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Universidade Lúrio Faculdade de Engenharia Curso de Licenciatura em Engenharia Geológica 3o Nível, I Semestre Métodos de Prospecção e Pesquisa Tema: Depósito de Fluorite Discentes: Docente: Julião Chaque Julião Claudino Chaquisse, Lic. Lequelda da Vilma Gouveia Pemba, Abril 2019 Índice de conteúdos Introdução ......................................................................................................................... 1 Depósitos de Fluorite ........................................................................................................ 2 Importância económica dos minerais associados ............................................................. 4 Deposito de Vergenoeg da África do Sul ......................................................................... 5 Litologias e estratigrafia ............................................................................................... 5 Processamento .............................................................................................................. 6 Elaboração de um programa de prospecção e pesquisa de depósitos de fluorite ............. 8 Fase de Planificação ..................................................................................................... 8 Fase de reconhecimento ou prospecção ........................................................................ 9 Fase de pesquisa geral ................................................................................................ 10 Fase de pesquisa detalhada ......................................................................................... 10 Depósitos de fluorite em Moçambique ........................................................................... 11 Formas genéticas primárias ........................................................................................ 11 Formas genéticas secundárias ..................................................................................... 11 Ocorrências de fluorite em Moçambique ....................................................................... 12 Ocorrência de fluorite no Monte Muambe ................................................................. 13 Conclusão ....................................................................................................................... 17 Referências ..................................................................................................................... 18 Resumo A fluorite é um mineral da classe dos halogenetos que ocorre em diversificados ambientes geológicos, cuja na perspectiva econômica ela ocorre em filões das rochas magmáticas, metamórficas assim como sedimentares, em concentrações residuais que resultam do intemperismo dos depósitos primários, entre outras ocorrências que serão mencionadas no trabalho. Por outro, a fluorite é a principal fonte de obtenção do flúor, ela pode ser usada a indústria química, metalúrgica dependendo do teor em que está irá apresentar. A finalidade do trabalho é de estudar as características das litologias em que a fluorite acorre, os métodos que podem ser usados para a sua extracção, as suas ocorrências em Moçambique, na escolha do tipo de método geofísico usado na prospecção de depósitos minerais. Palavras–chave: Fluorite, Ambientes Geológicos, Litologias, Método Geofísico. Abstract Fluorite is a mineral of the class of halides that occurs in diverse geological environments, whose economic perspective it occurs in magmatic, metamorphic as well as sedimentary rocks, in residual concentrations that result from the weathering of the primary deposits, among other occurrences that will be mentioned at work. On the other hand, fluorite is the main source of fluoride, it can be used in the chemical industry, metallurgical depending on the content it will present. The purpose of this work is to study the characteristics of the lithologies in which the fluorite flows, the methods that can be used for their extraction, their occurrences in Mozambique, and the type of geophysical method used to prospect for mineral deposits. Keywords: Fluorite, Geological Environments, Lithology, Geophysical Method. 