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Curso de Direito Civil para Analista Ministerial

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Aula 00 – LINDB 
Curso: Direito Civil para ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA 
JURÍDICA – MP-PE 
Professor: Wangney Ilco 
Curso: Direito Civil para ANALISTA MP PE 
Teoria e Questões comentadas 
Prof. Wangney Ilco – Aula 00 
 
 
 
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PÓS-EDITAL!!! 
FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS – FCC !!! 
PROVAS: 02/12/2018 
Remuneração Inicial: R$ 4.809,54 (Analista) 
 
Olá pessoal! Tudo beleza? 
Sejam bem-vindos ao nosso Curso de Direito Civil para o cargo de 
ANALISTA Ministerial – Área Jurídica (MP-PE) 
 
 
Finalmente saiu este concurso tão aguardado! NÃO PODEMOS 
PERDER TEMPO!!! A fila é grande, mas pode e deve ser furada. Para que 
isso ocorra, eis o presente curso de Direito Civil. 
O curso está 100% atualizado, inclusive com as alterações ocorridas na 
LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
Curso 100% focado na FCC!!! Basta Conferir. 
 
Vambora????? 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Se não puder voar, corra. Se não puder correr, 
ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue 
em frente de qualquer jeito. 
(Martin Luther King Jr.) 
 
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Sumário 
Apresentação do professor .................................................................. 4 
Informações sobre o curso .................................................................. 4 
1-Conteúdo e cronograma das aulas ...................................................... 4 
2-Metodologia utilizada ......................................................................... 5 
3-Legislação aplicável ........................................................................... 5 
4-Análise do Edital e histórico da prova .................................................. 5 
5-Suporte ........................................................................................... 6 
1- Considerações Iniciais .................................................................. 7 
1.1- Leis naturais x leis jurídicas ........................................................... 7 
1.2- Direito Objetivo x Direito Subjetivo ................................................ 8 
1.3- Fontes do Direito ......................................................................... 9 
1.4- Norma jurídica: Lei em sentido amplo x Lei sentido estrito .............. 10 
1.5- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro .......................... 10 
2- Vigência e Eficácia da Norma ...................................................... 13 
3- Revogação da Norma .................................................................. 20 
4- Conflito de Normas no Tempo ..................................................... 25 
5- Preenchimento da Lacuna Jurídica ............................................. 28 
6- Princípio da Obrigatoriedade ...................................................... 32 
7- Critérios de Hermenêutica Jurídica ............................................. 32 
8- Conflitos de Norma no Espaço .................................................... 35 
9- Estatuto de Direito Internacional Privado ................................... 36 
10- Lei nº 13.655/18: segurança jurídica e eficiência na criação e na 
aplicação do direito público ............................................................... 43 
11- Questões Propostas .................................................................... 46 
12- Gabarito ..................................................................................... 60 
13- Questões propostas comentadas .................................................. 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apresentação do professor 
Me chamo Wangney Ilco. Sou ex-aluno do Colégio Naval (ingresso em 
1997) e Escola Naval (ingresso em 2000). Bacharel em Ciências Navais pela 
Escola Naval com especialidade em Sistemas (2004). Após alguns anos como 
Oficial da Marinha, decidi deixar a vida militar e ingressei nesta doce vida de 
“concurseiro”. O foco era a área fiscal, mais especificamente o fisco do Estado 
do Rio de Janeiro. Nos dois primeiros certames (2008) não fui feliz, por absoluta 
perda de foco e por problemas pessoais. Porém, já no ano seguinte, após alguns 
meses sem estudar, retornei com muita força já com edital na praça. Fiz alguns 
ajustes. Foram 45 dias de dedicação total e foco máximo. Resumos, gráficos, 
esquemas, mapas-mentais foram utilizados para aproveitar o tempo com a 
máxima eficiência. E deu certo! Obtive a tão sonhada aprovação: Auditor 
Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro. Cargo que exerço atualmente! 
Desde então, final de 2009, me tornei Professor de Direito Empresarial e 
Direito Civil tendo lecionado em alguns dos principais cursos preparatórios do 
país, dentre eles o Exponencial Concursos (meus cursos de empresarial). No 
momento, estou cursando Direito na Universidade Federal do Estado do Rio 
de Janeiro – UNIRIO. 
Informações sobre o curso 
1-Conteúdo e cronograma das aulas 
AULA ASSUNTO 
00 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
01 Pessoas (Naturais e Jurídicas). Fundações e Associações. 
02 Dos bens. 
03 Negócios Jurídicos. Atos Jurídicos. Fatos e Negócios Jurídicos. 
04 Da Prescrição e Da Decadência. 
05 Obrigações de Dar, de Fazer e de não Fazer. Pagamento. 
06 Contratos: disposições gerais. Compra e Venda. Depósito. Mandato. 
Fiança. 
07 Da Responsabilidade Civil. Pressupostos e Requisitos Atos Ilícitos. 
08 Posse e Propriedade. Posse, Aquisição da Propriedade. Função Social 
da Propriedade. 
09 Do casamento. Das relações de parentesco. Dos alimentos. Da união 
estável. Da tutela e da curatela. Do poder familiar. 
10 Da sucessão legítima e testamentária. 
*Confira o cronograma com as datas de disponibilização das aulas no 
site do Exponencial. 
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Além de abordar a parte teórica, faremos cerca de 450 questões com 
grande predominância de questões FCC, ok? 
Todas as questões inseridas nas aulas serão devidamente comentadas, 
de modo a não deixar dúvidas. Desse modo, este curso será completo. Ele foi 
elaborado visando ser sua única fonte de estudos de Direito Civil. 
 
2-Metodologia utilizada 
Abrangeremos de modo aprofundado os aspectos mais relevantes de 
cada tópico do conteúdo exigido, evitando-se, porém, discussões doutrinárias 
desnecessárias. Para otimizar seu aprendizado, nosso curso será 
ESQUEMATIZADO assim: 
 
 Acreditamos que essa composição seja importante para o 
aprofundamento, tendo como propósito uma preparação completa e integral, 
visando um excelente desempenho em prova. 
 
3-Legislação aplicável 
A base do nosso curso será o Código Civil (Lei 10.406 de 10 de janeiro de 
2002), a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei 4.657 
de 4 de setembro de 1942), a Jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre 
Direito Civil e a melhor doutrina nacional. 
 
4-Análise do Edital e histórico da prova 
Há algum tempo, as questões de Direito Civil limitavam-se a cobrar a 
letra da lei. Com isso, bastava que os alunos decorassem os artigos mais 
cobrados para conseguir uma boa pontuação. 
Entretanto, a característica da decoreba sofreudiversas mudanças e, 
atualmente, as questões costumam cobrar a aplicação dos conceitos em 
pequenos casos práticos apresentados. Analisando o conteúdo do seu edital, 
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tenha certeza que conseguiremos lhe passar o conteúdo necessário para uma 
excelente prova. 
É importante destacar que Direito Civil é uma matéria extremamente 
extensa, que abrange variadas possibilidades de construções de questões 
diferentes, trazendo certa dificuldade para tentar prever o que será cobrado. 
Porém, o nosso curso foi construído para atender à totalidade (100%) do 
conteúdo programático do último edital. 
 
