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34 ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO BOAVENTURA RAMOS PACHECO USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS GRAMADO ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO BOAVENTURA RAMOS PACHECO joseana pires wiltgen Vitória hanel rech o uso de animais em experimentos científicos Trabalho entregue e apresentado à Escola Estadual De Ensino Médio Boaventura Ramos Pacheco como requisito parcial para conclusão do ensino médio, sob a orientação da Professora Esp. Juliana Pereira Berti. Orientadora: JULIANA PEREIRA BERTI GRAMADO/RS 2018 resumo O presente trabalho tem como estudo o uso de animais em experimentos científicos. O uso de seres vivos como cobaias em pesquisas científicas representa um tema muito polêmico e conflitante, porém, proporciona diversos avanços na saúde humana como também na saúde animal, alcançados graças a estas pesquisas. Mostraremos a realidade da experimentação animal, onde iniciou, o motivo e o histórico, desde a Segunda Guerra Mundial, com descobertas através dos testes em animais. Explicaremos também como são feitos os testes nos animais e quais são os mais utilizados. O mercado brasileiro e as marcas que ainda fazem esses tipos de experimentos. Buscamos as leis e os direitos em prol dos animais e também argumentar se esses experimentos são uma opção ou comodismo para as empresas. Além disso, apresentamos, também, as alternativas para o não uso de animais em experimentos científicos e argumentos contra e favor à experimentação animal. Palavras-chave: Cobaia, Teste em animal, Saúde Humana. ABSTRACT The present work is about the use do animals in scientific experiments. The use of living beings as guinea pigs in scientific research represents a very controversial and conflicting subject, however, provide various advances in human health as well as in animal health achieved thanks to this reserach. We will show the reality of animal experimentation when it began, the motive and the historical, of a Second Word War, with discoveries through animal testing. We will also explain how the testes are made in animals and which are the most used. The Brazilian market and the brands that still do this are types of experiments. We seek that laws and copyright and reserach programs are considered as an option or convenience for companies. In addition, we are also presented as alternatives for the use of animals in scientific experiments and against and favorable to animal experimentation. Keywords: Guinea Pig, Test in animal, Human Health. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALF Animal Liberation Front CONCEA Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações PETA People for the Ethical Treatment of Animals ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária USP Universidade de São Paulo ONG Organização não governamental UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais CCT Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática PETA Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais Sumário INTRODUÇÃO 7 1. EXPERIMENTOS EM ANIMAIS 8 1.1. TERMO COBAIA 9 2. HISTÓRICO 10 2.1. Segunda Guerra Mundial 11 2.2. Uso Militar de Animais 11 2.3. Descobertas 12 3. COMO SÃO FEITOS OS EXPERIMENTOS NOS ANIMAIS 14 3.1. Efeitos químicos da aplicação de cosméticos 15 3.2. Testar medicamentos 16 3.3. Substâncias para determinar quão tóxicas são para os humanos 16 3.4. Experimentos para testar drogas 17 4. ESPÉCIES DE ANIMAIS USADAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS 18 5. INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS 19 5.1. Analise do mercado brasileiro 20 6. COMISSÃO CONTRA O USO DE ANIMAIS 23 6.1. Comitês de Bioética 24 6.2. Leis 24 7. OPÇÃO OU COMODISMO? 27 7.1. Alternativas para o não uso de animais 28 7.2. Produção artificial 28 7.3. Impressão 3D 29 7.4. Kit pele 29 7.5. Simulações 30 8. Argumentos contra e a favor ao uso de animais em práticas científicas 31 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 32 10. REFERÊNCIAS 33 INTRODUÇÃO O uso de animais em pesquisa é conhecido há milhares de anos. Nas últimas décadas têm-se debatido as vantagens e desvantagens do uso de animais em pesquisa, bem como a adequação ética dos procedimentos. Esses animais de laboratório são criados ou mantidos em Biotério para uso exclusivo em experiências científicas e em testes para comprovar a eficiência de produtos tais como as vacinas, medicamentos, cosméticos e etc... Atualmente já existem vários estudos que pretendem substituir os animais nestes testes. Iremos conhecer os experimentos científicos feito nos animais, identificar o início e analisar como são feitos. Identificar as espécies que são usadas nesses experimentos e investigar as empresas que ainda utilizam os animais para testar produtos cosméticos também será comentado. Mostraremos também a real importância de entidades protetora de animais, investigando as leis associadas a essa prática animal e averiguar se esses experimentos são mesmo necessários. Além disso, iremos comparar os argumentos contra e a favor o uso de animais em experimentos. O grande questionamento a respeito dos testes realizados em animais é sua real necessidade, já que nem sempre as reações observadas no organismo animal correspondem às reações do organismo humano. A dúvida sobre a validade dos testes está também relacionada