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Simulation of a Real Distribution Network with Permanent and Transient Softwares T. S. Lessa, G. G. Sotelo, M. Z. Fortes, A. T. Queiroz, S. Gomes Jr., R. S. Maciel Universidade Federal Fluminense, UFF Niterói, Brasil Abstract - With increased demand, it is often necessary to increase the power supplied or to insert new points of power generation in the distribution network. However, the short- circuit levels may increase in network, which requires to simulating these new conditions in robust and reliable software. This paper shows a comparison between the results obtained by two specific software for electric power networks: the Open Distribution System Simulator (OpenDSS) and the Alternative Transients Program (ATP). The simulated model considers data from a real distribution system, located in Brazilian city (Armações dos Búzios). The results were compared with obtained data by the two software, for some values of simulated voltages and short-circuits in steady state. The simulated results are similar, which allows the validation of the modeled network. Keywords – ATP, OpenDSS, Dristibution Network, fault current. I. INTRODUÇÃO Os sistemas elétricos estão se expandindo continuamente devido ao aumento de demanda por parte de clientes residenciais e/ou industriais. Conforme a demanda por energia elétrica aumenta, novas unidades de geração de energia são inseridas nos sistemas de potência para que seja possível fornecer a energia solicitada pelos consumidores. Além disso, com este aumento de demanda e novas leis ambientais brasileiras, existirá uma tendência no país em gerar energia através de fontes alternativas de forma sustentável, conforme mencionado em [1], nas proximidades dos consumidores com geração local através da chamada Geração Distribuída (GD) [2], como a energia solar, eólica ou marés. Algumas consequências relacionadas ao aumento da capacidade de geração nos sistemas elétricos, assim como a inserção das GDs nos sistemas de distribuição, é o aumento dos níveis de curto-circuito e alterações nas tensões das barras da rede. Assim, os equipamentos antes dimensionados e instalados no sistema, podem não estar preparados para suportar essas modificações. Diante do apresentado, há a necessidade de realizar simulações com softwares robustos e confiáveis, para prever o comportamento destes sistemas elétricos diante da condição original e das novas configurações impostas, seja pelo aumento de energia fornecida e/ou pela inserção de GDs. Desta forma, para verificar se os equipamentos atendem ou não às novas configurações, simulações com base em dados reais são realizadas e seus resultados analisados para tomada de decisões, evitando-se assim maiores prejuízos e custos. A partir de uma pesquisa sobre o sistema elétrico brasileiro, observou que a rede de distribuição na cidade de Armação dos Búzios/RJ é um exemplo de sistema que está em constante modernização e crescimento, conforme apresentado em [3], [4], na qual a concessionária responsável iniciou um projeto em 2011 para transformá-la na primeira rede inteligente da América Latina [3]. Sendo assim, esta rede foi modelada em [6] por meio de um programa específico para análise em regime permanente, o OpenDSS [5]. Alguns trabalhos acadêmicos foram realizados com base no projeto "Cidade Inteligente de Búzios", conforme descritos abaixo: • Cidade Inteligente de Búzios: entre paradigmas e percepções, dissertação de mestrado [7]; • Smart City – caso da implantação em Búzios, revista SODEBRAS [3]; • Smart City Búzios – experiência para a expansão de sistemas de geração com fontes alternativas [4]. Este trabalho apresenta uma comparação entre os resultados obtidos em regime permanente com softwares OpenDSS e o ATP. Apesar de este último software ser específico para análises em regime transitório, seus resultados obtidos em regime permanente são utilizados para verificar o sistema elaborado via interface gráfica [8], de acordo com aqueles encontrados no OpenDSS. Uma vez que estes valores apresentam boa aproximação, é possível aplicar o sistema simulado para outras análises, como no caso de transitórios para curtos-circuitos. Neste trabalho será utilizado a metodologia descrita no item II, para no item III fazer a descrição dos casos avaliados no OpenDSS e no ATP, em relação à rede de distribuição de Armação dos Búzios. Posteriormente serão apresentados os resultados no item