 
5-Suporte 
Nosso estudo não se limita apenas à apresentação das aulas ao longo do 
curso. É natural surgirem dúvidas. Por isso, estaremos sempre à disposição para 
responder aos seus questionamentos através do fórum de cada aula. Todos 
têm dúvidas! Errar é comum quando se está tentando aprender. O que não pode 
acontecer é você guardar sua dúvida ao invés de expor a sua dificuldade. 
No mais, esperamos contar com a presença de vocês neste curso de 
maneira otimista e compromissada, para que possamos caminhar juntos, de 
mãos dadas, rumo à aprovação. Tenho certeza que com ESFORÇO, 
DISCIPLINA e ORGANIZAÇÃO chegaremos lá. Força na remada! 
Pois bem, vamos ao que interessa! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1- Considerações Iniciais 
Inicialmente, devemos fazer uma introdução que abrange não somente o 
Direito Civil, mas todo o Direito. São assuntos que costumamos ver no início da 
faculdade de Direito. É verdade que são assuntos pouco cobrados em prova, de 
forma isolada. E, em relação a nossa área, isso não é diferente. Porém, é uma 
introdução necessária sim para o bom andamento do curso e também porque 
alguns termos que veremos a seguir podem ser usados em questões de outros 
assuntos, ok? Então, vamos seguir! 
 
1.1- Leis naturais x leis jurídicas 
Vamos começar nosso trabalho com o estudo da lei. Inicialmente, é 
interessante perceber que quando falamos em lei, estamos nos referindo ao 
conjunto de normas e regras jurídicas, e não às leis naturais. Mas, qual é a 
diferença entre as leis naturais e as leis jurídicas? 
 
As leis naturais são decorrentes da própria ação da natureza, na qual 
reina o chamado princípio da causalidade. Isso significa que cada causa produz 
determinado efeito, e isso independe de ação humana. Podemos citar, como 
exemplo, a lei da gravidade. 
As leis jurídicas, por sua vez, são convenções que disciplinam regras de 
conduta, que funcionam como diretivas para ação. Nesse caso, podemos citar o 
princípio da imputabilidade, pois quando um indivíduo pratica uma conduta 
prevista em lei como crime ou contravenção, a ele deve ser imputada 
determinada consequência prevista em lei. 
No nosso estudo, quando nos referirmos à lei, estaremos tratando das 
leis jurídicas. 
 
 
 
Leis naturais
Princípio da causalidade
Leis jurídicas
Princípio da imputabilidade
Aula 00 –Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
≠ 
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1.2- Direito Objetivo x Direito Subjetivo 
 Outra diferenciação que precisamos fazer é com relação ao Direito 
objetivo e o Direito Subjetivo. Vejamos: 
 
Portanto, o Direito objetivo e o Direito subjetivo estão intimamente 
ligados, representando conceitos distintos. Ressalta-se que há uma corrente 
doutrinária que considera que o Direito subjetivo é a faculdade de agir do 
indivíduo conforme os seus interesses. Mas há outra corrente que entende que 
essa faculdade de agir não é o Direito subjetivo em si, mas está contido nele, 
pois a faculdade de agir seria algo inerente ao ser humano e, portanto, estaria 
inserido no campo natural. A faculdade humana, por esta corrente, seria 
anterior ao Direito. Beleza? 
1. (ESPP/Juiz do Trabalho-TRT-9ªR/2012) Considerando 
a teoria do Direito Civil acerca das locuções "direito objetivo" e "direito 
subjetivo", assinale a alternativa incorreta: 
a) O direito subjetivo associa-se à noção de "facultas agendi". 
b) Visto como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, 
temos o "direito subjetivo". 
c) Direito subjetivo é a prerrogativa de invocação da norma jurídica, pelo 
titular, na defesa do seu interesse. 
d) Visto sob o ângulo subjetivo, o direito é o interesse juridicamente tutelado 
(Ihering). 
Direito Objetivo
• É o conjunto de normas 
jurídicas de caráter geral e de 
observância obrigatória pelos 
indivíduos;
•É imposto pelo Estado;
•Refere-se ao conceito de Norma 
Agendi - são normas jurídicas 
comportamentais;
•Estabele limites à conduta 
humana em sociedade;
•Expressa a vontade geral;
•Organiza a sociedade conforme 
o conjunto de regras jurídicas;
•Ex.: O respeito à propriedade é 
uma imposição do Direito;
Direito Subjetivo
• É o poder atribuído ao indivíduo 
para agir conforme a sua 
faculdade para a satisfação dos 
seus interesses tutelados pela 
lei (Direito objetivo);
•Refere-se à Facultas Agendis -
faculdade individual de agir 
conforme o direito objetivo;
•Expressa a vontade individual
•É posterior à norma jurídica;
•Deriva e nasce do Direito 
objetivo;
•Ex.: O indivíduo poderá usar o 
seu direito à propriedade para 
protegê-la. Poder de coerção.
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e) 0 direito objetivo refere-se a um conjunto de regras que impõem à conduta 
humana certa direção ou limite. Ele descreve condutas obrigatórias e comina 
sanções pelo comportamento diverso dessa descrição 
Comentários 
Letra “b” incorreta. Na verdade, o conceito expresso na letra “b” qualifica o 
Direito objetivo e não o subjetivo. As demais alternativas estão perfeitamente 
corretas, representando os conceitos e características do Direito objetivo e do 
Direito subjetivo. 
Gabarito1: B 
 
1.3- Fontes do Direito 
 As Fontes do Direito representam a origem, bem como o meio de 
expressão das normas jurídicas. Podemos observar duas formas de classificar 
as Fontes do Direito: 
 
 Nas fontes formais, a lei é a principal delas, enquanto as demais são 
consideradas fontes acessórias. A outra classificação prevista é a seguinte: 
 
FONTES do Direito
FORMAIS
Lei
Analogia
Costume
Princípios Gerais de 
Direito
NÃO FORMAIS
Doutrina
Jurisprudência
Fontes do 
Direito
Diretas ou 
Imediatas
Lei + Costumes: criam a regra 
jurídica.
Indiretas ou 
Mediatas
Doutrina + Jurisprudência: não 
criam, mas contribuem para a 
criação da regra jurídica. 
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1.4- Norma jurídica: Lei em sentido amplo x Lei sentido estrito 
As normas jurídicas estão na base de um ordenamento jurídico. Elas 
estabelecem as regras de conduta e comportamento da sociedade, sendo uma 
imposição do Estado, o qual possui a responsabilidade de aplicar as penalidades 
previstaquando infringidas. Reflete também os preceitos, os mandamentos e 
os valores do ordenamento jurídico. 
Em algumas ocasiões, a norma jurídica é utilizada como sinônimo de lei. 
Assim sendo, é importante atentar que a palavra lei (ou norma jurídica) pode 
ser utilizada em dois sentidos: amplo (“lato sensu”) e estrito (“stricto sensu”). 
 
Em sentido amplo (norma jurídica), a palavra lei abrange não apenas 
as leis emanadas pelo Poder Legislativo, mas também outros normativos, como 
por exemplo, os decretos e os regulamentos. Outro exemplo, seria o caso da 
Medida Provisória, que em situações de urgência e relevância, é fruto do Poder 
Executivo e tem força de lei. Embora não seja lei em sentido estrito, a medida 
provisória é lei em sentido amplo. A lei em sentido amplo também é conhecida 
como lei em sentido material, pois apesar de não ser uma norma jurídica que 
seguiu a formalidade legislativa, é uma norma em sua essência, em seu 
conteúdo. 
Em sentido estrito, a lei precisaria ser introduzida no ordenamento 
jurídico somente pelo Poder Legislativo, por meio de atos legislativos formais. 
Por isso, a lei sem sentido estrito também é conhecida como lei em sentido 
formal. 
1.5- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
Bem, pessoal, esta aula vai girar em torno da chamada Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42), cuja 
sigla que adotaremos é a LINDB, ok? Anteriormente, conhecíamos a LINDB 
como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), porém a Lei nº 12.376/10 alterou 
o Decreto-Lei em sua ementa; mudou-se de LICC para LINDB. Pura formalidade! 
É o que menos importa para a nossa prova. 
Na verdade, apesar da LINDB ser tratada didaticamente como uma norma 
de introdução ao Direito Civil, na prática é uma lei autônoma aplicada também 
aos demais ramos do Direito – daí a razão para a mudança de nomenclatura. A 
LINDB, portanto, deve ser tratada como uma lei que regulamenta outras leis e 
normas, sendo por isso conhecida pela expressão lex legum – sobredireito, 
Lei
Sentido amplo
(lato sensu)
Não precisa ser proveniente do 
Poder Legislativo
Sentido estrito
(stricto sensu)
Necessariamente proveniente do 
Poder Legislativo
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superdireito, lei das leis, norma sobre as normas. Logo, a LINDB possui de início 
duas características principais: CONJUNTO DE NORMAS SOBRE NORMAS e 
APLICABILIDADE A TODOS OS RAMOS DO DIREITO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abaixo, podemos observar onde o D. Civil insere-se no Direito: 
 
