de impostos pessoais.
- Impostos reais: incidem sobre coisas. Ex.: IPTU, IPVA, ITR. 
- Impostos pessoais: incidem sobre pessoas. Ex.: Imposto de renda.
Obs.: Os impostos têm caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
Conteúdo: Imunidades tributárias – 13/05/2019
1. Introdução
Assim como os princípios, as imunidades têm natureza dúplice, pois são limitações de tributar e garantias fundamentais do contribuinte. São consequências da natureza dúplice: 
- as imunidades são cláusulas pétreas;
- as imunidades exigem lei complementar para sua regulamentação;
- é vedada medida provisória para regulamentação das imunidades;
- as imunidades devem ser invocadas em favor do contribuinte e não do Fisco.
Enquanto os princípios limitam o poder de tributar do estado, as imunidades limitam a competência dos entes tributantes sobre determinadas entidades ou sujeitos. A competência tributária é a habilitação para criar tributos por meio de lei. Somente os entes federativos (União, estados, DF e municípios) são dotados de competência tributária. 
	 1º →2º →
	3º →
	4º →
	5º
	Hipótese de incidência
	Fato gerador real
	Obrigação tributária
	Lançamento do crédito tributário
	Cobrança tributária
	Fato gerador abstrato.
O legislador descreve um fato.
Ex.: quem tem carro paga IPVA.
	Ocorrência do fato no mundo real. 
 Ex.: A pessoa pratica o fato de ter um carro.
	OT= HI + FG
Surge o dever de pagar tributo.
Ex.: A pessoa vai ter que pagar IPVA.
	Identifica o devedor, a espécie de tributo e o valor.
	
2. Situações de não incidência de tributos
a) Não incidência pura e simples. 
Ocorre quando o tributo é indevido porque não ocorreu seu fato gerador. Nos casos que não se encaixam na hipótese de incidência tributária. Ex.: A súmula n. 31 do STF afirma que é inconstitucional a exigência de ISS sobre locação. Como locação não é serviço, não se pode exigir o Imposto Sobre Serviço. Logo, o ISS é indevido porque não ocorre seu fato gerador.
b) Não incidência pelo não exercício da competência. 
Existe a situação, mas o ente público não exerceu seu direito de criar o tributo. Ex.: embora seja competência da União instituir o imposto sobre grandes fortunas, ela ainda não criou lei que regule esse tributo.
c) Não incidência pela imunidade. 
É chamada de competência negativa. São limitações ao campo da competência tributária. 
3. Imunidade e Isenção: ambas liberam o contribuinte de efetuar o pagamento do tributo. Diferenças:
	IMUNIDADE
	ISENÇÃO
	Na CF/88
	Em lei
	Limita a competência tributária
	Dispensa o pagamento do tributo
	Ocorre antes do fato gerador
	Ocorre após o fato gerador
	Tem interpretação ampliativa (art. 111). 
Para todas as situações que se encaixam na hipótese de incidência.
	Tem interpretação literal. 
Para todos os casos previstos na lei.
	Alcança só impostos
	Alcança todos os tributos
	Exclui o crédito tributário (art. 175, CTN)
	Decorre da competência tributária*
	É irrevogável
	É revogável
	É perene
	Tende à temporariedade
*Obs.: A entidade competente para instituir o tributo pode arrecadar o tributo ou dispensar o seu recolhimento em casos predeterminados, por isso é correto afirmar que a isenção se origina da vontade da entidade que institui o tributo. 
Obs.: A taxa judiciária é exemplo de isenção. Existe lei que a determina (hipótese de incidência), para propor ação é preciso pagar taxa judiciária (existe o fato gerador), gera obrigação tributária, há lançamento (com valor determinado e específico), mas não ocorre a cobrança tributária.
4. Imunidade e alíquota zero
A alíquota é um percentual. Cada tributo tem uma alíquota que permite sua cobrança. Quando a alíquota é zero, não há valor gerado para cobrar o tributo. Há hipótese de incidência, surge o fato gerador, nasce a obrigação tributária, mas não há valor devido. É liberalidade de quem cria o tributo. 
Ex.: para que uma montadora de carros não demita 200 mil funcionários, o criador do tributo institui a alíquota zero (IPI) para que fomente a economia com o aumento da compra de veículos, evitando a demissão em massa.
Difere da imunidade porque nela sequer ocorre o fato gerador, já que a norma imunizante evita o nascimento da obrigação tributária antes do fato gerador acontecer. Além disso, a imunidade decorre da constituição e a alíquota zero é conferida por lei ou ato administrativo.
