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Danos Morais e Materais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMEIRAS DE GOIÁS. 
xxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, comerciante, casado, portador da cédula de identidade RG nº xxxxx, e CPF/MF n° xxxx, e sua esposa xxxx, brasileira, comerciante, casada, portadora da cédula de identidade RG nº xxx e CPF/MF n° xxx, residente e domiciliado na Rua xx, Qd. xx, Lote xx, Residencial xxx, CEP n° xx, Cidade de xxe, no Estado dexx, por intermédio de suas advogadas que a esta subscreve procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS C/C DANOS MORAIS
em face de xx, inscrita no CNPJ/MF sob nº xx, com sede na Rua x, Qd. x-xxJardim xx
PRELIMINARMENTE 
DO REQUERIMENTO INICIAL
Ab initio, requer à demandante que todas as intimações e comunicações de estilo do presente processo dirigidas a si, sejam realizadas em nome de suas procuradoras legais, xxx, devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Estado de xx, sob o numero xzzx e xxx, devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Estado de xxx, sob o numero xx, e indica como correio eletrônico o endereço de email, xx@gmail.com, para recebimento das intimações e comunicações de estilo por meio digital. 
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Inicialmente, a Requerente, requer a Vossa Excelência seja deferido o pedido de Justiça Gratuita nos termos da Lei 1060/50, do artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal e do artigo 98, do Novo Código de Processo Civil, por ser esta, pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não tendo como arcar com as custas processuais sem prejuízo do próprio sustento, bem como de sua família. Assim sendo, requer-se, de plano, a concessão das benesses da justiça gratuita, como medida de acesso à justiça, nos termos do artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituição Federal.
Diante também do Novo Código de Processo Civil, o inteligente artigo 99 assim deixou a sua previsão: 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
Omissis.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.
Sendo assim, pugna que Vossa Excelência conceda os benefícios da gratuidade em virtude dos elementos que dispõe os autos para sua concessão.
DA NARRATIVA FÁTICA
Em 27 de maio de 2019, por volta das 16h00min, ocorreu um incêndio na propriedade dos autores em virtude de curto circuito na linha de transmissão de energia elétrica que passa dentro de sua propriedade, evento esse que só ocorreu pela má manutenção da citada linha de transmissão.
O evento danoso foi provocado pela queda de um fio do poste da propriedade, que gerou os curtos circuitos provocando o "fogo" que queimou grande área de pastagem da propriedade dos autores e uma cabeça de vaca da raça nelore de aproximadamente três anos, a qual se encontrava prenha. 
O proprietário abalado e não conformando com o ocorrido, especialmente dos prejuízos por ele sofridos, pois nas constatações, com as fotografias ora juntadas, dá para se ter idéia da preocupação e dos prejuízos, resolveu recorrer a este Douto Juízo em busca de justiça ao ceifamento sofrido.
Percorreu toda a área atingida e fez o levantamento dos estragos provocados pelo fogo com origem no curto circuito da rede de energia elétrica de propriedade da empresa ENEL e responsável pela manutenção, onde foi apurado um prejuízo material de R$ 7.000,00 (sete mil reais).
Foram levantados os prejuízos sofridos com a destruição e queimada das pastagens na propriedade, onde se apurou prejuízo de lucros cessantes, que se utilizou do procedimento de quantificar os gastos para a cria e engorda de gado, (10% da arroba do boi gordo) equivalente ao aluguel de uma mesma área, onde se apurou um prejuízo de R$ 1.000,00 (Mil reais). Esse montante é para o reparo dos danos materiais referentes à recomposição somente das pastagens atingidas pelo fogo que ficaram sem condições de uso. 
Como mencionado anteriormente, bem como fotos em anexos, houve a perda de uma cabeça de gado nelore de aproximadamente 3 anos, a qual se encontrava prenha, onde se apurou um prejuízo de R$ 6.000,00 (Mil reais).
A título de esclarecimento e, em função da honestidade do presente pedido, informa que deixou de pedir a reforma total das terras de toda a área das pastagens atingidas e queimadas, levando em consideração que a natureza, em 150 dias, proporcionará as pastagens de volta com uns 60% a 70% com sua capacidade de produção.