1 Introdução Os minerais são sólidos homogéneos de ocorrências naturais com propriedades físicas e químicas bem definidas, um arranjo atómico e geralmente formado por processos inorgânicos. Esses estão divididos em classe e uma delas é a classe dos halogénios sendo que nesta se encontra a fluorite que é um mineral considerado como a principal fonte de flúor que desempenha um vasto papel nos sectores da indústria química, metalúrgica e na cerâmica dependendo da sua percentagem em cálcio e flúor. Objectivos: Geral Estudar os métodos de prospecção dos depósitos de fluorite. Específicos: Fazer a descrição da importância econômica da fluorite e os seus minerais associados; Descrever as características de um depósito de fluorite conhecido, em termos da sua litologia e a estratigrafia; Seleccionar uma área provável da ocorrência da fluorite em Moçambique; Elaborar um programa de prospecção e pesquisa do depósito de fluorite. Metodologia Para a elaboração do relatório serão necessárias as consultas bibliográficas viradas aos métodos de prospecção e pesquisa mineral usados na exploração de um determinado depósito mineral, no caso especifico depósitos de fluorite. 2 Depósitos de Fluorite Fluorite do latim fluere, quer dizer fluir ou fluxo, é assim denominado porque funde-se com maior facilidade que outros minerais com os quais é confundida. Ela é a principal fonte comercial de flúor. (Sampaio, Baltar, & Andrade, 1987) Propriedades físicas A sua densidade oscila entre 3,175g/cm3 a 3,56g/cm3 com dureza 4 na escala de Mohs, clivagem perfeita a média (011), risca branca, fractura concoidal, tenacidade: frágil, hábito predominantemente cúbico, traço incolor, brilho vítreo e cores variando entre incolor, branco, amarelo, verde, azul, violeta, e roxo destacada pela sua fluorescência (Bourne, 1994). Propriedades químicas Fórmula química: CaF2, é composta por 51,2% de Ca (cálcio) e 48,8% de F (flúor) quando pura. Impurezas: Césio, alumínio, magnésio, oxigénio, silício e ferro. Ocorrência da fluorite A fluorite é normalmente encontrada em veios hidrotermais como mineral primário ou ganga mineral com metais como chumbo e prata. As maiores reservas estão na China (51,4%), México (17,8%), Mongólia (6,9%), África do Sul (4,5%) e Rússia (3,9%). As maiores reservas lavráveis de fluorita estão na África do Sul (17,1%), México (13,3%) e China (8,8%) (Pecanha, 2007). Na perspectiva econômica, as mais importantes formas de ocorrência do mineral são: Filões em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares; Depósitos estratiformes em rochas carbonatadas; Substituindo rochas carbonatadas ao longo dos contatos com rochas ígneas intrusivas; Depósitos marginais em rochas carbonatíticas e alcalinas; Concentrações residuais resultantes do intemperismo de depósitos primários. 3 Litologias associadas A fluorite encontra-se em dunitos, calcários e como mineral secundário em pegmatitos e nas rochas ígneas; também ocorre em carbonatitos, migmatitos e algumas rochas metamórficas, em granitos recortados por diques de riolitos. Sobre essa estrutura, estão depositados os sedimentoscaracterizados por arenitos, siltitos e folhelhos. Toda a sequência está recoberta por basaltos e recortada por diques de diabásio. As mineralizações de fluorite ocorrem em forma de filões inclinados, formados pelo preenchimento de falhas preexistentes encaixando-se preferencialmente nos granitos e estreitando-se ao penetrarem as rochas sedimentares e os basaltos. Os filões de fluorite são caracterizados por uma variação de tonalidade, que vai desde o verde escuro, nas laterais, passando para o verde claro, roxo, amarelo e incolor até o centro. Essa variação de cores é determinada pela composição química e temperatura do fluido mineralizante de origem hidrotermal (Bourne, 1994). A fluorite ocorre associada a minerais como: calcite, dolomite, gipsite, celestite, barite, quartzo, galena, esfalerite, cassiterita, topázio, turmalina, volframite e apatite (Klein & Dutrow, Manual de Ciencias