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ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS Prof° Dario Sousa Eng. Agrônomo Etec Profª Nair Luccas Ribeiro Obtenção e Preparo da Matéria Prima de Origem Vegetal dario.silva23@etec.sp.gov.br PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS Características: manter a qualidade do fruto fresco. CONSUMIDOR Praticidade Economia de Tempo Qualidade PRODUTOR Agregar o valor do produto Garantia de venda e remuneração OBJETIVO Transformar a matéria-prima em subprodutos de aceitação, Aumentar a praticidade dos produtos, Aumenta a durabilidade dos produtos, conservar mais tempo, Melhorar a apresentação dos mesmo com adequados processos tecnológicos, Manter a qualidade e sanidade dos produtos. DEFINIÇÃO São produtos “frescos” tornados convenientes, oferecendo ao usuário, qualidade constante e garantia de sanidade (Cantwell, 1992) São Produtos preparados através de uma ou várias operações apropriadas, tais como descascamento, fatiamento, corte e conservação através de tratamentos preservatórios isolados ou combinados (Willey, 1997). PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS Trata-se de tecidos vivos, nos quais inúmeras reações químicas e bioquímicas estão ocorrendo. Consequência é a perda de frescor. Risco de contaminação microbiológica, comprometendo a segurança do alimento, a qualidade final do produto, pode ocasionar sérias alterações como aparecimento de odores e sabores indesejáveis e/ou a alteração da cor e/ou textura do vegetal. VANTAGENS DESVANTAGENS Elevada qualidade higiênicae sanitária Vidaútil muito limitada Característicasde produto fresco Custoelevado em relação frutas e hortaliças frescas Boaqualidade nutricional Ausênciade legislação sanitária específica Teores reduzidosou nulos de aditivos Comportamentofisiológico diferenciado Menoresvolumes para transportar Variação de preçosdos hortifrútis Menor quantidade de desperdícios Controlerigoroso da temperatura de armazenamento Produçãoe distribuição mais racional Custos reduzidos de manuseio Perdas durante o armazenamentoreduzidos REQUERIMENTOS MÍNIMOS PARA A PREPARAÇÃO DE FRUTAS E HORTALICAS MINIMAMENTO PROCESSADAS Qualidade inicial Higiene Uso de baixa temperatura durante o preparo Sanitização Remoção de excesso de umidade Correta temperatura durante a comercialização Melhoramento Genético: variedades que apresentam uma menor oxidação (escurecimento enzimático), maior firmeza da polpa, maior conteúdo em carotenoides (responsável pela coloração) Qualidade da matéria-prima: boas praticas agrícolas Controle de temperatura: em todas etapas do processamento (taxa de respiração dos vegetais) Higienização e sanitização eficientes dos produtos: redução da carga microbiana Manutenção da qualidade do produto: em relação ao sabor: ao aroma e ao valor nutricional Métodos de conservação: temperaturas adequadas (armazenamento, transporte e comercialização) embalagens adequadas Garantia da vida útil TEMPERATURAS IDEAIS PARA ARMAZENAMENTO Frutas e hortaliças minimamente processadas podem ser armazenadas a uma temperatura próxima de 0°C A “vida útil” é aumentada substancialmente quando armazenadas de 0° a 5°C Quando embaladas sob atmosfera modificada, é recomendado que a temperatura seja mantida em níveis de 7°C durante toda a cadeia de frio ATMOSFERA GASOSA MODIFICADA NA EMBALAGEM EM FRUTAS E HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS Os efeitos na taxa de respiração dos vegetais também dependem da composição de O2 e CO2 na atmosfera Em geral, atmosfera com 3 a 8% de O2 e 3 a 10% de CO2 têm potencial para aumentar a vida útil dos produtos minimamente processados e viabilizar sua comercialização A atmosfera controlada consiste na modificação e no controle dos gases no meio do armazenamento prolongando a vida após a colheita, sendo seu princípio diminuir a porcentagem de O2 e aumentar a de CO2. Para Brackmann (2004), o armazenamento em atmosfera controlada é baseado na modificação da concentração dos gases na atmosfera natural. Kader (1994) já diz que a atmosfera controlada pode auxiliar na manutenção da qualidade de frutos tropicais, e seus benefícios incluem a redução 13 da taxa de respiração, a inibição da produção e ação do etileno, o retardo do amadurecimento e a manutenção da qualidade nutricional, contudo Brackmann (2004) cita que tem-se como desvantagens o elevado investimento com a instalação das câmaras, a possível ocorrência de distúrbios fisiológicos, a necessidade de mão-de-obra qualificada para acompanhamento diário das câmaras e a redução do aroma do fruto se armazenado por longos períodos. 