As provas fotográficas trazidas aos autos não deixam dúvidas da ocorrência acima noticiada, a imprudência e negligência no cumprimento da obrigação da empresa ré (Enel) que é de fácil constatação, pois por culpa da ré que ocorreu o evento danoso, restando comprovado o nexo causal entre as partes, uma vez que os autores são no presente contexto "os consumidores" que pagam as suas contas de energia elétrica em dia e tem direito a veres reparados seus danos pela parte infratora das normas reguladoras do direito.
Os autores são clientes da ré sob o código xxxx da unidade consumidora de nº xxxx conforme comprovantes que junta ao processo. Nos termos que restou apurado pelas fortes provas e na medida em que a ré fora negligente, imprudente e ou imperita no exercício de seu dever não cumprindo corretamente sua obrigação, caracterizada está sua culpa pelos danos materiais sofridos pelos autores, por isso deve a causadora do sinistro indenizar as vítimas, nos termos da legislação vigente. Tem direito os autores da presente, na qualidade de vítimas à indenização dos prejuízos que sofreram, quanto ao período de inatividade e a reparação do pasto, pois a responsabilidade civil, arguida nesta lide, emana da celebração de contrato de consumo entre as partes litigantes.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 373, incisos I e II do Código de Processo Civil.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Entretanto, o Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do direito vigente, e procurando amenizar a diferença de forças existente entre os pólos processuais, na qual se tem, em um ponto o consumidor, como figura vulnerável, e noutro o fornecedor, como detentor dos meios de prova, que são, muitas vezes buscados pelo consumidor, mas que não possui o acesso, adotou teoria moderna em que se admite a inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.
Havendo uma relação em que está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei n 8.078-90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor. 
Ressalte-se que se considera relação de consumo, a relação jurídica havida entre fornecedor e consumidor, tendo por objeto produto ou serviço. Nesta esfera, cabe a inversão do ônus da prova, especialmente quando:
“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que for hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do principio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC4º, I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inicio comentado amolda-se perfeitamente ao principio constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de Processo Civil Comentado,Nelson Nery Júnior ET AL, Ed. Revista dos Tribunais, 4º Ed. 1999, pág. 1805, nota 13).
Tal legislação faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova em favo do consumidor conforme seu artigo 6º, VIII.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
Omissis
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for hipossuficiente, pode inverter o ônus da prova. 
Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no presente caso, dá-se como certo seu deferimento. 
DA INCIDÊNCIA DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Antes de adentrar ao mérito do processo, os autores requerem a incidência das normas dos artigos 2° e 3° do Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
A proteção do consumidor é direito fundamental e princípio da ordem econômica (CF/88 arts. 5º XXXII, e art. 170, V), sendo o Código de Proteção e Defesa do Consumidor norma de ordem pública (CDC, art. 1º). Dessa forma, havendo violação de direitos do consumidor, deve o CDC ser aplicado de ofício pelo magistrado de 1º grau, bem como, por força do efeito translativo dos recursos, em 2º grau de jurisdição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
O direito consumerista brasileiro tem por base a Teoria Geral do Direito do Consumidor - a qual trata da sua natureza jurídica, princípios, relação de consumo, princípios específicos e regras de interpretação – e visa efetivar a teoria da qualidade ou confiança positivada nos artigos 8 a 10. 
Determina a apuração incomunicável e cumulável de responsabilidade administrativa, criminal e cível do fornecedor, bem com o estabelece a proteção pré-contratual, contratual e pós - contratual do consumidor. E vai mais longe, no artigo 7º o CDC determina “o dialogo das fontes”, ao estabelecer que o direito do consumidor é maior que o próprio código.
Sabe-se, doutra banda, que a boa-fé é um princípio normativo que exige uma conduta das partes com honestidade, correção e lealdade. O princípio da boa - fé, assim, diz que todos de vem guardar fidelidade à palavra dada e não frustrar ou abusar da confiança que deve imperar entre as partes.
Nas palavras de Tereza Negreiros:
“O princípio da boa-fé, com o resultante necessário de uma ordenação solidária das relações intersubjetivas, patrimoniais ou não, projetada pela Constituição, configura-se muito mais do que como fator de compreensão da autonomia provada, como um parâmetro para a sua funcionalização à dignidade da pessoa humana, em todas as suas dimensões.” (Fundamentos para uma Interpretação Constitucional do Princípio da Boa-Fé, Ed. Renovar, Rio de Janeiro, 1998, pág. 222-223).