 No mais, dessa forma, a LINDB vai tratar dos seguintes pontos: 
 
 
Direito
Público
D. 
Constitucional
D. 
Administrativo
D. 
Tributário, 
etc.
Privado
Direito 
Comercial
Direito 
Civil
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
LINDB
Vigência e 
Eficácia das 
normas 
jurídicas
Conflito das 
LEIS no 
Tempo e no 
Espaço
Critérios de 
Hermenêutica 
Jurídica 
(interpretação)
Formas de 
Integração
da norma 
jurídica
Normas de 
Direito 
Internacional 
público e 
privado
Lex Legum
Interesses 
do Estado 
 
Relações entre 
particulares 
 
As principais características da LINDB são: 
- Ser um conjunto de normas sobre normas, pois é uma 
lei que disciplina outras normas jurídicas, assinalando-
lhes a maneira de aplicação e entendimento, sendo 
chamada de lei das leis (lex legum); 
- Ser aplicável a todos os ramos do direito, não apenas 
ao Direito Civil; e por ultrapassar em muito o âmbito do 
Direito Civil, podemos afirmar que os dispositivos deste 
diploma legal contém normas de sobredireito. 
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2. (CESPE/Delegado de Polícia-AL/2012) Com base no 
que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e Direito 
Civil, julgue os itens subsecutivos. 
A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito. 
Comentários 
O item está Certo. A LINDB é considerada uma norma de sobredireito, pois é 
um conjunto de normas sobre normas, que atinge não apenas o direito privado, 
mas também o direito público, possuindo aplicação nos diversos ramos do 
direito. 
Gabarito2: Certo 
Sabendo que a lei é o objeto de estudo da LINDB, vale a pena 
enumerarmos as suas características: 
Características das LEIS 
Generalidade ou 
Impessoalidade 
A LEI objetiva atingir todas as pessoas que se encontrem na 
mesma situação jurídica. Ela não é personalíssima. Não é 
dirigida especificamente a um indivíduo; mas, à 
coletividade. A exceção é a lei formal ou singular, que se 
aplica apenas a uma pessoa. Exemplo: uma lei criada para 
dar pensão a uma pessoa pública que esteja passando 
dificuldades. A doutrina afirma que é um ato administrativo 
com forma de lei. 
Obrigatoriedade e 
imperatividade 
O descumprimento da lei autoriza a aplicação de uma 
sanção 
Permanência ou 
persistência 
A lei não se esgota em uma única aplicação. 
Autorizante 
Se a lei for violada, o ofendido pode pleitear uma indenização 
por perdas e danos caso tenha sofrido um prejuízo em 
virtude da lei. É aqui que a lei se distingue das normas 
sociais, que, se violadas, não ensejam perdas e danos. 
 
Pois bem, segundo sua força obrigatória, as leis podem ser: 
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1- Lei Cogente ou Injuntiva: é a lei de ordem pública. É a que não pode ser 
modificada pela vontade das partes e, nem mesmo, pelo juiz. São imperativas 
ou proibitivas. 
a) lei cogente imperativa: é a que ordena um certo comportamento. Por 
exemplo, o comerciante não pode escolher para qual cliente vender a 
mercadoria; 
b) lei cogente proibitiva: é a que veda certo comportamento. Por exemplo, o 
Código Civil proíbe a doação universal, isto é, a doação de todos os bens sem 
que haja reserva do mínimo para sobreviver. 
2- Leis Supletivas ou Permissivas: são as leis dispositivas, isto é, leis que 
protegem interesses particulares. Podem ser modificadas pela vontade das 
partes. É o caso da maioria das leis que disciplinam os contratos, em regra. 
Por fim, a Lei de efeito concreto é a que produz efeitos imediatos. Como 
exemplo temos uma lei que proíbe certa atividade. É a lei que por si só já produz 
o efeito desejado. Tal classificação é importante principalmente no que tange 
ao mandado de segurança. Em regra, não se pode impetrar mandado de 
segurança contra lei em tese, porém, se for lei de efeito concreto, cabe mandado 
de segurança. Também cabe ressaltar que o Supremo Tribunal Federal admite 
o controle de constitucionalidade quando a lei for de efeitos concretos. Esta lei 
de efeito concreto se assemelha aos atos administrativos, cujos efeitos são 
imediatos. 
 
2- Vigência e Eficácia da Norma 
O art. 1o, caput, da LINDB consagra o princípio da vigência sincrônica: 
 
Quanto à Imperatividade ou Obrigatoriedade:
COGENTES
-É absoluta, lei de ordem pública;
-Representa uma ação ou abstenção;
-Mandamentais ou Proibitivas;
-Proibida a direção alcoolizada;
-Usar o cinto de segurança.
Não COGENTES
-É relativa;
-Representa faculdade de agir ou de 
se abster - vontade das partes;
-Permissivas ou Supletivas;
-Casamento (escolha doregime de 
bens).
Salvo
disposição 
contrária
a lei começa 
a vigorar
em todo o 
país
45 dias
depois de 
oficialmente 
publicada
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Portanto, em regra geral, a vigência da lei ocorre após 45 dias contados 
a partir de sua publicação. Esse é o chamado sistema simultâneo ou 
sincrônico, pois determinou um prazo único para a obrigatoriedade da lei em 
todo o país. 
 
 
 
 
 
 
 
• Princípio da Vigência Sincrônica: a obrigatoriedade da lei no país é 
simultânea, pois ela entra em vigor a um só tempo em todo o país, ou 
seja, quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data 
estipulada para sua entrada em vigor. 
 
3. (CESPE/Auxiliar Judiciário/TJ-AC/2012) Com base na 
Lei de Introdução às Normas Brasileiras, julgue os itens a seguir. 
A vigência da norma começa com sua promulgação. 
Comentários 
O item está Errado. Conforme artigo 1° da LINDB, salvo disposição contrária, 
a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de 
oficialmente publicada. Portanto, o prazo é de 45 dias e deve ser contado a 
partir da publicação e não da promulgação da lei. 
Gabarito3: Errado 
A vigência é um critério puramente temporal da norma, que vai desde o 
início da sua obrigatoriedade até a perda de sua validade. Nesse aspecto, não 
há que fazer qualquer relação com outra norma. A eficácia refere-se à 
possibilidade de produção concreta de efeitos pela norma. Quando classificada 
(segundo José Afonso da Silva) de acordo com a dependência de outras normas, 
podem ser: 
a) Normas de eficácia plena – quando a eficácia é imediatamente 
concretizada; 
b) Normas de eficácia limitada – quando a eficácia depende de uma outra 
norma; e 
Publicação Vigência 
45 dias 
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c) Normas de eficácia contida – quando a eficácia pode ser restringida 
por outra norma. 
É possível que a lei seja inválida (não esteja em vigência), mas tenha 
eficácia (produza efeitos). Para exemplificar tal situação vamos viajar para o 
Direito Penal e analisar o art. 3o do Código Penal que trata da aplicação da lei 
penal quando esta for excepcional ou temporária: 
Lei excepcional ou temporária 
Art. 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período 
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-
se ao fato praticado durante sua vigência. 
- Leis temporárias: são aquelas que contêm prazo (dia de início e dia do 
fim) de vigência previsto expressamente em seu corpo. 
- Leis excepcionais: são as que vinculam o prazo de vigência a 
determinadas circunstâncias, como guerra, epidemia, etc. 
Esses dois tipos de leis possuem a ultratividade como grande 
característica. Por ultratividade devemos entender a capacidade de uma lei, 
após ser revogada (perder a vigência), continuar regulando fatos ocorridos 
durante o prazo em que esteve em vigor. Ou seja, ocorrendo um crime durante 
a vigência de uma lei excepcional ou temporária, mesmo após a lei não mais 
estar em vigor (falta de vigência), ela deverá ser utilizada no julgamento (ter 
eficácia). 
 