11 ETAPAS DO PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS A atmosfera modificada pode ser estabelecida de forma passiva ou ativa. A atmosfera passiva se estabelece quando o produto acondicionado dentro de uma embalagem permeável a gases modifica a atmosfera através da própria respiração, resultando na redução de O2 pelo consumo deste gás e aumento de CO2, liberado pela respiração. Durante o armazenamento uma atmosfera de equilíbrio tende a se estabelecer. Para manter a composição dos gases estabelecida dentro da embalagem, a permeabilidade do filme deve permitir a entrada de O2 a uma taxa compensada pela respiração do produto. Do mesmo modo, a saída de CO2 deve permitir um equilíbrio com a quantidade de CO2 produzida pela respiração. Na atmosfera modificada ativa, após colocar o produto na embalagem, é criado um vácuo parcial seguido pela injeção da mistura gasosa desejada dentro da embalagem. A atmosfera modificada ativa é indicada quando os produtos apresentam baixa atividade respiratória, pois estes produtos modificam lentamente a atmosfera, o que levaria algum tempo para atingir a atmosfera de equilíbrio se a modificação da atmosfera fosse de forma passiva. 12 COLHEITA COLHEITA: atingir o máximo de qualidade tanto organolépticas como nutricional vai depender de: Variedade Época de plantio Temperatura Tipo de solo Praticas culturais Quando atingem o máximo de qualidade, são altamente perecíveis e devem ser colhidos manuseados e processados no menor tempo possível, afim de evitar perdas sérias na textura, teores de açúcares, cor, etc Chamam-se propriedades organolépticas às características dos materiais que podem ser percebidas pelos sentidos humanos, como a cor, o brilho, a luz, o odor, a textura, o som e o sabor. 13 TRANSPORTE Procurar o acondicionamento em caixas ou cestos apropriados e limpos, utilizar veículos providos de sistemas de refrigeração DESCARREGAMENTO Realizado com cuidado para evitar danos mecânicos à matéria-prima, cortes, amassaduras, quebras, etc PRÉ-RESFRIAMENTO E ARMAZENAMENTO REFRIGERADO Os produtos são colhidos e pré-resfriados o mais rápido possível à temperaturas de 5°C Produtos aptos processamento imediato Produtos não aptos armazenados em câmaras frias a 5ºC e umidade relativa elevada (aproximadamente 90%) < tempo entre a colheita, pré-resfriamento e processamento melhor qualidade final SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃO SELEÇÃO: separação das peças ou pedaços do vegetal defeituosos, assim como, a remoção de substancias estranhas ou impurezas que não seriam eliminadas pelas outras operações durante o seu processamento de industrialização. Pode ser manual ou mecânica. Seleção por forma e tamanho Seleção por cor Seleção por peso Baseadas nas propriedades físicas CLASSIFICAÇÃO: visa tanto obter produtos finais com maior uniformidade, facilidade e melhorar as operações de preparo, tratamento e conservação. A classificação agrupa a matéria prima dentro de critérios de qualidade como, forma, tamanho, cor, densidade, grau de maturação, etc. Seleção( Separação baseada em um atributo) Avaliação da qualidade global de um alimento por uma série de atributos LIMPEZA E LAVAGEM DA MATÉRIA-PRIMA LIMPEZA: retirada de materiais estranhos (galhos, talos, insetos, solo, resíduos de fertilizantes, etc) LAVAGEM: imersão em detergentes para remoção de microrganismos e sujidades. Tempo de imersão: 10 a 15 minutos.ENXÁGUE: remoção das sujeiras e resíduos de detergente DESINFECÇÃO Imersão em meio efetivo para eliminação dos microrganismos que tenham permanecidos após lavagem com detergente Realizada em cuba ou tanque com água clorada (100 a 200ppm de cloro ativo por 10 a 15 min) Enxágue com água potável, contendo de 2 a 5ppm de cloro para eliminação de resíduos DESCASCAMENTO E CORTE Manual: lento e oneroso, causa perda de parte do produto Mecânico ou lixívia: raízes, tubérculos e bulbos Lixívia: pêssego, tomates (requer alto suprimento de água, hidróxido de sódio e fonte de calor) Após descascamento: podem ser realizadas aparas