dos minerais, 2012). Importância económica da fluorite A fluorite possui um amplo espectro na utilização industrial. Os principais usos são na indústria química na maior parte (50%) é usada para preparação de ácido fluorídrico, como fluxo para fabricação de vidro, fibra de vidro, cerâmica e esmalte, na siderurgia/metalurgia para a fabricação do aço como fluidificante de escórias, na fundição de ligas especiais e na fundição de zinco, magnésio e outros metais. (Pecanha, 2007) Na produção do aço é consumido de 1 a 10 Kg de concentrado de fluorite grau metalúrgico por tonelada de aço produzido, dependendo do tipo de forno utilizado. Antigamente usava-se para ornamentação e para fazer vasos e pratos. 4 Importância económica dos minerais associados Barite Mais de 80% de barite que se produz utiliza-se em furos de sondagem para petróleo e gás na lama de sondagem que apoia as hastes de composição e para evitar a fuga de gás. A barite é a fonte primaria de Ba para os productos químicos. O principal uso do bário é o litopônio, que é uma combinação de sulfureto de bário e sulfato de zinco, que se transforma em uma mistura de sulfureto de zinco e de sulfato de bário e que por sua vez o litopônio é usado na indústria de tintas. (Klein e Dutrow, 2012) Calcite O uso mais importante da calcite é na produção de cimento e de cal para argamassa. O calcário é a matéria-prima principal que, aquecido até aproximadamente 900oC, forma a chamada cal viva, CaO, pela reacção: CaCO3 → CaO + CO2↑. A cal viva, CaO quando misturado com agua, forma um ou mais tipos de hidratos de CaO (cal hidratada), emite calor e endurece. A cal viva quando misturada com areia forma a argamassa comum. (Klein e Dutrow, 2012) Cassiterite É o principal minério de estanho. A aplicação primaria do estanho foi na fabricação de chapas de estanho para embalagens de alimentos. Dolomite A dolomite é utilizada como material de construção e de ornamentação. É usada também na fabricação de certos cimentos e para a obtenção de magnésio, usado na preparação de revestimento refratário dos conversores utilizados no processo básico de fabricação de aço. (Klein e Dutrow, 2012) Galena É praticamente a única fonte de obtenção de chumbo e um minério importante de prata, cujo maior uso de chumbo está em bacterias eléctricas, mas muito é consumido para fabricar productos metálicos, como tubos, folhas e projécteis. (Klein e Dutrow, 2012) 5 Quartzo O quartzo tem muitas e variadas importâncias devido as suas variedades, ametista, quartzo róseo, quartzo fumado, olho-de-tigre, aventurina e, cornalina são amplamente utilizadas como gema ou como material ornamental. Como partículas finas, o quartzo é utilizado em argamassa, no concreto, como abrasivo e na manufactura de vidro. (Klein e Dutrow, 2012) Deposito de Vergenoeg da África do Sul A mina de fluorite Vergenoeg está localizada no Gauteng, a aproximadamente 140 quilômetros nordeste de Johanesburgo na África do Sul, aproximadamente 80 quilômetros nordeste de Pretória. A mina contém anomalia em relação à produção de espécimes de fluorita mineral, sendo uma das maiores minas de fluorita operando no mundo. A mina produz 3,4% do total mundial anual Espessura de um enorme corpo que contém em excesso de 174 milhões de toneladas a 28,1% de CaF2 (Fourie, 2002). O nome Vergenoeg surgiu em 1959, que significa “longe o suficiente”. O depósito massivo de fluorite agora sendo explorado na Mina Vergenoeg foi descoberto em 1928, embora a mineração tenha começado em 1956 quando a companhia Watercress Mining começou as operações (Ryan, 2005). Os recursos e reservas são enormes, com uma expectativa de vida de trezentos anos para mineração de fluorite. A mina produz dois principais produtos: fluorite ácida (a maior parte da Vergenoeg produto) e fluorite metalúrgica. O primeiro é vendido para o mercado hidrofluorquimico; o último é usado como um fluxo na indústria siderúrgica. Em 2006, a mina começou a produzir um terceiro produto, nomeadamente metalúrgico Cascalho de fluorite. Além de fluorite, existem factores econômicos nas concentrações de ferro (195 milhões de toneladas 42% são de ferro e substâncias de terras-raras). Litologias e estratigrafia Geologicamente, o depósito ocorre em rochas do Paleoproterozóico, no Complexo de Bushveld. As rochas da camada de exibição de veios vulcânicos que consistem em um gossan de superfície de fluorite em quantidades variáveis de hematite acima de magnetite, faialite de granulação grossa. 