à questão da ética. Que direito temos nós de utilizar os animais como objetos, causando-lhes sofrimento, medo e dor? EXPERIMENTOS EM ANIMAIS As controvérsias em ciência e tecnologia são cada vez mais reconhecidas como questões éticas e morais, e não somente técnicas. É o caso da experimentação animal, foco deste trabalho. As substâncias indispensáveis à saúde são descobertas ou desenvolvidas a partir de muitos estudos e experimentos científicos. Os testes que mostram como elas se comportam em um organismo vivo passam hoje por etapas que exigem experimentos em animais. Mas, ao mesmo tempo, os potenciais impactos negativos desse tipo de pesquisa acarretam numerosas preocupações políticas e culturais, principalmente no que diz respeito à relação entre os riscos e benefícios. Mais do que isso, eles geram uma preocupação com relação a questões mais amplas, como a alteração dos significados sociais, das identidades, das próprias formas de vida e do modo como nos relacionamos com elas (JASANOFF, 2005). Esses estudos envolvem uma discussão ética, e muitas vezes são alvo de polêmica. São realmente necessários? Como são criados estes animais? O que se pode fazer com eles? O uso é válido para obter um benefício maior para uma população? O uso de animais como objetivos científicos é uma prática comum que vem sendo empregada desde a Antiguidade, mas para que essa prática seja aceitável do ponto de vista ético e exponha resultados eficazes, é dever do especialista a consciência de que o animal está sendo utilizado como cobaia é um ser vivo e como tal possui instinto, além de ser sensível à dor. A escolha do animal a ser manejado em laboratório depende da pesquisa. Há alguns animais cuja linhagem genética é propensa a desenvolver determinadas doenças, como diabetes ou hipertensão, o que os torna cobaias ideais para se testar medicamentos ou procedimentos. Se o pesquisador quer entender uma determinada doença, a utilização dessa linhagem vai trazer resultados mais específicos e que poderão mais facilmente ser aproveitados para os seres humanos, afirma à médica veterinária Carla de Freitas Campos, diretora do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos da Fundação Oswaldo Cruz. TERMO COBAIA Segundo o dicionário, Porto Editora, cobaia é qualquer animal ou pessoa que se usa em experimentos científicos. Os ExperimentosCientíficos são realizados com a utilização de animais, chamados cobaias, a fim de produzir conhecimento científico aos seres humanos, como a elaboração de novas drogas, novos métodos cirúrgicos, vacinas, terapia gênica etc. Para a indústria de cosméticos, por exemplo, tais testes foram proibidos em toda a União Europeia no ano de 2013. Diversos grupos atuam na libertação desses animais, seja por meio da invasão dos laboratórios, como o grupo britânico ALF, seja atuando na divulgação das condições que tais animais são submetidos, como o trabalho do fotógrafo brasileiro Jon Amad. No Brasil, essas atividades são reguladas pelo CONCEA, ligado ao MCTIC, que normatiza o uso de animais em ensino ou pesquisa científica, principalmente, no que concerne ao controle e ao credenciamento das instituições que criam, mantém ou utilizam animais para ensino ou pesquisa científica no País. HISTÓRICO Segundo pesquisas realizadas pela UFRGS, o uso de modelos animais em pesquisas vem sendo feito desde a antiguidade. Neste período, Hipócrates (450 a.C.) já relacionava o aspecto de órgãos humanos doentes com o de animais, com finalidade claramente didática. Os anatomistas Alcmaeon (500 a.C.), Herophilus (330-250 a.C.) e Erasistratus (305-240 a.C.) realizavam vivissecções animais com o objetivo de observar estruturas e formular hipóteses sobre o funcionamento associado às mesmas. Posteriormente, Galeno (129-210 d.C.), em Roma, foi talvez o primeiro a realizar vivissecção com objetivos experimentais, ou seja, de testar variáveis através de alterações provocadas nos animais. No século XVII o filósofo René Descartes (1596-1650 d.C.) acreditava que os processos de pensamento e sensibilidade faziam parte da alma. Como na sua concepção os animais não tinham alma, não havia sequer a possibilidade de sentirem dor. A primeira pesquisa científica que utilizou animais sistematicamente, talvez tenha sido a realizada por William Harvey, publicada em 1638, sob o título "Exercitatio anatomica de motu cordis et sanguinis in animalibus". Neste livro o autor apresentou os resultados obtidos em estudos experimentais sobre a fisiologia da circulação realizados em mais de 80 diferentes espécies animais. Um importante episódio para o estabelecimento de limites à utilização de animais em experimentação e ensino foi o que envolveu a esposa e a filha de Claude Bernard. O grande fisiologista utilizou, ao redor de 1860, o cachorro de estimação da sua filha para dar aula aos seus alunos. Em resposta a este ato, a sua esposa fundou a primeira associação para a defesa dos animais de laboratório. Segunda Guerra Mundial Durante a Segunda Guerra, os recursos se tornavam escassos e uma das soluções levantadas foi o uso de prisioneiros para experimentos. Ao longo do período, ocorreu um grande genocídio, na qual milhares de Judeus foram submetidos à tortura e experimentos científicos. Durante o código de Nuremberg determinou-se que testes em seres humanos fossem restritos. Uso Militar de Animais Exércitos causam morte e sofrimento a um grande número