Continuando o estudo do art. 1o da LIDB, temos que: 
Art. 1o da LIDB - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo 
o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. [...]. 
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O processo de nascimento de uma lei pode ser apresentado da seguinte 
forma: 
1) Edição; 
2) Processo Legislativo; 
3) Sanção do Presidente da República; 
4) Publicação, e; 
5) Vigência. 
 
As fases de edição e do processo legislativo são estudadas pelo Direito 
Constitucional. Aqui começaremos o estudo na fase da sanção. Após a lei ser 
sancionada, deve haver a sua publicação para que as pessoas tomem 
conhecimento do seu conteúdo; e, consequentemente, o diploma legal irá 
adquirir vigência (validade) estando apto a produzir efeitos. Entretanto, o 
nascimento da lei se dá com a promulgação. 
 
PROMULGAÇÃO ≠ PUBLICAÇÃO 
 
Não podemos confundir a promulgação com a publicação, apesar de 
ambas constituírem fases essenciais da eficácia da lei. 
 A promulgação atesta a existência da lei, produzindo dois efeitos 
básicos: 
 a) reconhece os fatos e atos geradores da lei; 
 b) indica que a lei é válida, ou seja, que obedece aos requisitos formais. 
 A promulgação das leis compete ao Presidente da República, conforme 
prevê o art. 66, § 7o da Constituição Federal. Ela deverá ocorrer dentro do prazo 
de 48 horas decorrido da sanção ou da superação do veto. Neste último caso, 
se o Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Presidente do 
Iniciativa
Discussão e 
aprovação
Sanção ou Veto
PromulgaçãoPublicação
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Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas para fazê-lo; se este não 
o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do Senado. 
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de 
lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. 
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo 
Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado 
a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado fazê-lo. 
A publicação constitui a forma pela qual se dá ciência da promulgação 
da lei aos seus destinatários. É condição de vigência e eficácia da lei. 
Em resumo: 
 
Denomina-se vacatio legis o período de tempo que se estabelece 
entre a publicação e a entrada em vigor da lei. Neste intervalo de tempo a 
lei não produzirá efeitos, devendo incidir a lei anterior no sistema. 
 
 
Existem três espécies de leis de acordo com o prazo de vacatio legis: 
1) Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, 
que, de acordo com o artigo 8.º da Lei Complementar nº 95/98, tem 
expressa disposição do período de vacatio legis. Como exemplo, temos a 
expressão contida em lei determinando que a lei "entra em vigor um ano 
depois de publicada". 
Art. 8º da LC 95/98 A vigência da lei será indicada de forma expressa e de 
modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo 
conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua 
publicação" para as leis de pequena repercussão. 
Promulgação
declara a existência da lei
"nascimento" da lei
Publicação
divulga a existência da lei
exigência para entrada em 
vigor
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2) Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em 
consonância com o artigo 1.º da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, 
no silêncio da lei, entra em vigor no país 45 dias depois de oficialmente 
publicada ou, no estrangeiro, quando admitida,três meses após a publicação 
oficial. 
3) Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena 
repercussão, entra em vigor na data de publicação, devendo esta estar 
expressa ao final do texto legal. 
 Segue esquema gráfico: 
 
Durante o prazo de vacância, a lei nova ainda não produz efeitos, ou seja, 
ainda não tem vigência. Dessa forma, enquanto a lei nova não entrar em vigor 
ela não será obrigatória e os atos praticados de acordo com a lei antiga serão 
plenamente válidos. 
A forma de contagem do prazo de vacatio legis é regulada pelo artigo 8o, 
§ 1o da Lei Complementar 95/98, incluindo o dia da publicação e o último dia 
na contagem do prazo. 
Art. 8o, § 1o da LC 95/98 - A contagem do prazo para entrada em vigor das 
leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da 
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente 
à sua consumação integral. 
Para exemplificar, se uma lei for publicada no dia 2 de janeiro, 
estabelecendo prazo de quinze dias de vacância, ela entrará em vigor 
em qual dia? 
 
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No exemplo apresentado, a contagem do prazo de vacância (vacatio 
legis) inclui o dia 2 de janeiro e vai até o dia 16 de janeiro (15 dias), entrando 
a lei e vigor no dia subsequente (17 de janeiro). Seque quadro: 
Contagem do 
dia do mês 
 2 3 4 5 . . . 16 ➔ DIA 17 
3- Contagem 
do vacatio 
 1 2 3 4 . . . 15 ➔ vigência no dia seguinte 
 
 
 
O dia da publicação de uma lei está inserido na contagem do prazo de vacatio legis. 
 
Finalizando o estudo do art. 1o da LINDB temos: 
Art. 1o da LIDB – [...]. 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, 
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores 
começará a correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
Se uma lei for publicada com erro substancial acarretando divergência de 
interpretação, então poderemos observar situações distintas por ocasião da 
correção de tal erro, dependendo de qual fase se encontra o processo de criação 
da norma: 
1) correção antes da publicação: a norma poderá ser corrigida sem 
maiores problemas; 
2) correção no período de “vacatio legis”: a norma poderá ser 
corrigida; no entanto, deverá contar novo período de vacatio legis para o 
texto corrigido; 
3) correção após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida 
mediante uma nova norma de igual conteúdo. 
Segue esquema gráfico: 
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Na hipótese 2, conforme explica a boa doutrina, haverá um novo prazo 
de vacatio legis, apenas para a parte da lei que foi corrigida. 
 
3- Revogação da Norma 
É a hipótese em que a norma jurídica perde a vigência porque outra 
norma veio modificá-la ou revogá-la. A norma jurídica é permanente e só poderá 
deixar de surtir efeitos se a ela sobrevier outra norma que a revogue. O desuso 
não implica a perda da vigência da norma, e sim, a perda de sua efetividade. 
Quando classificada de acordo com a sua extensão, a revogação pode 
ser: 
1) total (ab-rogação): quando toda a lei é revogada; ou 
2) parcial (derrogação): quando apenas parte da lei anterior é revogada. 
 
Através do art. 2o, caput, da LIDB, o legislador expressou o Princípio da 
Continuidade. 
 
 
Revogação total
(ab-rogação)
toda a lei é tornada sem 
efeito
Revogação parcial
(derrogação)
parte da lei é tornada sem 
efeito
Não se 
destinando à 
vigência 
temporária
a lei terá vigor
até que outra a 
modifique ou 
revogue
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Dessa forma, em regra, as leis possuem efeito permanente, isto é, 
vigência por prazo indeterminado, excetuando-se as leis com vigência 
temporária, que possuem data certa para “morrer” (perder a vigência). 
 A lei orçamentária é um clássico exemplo de lei temporária, dessa forma, 
para que ocorra o fim de sua vigência, não é necessária outra lei. Basta que 
transcorra o lapso temporal de um ano. 
Tendo como base legal o art. 2o, § 1o da LINDB, existem duas formas de 
revogação de uma lei antiga por uma lei nova. 
Art. 2o § 1o da LIDB - A lei posterior revoga a anterior quando 
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando 
regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
São elas: 
1) Revogação expressa ou direta: quando a lei indica os dispositivos que 
estão sendo por ela revogados. 
2) Revogação tácita ou indireta: se subdivide em dois tipos. 
- Revogação tácita por incompatibilidade; e 
- Revogação tácita global (quando uma lei nova regula inteiramente 
uma matéria tratada por uma lei anterior). 
 