IV e as devidas conclusões no item V. II. MODELAGEM APLICADA A modelagem no OpenDSS tem como base um alimentador da rede de distribuição de Armação dos Búzios, destacada em negrito na Fig. 1, com 16,7 km de comprimento de cabos, atendendo 1550 clientes distribuídos entre os 20 bairros no município (Armação, Manguinhos, Búzios, Ferradura, Vila Caranga, Ferradurinha, Cem Bracas, Geribá, Rasa, Bahia Formosa, Centrinho, Jose Gonçalves, Alto de Búzios, Ossos, Portal da Ferradura, Marina Porto Búzios, Bosque Geribá, Ossos, Enseada do Alba e Albatroz). Figura 1: Alimentador da cidade de Armação dos Búzios/RJ. Fonte: Adaptado da referência [10]. O OpenDSS é um programa livre, podendo ser modificado por qualquer usuário sem nenhum tipo de ônus. Seu desenvolvimento iniciou em 1997 na Electrotek Concepts, Inc. por Roger Dungan e Thomas McDemolt, em 2004 o OpenDSS foi comprado pela EPRI Solutions [5]. Essa ferramenta tem sido utilizada para avaliação do ponto de vista de regime permanente o perfil de tensão, perdas elétricas, corrente de operação e fluxo de potência. Porém, neste trabalho a rede será modelada também no software ATP para análise em de regime permanente, conforme mencionado no item I, uma vez que apresenta vantagens como análise de transitórios e uma interface gráfica para elaboração de circuitos [8], ao invés de prompt de comando (como é o caso do OpenDSS). O ATP é um software livre derivado do Electromagnetic Transient Program (EMTP), conhecido como um excelente software de simulação de transitórios eletromagnéticos em sistemas de energia elétrica (ou redes polifásicas). O método de cálculo é baseado na utilização da matriz de admitância de barras através do método numérico de integração trapezoidal. Ao longo dos anos, o EMTP sofreu inúmeras modificações, dentre elas destaca-se a codificação dos dados de entrada, que atualmente é feita por meio de interface gráfica. A essa evolução deu-se o nome ATP, o qual permite a inserção de dados de modo facilitado, através de blocos que correspondem a linhas de programação do ATP [8]. Tanto circuitos monofásicos, quanto trifásicos, podem ser construídos pelo software, sendo possível utilizar um diagrama unifilar simplificado para circuitos trifásicos complexos, não havendo a necessidade de se montar o circuito fase a fase. Isso oferece uma maior variedade de aplicações possíveis não encontradas em outros programas de simulação de circuitos elétricos. As características do alimentador da rede de distribuição real serão apresentadas, assim como os modelos simulados para análise das correntes de faltas ao longo da rede. Esta análise é importante, pois maiores níveis de curto-circuito demandam maiores gastos em equipamentos e obras, afetando diretamente parâmetros relacionados à qualidade de energia elétrica, como no caso de efeitos transitórios indesejáveis. Para isto, foram simulados 4 cenários de faltas, comparando os resultados obtidos entre os softwares. Além disso, serão avaliadas as tensões de pré-faltas em diferentes barras, em relação aos padrões de qualidade de energia exigidos pela agência reguladora pelo PRODIST [9], que estabelece os limites adequados, precários e críticos para os níveis de tensão em regime permanente. I. DESCRIÇÃO DO CASO O início do alimentador consideradona rede distribuição encontra-se em uma subestação, composta por um transformador (trafo) delta-estrela aterrado com potência nominal de 25 MVA, e tensão de 69 kV no primário e 13,8 kV no secundário. O sistema é do tipo radial e contém 343 nós, com 113 transformadores de 13,8 kV no primário e 127/220 V o secundário, sendo que grande parte desses (40%) apresentam potência nominal de 75 kVA. O tronco desse alimentador apresenta trechos de rede convencional e compacta. Para a modelagem no OpenDSS, as linhas da rede levaram em consideração as características e os arranjos geométricos de seus condutores, assim como a distância existente entre os nós do sistema. As cargas foram modeladas como "impedância constante", com base na demanda mensurada na subestação e na potência nominal dos trafos de distribuição [6]. Em relação ao ATP, o tipo de modelo de linha aplicado foi o "pi concentrado”, e cargas também foram consideradas como "impedância constante". Para realização das análises, foram estabelecidos quatro cenários para comparação dos softwares em regime permanente: o primeiro cenário imediatamente no secundário do trafo (barra 1); o segundo próximo ao