de animais em todo o mundo. Isto acontece em guerras e conflitos armados, mas também em tempo de paz. Em alguns casos, os animais são prejudicados porque são usados como recursos militares Em outros, os animais são atingidos por armas usadas no conflito. A Ética Animal garante que um grande número de animais perde a vida em conflitos militares devido a explosões, incêndios, armas químicas e outras armas usadas durante a guerra. Isto acontece independentemente de as tropas agirem deliberadamente com crueldade em relação aos animais, o que acontece em algumas ocasiões. Animais são também explorados para experimentação militar. Forças armadas às vezes testam novas armas e os seus efeitos em seres vivos usando animais. Elas podem ter interesse em ver como é que os corpos dos animais resistem aos ferimentos causados pelos ataques ou situações físicas extremas como aquelas em que os soldados poderão vir a se encontrarem. Animais podem ser usados como cobaias em experiências cirúrgicas feitas por médicos militares para explorar a forma como os ferimentos provocados por armas podem ser tratados e como saram. Isto acontece de várias formas: Durante as duas Guerras Mundiais, cães foram usados como máquinas antitanque. Desde filhotes, eram alimentados dentro de tanques ou na sua proximidade. Depois, eram privados de alimento, carregados de explosivos e em seguida libertados em zonas de combate. Quando se aproximavam dos tanques inimigos à procura de comida, os explosivos eram detonados. Em 2008, nos Estados Unidos, bombas foram detonadas dentro de órgãos internos de suínos, principalmente no cérebro. Atualmente, burros são usados para explodir bombas. Os burros são carregados com bombas que são ativadas à distância. Isto tem sido feito em vários conflitos no Oriente Médio. Golfinhos são usados como espiões. Eles são equipados com câmeras e enviados para zonas inimigas. Sabendo disso, algumas tropas inimigas matam qualquer golfinho que verem, porque não conseguem distinguir se são usados para fins bélicos ou não. Golfinhos também são usados para matar mergulhadores inimigos, através de agulhas de CO2 comprimido instaladas no seu focinho. Durante a Primeira Guerra Mundial, gatos eram usados para detectar a presença de gás em trincheiras. Animais como cavalos, elefantes, mulas, camelos e veados são utilizados como meio de transporte ou para combate em guerras (carregando homens ou mercadorias). Descobertas Desde o final do século XIX, várias doenças têm sido curadas ou evitadas devido às investigações em animais. O rato tem sido uma das espécies mais úteis, devido ao seu tamanho, capacidade de reprodução, resistência e às suas semelhanças genéticas com o homem. A organização britânica Understanding Animal Research enumera algumas das maiores descobertas que contaram com a ajuda destes roedores. Até aos anos 20, antes de Clarence Cook Little ter desenvolvido o rato de laboratório, a semelhança entre o organismo do homem e o de outros animais já permitira algumas descobertas: as vacinas da cólera, do tifo e da peste e a insulina para diabéticos. Ao longo dos anos 30 e 40 surgem a anestesia (desenvolvida em ratos), os anticoagulantes (testados em ratos, cães e porquinhos-da-índia) e a vacina da tosse convulsa (que foi experimentada em ratos e coelhos). Nos anos 50 é descoberta a eficácia da vacina da poliomielite, medicamentos para baixar a pressão arterial, substituição de válvulas do coração e remédios psiquiátricos. Durante a década de 60 dá-se um grande desenvolvimento dos medicamentos psiquiátricos, nomeadamente de antidepressivos e antipsicóticos, testados em ratos, porquinhos-da-índia e coelhos. Nos anos 70 consegue-se desenvolver uma quimioterapia específica para a leucemia, através de testes em ratos e porquinhos-da-índia. Entre os anos de 80 e 90 se descobre o tratamento para a cegueira dos rios, vacina da meningite, remédios para a diabetes, medicamentos para o cancro da mama e da próstata, última linha de antidepressivos. E de 2000 até hoje surgem novos remédios para a leucemia e os linfomas: os anticorpos monoclonais. Foram desenvolvidos através à investigação em ratos. COMO SÃO FEITOS OS EXPERIMENTOS NOS ANIMAIS Um dos métodos mais utilizado pelos cientistas é a vivissecção que é a dissecação de animais vivos para pesquisa e estudo, também considerada uma prática cruel e desnecessária. Pode parecer estranho, mas a indústria química é a que mais faz uso dos animais, normalmente quando se refere a pesquisas com remédios, para saber a sua eficácia ou então na criação de novas drogas, para as novas doenças que surgem diariamente. Quando não é a indústria farmacêutica, quem faz testes com os animais é a indústria dos cosméticos. Isso mesmo. O batom, por exemplo, já foi testado em algum animal. O que os ativistas afirmam é que esses testes, seja de ordem farmacêutica ou estética fazem muito mal e podem ser considerados crimes de tortura. Porém o que muitos esquecemé que devido a esses testes, há um grande avanço tecnológico-industrial. Sem esses testes, não teríamos a evolução das drogas aplicadas para a cura dos diversos tipos de cânceres. Porquinhos-da-índia, camundongos, coelhos e macacos são os animais mais utilizados pelos cientistas, mas, em alguns casos, também se recorre a cães, porcos e até baratas. Os bichos que participam das experiências são criados em viveiros chamados biotérios e geralmente