Então, temos: 
 
 
 
4. (CESPE/Analista/Área Advocacia/SERPRO/2013) A 
respeito das normas relativas à aplicação e vigência da lei contidas na Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os itens seguintes. 
A lei posterior 
revoga a 
anterior quando
expressamente o 
declare
Revogação 
expressa
seja com ela 
incompatível
Revogação 
tácita
regule inteiramente a 
matéria de que tratava a 
lei anterior
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Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente quando uma lei nova, 
aprovada segundo as regras do processo legislativo, passar a regulamentar 
inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior, ainda que a lei 
nova não o declare expressamente. 
Comentários 
O item está certo. Quando a lei nova regula inteiramente a matéria de que 
tratava a lei anterior, sem declarar expressamente a revogação, ocorre a 
chamada revogação tácita. Conforme § 1° do artigo 2°, a lei posterior revoga a 
anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou 
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Gabarito4: Certo 
Sobre a revogação expressa ou direta, a LC 107/2001 deu nova redação 
à LC 95/98 que ficou da seguinte forma: 
Art. 9o da LC 95/98 - A cláusula de revogação deverá enumerar, 
expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. 
Ou seja, através do dispositivo legal acima, o legislador não deve mais se 
valer daquela vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”. 
Quando uma norma entra em conflito com outra surge a antinomia. A 
antinomia pode ser de dois tipos: real ou aparente. Quando se tratar de uma 
antinomia real a solução é a revogação da norma conflitante. Entretanto, 
quando se tratar de uma antinomia aparente, para a verificação de revogação 
das normas e solução de tais conflitos, três critérios, listados no quadro a 
seguir, devem ser utilizados: 
CRITÉRIOS PARA A SOLUÇÃO DE UMA ANTINOMIA APARENTE 
1) HIERÁRQUICO (lex superior derrogat legi inferiori): consiste em 
verificar qual das normas é superior, independentemente da data de 
vigência das duas normas (exemplo: um regulamento não poderá revogar 
uma lei ainda que entre em vigor após esta); 
2) ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat legigenerali): as normas 
gerais não podem revogar ou derrogar preceito ou regra disposta e 
instituída em norma especial, e; 
3) CRONOLÓGICO (lex posterior derrogat legi priori): a norma que entrar 
em vigor posteriormente irá revogar a norma anterior que estava em vigor. 
 
 
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Dos três critérios acima, o cronológico é o mais fraco de todos, 
sucumbindo diante dos demais. O critério da especialidade é o intermediário e 
o hierárquico é o mais forte de todos. 
O art. 2o, § 2o da LINDB consagra o princípio da conciliação. 
 
De acordo com tal princípio, se uma lei não contraria outra já existente, 
então eles podem coexistir, não havendo a necessidade de revogação. 
 
Princípio da conciliação: se uma lei não contraria outra já existente, 
então eles podem coexistir, não havendo a necessidade de revogação. 
5. (CESPE/Auditor Federal de Controle 
Externo/TCU/2013) Julgue os itens a seguir, com fundamento na Lei de 
Introdução ao Código Civil Brasileiro e na jurisprudência do Superior Tribunal 
de Justiça (STJ). 
Após cinco anos de vigência de lei especial sobre determinada matéria, foi 
editada nova lei contemplando disposições gerais acerca do mesmo tema. Nessa 
situação, a edição da lei mais recente, a qual estabelece disposições gerais, 
revoga a lei anterior especial. 
Comentários 
Hierárquico
Especialidade
Cronológico
A lei nova
que estabeleça 
disposições 
gerais ou 
especiais a par 
das já existentes
não revoga nem
modifica a lei 
anterior
Prevalecem as leis especiais em 
relação às gerais 
Prevalecem as leis de hierarquia 
superior 
Prevalecem as leis novas em 
relação às anteriores 
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O item está Errado. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais 
a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior, conforme § 
2° do artigo 2° da LINDB. 
Gabarito5: Errado 
Já o art. 2o, § 3o da LINDB dispõe sobre a repristinação. 
Art. 2o, § 3o da LINDB - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se 
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 
Por meio da sua leitura, concluímos que a regra é a não-restauração 
da norma, ou seja, a impossibilidade de uma norma jurídica, uma vez 
revogada, voltar a vigorar no sistema jurídico pela simples revogação de sua 
norma revogadora. O motivo dessa não-restauração de normas é o controle do 
sistema legal para que se saiba exatamente qual norma está em vigor. 
Admite-se, no entanto, a restauração expressa da norma, ou seja, uma 
norma nova que faça tão-somente remissão à norma revogada poderá restituir-
lhe a vigência, desde que em sua totalidade. 
 
A seguir temos um esquema gráfico sobre a repristinação: 
 
Sendo a Lei A revogada pela Lei B e, posteriormente, a Lei B revogada 
pela Lei C, a Lei A irá “ressuscitar”? Ou seja, irá ocorrer a repristinação? 
 Resposta: Caso a Lei C disponha expressamente sobre o “renascimento” 
da Lei A, então é possível a repristinação, caso contrário, a Lei A continua 
“morta”. 
 
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6. (VUNESP/Auditor Fiscal Tributário 
Municipal/Prefeitura de São José do Rio Preto-SP/2014) A repristinação 
consiste: 
a) no lapso temporal entre a promulgação da lei e sua vigência, não podendo 
ser inferior a 45 (quarenta e cinco) dias. 
b) na supressão de lei ou dispositivo legal, em razão da declaração de 
inconstitucionalidade, por controle concentrado. 
c) na revogação tácita de lei, em virtude de lei posterior com ela incompatível. 
d) no suprimento de omissão da lei pela aplicação da analogia, dos costumes e 
dos princípios gerais de direito. 
e) na restauração da lei revogada por ter a lei revogadora perdido sua vigência, 
sendo admitida apenas quando há expressa disposição legal. 
Comentários 
Letra “e”. A repristinação consiste na restauração da lei revogada por ter a lei 
revogadora perdido sua vigência. Conforme § 3o do artigo 2º da LINDB, salvo 
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência. Portanto, somente haverá repristinação, quando houver 
expressa disposição legal. 
Gabarito6: E 
4- Conflito de Normas no Tempo 
O direito intertemporal visa solucionar os conflitos entre as novas e as 
velhas normas, entre aquela que acaba de entrar em vigor e a que acaba de ser 
revogada. Isso porque alguns fatos iniciam-se sob a égide de uma lei e só se 
extinguem quando outra nova está em vigor. Para solucionar tais conflitos 
existem dois critérios: 
• disposições transitórias: o próprio legislador no texto normativo 
novo concilia a nova norma com as relações já definidas pela norma anterior; 
• princípio da irretroatividade: a lei não deve retroagir para atingir 
fatos e efeitos já consumados sob a lei antiga. 
 Observando os fatos jurídicos e relacionando-os cronologicamente de 
acordo com a produção de efeitos, temos que eles podem ser: 
a) Pretéritos: são os que se constituíram na vigência de uma lei e tem 
seus efeitos produzidos na vigência daquela lei. 
b) Futuros: são os que ainda não foram gerados. 
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c) Pendentes: são os que foram constituídos na vigência de uma lei 
anterior e não produziram todos os seus efeitos nela. 
Ex.: Celebrei um contrato de empréstimo no ano passado, no início deste 
ano entrou em vigência uma nova lei e até hoje a coisa emprestada está na 
minha posse. Esse contrato embora constituído na vigência de uma lei, ele 
continua produzindo seus efeitos na vigência da lei revogadora. Segundo o 
Princípio da Irretroatividade, aos fatos pendentes é aplicada a lei 
anterior, porque a lei posterior só se aplica para o futuro. 
 