secundário do trafo (barra 6); o terceiro cenário no quilômetro 8 que é aproximadamente na metade do alimentador (barra 171); e o último cenário foi selecionado a barra com maior afundamento de tensão quando o sistema está em operação normal (barra 343), conforme pode ser observado na tabela 1. • Cenário 1: Na barra 1, comparação da tensão de pré-falta e de falta entre OpenDSS e ATP. Barra no secundário do trafo. • Cenário 2: Na barra 6, comparação da tensão de pré-falta e de falta entre OpenDSS e ATP. Barra próxima ao trafo. • Cenário 3: Na barra 171, comparação da tensão de pré- falta e de falta entre OpenDSS e ATP. Barra no quilômetro 8 que é aproximadamente na metade do alimentador. • Cenário 4: Na barra 343, comparação da tensão de pré- falta e de falta entre OpenDSS e ATP. Barra com maior afundamento de tensão. II. RESULTADOS E SIMULAÇÕES Para visualização das posições das barras de cada cenário, na Fig. 2 estão indicadas as barras analisadas do alimentador da rede de distribuição da cidade de Armações dos Búzios: Figura 2: Alimentador da cidade de Armação dos Búzios/RJ, com indicação das barras analisadas em cada cenário. Fonte: Adaptado da referência [10]. A. Comparação das Tensões de pré-falta: A Tabela 1 apresenta as tensões analisadas em cada cenário, antes da falta acontecer (pré-faltas), em regime permanente. Tabela 1: Tensões de pré-faltas no OpenDSS e no ATP. Fonte: Elaboração do autor. Os valores de tensão em regime permanente obtidos na simulação antes das faltas apresentaram erros menores que 0,9%. Os resultados obtidos indicam que a modelagem apresenta resultados consistentes, obtendo desvio máximo de 0,81 %. A última a barra (343) acabou apresentando um maior afundamento de tensão entre os 4 cenários, de acordo com a Tabela 1 (próximo de 0,92). Conforme apresentado na Figura 1, o sistema é do tipo radial, contendo somente um ponto de geração de 25 MVA, um trafo e não possui cargas do tipo ativa conectadas ao sistema, portanto existe uma tendência de que quanto mais distante do trafo, maior será a queda de tensão ao longo do comprimento do alimentador. Os valores de tensão, para sistemas de tensão nominal entre 1 kV e 69 kV e em regime permanente, são classificados pela ANEEL em adequados, críticos ou precários. Os valores considerados adequados estão entre 0,93 pu e 1,05 pu, e tensões entre 0,90 pu a 0,93 pu são indicados como precários. Para valores abaixo de 0,90 pu ou acima de 1,05 pu são denominados como críticos [9]. Desta forma, pode observar pela Tabela 1 que a barra 343 está em nível precário de qualidade de energia exigido pela ANEEL. B. Comparação das Correntes de curto-circuito nas Barras: Os sistemas de distribuição de energia elétrica estão susceptíveis aos curtos-circuitos, que podem ser temporários ou permanentes. Os curtos-circuitos temporários são aqueles cuja duração é limitada ao período necessário para restabelecer o serviço, através da operação automática do equipamento de proteção que desliga o circuito ou parte dele. Já as faltas permanentes são todas as interrupções não classificadas como temporárias ou programadas. A Tabela 2 fornece os dados estatísticos entre os tipos de faltas e a composição das mesmas [11]. Tabela 2: Composição Probabilística dos tipos de curto-circuito. Fonte: Adaptado da referência [12]. Essas faltas no sistema são normalmente provocadas pela ação de descargas atmosféricas, contatos de árvores e animais às partes vivas do sistema, falhas de equipamento e erro humano. Neste trabalho serão consideradas as correntes de faltas em regime permanente trifásicas, bifásicas (fase-fase) e monofásicas (fase-terra). A Tabela 3 indica as correntes de curto-circuito analisadas em cada cenário. Tabela 3: Correntes de curto-circuito no OpenDSS e no ATP. Cenário Barra Tipo de Falta Falta OpenDSS [kA] Falta ATP [kA] Diferença [%] 1 1 Trifásica 11,34 11,31 0,26 Bifásica 11,51 11,59 0,70 Fase-Terra 11,86 11,84 0,17 2 6 Trifásica 8,97 9,08 1,23 Bifásica 8,32 8,31 0,08 Fase-Terra 6,76 6,77 0,15 3 171 Trifásica 2,63 2,76 4,94 Bifásica 2,33 2,33 0,00 Fase-Terra 1,71 1,73 1,17 4 343 Trifásica 1,73 1,83 5,78 Bifásica 1,57 1,57 0,00 Fase-Terra 1,07 1,08 0,93 Fonte: Elaboração do autor. Ao analisar as correntes mostradas na Tabela 3, o cenário 1 e 4 apresentaram os maiores e menores valores, uma vez que os pontos escolhidos foram o secundário do trafo de 25 MVA e a barra fisicamente mais distante do sistema, respectivamente. Conforme