são sacrificados após o estudo. Figura 1 - Vivissecção - Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vivissec Efeitos químicos da aplicação de cosméticos Para verificar a eficiência dos cosméticos, o produto é pingado nos olhos do animal. Os coelhos são mais fáceis de manusear e têm olhos grandes, o que permite a visualização das reações causadas pela substância. Como os produtos podem causar dor, irritação e ardor, os coelhos são imobilizados e usam suportes no pescoço. Isso evita que se mutilem arrancando os próprios olhos. Também é comum o uso de clipes de metal nas pálpebras para manter os olhos da cobaia sempre abertos, o que ajuda na observação dos efeitos da droga que está sendo avaliado. O estudo costuma ser feito sem anestesia e, como reação à substância testada, podem ocorrer inflamações, úlceras oculares e hemorragia. Em casos extremos, o animal pode ficar cego. No final, o coelho é sacrificado para análise dos efeitos das substâncias em seu organismo. Figura 2 - Testes de colírios e cremes corporais - Fonte: https://www.change.org/p/assembleia-legislativa-do-rj-alerj-contra-os-testes-em-animais Testar medicamentos No caso de uma droga contra o câncer, por exemplo, o pesquisador testa a sua eficácia numa cultura de células cancerígenas num frasco. Quando os resultados são promissores, passa-se à segunda fase: o estudo em animais. Camundongos, por terem um ciclo de vida curto e fácil reprodução, são utilizados nos experimentos. Antes de tudo, é preciso “infectar” o roedor com a doença. No caso de uma nova droga contra o câncer, isso significa fazer crescer um tumor, similar à cultura de células estudada em laboratório A nova droga é aplicada para comprovar a sua eficácia e toxicidade. Um estudo analisa como ela é processada pelo organismo – sacrificando o animal – e se tem efeitos na reprodução. Dependendo dos resultados, o desenvolvimento da droga é descartado. Se o teste for bem sucedido o produto segue para a última etapa, quando será testado por pacientes. Substâncias para determinar quão tóxicas são para os humanos Para determinar o quão tóxica é uma substância, uma sonda gástrica é inserida na garganta do animal para forçá-lo a ingerir a substância a ser testada. Macacos, por terem o organismo parecido com o nosso, são as cobaias mais utilizadas no estudo. A substância testada quase sempre provoca dor, convulsão, diarreia, sangramentos e lesões internas nos animais. Ela também pode ser inalada ou administrada por meio de injeções. O objetivo é saber qual é a dose máxima que o organismo pode suportar. Por isso, mesmo que a substância seja segura, é comum buscar uma concentração que leve as cobaias à morte. O estudo é feito em um grupo de animais e dura alguns dias até que metade morra – daí o nome LD 50 (sigla em inglês para dose letal 50%). Os que sobrevivem também são sacrificados. Experimentos para testar drogas “[...] A questão científica é que está provado que o uso de animais para estudar doenças humanas e testar drogas para uso humano antes que eles sejam mandados para testes clínicos em pessoas é um grande erro”, afirma Dr. John Pippin, diretor de negócios acadêmicos da associação americana PCRM. Os resultados geralmente têm uma aplicabilidade muito baixa em seres humanos, e é um sistema que claramente está demonstrado que não é eficaz, não prevê os resultados em organismos humanos, consome grandes recursos financeiros e produz poucos, quando nenhum, benefícios para pacientes. Do ponto de vista científico, é errado porque não funciona. E do ponto de vista moral, é errado porque é cruel e fatal para os animais nos laboratórios. Figura 3 - Drogas sendo testada em um macaco - Fonte: https://www.brasilescola.com.br/7-mais-crues-experimentos-cientificos-feitos-com-animais/ ESPÉCIES DE ANIMAIS USADAS EM PESQUISAS CIeNTÍFICAS Diferentes espécies animais são usadas para a pesquisa científica e para um grande número de experiências. A maior parte das investigações envolve roedores – ratos e ratazanas, que foram especificamente criados para esse propósito. Mas também uma porcentagem significativa de outros mamíferos são usados em pesquisas científicas, incluindo cães, gatos, primatas, ovelhas, porcos e ainda outros animais, como por exemplo, cavalos e animais marinhos. Os investigadores preferem certas espécies para certos tipos de investigação. Por exemplo, os cães são frequentemente utilizados para a investigação cardiovascular. Os gatos são as “ferramentas” preferidas na investigação neurológica e ocular. Os macacos são preferencialmente usados em estudos psicológicos, incluindo estudos de privação maternal. Os chimpanzés são usados em estudos da SIDA e os babuínos em transplantes de medula óssea. Os porcos são atualmente usados na investigação da xenotransplantação. E o ubíquo, designado vulgarmente de “rato de laboratório”, é o animal preferido dos investigadores de cancro. Figura 4 - Testando a vacina da gripe - Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/animais/animais-laboratorio.htm INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS Sabe-se que a indústria de cosméticos realiza testes em animais sob alegação de aferir a toxicidade dos produtos e garantir que não tenham efeitos nocivos aos homens e também que tais testes incluem procedimentos que podem causar dor, sofrimento e lesões irreversíveis nos animais. Tem-se conhecimento acerca da importância de