Analisando o art. 6o da LINDB, percebemos que a lei, em regra, é 
irretroativa, devendo ser expedida para disciplinar fatos futuros. Entretanto, a 
retroatividade da lei pode ocorrer excepcionalmente para fatos pendentes, 
desde que respeite o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
 
 
 
Art. 6º da LINDB - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o 
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao 
tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém 
por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo 
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
A lei em vigor
terá 
efeito
imediato geral
respeitados
ato 
jurídico
perfeito
direito 
adquirido
coisa 
julgada
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§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não 
caiba recurso. 
 A diferença entre o ato jurídico perfeito e o direito adquirido é muito difícil 
de ser estabelecida, mas parte do seguinte conceito básico:• Ato Jurídico Perfeito: é o ato que já se consuma segundo a lei de seu 
tempo 
• Direito Adquirido: é direito incorporado ao patrimônio do particular 
 Como exemplo de ato jurídico perfeito, temos o contrato de locação 
celebrado durante a vigência de uma lei que não pode ser alterado somente 
porque a lei mudou; ou seja, é necessário que o prazo do contrato termine. 
 Como exemplo de direito adquirido, temos a pessoa que se aposenta 
e, posteriormente, a lei modifica o prazo de aposentadoria. Tal modificação não 
irá atingir aquele que já está aposentado. 
 Quanto à coisa julgada, trata-se da qualidade conferida à sentença 
judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e 
indiscutível. 
 Apesar de não ser cabível recurso, a coisa julgada pode ser 
questionada por meio de ação rescisória (não é um recurso), conforme 
prevê o art. 966 do Novo Código de Processo Civil: 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar 
a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; 
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja 
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe 
assegurar pronunciamento favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
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 Também é possível vislumbrar o princípio da irretroatividade no art. 5º, 
XXXVI da Constituição Federal. 
Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada; 
 Em resumo: 
 
 
 
5- Preenchimento da Lacuna Jurídica 
Segundo o princípio da indeclinabilidade de jurisdição ou da 
jurisdição obrigatória, o juiz é obrigado a decidir, ainda que não exista lei 
disciplinado o caso concreto. Dessa forma, diante da ausência de lei regulando 
uma determinada situação jurídica, faz-se necessário ao magistrado valer-se 
dos mecanismos de integração do ordenamento jurídico indicados pelo 
art. 4o da LINDB: 
 
 
 
Quando a lei
for omissa
o juiz decidirá o 
caso de acordo 
com
analogia
costumes
principios gerais de 
direito
O
R
D
E
M
 
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MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO DO ORDENAMENTO JURÍDICO 
Deve ser observada a sequência apresentada, ou seja, primeiro o magistrado 
deve fazer uso da analogia, posteriormente dos costumes e, por último, dos 
princípios gerais de direito. 
 
Se você está se perguntando sobre a equidade, veja a observação a 
seguir: 
OBSERVAÇÃO SOBRE A EQUIDADE !!!! 
- Apesar do art. 4o da LINDB não mencionar expressamente a equidade, alguns 
doutrinadores entendem que ela pode funcionar como último mecanismo para 
integração do ordenamento jurídico. Ou seja, diante da ausência de lei, da 
inviabilidade da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito, e, 
prevendo a lei a possibilidade do uso da equidade, o magistrado, para fazer 
valer o princípio da indeclinabilidade de jurisdição pode utilizá-la. É o que se 
depreende do art. 140 do Novo Código de Processo Civil (NCPC). 
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou 
obscuridade do ordenamento jurídico. 
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos 
em lei. 
- Entretanto, tome cuidado com questões de prova que mencionam ser a 
equidade uma fonte de integração do ordenamento jurídico expressa na 
LINDB, pois a afirmativa estará errada. 
 
7. (CESPE/TJAA/TJ-SE/2014) No que se refere aos 
dispositivos da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro e à vigência, 
aplicação, interpretação e integração das leis, julgue o seguinte item. 
Conforme previsão expressa da Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro, nas hipóteses de omissão legislativa, serão aplicados a analogia, os 
costumes, a equidade e os princípios gerais de direito. 
Comentários 
O item está Errado. A aplicação da equidade não está expressamente prevista 
na LINDB nas hipóteses de omissão legislativa. Conforme artigo 4o da LINDB, 
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quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito. 
Gabarito7: Errado 
ANALOGIA é fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade 
de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos 
análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente 
apresentado à apreciação jurisdicional (a que se denomina anomia – falta de 
norma). 
A doutrina costuma distinguir a analogia em legal (legis) ou jurídica (júris). 
Vejamos: 
a) Analogia legal (legis) – aplica-se ao caso omisso uma lei que regula 
caso semelhante; 
b) Analogia jurídica (júris) – aplica-se ao caso omisso um conjunto de 
normas para extrair elementos que possibilitem a aplicabilidade ao caso 
concreto. 
 
ANALOGIA LEGAL ➔ UMA NORMA 
ANALOGIA JURÍDICA ➔ CONJUNTO DE NORMAS 
 
O COSTUME é a repetição da conduta, de maneira constante e uniforme, 
em razão da convicção de sua obrigatoriedade. No Brasil, existe o predomínio 
da lei escrita sobre a norma consuetudinária. 
Os costumes distinguem-se em: 
1) Costume secundum legem - é o que auxilia a esclarecer o conteúdo de 
certos elementos da lei. Ou seja, o próprio texto da lei delega ao costume 
a solução do caso concreto. É amplamente aceito pela doutrina. 
Ex.: art. 569, II do CC: “O locatário é obrigado a pagar pontualmente o 
aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume 
do lugar” 
2) Costume contra legem ou negativo – é o que contraria a lei. Provoca 
divergência na doutrina e pode ser de dois tipos: 
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o Consuetudo abrogatória – espécie de costume contra legem que 
se caracteriza por ser uma prática contrária às normas legais. 
o Desuetudo – espécie de costume contra legem que consiste na 
falta de efetividade da norma legal não revogada formalmente. 
Um exemplo de costume contra legem ocorre no mercado de Barretos 
(Estado de São Paulo), onde os negócios de gado, por mais avultados que 
sejam, celebram-se dentro da maior confiança, verbalmente. 
Nos termos do art. 227, § único do CC, qualquer que seja o valor do 
negócio jurídico, a prova testemunhal (verbal) é admissível como subsidiária ou 
complementar da prova por escrito. 
Dessa forma, os negócios vultosos (superiores a 10 salários mínimos) de 
gado no mercado de Barretos representam um costume contra legem, pois 
deveriam ser celebrados na forma escrita, em decorrência do grandevalor, mas 
são celebrados verbalmente, contrariando a lei. 
3) Costume praeter legem ou integrativo – é o que supre a ausência ou 
lacuna da lei nos casos omissos. É amplamente aceito pela doutrina e 
está citado no art. 4o da LIDB. 
Ex.: o costume de emitir cheque “cheque pré-datado”. Tal conduta não 
possui regulamentação legal. 
São condições para a vigência do costume sua continuidade, diuturnidade 
e obrigatoriedade. 
O costume deriva da longa prática uniforme, constante, pública e geral 
de determinado ato, com a convicção de sua necessidade jurídica. São, pois, 
condições indispensáveis à sua vigência: continuidade, uniformidade, 
diuturnidade (constância na realização do ato, não implicando sanção), 
moralidade e obrigatoriedade. 
CARACTERÍSTICAS 
DOS 
COSTUMES 
 - CONTINUIDADE 
 - DIUTURNIDADE 
 - OBRIGATORIEDADE 
 
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO são postulados que estão implícita 
ou explicitamente expostos no sistema jurídico, contendo um conjunto de 
regras. Os princípios gerais de Direito são a última salvaguarda do intérprete, 
pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. De acordo 
com as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, princípios são vetores de 
interpretação, que, por sua generalidade e amplitude, informam as demais 
regras, constituindo a base de todo o ramo do Direito ao qual se aplica. 
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6- Princípio da Obrigatoriedade 
Ninguém pode deixar de cumprir a lei, conhecendo-a ou não. Esse 
conceito representa o princípio da obrigatoriedade expresso no art. 3º da LINDB. 
 