6 Segundo estudos em isotópicos de Rb / Sr os fluidos magmáticos foram responsáveis pela deposição de fluorite em Vergenoeg. A mineralização de fluorite ocorre como veios hidrotermais especialmente aqueles que contém chumbo e zinco, em diques, granitos, pegmatitos, como componente de alguns mármores e outras rochas metamórficas, e em forma de lentes em todo o tubo (Fourie, 2002). A origem dos veios de fluorite Vergenoeg é intrigante, isto é, é a espécie mais comum neste depósito essencialmente um veio vulcânico está associado a rochas piroclásticas e rochas sedimentares que são informalmente referidas como a Suíte de Vergenoeg ou o Complexo Ígneo de Vergenoeg. Este depósito tem sido interpretado como uma erupção piroclástica geneticamente relacionada com os granitos do Complexo de Bushveld ou alternativamente formado por erupção e alteração do fluído hidrotermal de carbonatito. Os cristais de fluorite são geralmente incolores a esbranquiçados, verde pálido e transparentes, muitas das vezes com listras roxas escuras em planos de clivagem interna bem como nos cantos externos. A maior parte de fluorite é maciça ou granular. Alguns cristais raros são roxos ou manchados de vermelho pela contaminação da superfície da hematite / goethite (Ryan, 2005). Processamento A mina é uma operação a céu aberto. O minério é extraído, triturado e tratado no local. O processo geralmente utilizado em usinas de beneficiamento de fluorite consiste de duas etapas: Uma tem visado na produção de concentrado de grau metalúrgico e usa as operações de britagem, separação granulométrica (com o propósito de obter um produto com granulometria que atenda às especificações para o uso metalúrgico) e separação gravítica em meio denso. Essa última operação é realizada com auxílio de equipamentos do tipo tambores de meio denso e hidrociclones de meio denso que são equipamentos usados no processamento das frações mais finas do minério. O meio denso utilizado é uma suspensão de ferro e silício, preparado afim de 7 possuir uma densidade intermediária entre a fluorite (3,0 a 3,6) e os minerais de ganga(em torno de 2,7) de maneira a oter o teor adequado para a metalurgia (Klippel, 1999). A etapa seguinte, para obtenção do concentrado grau ácido segue-se a de moagem, separação granulométrica e flotação. A alimentação da flotação (separações de liquido e sólidos) tem, em geral, granulometria inferior a 150 μm. Situação mais delicada acontece quando surgem minerais como calcite e barite como ganga. Estes minerais também flotam com colectores carboxílicos, dificultando a seletividade. Para reduzir o conteúdo da calcite, usa-se amido para a barite, é comum o aquecimento da polpa a temperaturas de até 90ºC. Quando há sulfuretos no minério, a sua remoção é levada a efeito também por flotação, utilizando xantato como coletor, em uma etapa que antecede a concentração da fluorite. Em primeiro lugar, remove-se os sulfuretos de chumbo, depois os do zinco, que podem ser reduzidos com cianeto (Fulton & Montgomery, 1994). Se a procura de fluorite for escassa, são postos em prática os processos de aglomeração, pelotização e briquetagem dos concentrados de flotação. Actualmente empregam-se tanto a fluorite compactada quanto a fina após o processo de peneiramento pois esse procedimento viabiliza o aproveitamento de finos desse mineral, para fins metalúrgicos. Fig. 1: Mineração a céu aberto na mina de Vergenoeg. [Foto: Willem Pentz] 8 Elaboração de um programa de prospecção e pesquisa de depósitos de fluorite Geralmente, as fases levadas em conta a quando o programa de prospecção e pesquisa de um determinado depósito mineral, são: Fase de planificação; Fase de reconhecimento ou prospecção; Fase de pesquisa (geral e detalhada) Fase de