No caso sub judice, a atitude promovida pelos requeridos vetoriza-se em um ato ilícito que, na lição do inolvidável Orlando Gomes é: 
“Ação ou omissão culposa com a qual se infringe direta e imediatamente um preceito jurídico do direito privado, causando-se dano ao u trem” (GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Rio de Janeiro, Forense, 1987, pág. 314).
Ora, Excelência, a partir do momento em que os requerentes tiveram parte de seus bens avariados e decorrentes de causas externas à sua propriedade, causando-lhe dor e sofrimentos físicos e mentais, houve ilícito e quebra da boa- fé objetiva, que devem imperar entre os contratantes, notadamente quando há negligência no serviço. 
O dano causado pelo ato ilícito praticado pela requerida rompeu o equilíbrio jurídico-econômico anteriormente existente entre os contratantes. Assim, busca-se restabelecer o equilíbrio, recolocando os prejudicados no status quo ante. Aplica-se, nesse caso, o princípio restiutio in integrum. Indenizar pela metade seria fazer as vítimas suportarem o dano, os prejuízos.
Por isso mesmo - e diferentemente do Código Civil de 1916 - o novo Código, no artigo 944, caput, positivou o princípio da reparação integral, segundo o qual o valor da indenização mede-se pela extensão do dano.
Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um dever e a imputação de um resultado. E a conseqüência do ato ilícito é a obrigação de indenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final d o artigo 927 do NCCB, in verbis: 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
O conceito de ato ilícito, por sua vez, está insculpido no artigo 186 do NCCB, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Alia da ao ato ilícito praticado pela requerida, está à quebra da boa-fé objetiva, que reside na conduta leal dos contratantes nos deveres ante e pós contrato. Aliás, é o próprio Código Civil Brasileiro que exige tal boa-fé na formação e cumprimento dos contratos, in textus:
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Com efeito, a conseqüência jurídica do ato ilícito praticado pela requerida é, portanto, o dever de ressarcir os danos que causou aos requerentes por conduta omissiva, em não promover a mantença correta e conseqüentemente a segurança adequada da rede elétrica e da quebra da boa-fé.
DA RESPONSABILIDADE DA RÉ
Na linha do CDC, como se sabe, a responsabilidade é denominada OBJETIVA, ou seja:
(“...) aquela fundada no risco, sendo irrelevante a conduta culposa ou dolosa do causador do dano, uma vez que bastará a existência do nexo causal entre o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do agente para que surja o dever de indenizar.” (Maria Helena Diniz, Dicionário Jurídico, São Paulo, Saraiva, 19 9 8, vol. IV pág.. 181).
Sobre o assunto, Caio Márioda Silva Pereira leciona:
A doutrina objetiva, ao invés de exigir que a responsabilidade civil seja a resultante dos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade entre um e outro) assenta na adequação binária cujos pólos são o dano e a autoria do evento danoso.
Sem cogitar da imputabilidade ou investigar a antijuridicidade do fato danoso, o que importa para assegurar o ressarcimento é a verificação se ocorreu o evento e se dele emanou o prejuízo. Em tal ocorrendo, o autor do fato causador do dano é o responsável. (in Responsabilidade Civil, 8ª edição, Rio de Janeiro, Editora Forense, 1997, p.296).
O sujeito da relação, portanto, perde importância para efeito de responsabilidade, cabendo ao consumidor, com o é o caso da requerente, a descrição e prova da ocorrência do dano, até para fundamentar seu interes se de agir, mas no que toca à existência dos demais elementos, deverá ser aplicada, se necessário, a regra da inversão do ônus da prova.
No caso em apreço, observa-se que a relação contratual objeto desta contenda encontra-se sob o pálio do Código de Defesa do Consumidor (Lei oito. 078/90), que em seu artigo 6º, VI, elenca como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. 
 Ficou evidente, que, a requerida não prestou o serviço nos moldes do contrato que ela mesma firmou, configurando-se VÍCIO DE QUALIDADE POR INSEGURANÇA DO SERVIÇO, sendo totalmente responsável pelos danos morais e materiais advindos da má prestação do serviço, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor.
Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor pelo serviço defeituoso, sejam estes de ordem material ou moral. Essa falha na prestação do serviço ocorre devido a não observância do dever de cuidado.