5. Imunidade e redução da base de cálculo: desconto
O legislador ou Poder Executivo promove um abatimento quantitativo no valor sobre o qual o tributo incide, isto é, dá um desconto na base de cálculo do tributo. Assim, quando é aplicada a alíquota, o valor devido para pagamento seja inferior ao valor se fosse usada a base de cálculo integral.
Ex.: o empresário tem imóvel avaliado em R$100 mil. A prefeitura concede desconto, decidindo não cobrar o IPTU sobre o valor avaliado do imóvel, mas apenas em 50% do valor do imóvel.
A redução da base de cálculo é um benefício concedido por lei ou mediante ato administrativo.
6. Imunidade e cumprimento de obrigação acessória 
A imunidade exclui apenas a obrigação principal. Mesmo que o indivíduo seja imune, ele deve pagar as obrigações acessórias, pois são as obrigações acessórias prova da atividade exercida.
Ex.: Igreja não paga imposto (ex.: IPTU), mas tem que cumprir as obrigações acessórias (ex.: manter cadastro atualizado junto ao Fisco). 
7. Classificação das imunidades
Depende do entendimento de cada doutrinador.
a) quanto ao fim da proteção (finalidade)
- Subjetiva: o benefício visa à proteção de pessoas físicas ou jurídicas. Ex.: imunidade religiosa (art. 150, VI, b, CF/88); imunidade das entidades federativas (art. 150, VI, a, CF/88); imunidade de partido político, entidades de classe e instituições assistenciais (art. 150, VI, c, CF/88). Obs.: afasta todos os impostos.
- Objetiva: afasta a incidência de imposto sobre produtos. Ex.: imunidade de imprensa (art. 150, VI, d, CF/88) visa a proteção de livros, jornais, periódicos e papel destinados a impressão. Obs.: só afasta os impostos que incidem diretamente sobre o item protegido. Ex.: a editora que produz livros tem que recolher impostos pessoais, como IPTU e IR, já que estes não guardam relação com os livros.
- Mista: imunidade que incide sobre coisa e pessoa ao mesmo tempo. Prevista no art. 153, §4º, II, CF/88. Ex.: O ITR não incide sobre propriedade explorada cujo proprietário não possua outra.
b) quanto à origem
- Política ou incidental: decorrem de valores constitucionais que não são fundamentais para a ordem jurídica.
Ex.: imunidade religiosa.
- Histórica ou ontológica: são consequências de um princípio constitucional maior. Ex.: imunidade recíproca.
c) quanto à abrangência
- Específicas: afastam a incidência de um só tributo e são previstas na constituição. Ex.: IPI sobre produtos destinados ao exterior (art. 153, §3º, III, CF/88).
- Genéricas ou gerais: com o objetivo de proteger determinada pessoa ou certo produto, afastam a incidência de mais de um tributo. Ex.: aquelas do art. 150, VI, CF/88 (entidades federativas, religiosas, partidos políticos, imprensa, fonogramas e videofonogramas produzidos no Brasil).
d) quanto à sua força
- autoaplicáveis ou incondicionadas: têm completa e imediata produção de efeito, inexistindo regulamentação. Ex.: imunidade recíproca (art. 150, VI, a, CF/88).
- não-autoaplicáveis ou condicionadas: exige o preenchimento de requisitos para que o beneficiário usufrua delas. Ex.: imunidade das entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos (art. 150, VI, d, CF/88). 
8. Imunidades gerais: são as cinco do art. 150, VI, CF/88. 
a) Recíproca ou intergovernamental: impede que os entes federativos cobrem impostos entre si. É um comando fundamental para a preservação e o equilíbrio da harmonia federativa. Aplica-se somente aos impostos.
b) Religiosas: beneficia todas as instituições religiosas, afastando a incidência de qualquer imposto sobre a renda, patrimônio e serviços relacionados com suas atividades essenciais. Decorre de garantias fundamentais como a liberdade de crença, o livre exercício de cultos religiosos e a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
Obs.: maçonaria não tem imunidade porque não é religião, mas uma ideologia de vida.
Obs.: cemitérios que funcionam como extensão de entidades religiosas, sem fins lucrativos, que se dediquem unicamente a serviços funerários e religiosos têm imunidade de IPTU. 
c) Institucionais: são favorecidos pelo não recolhimento de todos os impostos, desde que preenchidos os requisitos legais. Ex.: partidos políticos e suas fundações, entidades sindicais de trabalhadores, instituições educacionais sem fins lucrativos, instituições assistenciais sem fins lucrativos.
d) Cultural ou de imprensa: livros, jornais, periódicos (revistas) e papel para sua impressão não pagam nenhum imposto como forma de difundir a cultura, tornando mais acessível esses itens à população em geral.