se testar as substâncias que serão disponibilizadas às pessoas para evitar danos à saúde, mas até que ponto é ético e válido teste em animais para produtos que não são essenciais à saúde humana? O homem tem direito sobre a vida de outros seres, principalmente no que se refere a uma indústria voltada quase exclusivamente ao supérfluo? Animais incluindo coelhos, gatos, porquinhos-da-índia, camundongos, ratos, entre outros, têm sofrido até a morte em uma variedade de testes de rotina feitos pela indústria de cosméticos. Segue abaixo alguns dos tipos de testes mais comuns: O teste de toxicidade de dose repetida avalia se o uso repetido de uma substância é tóxica a longo prazo. Coelhos ou ratos são forçados a comer ou inalar um ingrediente de cosméticos, ou tê-lo esfregado na sua pele raspada todos os dias durante 28 a 90 dias e, depois, são mortos. O teste de toxicidade reprodutiva avalia se o uso de uma substância pode ter efeitos na fertilidade, no comportamento sexual, no nascimento e no crescimento dos jovens. Coelhas e ratas grávidas são alimentadas à força com um ingrediente de cosméticos e, em seguida, mortas junto com seus bebês ainda em seus ventres. Tais testes levam um longo tempo e utilizam milhares de animais. O teste de toxicocinética avalia a forma como uma substância é absorvida, distribuída, metabolizada e excretada pelo organismo. Coelhos ou ratos são forçados a consumir um ingrediente antes de serem mortos, e seus corpos são dissecados em seguida e seus órgãos examinados, para que seja visto como o ingrediente foi distribuído em seus corpos após a ingestão. O teste de sensibilização da pele determina se uma substância tornará cada vez mais a pele inflamada e se produzirá coceira a cada vez que for usado. Um ingrediente de cosméticos é esfregado na pele raspada de cobaias e em orelhas de ratos para ver se eles têm uma reação alérgica. Em seguida, são mortos. O teste de carcinogenicidade é avaliado da seguinte forma, os ratos são alimentados à força com um ingrediente de cosméticos por dois anos para ver se eles desenvolvem câncer, e depois disso, são mortos. Embora exemplos acima tenham mencionado a realização em certos animais, isso não restringea aplicação sempre às mesmas espécies; onde se lê “ratos”, pode-se entender “coelhos”, ou “gatos”, por exemplo, pois o uso das espécies varia. Análise do mercado brasileiro Apenas nove de sessenta e três marcas de cosméticos não testam seus produtos em animais. É o que aponta um levantamento baseado em dados disponibilizados pela Peta, uma das principais organizações de defesa dos direitos dos animais do mundo, com mais de 3 milhões de membros. São elas: Lancôme, Neutrogena, Clinique, M.A.C e Benefit que estão entre as integrantes da lista. O ‘Moda e Beleza Estadão’ verificou a situação de todas as empresas presentes no levantamento, a maioria das que admite o uso de cobaias argumenta que aparecem na relação por atuarem também na China, país onde os testes em animais são exigidos por lei. Uma das poucas que não realizam testes em bichos em nenhuma circunstância é a Lush, indústria inglesa que produz cosméticos vegetarianos e veganos há 20 anos. “Na Lush, acreditamos que testar em animais é desumano, cruel e desnecessário, já que temos alternativas éticas para isso", diz a diretora geral da Lush, Renata Pagliarussi. "Existem mais de 20 mil ingredientes que já provaram sua segurança e eficácia e podem ser utilizados sem que precisemos nos valer de testes em animais”. A legislação que regula a produção de cosméticos, aprovada em 2014 pela Anvisa, estabelece às empresas restrições quanto ao uso de animais em testes de seus produtos. Ela só permite o uso de cobaias em casos muito específicos, como para avaliar irritação e corrosão da pele, irritação ocular e toxicidade aguda. Esses procedimentos já eram reconhecidos pelo CONCEA desde setembro do ano passado, mas com a regulamentação da Anvisa, as empresas terão até setembro de 2019 para abolir totalmente o uso de cobaias. No Estado de São Paulo, empresas são proibidas de realizar testes de cosméticos em animais desde janeiro de 2014, sob pena de multa de até R$ 1 milhão por cada animal utilizado como cobaia. Além disso, a lei prevê outras punições, tais como suspensão do alvará de funcionamento e multa de cerca de R$ 40 mil ao profissional envolvido. Segundo a PETA, as empresas Avon, L’Oréal, Johnson & Johnson, Mary Kay, Procter & Gamble, Unilever, Henkel, Revlon, LVMH e Estee Lauder fazem experimentos em animais, entretanto, nem sempre as empresas tem a liberdade de escolher fazer os testes nos animais ou não, visto que países com uma legislação mais pesada em relação à produtos vendidos ao consumidor exigem testes diversificados em animais, buscando resultados abrangentes para as pessoas que o utilizarão. As maiorias das empresas alegam que não fazem os testes nos países em que não são necessários, porém, em países como a China em que o mesmo é obrigatório, os testes são feitos, visto que é obrigatório para entrar no mercado. Porém, existem opções de marcas que não utilizam animais em testes, no site do PETA, , existe uma lista de todas as marcas certificadas pela organização. Entre elas estão Bio Extratus, O Boticário, Racco, Hinode, Kat Von D, Marc Jacobs Beauty, Urban Decay, Too Faced, The Balm, BareMinerals, The BodyShop, Lush, Korres, Elf, NYX e Colourpop. Figura 5 - Coelhos usados para