 
 Há quem diga que não se trata de um princípio absoluto, pois entende 
ser uma exceção o art. 8º da Lei de Contravenções Penais. 
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando 
escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 
 
7- Critérios de Hermenêutica Jurídica 
Hermenêutica jurídica é a ciência, a arte da interpretação da 
linguagem jurídica. Serve para trazer os princípios e as regras que são as 
ferramentas do intérprete. A aplicação, a prática das regras hermenêuticas, é 
chamada exegese. 
Não se deve confundir integração da lei com interpretação da lei. Na 
primeira, a lei não regula determinado fato, ao passo que, na segunda, a lei 
regula, mas não é cristalina e precisa. Quando a lei não permite a exata 
compreensão da ordem, faz-se necessário o seu exercício interpretativo 
buscando alcançar o seu real sentido. 
Veja o esquema gráfico a seguir: 
 
 
INTEGRAÇÃO INTERPRETAÇÃO 
 ≠ 
 
 NÃO HÁ LEI HÁ UMA LEI DÚBIA 
 
 
Ninguém se escusa de 
cumprir a lei
alegando que não a conhece
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A teoria científica que trata da arte de interpretar as leis, descobrindo seu 
alcance e seu sentido é a hermenêutica. 
Com base no art. 5o da LINDB, ao utilizar os mecanismos de integração 
para o preenchimento da lacuna jurídica, ou, ao interpretar a lei, o juiz deve 
buscar a estabilidade social desejada. 
Art. 5o da LINDB - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais 
a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
Dentre as diversas formas de interpretar as leis, destacam-se as 
seguintes listadas nos quadros da página seguinte. 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO QUANTO À FONTE OU ORIGEM
Autêntica
Emana do próprio 
legislador que reconhece 
a ambigüidade da norma 
e elabora uma nova lei 
destinada a esclarecer a 
intenção da primeira. 
Jurisprudencial
Tem como origem as 
reiteradas decisões 
judiciais proferidas pelos 
diversos Tribunais.
Doutrinal
Emana dos estudiosos 
da matéria do direito e 
das obras científicas.
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Interpretação 
quanto ao 
meio ou 
elemento 
utilizado
Gramatical ou literal: Busca auxílio nas regras de
gramática para a solução da dúvida, tal como a análise
da pontuação, da colocação da palavra na frase, a sua
origem etimológica, etc.
Histórica: Baseia-se na investigação dos antecedentes
da norma, ou seja, consiste na pesquisa das
circunstâncias que nortearam a sua elaboração, de
ordem econômica, política e social, bem como do
pensamento dominante ao tempo da formação da
norma.
Lógica ou racional: Atende ao espírito da lei
procurando-se apurar o sentido e a finalidade da norma,
a intenção do legislador, através de raciocínios lógicos,
com abandono dos elementos puramente verbais.
Teleológica ou sociológica: Adapta-se o sentido ou
finalidade da norma às novas exigências sociais.
Sistemática: Entende-se que a lei não existe
isoladamente e o Direito deve ser visto como um todo,
como um sistema, comparando a norma com outras
espécies legais.
INTERPRETAÇÃO QUANTO AOS RESULTADOS
Declarativa
Quando a letra da lei 
corresponde 
exatamente ao que o 
legislador pensa.
Extensiva
Quando o legislador 
expõe na lei menos do 
que pretendia dizer, 
sendo necessário ampliar 
a aplicação da lei.
Restritiva
Quando o legislador 
expõe na lei mais do que 
pretendia dizer, sendo 
necessário restringir a 
aplicação da lei.
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8- Conflitos de Norma no Espaço 
Pela LINDB (arts. 7o a 19), serão solucionados os conflitos decorrentes da 
aplicação espacial de normas, que estão relacionadas à noção de soberania 
dos Estados, por isso, é que a Lei de Introdução é considerada o Estatuto de 
Direito Internacional Público e Privado. 
Toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado no espaço 
pelas fronteiras do Estado que a promulgou (territorialidade). Entretanto, 
visando facilitar as relações internacionais, é comum, em algumas situações, 
ser admitida a aplicação de leis estrangeiras dentro do território nacional e de 
leis nacionais dentro do território estrangeiro (extraterritorialidade). 
Desta forma, pelo fato do princípio da territorialidade não ser absoluto, 
fica consagrado no Brasil o Princípio da Territorialidade Temperada, de 
modo que leis e sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil desde 
que observadas as seguintes regras: 
1) Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando 
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
2) Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem exequatur (cumpra-
se), ou seja, a permissão dada pelo STJ para que a sentença tenha 
efeitos, conforme art. 105, I, i da CF. 
 Nos quadros a seguir, apresentaremos exemplos de aplicação da 
territorialidade e da própria extraterritorialidade de acordo com os dispositivos 
da LINDB: 
 
TERRITORIALIDADE 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, 
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país 
em que se constituírem. 
Art. 11 As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as 
sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estadoem que se 
constituírem. 
Art. 13 A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei 
que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não 
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira 
desconheça. 
 
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Portanto, percebemos que nos arts. 8º, 9º, 11 e 13 deve-se utilizar a lei 
do país em que se originar a relação jurídica. 
EXTRATERRITORIALIDADE 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras 
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade 
e os direitos de família. 
Art. 10 A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em 
que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja 
a natureza e a situação dos bens. 
Art. 12 É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu 
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
Art. 17 As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer 
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando 
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes. 
 Já nos arts. 7º, 10, 12 e 17, é possível a utilização de uma lei diferente 
da original. Tendo o art. 7º como exemplo, no que tange à capacidade, mesmo 
que na Argentina uma pessoa adquira capacidade plena aos 16 anos, no Brasil 
essa pessoa será considerada incapaz, pois aqui a capacidade plena só é 
adquirida aos 18 anos, em regra. 
 A seguir detalharemos os citados artigos!!! 
 
 
 
9- Estatuto de Direito Internacional Privado 
Portanto, pessoal, a partir do art. 7.º, a Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro, por alguns denominada de Estatuto de Direito Internacional 
Privado, versa sobre temas como conflitos de jurisdição, critérios para 
solucionar problemas de qualificação, efeitos de atos realizados em outros 
países, condições de estrangeiros e eficácia internacional de posições jurídicas 
legitimamente adquiridas em certo país com possíveis reconhecimento e 
exercício em outro. 
Tal assunto costuma ser cobrado em provas de concurso pela sua 
literalidade. Sendo assim, iremos reproduzir os artigos em questão e 
apresentaremos alguns esquemas gráficos com breves comentários para 
facilitar a assimilação. 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre 
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família. 
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O começo e o fim da personalidade (as presunções de morte, o nome, a 
capacidade e os direitos de família, que constituem o estado civil, ou seja, o 
conjunto de qualidades que constituem a individualidade jurídica de uma 
pessoa, terão suas questões resolvidas através do direito domiciliar, de acordo 
com o que determina o art. 7º da LICC. 
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira 
quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 
 Independentemente de quem esteja casando, se a realização do 
matrimônio ocorrer no Brasil, será aplicada a lei brasileira para duas situações: 
1. Impedimentos dirimentes: as causas impeditivas do matrimônio estão 
previstas no art. 1.521 do CC. Como exemplo, no Brasil o pai não pode casar 
com a filha, seja qual for a sua nacionalidade. 
2. Formalidades da celebração: o Código Civil estipula diversas regras para 
a celebração, como a fase de “habilitação para o casamento”. Tais regras devem 
ser respeitadas, independentemente da nacionalidade de quem esteja casando. 
 