e retirada de miolos ou talos, antes do corte Rigoroso controle de higiene no ambiente, como limpeza, desinfecção e o uso de equipamentos bem afiados Descascamento e corte defeituosos danos físicos, stress fisiológico e crescimento microbiano Folhosas O corte pode ser no formato em tiras o em folhas inteiras PRINCIPAIS MÉTODOS: Descascamento por jato a vapor Descascamento por facas Descascamento por abrasão Descascamento por lixívia Descascamento por chama Descascamento por jato a vapor: Alimentos são colocados em batelada em um vaso pressurizado que gira. Vapor de alta pressão é injetado Formação de vapor sobre a casca, e a superfície do alimento solta-se Descascamento por facas: Lâminas estacionárias são passadas contra a superfície de frutas ou hortaliças que giram, para remover a casca. alternativamente as laminas podem rotar contra os alimentos parados. Descascamento por abrasão: O alimento é colocado em rolos com superfície abrasiva que remove a casca Vantagens: baixo custo de energia, temperatura ambiente, não provoca danos pelo calor e proporciona boa aparência a superfície do produto Desvantagem: produtos com superfícies irregulares (ex: “olhos” de batatas) necessitam de um acabamento manual Descascamento por lixívia: Método causa mudanças na cor de alguns produtos e incorre em custo mais altos Método está sendo substituído por descascamento por jatos de vapor Descascamento por lixívia: Lixívia - solução diluída de hidróxido de sódio aquecida de 100 a 120°C alimento passa por um banho com 1 a 2% de lixívia que amacia a casca, que é removida por jato de agua a alta pressão Descascamento por chamas: Desenvolvido para cebolas Uma correia transportadora conduz e gira o alimento sobre uma fornalha A pele externa e os cabelos da raiz são queimados, e a casca carbonizada é retirada por jatos de agua a alta pressão CORTE Redução do produto em peças menores, com tamanho e forma definidos IMPORTANTE: causa danos mecânicos às células, provocando o aumento na respiração dos tecidos e tornando-os mais susceptíveis à deterioração microbiana e oxidação Utilizar aparelhos ou facas afiadas para promover injurias nos tecidos LAVAGEM E SANITIZAÇÃO Reduzir a população microbiana Imersão do produto em água gelada de 4 a 5°C pH solução entre 6,5 a 7,5 utilizando ácido cítrico Hipoclorito de sódio é o mais utilizado Tratamento antioxidante acido ascórbico e sulfitos Colocar imediatamente sob a refrigeração de 4 a 5°C após o corte Sanitização com água clorada observando-se a concentração de cloro recomendada Condições de sanitização de produtos: 100 a 200ppm de cloro ativo/L água 5 a 10L de água/kg de produto Temperatura de água: 4 a 5°C Tempo de imersão: 2 a 5 min Enxague com agua tratada 2 a 5mg de cloro ativo/L CENTRIFUGAÇÃO Eliminar o excesso de água acumulado Centrifugação ineficiente acelera a deterioração Excesso de centrifugação retira o suco (seiva) celular, ressecando a perda da coloração natural (esbranquiçamento), rompimento dos tecidos, acelerando a deterioração e reduzindo a vida útil Cada produto Tempo vs Velocidade de centrifugação adequados Tempo de centrifugação varia de 3 a 10 min Centrifugação fonte de contaminação EMBALAGEM, PESAGEM E ETIQUETAGEM Recomenda-se fazer a inspeção criteriosa (injurias, defeitos e insetos) Deve-se seguir rigorosamente a temperatura recomendada (produto e no ambiente) Sistemas de embalagens a serem adotadas (Tipo de filme plástico, remoção de injeção de gás e relação volume VS quantidade de produto) variam muito, e dependem da fisiologia do produto, do mercado (varejo ou institucional) da tecnologia de processamento adotada(tipo de corte, eficácia do resfriamento do produto e da cadeia de frio) e da expectativa de vida útil esperada do produto A embalagem ajuda a conservar o produto Não podemos depositar todas as expectativas na embalagem, pois ela não resolve os problemas das outras etapas de processo, especialmente dois aspectos fundamentais, e, mais importantes, que são a qualidade da matéria-prima e a temperatura do produto (in natura e minimamente processado) ATM modificada: controle de O2, CO2 e N passiva: envolve o produto com embalagem plástica com menor permeabilidade de O2 e CO2. Atmosfera modifica com respiração do produto ativa: injeção de ATM controlada vácuo: retirada do ar. Embalagem impermeável a