Planificação Geralmente, considerada como a fase em que se dá os primeiros passos de como é que os trabalhos serão executados. Nesta fase, compreende-se: Elaboração de um cronograma de como as actividades subsequentes irão decorrer, estimando por quanto tempo cada actividade irá durar (opcional). Fig. 2: Vista aérea da mineração a céu aberto da mina de Vergenoeg. [Fonte: Google Earth] 9 Recolha de toda informação da geologia regional, se baseando nos relatórios dos trabalhos de prospecção e pesquisa já feitos naquela região. Elaboração de mapas geológicos (temáticos) e mapas topográficos (mapas base), numa escala de 1: 1000 000 por se tratar de uma informação regional. Consulta de referências bibliográficas e dos relatórios, que servirão como guia para a aquisição de informações relacionadas com o deposito de fluorite e as litologias das áreas possíveis da sua ocorrência. Observação de mapas aerogeofísicos (elétrico e magnético) da maneira que possam ajudar na identificação de áreas de interesse para a prospecção. Localização de vias de acesso e a topografia regional. Selecção da área de estudo. Fase de reconhecimento ou prospecção Nesta fase o principal objectivo é de fazer a confirmação da área favorável da ocorrência da fluorite, que será feito um levantamento geofísico (resistivimetria, gravimetria) da área. A escolha destes dois métodos (resistivimétrico, gravimétrico) basear-se-á na alta resistividade e na diferença de densidade entre os elementos constituintes daquela área de ocorrência. Como a fluorite e alguns dos seus minerais associados não conduzem a corrente eléctrica, no caso em que a anomalia apresentar uma elevada resistência eléctrica então esse será um bom sinal no levantamento. Nos processos sedimentares ou digenéticos, as mineralizações de fluorite são mais densas, o que resultara numa anomalia positiva. Como a fase de reconhecimento é a primeira do contacto com a área do estudo, far-se-á um levantamento geoquímico da região numa malha de 600 X 600 metros e a recolha dos sedimentos de corrente, e a colecta de amostras. Elaboração de mapa geológico numa escala correspondente à 1:50 000 e, a selecção da subárea para os estudos. 10 Fase de pesquisa geral Pesquisa geológica Nesta fase, irão ocorrer estudos mais detalhados sobre o jazigo feitos por pessoas qualificadas. Para tal, a escala a ser usada será de 1:10 000 em que irá ajudar na identificação dos controles de mineralizações facilitando a selecção de alvos a serem estudados. Prospecção geoquímica local Elaboração de um mapa geológico com escala de 1:100 000 tratando-se de mapeamento local e serão selecionadas subáreas de ocorrência de fluorite e, selecção da subárea. No caso das concentrações residuais resultantes de intemperismo, serão colectados os sedimentos de corrente e as amostras do solo para avaliar se o apresenta as características familiares as da fluorite. Fase de pesquisa detalhada Geralmente nesta fase ocorrem estudo muito detalhados, visto que a subárea já foi selecionada o que segue é são os estudos pormenorizados acerca do jazigo e o avanço das investigações viradas aos parâmetros geológicos–industriais. Amostragem geoquímica sistemática Para os depósitos marginais, deve-se colher amostras para fazer análises geoquímicas através dos sedimentos de corrente e amostras de solo numa profundidade de 1m e estas darão o teor de fluorite, em seguida será feita uma plotagem dos resultados em uma escala de 1:1000 com o respectivo cálculo de reserva através das espessuras dos furos e o volume. Pode-se também recorrer a perseguição de indicadores tratando-se de ambientes primários: zonas de cisalhamento, falhas e fracturas pois estas fazem com que haja a percolação das aguas em intrusões magmáticas dando origem aos processos hidrotermais. 