testes de delineadores de olho – Fonte: https://www.petalatino.com/blog/las-razones-mas-importantes-para-detener-la-experimentacion-animal/ COMISSÃO CONTRA O USO DE ANIMAIS A questão sobre os direitos dos animais e sua utilização em experimentos científicos vem sendo discutida desde muitos anos, mas, em 1860, um fato ocorrido foi decisivo para o estabelecimento de limites no uso de animais como cobaias em experimentos de laboratório. O fisiologista francês Claude Bernard dizia que o uso de animais vivos era indispensável para experimentações e, por isso, ele mantinha um laboratório e um biotério nos porões de sua própria casa. Cansadas de ouvir os gritos de animais que diariamente eram torturados, a esposa e a filha de Claude o abandonaram e fundaram a primeira sociedade francesa em defesa dos animais. A partir dessa associação, diversas outras sociedades protetoras dos animais também foram fundadas, assim como leis específicas para esse tipo de uso dos animais. A CEUA-IFRS foi implantada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul seguindo os princípios legais, definidos pela Lei 11.794/2008, que norteiam o uso de animais vertebrados em atividades didáticas e científicas. A proibição ao uso de animais em testes para produção de cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal recebeu o aval da CCT. A proposta proíbe testes de ingredientes e de produtos cosméticos, veda o comércio de produtos que tenham sido testados em animais e incentiva técnicas alternativas para avaliar a segurança das formulações. Os testes em animais poderão ser admitidos pela autoridade sanitária em situações excepcionais, frente a “graves preocupações em relação à segurança de um ingrediente cosmético” e após consulta à sociedade. As condições para essa autorização são que o ingrediente seja amplamente utilizado no mercado e sem possibilidade de substituição, que seja detectado problema específico de saúde humana, relacionado ao ingrediente; e caso inexista método alternativo de testagem. Comitês de Bioética Um Comitê de Bioética em prol dos animais pode ser definido como um corpo interdisciplinar de pessoas que têm por objetivo ensinar, pesquisar, prestar consultorias e sugerir normas institucionais sobre os animais. Leis As leis referentes à experimentação animal são, a saber, a Lei Federal nº 6.638/79, a Lei Federal nº 9.605/98, a Lei Estadual nº 11.977/05 e a já citada, recém-aprovada, Lei Federal nº 11.794/08 (Lei Arouca). Todas essas leis partilham entre si o reconhecimento de que animais não são indivíduos nem sujeitos de direito, posto que autorizam sua utilização sob determinados critérios. Não são, portanto, leis de proteção animal, mas regulamentadoras de seu uso, sendo pouco aplicáveis em seu favor. Nesse sentido, faremos a seguir uma breve revisão sobre as leis relativas à experimentação animal. A Lei Federal nº 6.638/79, revogada pela Lei Federal nº 11.794/08, proibia a vivissecção em animais não devidamente anestesiados, ou que os procedimentos ocorressem em locais não apropriados, sem a supervisão de técnicos especializados, ou em presença de menores de idade. Obrigava também que animais que seriam vitimas de procedimentos permanecessem em biotério pelo tempo mínimo de 15 dias. Apesar disso, a Lei 6.638 não era uma lei proibitiva, mas permissiva, visto que o texto do Artigo 1º deixava claro: “Fica permitida, em todo o território nacional, a vivissecção de animais, nos termos desta lei”. E se por um lado a lei valorizava a vivissecção, tornando-a “necessária”, por outro a total falta de fiscalização tornava-a ineficaz. A Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) estabelece no artigo 32 detenção e multa para quem “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” e continua em seu parágrafo primeiro: “Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos”. Embora esta lei venha sendo interpretada como supostamente proibitiva no que se refere ao uso prejudicial de animais na ciência e no ensino, sendo fato agravante a ocorrência de morte do animal (parágrafo segundo), a lei condiciona a proibição à existência de recursos alternativos, faltando, porém, definir em que circunstâncias determinado método será aceito como um recurso alternativo. A Lei Estadual nº 11.799/05, elaborada pelo deputado Ricardo Tripoli, é intitulada Código de Proteção aos Animais em SP, embora na leitura do legislador “proteger animais” não seja o sentido de proteção que conferimos, por exemplo, às crianças, aos idosos, etc. Animais, sob a “proteção” dessa lei seguem sendo recursos e podem ser explorados, só não podendo ser “abusados”.O código procura estabelecer quais as regras do que seja considerado abuso, por uma perspectiva do legislador e de seu sistema particular de crenças. Em seu Capítulo IV, o código trata Da Experimentação Animal, estabelecendo na seção II as condições para a criação e uso de animais de laboratório, sendo elas a obrigatoriedade de registro dos estabelecimentos vivisseccionistas em órgão competente e sob supervisão de profissionais de nível superior e a necessidade de constituição de uma Comissão de Ética no Uso de Animais, voltada para examinar previamente os procedimentos de pesquisa a serem realizados na instituição. A Lei Federal nº 11.794/08 (Lei Arouca), recentemente sancionada, revoga a Lei nº 6.638/79, agora permitindo a utilização de animais em estabelecimentos de