O2, gases e vapor Uso de atmosfera modificada: complemento à refrigeração redução de perdas facilidade de manuseio proteção contra injúrias mecânicas facilidade para identificação (informações e marca) agregação de valor Nessa etapa, o produto já embalado deve ser submetido a uma inspeção visual, para se ter certeza da integridade da embalagem, evitando-se a entrada de ar e a possível recontaminação do produto. No rótulo da embalagem, devem constar as seguintes informações: Nome da hortaliça. Data de fabricação. Prazo de validade e peso líquido do produto. Rotulagem nutricional obrigatória exigida pela legislação. Nome e endereço da empresa (agroindústria), CGC e inscrição estadual. As denominações Indústria Brasileira. Embalagem secundária Para facilitar o armazenamento em geladeiras comerciais ou em câmaras de refrigeração, bem como a distribuição, os produtos embalados são colocados em caixas de plástico retornáveis, que devem ser limpas e sanitizadas sempre que retornarem à agroindústria. EFEITOS DA REFRIGERAÇÃO Redução da respiração Redução da perda de água Redução da produção de etileno Redução da deterioração microbiana Redução do escurecimento Benefícios práticos Manutenção da qualidade (redução de perdas) Aumento no período de conservação Evita a necessidade de comercialização imediata Regularização da oferta de mercado DISTRIBUIÇÃO E CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO/ COMERCIALIZAÇÃO Produtos são colocadas em caixas secundarias: caixas plásticas higienizadas e sanitizadas Recomenda-se o mínimo de tempo de estocagem Entregas rápidas nos pontos de comercialização Uso de veículos refrigerados à temperatura de 5°C Dificuldades: temperaturas abusivas e, torno de 12°C nas gôndolas de supermercados (vida útil, risco de saúde publica pelo risco de contaminação) Vídeo ..\videoplayback.mp4 ALGUNS EXEMPLOS DO PRODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS Alface O produto minimamente processado não possui grandes sofisticações tecnológicas: resumidamente, ele é lavado, selecionado, fracionado e colocado em sacos plásticos transparentes, já pronto para uso imediato. Mandioca Este produto ainda não é muito encontrado, mesmo possuindo um potencial para o processamento mínimo. O tubérculo pode fracionado e descascado em porções menores; em alguns casos, sofre um pré-cozimento; o produto assim adquirido é integral e pronto para preparar os pratos desejados. Couve Esta folhosa rica em nutrientes e vitaminas também pode ser processada: picada e embalada fica pronta para o consumo em saladas ou mesmo para receitas cozidas. Cheiro verde O chamado "cheiro verde" (salsinha, cebolinha, etc.) pode ser desidratado, picado e embalado. O processo não diminui a qualidade aromática e aumenta a vida útil do produto. Cenoura A cenoura, ao invés de comercializada "in natura",pode ser vendida lavada, picada ou ralada e embalada, facilitando sua utilização em saladas, pratos, bolos, doces, etc. Couve-flor A cabeça de couve-flor pode ser lavada, picada e embalada em pedaços, em bandejas de isopor envoltas em filme de polietileno. Brócolis Brócolis de granulação fina (também conhecidos como brócolis japonês) podem ter suas cabeças lavadas, picadas e embaladas em pedaços, em bandejas de isopor envoltas em filme de polietileno, à semelhança do que se faz com couve-flor. Milho-verde Espigas de milho verde podem ser descascadas, limpas (eliminação dos estigmas ou "cabelos"), e embaladas em bandejas de isopor cobertas com filme de polietileno (em geral 3 espigas por bandeja). Bibliografia: Moretti, Celso Luiz Manual de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças / Celso Luiz Moretti — Brasília : Embrapa Hortaliças, 2007. GOMES, C.A.O.; ALVARENGA, A.L.B.; JUNIOR, M.F.; CENCI, S.A. Hortaliças Minimamente Processadas. Brasília, D.F.: Embrapa Informação Tecnológica, 2005, 34 p. (Coleção Agroindústria Familiar). NASCIMENTO, Edson F.; MOLICA, Eliane M.; MORAES, Julio S. Vegetais minimamente processados (mercado e produção). Brasília: 2000, EMATER/DF. 53 p. PAZINATO, Beatriz Cantusio. Vegetais minimamente processados. www. Cati.sp.gob.br/ddr/veg.min.proces.htm. Acesso em 20/03/2003. WILEY, Robert C. Frutas y hortalizas minimamente procesadas y refrigeradas. Editorial Acribia S.A. 1997. 361 p.
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