Assim, pode-se pautar na doutrina e também no legislador pátrio, que inferem a responsabilização objetiva nas relações de consumo, eis que, na maioria das vezes, como no caso em questão, a relação é de hipossuficiência do consumidor em comparação ao fornecedor. Desta feita, estando patente a configuração do ilícito contratual cometido pela requerida, no tocante ao serviço que de veria ter sido prestado a contento, não restam dúvidas quanto à sua responsabilidade pela reparação dos danos causados, pois nesse ponto, o Código de Defesa do Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer outro tipo d e interpretação. Neste pormenor, há de se observar que, em relação à reparabilidade do dano, seja material ou moral, a doutrina tem preceituado a aplicação de pena pecuniária em razão da teoria do desestímulo, segundo a qual, o critério na fixação do quantum indenizatório deve obedecer à proporcionalidade entre a lesão causada e aquilo que pode aplacá-la, levando-se em conta o efeito socioeducativo, que será a prevenção e o desestímulo.
Em caráter excepcional, como no caso das pessoas jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos, foi adotada a teoria objetiva ou do risco (art. 37, § 6º, da Constituição da República). Assim, para esta teoria, basta ao lesado demonstrar o nexo causal entre o f ato lesivo e o dano.
Art.37 Omissis. 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Por outro lado, sobre a exclusão da responsabilidade objetiva do Estado, é oportuna a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, in literis:
Nos casos de responsabilidade objetiva o Estado só se exime de responder se faltar o nexo entre seu comportamento comissivo e o dano. Isto é: exime-se apenas s e não produziu a lesão que lhe é imputada ou se a situação de risco inculcada a ele inexistiu ou foi sem relevo decisivo para a eclosão do dano. Fora daí responder á sempre. Em suma: realizados os pressupostos da responsabilidade objetiva, não há evasão possível. (Curso de Direito Administrativo, 14 edição, São Paulo: Malheiros, 2002, p. 865).
No âmbito constitucional, os fatos aqui presentes são assim tratados:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Assim sendo, as prestadoras de serviços públicos respondem objetivamente pela mesma razão do Estado, ou seja, o risco administrativo. Já no tocante à eficiência do serviço, observa-se a norma consumerista, com o adiante se vê:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Com relação à responsabilidade civil, tem-se a norma do digesto consumerista nos seguintes termos:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
A lei federal de concessões dos serviços públicos também traz norma semelhante sobre o assunto, senão vejamos:
Art. 25. Incumbe a concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.
Hely Lopes Meirelles, em brilhante dissertação, assim resume a responsabilidade das concessionárias de serviços públicos:
“(...) não é justo e jurídico que só a transferência da execução de uma obra ou um serviço originariamente público a particular descaracterize sua intrínseca natureza estatal e libere o executor privado das responsabilidades que teria o Poder Público se o executasse diretamente.” (Direito Administrativo Brasileiro, ED. Malheiros, 2 8 edição, pág.627).
O Pretório Excelsior, em lapidar e recente decisão do pleno, assim se pronunciou:
CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DETRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6 º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. III - Recurso extraordinário desprovido.(R E 591.874 - MT, Rel.. Min.. Ricardo Lewandowski, Pleno, j. 2 6.08.200 9).
É irrelevante, portanto, se a vítima é ou não usuário do serviço público. Basta, assim, que o dano seja produzido pelo prestador do serviço. Quem tem o bônus deve suportar o ônus.
Não há, portanto, qualquer dúvida de que houve omissão da ré quanto à manutenção adequada de seu equipamento para dar a segurança necessária no local, como ficou evidenciado nos autos. Ficou devidamente demonstrado que mesmo a ré sendo chamada a providenciar a adequada manutenção da rede de energia, inclusive com auxílio pela autora com material, houve recusa e descaso.
Dispõe o art. 6º da Lei nº 8.987/95, que dispõe acerca do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos:
Art. 6 Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação o de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1 Serviço adequado é o que satisfaz as condições de a regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
§ 2 A atualidade compreende a modernidade das técnicas, o do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
Era, portanto, responsabilidade da ré guardar e manter a segurança da rede elétrica, tal como estabelecido na Lei n° 8.987/95, que dispõe acerca do serviço público, na qual se vê, ao teor do artigo 6°, § 1°, o dever da ré de prestar serviço adequado ao pleno atendimento dos seus usuários.