Obs.: e-readers têm imunidade, mas smartphones e tablets não. (STF)
Obs.: álbum de figurinhas, cromos,apostilas, listas telefônicas, revistas técnicas, mapas impressos, atlas geográfico, panfletos publicitários e encartes têm imunidade.
e) Obras musicais nacionais: a emenda constitucional n. 75 de 2013 afastou a incidência de imposto sobre CDs e DVDs musicais produzidos no Brasil para combater a pirataria. Se não houver relação com a cultura do Brasil, inexiste imunidade.
Conteúdo: Obrigação tributária – 20/05/2019
1. Introdução
É a relação jurídica entre o credor (Fisco) e devedor (contribuinte), instituída por lei e submetida aos princípios e normas do Direito Tributário, tendo como objeto prestações de dar, de fazer ou de não fazer. Ocorrendo o fato gerador, nasce instantaneamente a obrigação tributária, não importando a vontade do sujeito passivo, já que o Estado tem posição privilegiada (prerrogativas). Há dois tipos de obrigação tributária (art. 113, §1º, CTN): as principais e as acessórias.
2. Obrigação principal
Surge com a ocorrência do fato gerador previsto em lei. Tem por objeto o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária. Obs.: A multa é considerada obrigação principal pelo CTN, no art. 113.
3. Obrigação acessória
É a obrigação de fazer ou de não fazer prevista na legislação tributária, instituída para arrecadação e fiscalização de tributos (art. 113, §2º, CTN). Serve para auxiliar o Fisco na cobrança da obrigação principal. Ex.: emitir nota, elaborar declaração de imposto de renda, manter livros fiscais. Se for descumprida, converte-se em obrigação principal para fim de cobrança da penalidade pecuniária (art. 113, §3º, CTN). Pode ter previsão em atos administrativos (decretos), tratados internacionais e normas complementares.
Obs.: a máxima civil de que “a sorte da acessória segue a da principal” não se aplica ao Direito Tributário, pois o contribuinte terá que cumprir a obrigação acessória. No Direito Tributário não há dependência da acessória para com a principal. Se a principal estiver eivada de vício, isso não prejudicará a acessória.
4. Sujeitos da relação tributária
São sujeitos da relação tributária: sujeito ativo, sujeito passivo, objeto e causa.
a) sujeito ativo (art. 119 do CTN): é o credor tributário, chamado de Fisco, que, em regra, será um dos entes federativos (União, estados, municípios, DF). É a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. O art. 42 do CC define-os.
- Exceção: Parafiscalidade (o credor não é um ente federativo, mas uma pessoa física ou jurídica definida em lei –art. 7º do CTN).
- Obs.: O art. 6º do CTN dispõe sobre a competência legislativa plena, que é a possibilidade de instituir e regulamentar o tributo. Há dois tipos de competência: a “latu sensu” (plena) e a “stricto sensu” (restrita). A competência “latu sensu” consiste no poder do ente de instituir, fiscalizar, arrecadar e executar o tributo. Já a competência “stricto sensu” consiste no poder do ente de apenas criar o tributo, já que ele delegará o poder de fiscalizar, arrecadar e executar o tributo. O art. 7º do CTN afirma que a competência restrita é indelegável.
- Desmembramento territorial (art. 120 do CTN)
O desmembramento territorial ocorre quando surge novo ente público como sujeito ativo da relação tributária. Por ser recente, não haverá legislação que discipline a criação, fiscalização, arrecadação e execução de tributos. Sendo assim, o novo ente se valerá das normas que regiam as relações tributárias antes do desmembramento, se sub-rogando aos direitos do Estado ao qual fazia parte até que possua legislação própria. Em suma, o desmembramento territorial é a substituição do sujeito ativo da relação tributária. Obs.: pode haver a substituição do sujeito ativo, mas não do sujeito passivo. 
b) sujeito passivo (art. 121 do CTN): quem pratica o fato gerador. Pode ser ocupado pelo contribuinte ou o responsável tributário.
- Contribuinte de direito: a pessoa que está direta e legalmente obrigada a efetuar o pagamento perante o Fisco. Ex.: o lojista que paga o ICMS sobre mercadoria vendida em seu estabelecimento.
- Contribuinte de fato: a pessoa que sofre a diminuição patrimonial decorrente do pagamento. Ex.: o consumidor que sofre o repasse do ICMS pago pelo lojista, embutido no valor da mercadoria. 
Obs.: na maioria das vezes, a pessoa que paga o tributo para o Fisco é quem sofre as consequências econômicas do pagamento. Ex.: IPVA.