11 Obtendo os resultados do cálculo de reserva, vem desenho da lavra de exploração e a determinação do método que será utilizado para a lavra (a céu aberto ou subterrâneo), que irá depender depois de um estudo aprofundado acerca dos parâmetros–geológicos do depósito. Depósitos de fluorite em Moçambique A fluorite em Moçambique ocorre associada ao mesozoico, pelo magmatismo cretáceo e o tardio hidrotermal. Ocorre de duas formas principais segundo (Cumbe, 2007): Formas genéticas primárias São responsáveis pelo surgimento deste mineral em Moçambique na forma primária. Estes ocorrem em veios hidrotermais, relacionados a tectónica de placas e em regiões de metassomatismo resultante da intrusão de rochas magmáticas em carbonatitos. Formas genéticas secundárias São responsáveis pelo surgimento deste mineral em Moçambique na forma secundaria. Estes ocorrem em forma de enriquecimento em quartzos e nas brechas de calcedónia e deposições paralelas (estratigráficas) de cristalinos verdes e fluorite. Fluorite secundária é frequentemente concentrado em rochas adjacentes à carbonatitos. A fluorite é geneticamente associada à fractura fase em todas estas instâncias, o que significa que a fluorite se cristalizou durante as mesmas actividades tectônicas que iniciou o magmatismo, com algumas excepções. Esta, pode ser dividida em dois tipos diferentes de mineralizações: Agregados de uma cor clara a amarela; Impregnações por rochas feldspáticas resultando na cristalização da fluorite azul. Territorialmente, a fluorite ocorre associada a falhas do Rift em Niassa e Médio-Zambeze que se desenvolvem nas margens do oeste e sul do vale do Rift nas zonas de Djanguire-Monte Domba e Macossa-Maríngoe-Canxixe. A leste do vale do rift, ocorre em rochas carbonáticas intrusivas e em áreas de lavas alcalinas do Karoo. (Lachelt, 2004) 12 Na zona marginal ocidental da fenda principal, as rochas hospedeiras dos depósitos de fluorite são gnaisses e gnaisses–migmatíticosdo Neoproterozóico do Complexo de Báruè, e na Província de Tete (Luia) gnaisses da Grupo Rushinga. Na zona marginal oriental da fenda principal, as rochas hospedeiras são compostas de gnaisses do Neoproterozóico Grupo Unango e o Supergrupo Lúrio. Quase sem excepção, todos os veios de carbonatito contêm uma certa quantidade de fluorite, por exemplo, os canos do Monte Muambe, Monte Xiluvo e Cone Negose. Todas as mineralizações mostram uma correlação paragenética com vulcânicas. No Leste esta correlação espacial é caracterizada pelas fracturas com fluorite, bem como os montes contendo fluorite seguindo o mesmo padrão de fracturamento, ou seja, as fracturas que foram reactivadas durante o Karoo pós-impressionista (Lachelt, 2004). Ocorrências de fluorite em Moçambique Do ponto de vista metalogénico, a fluorite apresenta três zonas economicamente prioritárias da sua ocorrência: A zona Maringoè – Djalira – Canxixe que praticamente corresponde a toda a área limítrofe entre as rochas pré-cambrianas do Complexo de Báruè e as bacias do Karoo ou Mesozóico-Cenozóico; A Zona Djanguire – Monte Domba (fluorite e calcedônia); e Lavas (alcalina da série Lupata, carbonatito canos de Monte Muambe e Cone Negose). Fig. 3: Mapa geológico do deposito de fluorite de Djanguire (adaptado de Lachelt) 13 1: Fluorite; 2: Sedimentos do Mesozoico; 3: Complexo Gnaisse – migmatito. Ocorrência de fluorite no Monte Muambe O monte Muambe localiza-se em Moatize, na província de Tete apresentando 780 metros de altura, 200 metros de profundidade e 6 km de diâmetro externo com as coordenadas 16º 19’39’’S e 34º 6’2.16’’E. A cadeia é composta por carbonatitos ricos em fluorite azul e amarelo apresentando cerca de 1,1 triliões de toneladas do mineral na forma pura, segundo o desenvolvimento espacial do vale do Zambeze. (Cumbe, 2007) Fig. 4: Enquadramento geográfico do distrito de Moatize (Fonte: Própria) 14 Fig. 5: Enquadramento geológico do distrito de Moatize. (Fonte própria) No Monte Muambe a fluorite está concentrada em uma brecha na zona de contato entre o carbonatito e as rochas hospedeiras, bem como em fracturas dentro do corpo carbonatítico. As rochas hospedeiras são gnaisses e migmatitos do Grupo Changara Mesoproterozóico Neoproterozóico. O corpo carbonatítico está localizado em fracturas de fenda dentro da sequência sedimentar do Alto Karoo. Os complexos alcalinos vizinhos de Monte Salambidue (Necungas), bem como do Monte Muango fronteira do Malawi (Província Alcalina de Chirua) também pertence o magmatismo controlado. (Lachelt, 2004) A brecha mineralizada na zona do Monte Muambe produz fluorite com teores de 54,92%. As reservas foram calculadas com uma profundidade de 50 m. As reservas antecipadas das fraturas e da zona de brechas distribuídas numa área de 2 060 km2 foram calculados em aproximadamente 1 15 422 905 toneladas consideradas que o teor de fluorite varia entre 75 e 81% e 1 510 375 toneladas de martite, pirocloro, monazite bem como minerais de terras raras poderiam ser extraídos como subprodutos dentro de uma área de 200 ha até uma profundidade de 0,8 m (Afonso & Marques, 1993). A fase pneumatolítica dos carbonatitos é caracterizada pela presença de minerais de terras raras (Y e Ce), berilo e fosfato (apatite) dentro de fluorite impregnada. Monazite também pode estar presente. O Monte Muambe de Carbonatitos pode ser considerado como um exemplo típico de veio de carbonatito. A mineralização de fluorite é, portanto, concentrada em fracturas e brechas mais jovens. Este modelo pode ser aplicado a todos os veios de carbonatito. Além da combinação quartzo + fluorite, quartzo + fluorite + barite também pode existir, mas limitada a locais raros ocorrências (por exemplo Nhandongue e Cone Negose) (Lachelt, 2004). Fig. 6: Enquadramento geológico do Monte Muambe. (Fonte própria) 16 Fig. 7: Representação do Monte Muambe a partir do Google Earth Quanto a probabilidade de ocorrência de fluorite o grupo optou em escolher a área do Monte Muambe com o Complexo do mesmo nome. A escolha dessa área baseou-se no distrito em que essa se localiza e como também para potencializar o distrito em termos das ocorrências de diversificados recursos. e é sabido que em Moatize ocorre o maior deposito de carvão mineral a nível regional neste caso dependendo dos estudos dos parâmetros geológicos–industriais que serão feitos na área escolhido irão definir se o deposito será ou não viável economicamente. 17 Conclusão Após realização do trabalho, conclui-se que a fluorite é um mineral que do grego fluire quer dizer fluxo, é tida como a fonte principal de flúor, tendo uma vasta aplicação na metalurgia, cerâmica, na indústria para produção de ácido fluorídrico e as demais áreas. Ela é encontrada em rochas ígneas, metamórficas (migmatitos), granitos, dunitos, carbonatitos e em ambientes secundários depositada em forma de estratos e como ganga em gossans. As mineralizações associadas são: calcite, dolomite, gipsite, celestite, barite, quartzo, galena, esfalerite, cassiterite, topázio, turmalina, volframite e apatite. 18 Referências Afonso, R., & Marques, J. M. (1993). Recursos Minerais da República de Moçambique. Instituto de Investigação Científica Trópical – Centro de Geologia, (6a edicao ed.). Direção Nacional de Geologia, Lisboa. Bourne, H. L. (1994). Glass raw materials. In: Industrial Minerals and Rocks (6th Edition ed.). D. D. Carr (Senior Editor), Society of Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc. Littleton, Colorado. Cumbe, A. N. (2007). O Patrimonio de Mocambique: Proposta de Metodologia de Investigacao, Caracterizacao e Avaliacao. Braga. Fourie, P. J. (2002). The Vergenoeg fayalite iron-oxide fluorite deposit (Vol. vol. 1). South Africa: ed. T. Fulton, R. B., & Montgomery, G. (1994). Fluorspar. In: Industrial Minerals and Rocks, Edition, D. D. Carr (Senior Editor), Society of Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc. Littleton, Colorado, (6a edicao ed.). Klein, C. (2012). Maual de Ciencia dos Minerais (23 ed.). Porto Alegre: Bookman Companhia Editora. Klippel, A. F. (1999). O Sistema Toyota de Produção e a Indústria de Mineração: Uma experiência de gestão da produtividade e da qualidade nas minas da fluorita do estado de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre . Lachelt, S. (2004). Geology and Milneral Resources of Mozambique. Pecanha, R. M. (2007). Sumário Mineral, DNPM. Ryan, B. (2005). How green was my mining? Financial Mail Online, 1. Sampaio, J. A., Baltar, C. A., & Andrade, M. C. (1987). Fluorita.
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