Portanto, notório o nexo de causalidade entre a conduta omissiva da ré, em não promover a mantença correta e conseqüentemente a segurança adequada da rede elétrica, e o incêndio causado, o que, por si só, configura em responsabilidade objetiva da mesma, conforme insculpida no art. 37, § 6°, da Constituição Federal.
Segue-se, ainda, julgados do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:
"[...] segundo a regra insculpida no art. 37, parágrafo 6°, da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos, respondem objetivamente perante terceiros em razão de danos provocados em decorrência de suas atividades, bastando o lesado demonstrar o nexo causal entre o fato lesivo e o dano. 3 - excludente de culpabilidade, caso fortuito de força maior. Não configurada. Comprovado que o incêndio ocorreu por negligência da concessionária incumbida da manutenção da rede elétrica, insubsistente é a alegação das excludentes de culpabilidade. 4 omissis. Apelo conhecido e desprovido, a unanimidade de votos" (Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 2ª Câmara Cível, DJ 14862 de 19/10/2006, Rel. Des. Alfredo Abinagem, Apelação Cível n° 82091-8/188).
ORIGEM: 2A CAMARA CIVEL FONTE: DJ 14938 de 09/02/2007 ACÓRDÃO: 23/01/2007 PROCESSO: 200602003223 COMARCA: GOIANIA RELATOR: DES. ALAN S. DE SENA CONCEICAO RECURSO: 100495-3/188 - APELACAO CIVEL EMENTA: "APELACAO CIVEL. ACAO INDENIZATORIA POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTETICOS. ACIDENTE DECORRENTE DE DESCARGA DE ENERGIA ELETRICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS E ESTETICOS. POSSIVEL SUA CUMULACAO. DANOS MATERIAIS. INDENIZACAO RAZOAVEL. HONORARIOS ADVOCATICIOS. REDUCAO. 1 - EVIDENCIADO O NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA OMISSIVA DA EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA E O ACIDENTE, AO NAO PROMOVER A SEGURANCA ADEQUADA DA REDE DE ELETRICIDADE, TEM-SE CONFIGURADA A RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA MESMA, CONFORME INSCULPIDA NO ARTIGO 37, PARAGRAFO 6, DA CONSTITUICAO FEDERAL. 2 - A FIXACAO DO QUANTUM ATINENTE AO DANO MORAL E ESTETICO DEVE SE PAUTAR PELO CARATER COMPENSATORIO DO DANO, E PARA TANTO E MISTER COADUNAR A CONDENACAO DE FORMA RAZOAVEL E PROPORCIONAL A REALIDADE ECONOMICA DO AGENTE. 3 - CABIVEL A CUMULACAO DOS DANOS MORAIS E ESTETICOS, CONSOANTE ORIENTACAO DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA. 4 - ANTE O QUANTUM DA VERBA INDENIZATORIA, APRESENTA-SE EXORBITANTE A VERBA HONORARIA, QUE DEVE SER REDUZIDA. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO." PARTES: APELANTE: COMPANHIA ENERGETICA DE GOIAS CELG APELADO: EDUARDO REIS DOS SANTOS.
Vislumbrada, portanto, a conduta omissiva da ré no que se refere ao cumprimento de suas obrigações; se a ré tivesse realizado a devida manutenção na a rede elétrica não teria provocado o incêndio na propriedade rural da autora, devendo a ré responder pela sua inércia.
É inequívoca, portanto, a responsabilidade civil da empresa promovida. Os danos morais e materiais sofridos pela promovente são notórios. Por tudo isto está clara e fartamente demonstrada à responsabilidade de indenizar daquela.
DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA 
Primeiramente destaca-se a Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015, o Novo Código de Processo Civil, com alterações posteriores:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
Tendo-se em vista os fatos acima narrados, não pode os Autores, em decorrência de um erro por parte da Ré, sofrer prejuízo, em função de evento danoso, ter seu patrimônio ceifado indevidamente pela Ré. 
Logo, pugna os Autores desde já, pela antecipação de tutela, inaudita altera pars, conforme disposto no artigo 273 do CPC, já que atendidos os pressupostos legais de prova inequívoca, verossimilhança da alegação, e fundado receio de dano irreparável. Cabe ainda salientar no tocante ao parágrafo 2° do artigo 273, que no caso em tela. Não há sequer o perigo de irreversibilidade do provimento ora requerido antecipadamente, vez que, como comprovado alhures, as pastagens bem como o gado é motivo de renda familiar.