educação profissional técnica de nível médio da área biomédica. A lei também cria o CONCEA, com competências relacionadas à valorização da experimentação animal e não o contrário. A própria composição do conselho torna clara a posição tendenciosa do CONCEA, fazendo dele parte, entre outros, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Federação das Sociedades de Biologia Experimental, o Colégio Brasileiro de Experimentação Animal e a Federação Nacional da Indústria Farmacêutica, ou seja, as entidades que promovem ativamente a propaganda em favor da experimentação animal e que particularmente constituíram lobby para forçar a aprovação da referida lei. Igualmente, essa lei proíbe utilizações sucessivas de um mesmo animal para mais de uma pesquisa, obriga o uso de anestesia e analgesia e proíbe o sofrimento excessivo do animal. oPÇÃO OU COMODISMO? Opção ou comodismo? Essa é uma pauta bastante discutida no meio animal em relação o uso contínuo dos animais em experimentos de pesquisa. Depois da invasão ao Instituto Royal, no dia dezoito de outubro de 2013, por ativistas que liberaram todos cães Beagle que eram usados como cobaias pelo instituto, veio à tona uma grande discussão sobre a real necessidade da utilização de animais em experimentos e das possibilidades de meios alternativos que não ponham em risco a vida desses animais. Antes de tudo é importante dizer que o uso de animais em estudos não é proibido no Brasil nem em qualquer outro país no mundo, inclusive, é necessário em alguns casos, segundo a lei, mas antes de poder usar os animais, o instituto deve estar devidamente licenciado pelo CONCEA, responsável por garantir que os animais sejam bem tratados. Como diz a cardiologista Odete Miranda, professora na faculdade de medicina do ABC, “os experimentos continuam sendo nos animais por puro comodismo. Os medicamentos são muito mais importantes pros farmacêuticos do que para a população”. Os métodos alternativos existem, mas será que são eficientes a ponto de substituir completamente o uso de animais? Segundo Aureluce Demonte, professora de ciências farmacêuticas na Unesp, os meios alternativos pode ajudar a diminuir o uso de animais, mas não a fazer desnecessário seu uso. “atualmente, mesmo a tecnologia mais avançada não consegue imitar as interações das células humanas. Por causa dessa complexidade, a medicina humana, e a veterinária, é muito dependente dos experimentos em animais”. O que parece claro nas discussões é que os ativistas e os contrários ao uso dos animais têm razão quanto a outros métodos, mas são extremos quanto ao fim do uso de animais, sem levar em consideração a necessidade dessa prática em alguns casos, hoje em dia. Os especialistas que defendem a prática reconhecem a existência desses métodos alternativos e, apesar parecerem querer que um dia os animais deixem de ser usados, não vêem os métodos alternativos atuais sendo capazes de substituir por completo o uso de animais. Alternativas para o não uso de animais Pesquisadores e empresas buscam meios para abolir ou reduzir o uso de animais em testes de laboratório. Entre as iniciativas, há impressão 3D de pele humana e uso de softwares. A cada ano, mais de 100 milhões de animais — incluindo ratos, sapos, cães, gatos, macacos e peixes — são sacrificados em laboratórios pelo mundo para uso em aulas, pesquisas e testes. O levantamento é da organização não governamental PETA. Na luta para acabar com os testes de laboratório em animais, três "Rs" fazem toda a diferença: Replacement, Reduction and Refinement (substituição, redução e refinamento). O princípio, elaborado nos anos 1950 pelos ingleses William Russel e Rex Burch, prega a preferência, sempre que possível, por métodos de pesquisa que dispensem animais, a redução do uso de cobaias nos testes e a aplicação de técnicas que minimizem o seu sofrimento. Além de questionáveis do ponto de vista ético, os testes in vivo podem ser mais caros — há custos para obter, manter e manipular as cobaias — e menos eficientes, afinal, nem sempre os resultados observados em animais se aplicam ao ser humano. Produção artificial Os chamados testes in vitro têm se mostrado uma das alternativas mais acessíveis para evitar o uso de animais em laboratório. Com a técnica, células e tecidos são criados artificialmente para estudo e manipulação. Na Universidade de Medicina Veterinária da Hannover, na Alemanha, um grupo de pesquisadores criou células nervosas em laboratório, cultivadas artificialmente, para estudar como compostos químicos podem afetar o desenvolvimento do cérebro de uma criança ainda no útero da mãe. "O bom desse método é que realmente trabalhamos com células nervosas humanas e podemos ver diferenças nervosas específicas", diz o pesquisador Gerd Bicker. Impressão 3D A gigante de cosméticos L'Oreal anunciou recentemente uma parceria com a empresa de bioimpressão 3D Organovo. A ideia é imprimir tecidos da pele 3D para testar os produtos da marca. A bioimpressão permitirá a reprodução automatizada de tecidos humanos que imitam a forma e a função dos tecidos originais do organismo. A Organovo já imprime fígado e está desenvolvendo agora a impressão de rins. Kit pele No Brasil, um grupo de pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (USP), liderado por Silvya Stuchi-Maria Engler, está produzindo pele artificial a partir de células retiradas de doadores. A pele criada reproduz os