explicado o sistema é do tipo radial e não contém GD conectada ao mesmo, pode-se considerar que existe um aumento no valor total da impedância da linha ao longo de seu comprimento, o que diminui o valor da corrente de falta nos pontos mais distantes. As correntes de curto-circuito simuladas em regime permanente via OpenDSS e ATP, apresentaram as maiores diferenças entre as barras 171 e 343 em falta trifásicas, com valores de 4,94% e 5,78%, respectivamente. Isto pode ser justificado devido ao número de casas decimais considerado para cada uma das simulações, conforme explicado. Os Cenário Barra Tensão OpenDSS [pu] Tensão ATPDraw [pu] Desvio [%] 1 1 0,9865 0,9874 0,09 2 6 0,9777 0,9798 0,21 3 171 0,9440 0,9494 0,57 4 343 0,9220 0,9295 0,81 Tipo de falta % Permanente (%) Transitório (%) Trifásicas 2 95 5 Bifásica 11 70 30 Monofásica (Fase-Terra) 79 20 80 Outros 8 - - demais valores tiveram boa aproximação entre os softwares, o que possibilita validar o sistema simulado entre os mesmos. III. CONCLUSÃO Este artigo utilizou um modelo de rede de distribuição realizada no OpenDSS, com base em dados reais, para validação de um mesmo modelo no software ATP, através dos resultados que ambos apresentaram para determinadas tensões e correntes de curtos-circuitos, em regime permanente. De acordo com os valores apresentados no manuscrito, é possível afirmar que ambos os programas selecionados demonstraram boa aproximação nos resultados, sendo a maior discrepância obtida para o sistema estudado de 5,78%, devido ao número de casas decimais considerado para entrada de dados em cada um dos mesmos. Outra análise realizada foi a queda de tensão existente antes da falta (tensões de pré-falta), assim foi possível identificar que a barra 343 está com nível de tensão precário, uma vez, que o sistema é do tipo radial contendo somente um ponto de geração de 25 MVA. IV. REFERÊNCIAS [1] M. M. A. Fabrício, “Geração Distribuída – Impactos e Contribuiçõespara a Qualidade da Energia Elétrica e Dinâmica dos Sistemas Elétricos – Uma Análise Através do ATP-EMTP”, Tese de Doutorado, Universidade Federal Uberlândia, Uberlândia 26 de junho de 2011. [2] Frederico A. S. Marques, Jesus A. Moran, Lísias Abreu, Luiz C. P. da Silva, Walmir Freitas, “Impactos da Expansão da geração distribuída nos sistemas de distribuição de energia elétrica”, Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Estatual de Campinas, São Paulo. [3] Natalia M.C.A.A. Vilaca, Vinicius N. Figueiredo, Lorenna Baptista de Oliveira, Vitor H. Ferreira, Marcio Z. Fortes1, Weules F. Correia , Orestes L.C. Pacheco, "Smart City – Caso da Implantação em Buzios – RJ”, Revista SODEBRAS – Vo. 9 – Nº 98, Fevereiro, 2014. [4] Z. F. Márcio, Vitor H. Ferreira, Weules F. Correia, A. B. Leonardo, " Smart City Búzios – Experiência para à Expansão de Sistemas de Geração com Fontes Alternativas”: Políticas Energéticas para a Sustentabilidade, Agosto, 2014. [5] C.D. Roger, “Reference guide – The open distribution system simulator (OpenDSS)”, Electric Power Research Institute, Inc., November, 2012. [6] S. M. Ivan, “Análise técnico-econômica do impacto da penetração da geração distribuída em redes de distribuição”, dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2016. [7] A. F. João, “Cidade inteligente Búzios: Entre paradigmas e percepções”, dissertação de mestrado, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Fevereiro, 2016. [8] L. C. Hugo, F. Ayres, F. L. Márcio, “Análise de transitórios eletromagnéticos utilizando o ATPDraw”, monografia de graduação em Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia, Brasília, Dezembro, 2016. [9] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional, Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, Janeiro, 2010. [10] Armação dos Búzios. Legislação - Plano Diretor do Município de Armação dos Búzios - RJ. Disponível em:< http://www.buzios.rj.gov.br/legislacao.aspx>. Acesso em 10 dezembro de 2017. [11] S. S. B. Lorrane, “Avaliação da presença de curtos-circuitos na rede elétrica usando o software OpenDSS”, monografia de graduação em Engenharia de Energia, Universidade de Brasília, Brasília, 2016. [12] A. F. P. Rodrigo, “Localização de faltas fase-terra em circuitos radiais de distribuição através de algoritmos de busca inteligente”, dissertação de mestrado em Engenharia Elétrica, Faculdade de Engenharia Ilha do Solteira - UNESP, São Paulo, 2003.
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