Fazendo desta forma os autores, jus a antecipação de tutela, para que a parte Re efetue pagamento de indenização dos danos causados, sob pena de multa diária correspondente a quantia de R$ 200,00 (duzentos reais), tendo em vista a efetivação da tutela especifica, conforme aludido no artigo 461, parágrafo 3 e 4 do CPC. 
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994).
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
	
DO DANO MATERIAL E MORAL
O dano material está indiscutivelmente configurado nos autos. A propriedade dos autores teve avarias devidamente comprovadas através de testemunhas, Certidão de Ocorrência feita pelo Corpo de Bombeiros e fotografias, decorrentes de atos omissivos da empresa ré, devendo esta restabelecer o status quo ante daquela e arcar com todas as despesas necessárias ao conserto. 
O legislado infraconstitucional munido de entendimento de diversas situações fáticas em que aquele ente que viola direito alheio e o causa um dano, ainda que exclusivamente moral, esse já está na esfera dos atos ilícitos, como prescreve o artigo 186 da lei 10.406/02,denominado Código Civil Brasileiro, vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Quanto à indenização, temos ainda o que assegura o Artigo 927 do mesmo diploma legal, na toada da reparação dos danos causados por atos ilícitos:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
No que tange ao objeto digno de valor pecuniário, ou seja, as indenizações a ser fixada têm o que dispõe na mesma carta de 2002.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Diante da previsão legal acima colacionada, entendemos que a prestação da requerente é legitima vez que existi uma extrema ilegalidade que paira aos nossos olhos. 
Entendemos ser a responsabilidade da Ré, objetiva, respondendo in totum por qualquer evento danoso decorrente da celebração/execução do contrato. Isto porque o artigo 14, do Digesto Consumerista, assim preleciona:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Assim, pelo exposto acima é clarividente a responsabilidade da Ré, que levou os Autores a um ceifamento em sua renda.
Logo, o fato da Ré que no caso vertente, prometeu algo que não foi cumprido, violando flagrantemente o dever de boa-fé contratual, o CDC e demais legislações aplicáveis à espécie, supera o mero dissabor, tolerável pela doutrina e jurisprudência pátria nas relações de consumo. Neste sentido, decidiu o E. TJ-RS:
Ementa: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. MORTE DE EQÜINO CAUSADA POR CHOQUE ELÉTRICO EM POSTE ENERGIZADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. NEXO CAUSAL SUFICIENTEMENTE COMPROVADO POR PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL. Alegaram os autores terem suportado danos materiais pela morte de cavalo crioulo em razão de descarga elétrica próxima a poste da empresa requerida. Lograram demonstrar com as fotografias do CD de fl. 17 o falecimento do animal em local próximo de poste de energia elétrica, cujo dano material alcança a quantia de R$ 2.500,00, conforme recibo de fl. 18. Frisa-se que, na hipótese, a responsabilidade da concessionária de energia por danos materiais comprovadamente causados em decorrência de passagem de corrente de energia é de natureza objetiva, de acordo com a previsão constitucional expressa e com as disposições do Código de Defesa do Consumidor. O nexo de causalidade entre o prejuízo suportado pelos requerentes e a atividade explorada pela demandada restou suficientemente comprovado através do depoimento testemunhal de fl. 69, no qual Valdir Formehl disse do dia da ocorrência "que estava chovendo, que seu cachorro chegou a levar um choque mas não morreu, que a RGE havia trabalhado no local naquele dia, que não havia fios aparentes no local, que o seu (sic) Anildo carregava o cavalo, que o cavalo morreu bem em frente à sua casa". Assim sendo, preenchidos os requisitos da responsabilidade objetiva, tem-se que a ré é responsável pelo ressarcimento dos danos causados. Ademais, ainda que tivessem restado comprovadas as ligações diretas de energia elétrica – denominados de "gatos" – que alegou a demandada existirem no local, a responsabilidade da requerida não restaria elidida, uma vez que faz parte da adequada prestação do serviço e do risco da atividade a manutenção da rede em boas condições e sem irregularidades. Ademais, ao contrário do que consta no recurso, o depoimento de fl. 69 não revela que na propriedade do autor, especificamente, houvesse qualquer irregularidade do tipo ligação direta. Destarte, não merece reparos a sentença proferida. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005424874, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais/RS, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 10/06/2015).