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades 
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
O disposto no art. 7º, § 2º, da LICC, permite que os estrangeiros, ao 
contraírem casamento fora de seu país, possam fazê-lo perante o agente 
consular ou diplomático de seu país, no consulado ou fora dele. 
 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do 
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 
A lei do país em que 
domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre
o começo e o 
fim da 
personalidade
o nome a capacidade
os direitos de 
família
CASAMENTO 
REALIZADO NO 
BRASIL
APLICAÇÃO DA 
LEI BRASILEIRA
IMPEDIMENTOS 
MATRIMONIAIS
FORMALIDADES 
DA CELEBRAÇÃO
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No caso de os nubentes terem domicílio internacional, a lei do primeiro 
domicílio conjugal estabelecido após o casamento é que prevalecerá para os 
requisitos intrínsecos do ato nupcial e para as causas de sua nulidade, absoluta 
ou relativas, inclusive no que diz respeito aos vícios de consentimento. 
 
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que 
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio 
conjugal. 
Observar-se-á o direito brasileiro no caso de ter sido aqui estabelecido o 
primeiro domicílio conjugal, se os nubentes tiverem domicílios internacionais 
diferentes; ou o direito estrangeiro, no caso de ambos tiverem, por ocasião do 
ato nupcial, domicílio comum fora do Brasil. 
 
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante 
expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do 
decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de 
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta 
adoção ao competente registro. 
 O § 5º está em consonância com o art. 1639, § 2º do CC que admite 
alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido 
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões 
invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. 
 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem 
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da 
sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual 
prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as 
condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. 
O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá 
reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em 
pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de 
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se 
ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos 
incapazes sob sua guarda. 
De acordo com o critério da unidade domiciliar, no que diz respeito às 
relações pessoais entre os cônjuges, seus direitos e deveres recíprocos, e aos 
NUBENTES COM 
DOMICÍLIO 
DIVERSO
INVALIDADE DO 
MATRIMÔNIO
LEI DO PRIMEIRO 
DOMICÍLIO 
CONJUGAL
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direitos e obrigações decorrentes da filiação, aplicar-se-á a lei do domicílio 
familiar, que se estende aos cônjuges e aos filhos menores não emancipados. 
 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no 
lugar de sua residência ou naqueleem que se encontre. 
Aquele que não tiver domicílio conhecido, considerar-se-á domiciliado no 
local de sua residência acidental ou naquele em que se encontrar, 
impossibilitando a hipótese de dupla residência. 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, 
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. 
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto 
aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros 
lugares. 
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja 
posse se encontre a coisa apenhada. 
O art. 8º da LINDB apresenta três situações relacionadas aos bens. 
 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em 
que se constituírem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de 
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei 
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em 
que residir o proponente. 
O art. 9º da LINDB também apresenta três situações, mas relacionadas 
às obrigações. 
BENS
REGRA
LEI DE ONDE 
ESTIVER SITUADO
MÓVEIS TRAZIDOS 
OU 
TRANSPORTADOS
LEI DE ONDE O 
PORETÁRIO FOR 
DOMICILIADO
EM PENHOR
LEI DO DOMICÍLIO 
DA PESSOA COM A 
POSSE 
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O caput do art. 9º traduz a máxima locus regit actum (A lei do local rege o ato). 
As partes presencialmente celebraram contrato em país diverso daquele que 
residem as partes. É uma regra geral de Direito Internacional Privado. O Brasil 
adota esta regra (basta observa o caput do art. 9º). 
Prosseguindo, em relação ao §2º, seria uma situação específica, onde a 
obrigação seria celebrada entre pessoas ausentes e a regra a ser aplicada à 
obrigação seria a do “proponente”. Quando se fala em “proponente”, 
entendemos que é a pessoa que propõe o negócio, a obrigação. Logo, acaba 
que é o local onde a obrigação foi proposta (local do proponente) – não é o local 
do aceitante. O art. 435 do CC (aulas futuras) traz regra semelhante: Reputar-
se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em 
que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza 
e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada 
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de 
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal 
do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para 
suceder. 
 Com a sucessão também não é diferente. O art. 10 da LINDB apresenta 
três situações relacionadas. 
OBRIGAÇÕES
REGRA
LEI DO PAÍS EM 
QUE SE 
CONSTITUIREM
A SER EXECUTADA 
NO BRASIL COM 
FORMA 
ESSENCIAL
OBSERVA-SE A 
FORMA, MAS 
ADMITE-SE A LEI 
ESTRANGEIRA 
NOS REQUISITOS 
EXTRINSECOS
RESULTANTE DE 
CONTRATO
LUGAR EM 
QUERESIDIR O 
PROPONENTE
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Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as 
sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se 
constituirem. 
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou 
estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo 
Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. 
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer 
natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de 
funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou 
susceptiveis de desapropriação. 
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios 
necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes 
consulares. 
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu 
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações 
relativas a imóveis situados no Brasil. 
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e 
segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas 
por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao 
objeto das diligências. 
O art. 12 da LINDB fixa a competência da autoridade judicial brasileira 
nos casos em que o réu, seja ele brasileiro ou estrangeiro, tenha domicílio no 
Brasil, podendo aqui ser intentada qualquer ação que lhes diga respeito. 
O § 1º diz respeito não só às ações reais imobiliárias mas sim a todas as 
ações que tratem de imóveis situados no Brasil e trata-se de norma 
compulsória, na medida que impõe a competência judiciária brasileira para 
processar e julgar ações que versem sobre imóveis situados no território 
SUCESSÃO
REGRA
LEI DO DOMICÍLIO 
DO DEFUNTO OU 
DESAPARECIDO
COM BENS DE 
ESTRANGEIROS 
SITUADOS NO 
PAÍS
LEI MAIS 
BENÉFICA PARA O 
CÔNJUGE EOS 
FILHOS 
BRASILEIROS
CAPACIDADE 
PARA SUCEDER
LEI DO DOMICÍLIO 
DO HERDEIRO OU 
LEGATÁRIO
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brasileiro, competindo a nossa justiça fazer a qualificação do bem e a natureza 
da ação intentada. 
A previsão do § 2º diz respeito ao cumprimento, pela autoridade judiciária 
brasileira, das cartas e comissões rogatórias com a finalidade de investigação, 
e das diligências deprecadas pelas autoridades locais competentes, satisfazendo 
o que lhes foi requerido pela autoridade estrangeira. 
 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei 
que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo 
os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. 
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a 
invoca prova do texto e da vigência. 
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que 
reuna os seguintes requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias 
para a execução no lugar em que foi proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da 
Constituição Federal). 
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de 
exequatur às cartas rogatórias; 
 Perceba que o art. 105, I da CF/88 alterou a competência para homologar 
sentenças proferidas no estrangeiro do STF para o STJ. 
 
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar 
a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se 
qualquer remissão por ela feita a outra lei. 
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer 
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a 
soberania nacional, a ordem pública

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