- Responsável tributário (sujeito passivo indireto): pessoa que tem obrigação de recolher tributos e repassar ao Estado. Sua função decorre de expressa determinação legal (art. 212, p.u., II, do CTN). Não é o contribuinte e deve estar ligado ao fato que gerou a obrigação. Ex.: empregador responsável pela retenção na fonte do Imposto de renda devido pelo empregado. No caso de um bebê que herda um imóvel, seus tutores pagam o tributo ao Estado.
c) Objeto (art. 113, §§ 1.º e 2.º, do CTN): é a prestação, de cunho pecuniário ou não pecuniário, a que se submete o sujeito passivo diante da realização do fato gerador.
d) Causa (arts. 114 e 115 do CTN): é o vínculo jurídico entre sujeito ativo e sujeito passivo. Pode ser a lei tributária (art. 114 do CTN) ou a legislação tributária (art. 115 do CTN).
5. Convenções particulares
As convenções particulares são contratos. O art. 123 do CTN dispõe que a responsabilidade pelo pagamento de tributos, não pode ser negociada em contrato, nem opostas à Fazenda Pública. Obs.: salvo disposição de lei em contrário.
Ex.: carro com IPVA atrasado, quem compra o carro, paga o IPVA. Isso independe de contrato de compra e venda.
6. Solidariedade tributária
- Previsão: Arts. 265 e 266 do CC. Arts. 124 e 125 do CTN.
Não existe solidariedade tributária ativa (entre credores) no Direito Tributário. 
É cobrança irregular aquela que exige pagamento de tributo simultaneamente para mais de um ente, caracterizando bitributação.
A solidariedade tributária passiva (arts. 124 e 125 do CTN) é admitida nos casos previstos em lei, porque a solidariedade não se presume, nem pode decorrer de contrato ou acordo. 
São solidárias as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. 
A solidariedade tributária nunca segue benefício de ordem (art. 124, p.u., CTN), por isso o Fisco pode escolher qual dos devedores solidários será acionado para efetuar o pagamento.
Obs.: o fiador não tem obrigação, apenas tem responsabilidade.
- Efeitos: são efeitos da solidariedade tributária (art. 125 do CTN):
I) o pagamento realizado por um dos obrigados aproveita aos demais. Exceto se for pessoal a um deles, subsistirá o saldo para os demais.
II) a isenção ou exoneração de crédito exonera todos os obrigados.
III) a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica os demais. 
Obs.: a desconsideração da personalidade jurídica é possível nos casos previstos em lei.
- Diferença com o Direito Civil: no Direito Civil a solidariedade ou decorre da lei ou da vontade das partes. Há tanto solidariedade ativa quanto passiva. 
- Espécies de solidariedade tributária:
a) solidariedade de fato: (inciso I do art. 124 do CTN) “as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”.
b) solidariedade de direito: (inciso II do art. 124 do CTN) “as pessoas expressamente designadas por lei”.
Ex.: cisão empresarial. 
- Hipóteses em que não se aplica a solidariedade:
a) a empresas do mesmo grupo. (Essa é a diferença com o Direito do Trabalho).
b) a responsabilidade ao sócio. (Porque a obrigação principal é do empresário e não do sócio).
7. Capacidade tributária passiva
- Previsão: art. 126 do CTN.
- É a aptidão para ser sujeito passivo na relação jurídica tributária.
- É irrelevante a capacidade civil. Independe se o sujeito é absolutamente ou relativamente incapaz, se o ato é nulo ou não. Ex.: bebê, pródigo, “louco”, devem pagar o tributo via representante legal.
- Obs.: sociedade de fato (aquela não regular) pagatributo. Se não pagar comete crime falimentar. 
8. Domicílio tributário
- Previsão: art. 127 do CTN. Define as normas para domicílio de contribuintes e responsáveis tributários.
- A obrigação tributária tem natureza quesível, isto é, deve ser paga no domicílio do devedor (do sujeito passivo).
Exceção: quando a legislação permitir que a obrigação seja cumprida em local diverso. Será uma obrigação tributária portável. 
- O CTN admite que o devedor escolha seu domicílio tributário. 
- Na falta de eleição pelo contribuinte ou responsável, a lei estabelece o local em que a obrigação será cumprida. (Incisos I, II e III do art. 127 do CTN).
- Se o local escolhido dificultar ou impossibilitar a arrecadação ou fiscalização, o Fisco pode recusar o domicílio eleito.
- Domicílio das pessoas físicas: no local de residência habitual. Sendo desconhecido ou incerto, no local habitual de suas atividades. (Inciso I)
- Domicílio das pessoas jurídicas de direito privado: no local de sua sede. Quanto aos atos e fatos que deram origem à obrigação, pode ser no local de cada estabelecimento. (Inciso II). 
- Domicílio das pessoas jurídicas de direito público (União, estados, municípios, DF, fundações públicas e autarquias): em qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. (Inciso III)

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