Estando o dano bem delineado, mister se faz discutirmos o montante necessário para a reparação. É o cediço em nosso ordenamento jurídico que a condenação em danos morais deve ser sobrepesada pelo juízo com base em alguns pilares: A sua extensão propriamente dita, o poderio econômico da parte culpada pelo evento danoso e a necessidade que o montante seja suficiente para reparar o dano sofrido, jamais se olvidando do caráter pedagógico da reprimenda apresentada. Por outro lado, não pode servir de instrumento de enriquecimento ilícito por parte de quem o experimentou, devendo ser arbitrado com parcimônia e atendendo as particularidades do caso em concreto. Farta é a jurisprudência e os ensinamentos doutrinários que corroboram o exposto, da qual por amostragem se colaciona as seguintes:
A Colenda Corte Infraconstitucional, decidiu a este respeito que a indenização por dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos ou exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor a repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica”. (RSTJ 137/486 e STJ-RT 775/211). (Grifos nossos)
Em decorrência deste incidente os requerentes experimentaram situação desagradável e que não pode ser caracterizada como mero abalo do dia a dia. A empresa atualmente está agindo com manifesta negligência e evidente descaso com os autores. 
Sem dúvidas, merece prosperar o direito básico dos autores de serem indenizados pelos danos sofridos, em face da conduta negligente da Ré em não realizar manutenção em suas linhas de transmissão.
Assinale-se que segundo a doutrina, diferencia-se o dano material do dano moral por afetar o primeiro, exclusivamente os bens concretos que compõem o patrimônio do lesado, diminuindo desta forma, o seu quantum financeiro, e o segundo, por afetar diretamente o indivíduo e a sociedade em seu funcionamento. Foco atingido é o foro íntimo do lesado, sua honra, sua imagem, em síntese, os mais nobres valores humanos. 
Todos os doutrinadores átrios são unânimes quanto nos ensinam, tais como Ada Pellegrini Grinover, Afrânio Silva Jardim, Alexandre Freitas Câmara, James Tubenchlak, João Mestiere, José Carlos Barbosa Moreira, Yussef Said Cahali, dentre outros in, pag 58, Doutrina, Editora Instituto do Direito, in verbis:
“Danos Morais são formas de lesão de um bem jurídico de reconhecido interesse da vítima, que fazem com que o detentor do direito moral tutelado na esfera jurídica – positiva – objetiva, se estranhe num estado psicológico conturbado, incapaz de ser mensurável traduzido tão somente pela sensação dolorosa, vergonha, que cause dor intima, espanto, emoção negativa ou constrangimento...”
E ainda:
“O fundamento da reparação pelo dano moral está em que, a par do patrimônio em sentido técnico, o individuo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, não podendo confirmar-se a ordem jurídica em que sejam impunemente atingidos.”
Há no Direito Civil um dever legal amplo de não lesar, a que corresponde à obrigação de indenizar, configurável sempre que, de um comportamento contrário àquele dever de indignidade, surta algum prejuízo paraoutrem, é o que se depreende da interpretação do Artigo 186 do Código Civil.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Por conseguinte, a teoria da responsabilidade civil assenta-se no tripé:
Dano, sofrido pela vítima;
Ato ilícito, que pode ser legal ou contratual cometido pelo agente;
Nexo de causalidade entre dano. 
Diante de tal inferência, mister alguma ponderação, em relação ao caso concreto, é notório que estão presentes tais requisitos, qual seja o dano, é evidente o prejuízo sofrido pelos autores em decorrência do evento danoso. Quanto ao segundo elemento, o ato ilícito, restou caracterizado em face da negligencia em face da manutenção devida. 
Diante de tais considerações, caracterizado está o nexo de causalidade entre o dano sofrido pelos autores e os atos praticados pela Ré. 
Assim, o dano moral, aquele de natureza não-econômica, porém, que se traduz em turbação do ânimo, em reações desagradáveis, desconfortáveis, constrangedoras, entre outras, se manifesta quando a vítima suporta o constrangimento de submeter aos procedimentos e vontades da empresa negligente e oportunista. 