mesmos tecidos biológicos da humana e pode ser utilizada para avaliar a toxicidade e a eficácia de novos compostos nas indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Em julho deste ano, a Anvisa aprovou uma norma para reduzir a necessidade do uso de animais em testes para registro de medicamentos, cosméticos, produtos de saúde e limpeza, entre outros. A Anvisa vai aceitar para registro os métodos alternativos reconhecidos no país pelo Concea. Atualmente, existem 17 métodos aprovados pelo órgão, entre eles procedimentos para avaliar irritação da pele e dos olhos e toxicidade. As empresas terão até setembro de 2019 para abolir totalmente os testes com animais nas categorias já reconhecidas pelo Concea. Simulações Usando computadores e softwares, os pesquisadores não conseguem eliminar, mas podem, ao menos, reduzir o número de animais usados em testes. Há tecnologias que simulam a biologia humana e a progressão de doenças e preveem a toxicidade de produtos químicos. "Quantitative structure-activity relationships" são técnicas que, usando o computador, podem substituir os testes em animais. Elas fazem estimativas sofisticadas sobre a probabilidade de uma substância ser perigosa, com base na sua semelhança com outras substâncias já existentes e conhecidas. Argumentos contra e a favor ao uso de animais As condições de saúde que dispõe a sociedade contemporânea são bem diferentes dos séculos anteriores. Essa evolução deve-se, sobretudo, ao progresso e a eficácia dos testes em animais proporcionados pelo mundo científico. Cabe avaliar, no entanto, se tais procedimentos não ferem o direito à vida dos animais, ponderando os pontos positivos e negativos dessa prática. Um ponto crucial para averiguar os testes em animais é o intuito do feito. Assim, deve-se colocar em primeiro plano certas condições que evitemo sofrimento e a morte: pesquisas com propósitos médicos evidentes e quando não há outras alternativas. Algo contrário a essas medidas, como a utilização para fins cosméticos, já é, segundo o Concea, uma intensa interferência no ciclo de vida das cobaias. Em contraponto, são evidentes os benefícios que os testes legais trazem para a sociedade, bem como ao animal utilizado. Assim sendo, as pesquisas nesse ramo proporcionaram o desenvolvimento de vacinas, hormônios e tratamentos eficazes contra epidemias e podem no futuro trazer a cura para a AIDS e o Alzheimer. Além disso, os ganhos com as experiências não é limitado aos humanos, expande-se a própria espécie de teste. Remédios veterinários e vitaminas são apenas alguns exemplos que explicitam esse fato, e reformulando a frase de Maquiavel: fazem de uma eventual morte o passaporte para evitar outras centenas. Percebe-se, portanto, que a utilização de animais para testes científicos é uma importante prática à sociedade e deve ser inspecionada para que não ocorra excessos. Dessa forma, o estado juntamente com o Concea devem instituir medidas que avaliem a necessidade da experiência, baseando-se nos códigos de ética existente. Além disso, as Ong's que incentivem o combate ao abuso em animais precisam aliar-se a mídia para que suas campanhas surtam efeitos positivos e a própria sociedade passe então a não permitir o sofrimento e o excesso das experiências científicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos anos, a ciência e a sociedade têm se unido para racionalizar a utilização de animais em pesquisas, enfatizando valores morais, éticos e legais relacionados à integridade e o bem estar da vida animal. Desta forma, os projetos de pesquisa envolvendo animais devem ser submetidos a Comitês de Ética para avaliação de riscos x benefícios, tanto para o animal quanto para a sociedade. Embora não se tenha ainda um consenso sobre o status moral ou a posição que os animais ocupam em relação aos seres humanos, o respeito à vida dignifica o animal como merecedor de considerações éticas. Desta forma, todo pesquisador é moralmente responsável por suas escolhas e por seus atos na experimentação animal. Infelizmente, em virtude da avaliação dos riscos para os humanos, os testes com animais ainda são uma prática necessária, não podendo ser, portanto, abandonados por completo. De acordo com a Constituição Federal é viável o uso de animais em experimento desde que os mesmos sejam usados com a finalidade de testar a eficiência de certo medicamento. Atualmente se encontra várias alternativas para o não uso de animais para testar medicamentos e cosméticos, ainda é precoce, mas com os anos cientistas e pesquisadores afirmam que serão tão eficazes quanto ao uso dos animais. Portanto, concluímos que uma das principais indagações, é sobre o fato de o animal usado para beneficio do homem, esteja sofrendo uma exploração em prol da humanidade. Entretanto, é fundamental garantir que a cada dia, menos animais sejam utilizados e que aqueles que participam dos experimentos tenham seu bem-estar garantido durante toda a experimentação. REFERÊNCIAS A experimentação animal e as leis. Disponível em: https://www.anda.jor.br/2008/12/a-experimentacao-animal-e-as-leis/. Acesso em 15/06/2018 A Indústria de Cosméticos e os testes em animais. Disponível em: http://domtotal.com/direito/pagina/detalhe/35599/a-industria-de-cosmeticos-e-os-testes-em-animais. Acesso em: 04/06/2018 Como são feitos os testes de laboratório em animais? 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