De mais a mais, o dano moral que se caracteriza pela afetação da reputação no meio social – aspecto objetivo – e pelo sofrimento psíquico ou moral, a dor, a angústia e as frustrações infligidas ao ofendido – aspecto subjetivo -, com respaldo no Artigo 5°,V,X da CF/88.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Portanto, cumpre assinalar, que não se pode admitir como plausível a alegação de mero dissabor, conforme explicado acima, tendo em vista que essa justificativa apenas estimula condutas que não respeitam os interesses dos consumidores.
No caso em tela o dano causado pela Ré causou aos autores prejuízo econômico e até social em razão do desfalque sofridos indevidamente em seu rendimento que tem natureza alimentar, devendo a Ré reparar os danos causados a autora de acordo com o Artigo 6°, I e Artigo 14 do CDC.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Para salvaguardar o seu Direito de Consumidor, os autores acreditam na Justiça, para que com isso sejam compensados os seus sacrifícios e o constrangimento sofrido, e demonstrando ao Réu que seus clientes devem ser tratados com mais atenção, consideração e respeito. 
Cabe salientar a lição do Desembargador Sergio Cavalieri Filho, em sua obra “Programa de responsabilidade Civil”, Ed. Malheiros, 1998, que leciona:
“...deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem-estar... Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos”.
DAS TESTEMUNHAS 
Sendo assim, com amparo no artigo 455, § 5º, do Novo Código de Processo Civil, requer-se que as testemunhas sejam intimadas a comparecer na audiência em comento, e pleitea-se que a intimação seja feita por AR.
Desta feita apresenta-se o rol de testemunhas, conforme relação abaixo:
Testemunha 01: CICERO BEZERRA DE ARAÚJO, brasileiro, autônomo, casado, portado da cédula de identidade R.G. nº 681337 SPTC/GO e CPF/MF n° 282.758.371-20, residente e domiciliado na Fazenda Palmeiras de Goiás, município de Palmeiras de Goiás, que provará em depoimento que o prejuízo foi causado devido falta de manutenção.
Testemunha 02: x;
Testemunha 03: x;
Testemunha 04: CORPO DE BOMBEIRO, na forma do artigo 412, § 2º do Código de Processo Civil. 
DOS PEDIDOS 
Frente a todos os fatos e fundamentos expostos, requer a autora, que se digne Vossa Excelência a:
Deferir os benefícios da Justiça Gratuita, uma vez que a autora não possui condições financeiras de arcar com as possíveis despesas do processo, bem como honorários sucumbências, na forma da Lei 1.060/50 e no Código de Processo Civil;
Conceder a Tutela Antecipada, inaudita altera pars e initio litis, nos moldes acima alinhavados;
Determinar a incidência das regras do Código de Defesa do Consumidor em razão da vulnerabilidade e da hipossuficiência da autora em face do Réu, sendo declarada a inversão do ônus da prova (artigo 6°, VIII do CDC);
Requer que a Requerida seja condenada ao pagamento a título de reparação de danos morais aos autores, tendo em vista o grave abalo emocional e situação de nervosismo causada e ainda a ausência de cautela do Réu e sua responsabilidade objetiva, da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil), ou, caso entenda Vossa Excelência, quantia arbitrada de acordo com a concepção deste Juízo, nos moldes dos fundamentos apresentados;
Requer que a Requerida seja condenada ao pagamento a título de reparação de danos Material, aos autores, tendo em vista o ceifamento de uma cabeça de gado da raça nelore fêmea de três anos prenha e a queima da pastagem, da quantia de R$ 7.000,00 (Sete mil reais); 
Sejam todos os valores a serem pagos atualizados, com a incidência de juros e correção monetária desde a data do fato, artigo 398 do CCB e Súmula 362 do STJ; 
Proceder com a citação do réu para, querendo, apresentar contestação, sob pena de seu não oferecimento importar na incidência dos efeitos da revelia e na aceitação das alegações de fato formuladas, nos moldes do artigo 344do CPC
Designar audiência de conciliação, citando o Réu através dos correios (art. 247 do CPC) para o seu comparecimento e, não havendo acordo, querendo, apresente sua defesa, sob pena de incorrer contra si os efeitos da revelia;
Condenação do Réu ao pagamento de honorários sucumbências no importante de 20% do valor da causa ou proveito econômico;
Protesta a autora pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em conformidade com o artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor, especialmente documental suplementar, sob pena de confissão.
Atribui-se à causa o valor de R$ 17.000,00 (Dezessete mil reais).
Nestes Termos,
Pede Deferimento
Goiânia, 05 de agosto de 2019.

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