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Aula 00 Conforme Novo CPC - Direito Processual Civil p/ TCDF (Auditor de Controle Externo) - Com videoaulas Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 58 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TCDF Apresentação do curso de Direito Processual Civil para o TCDF Primeiramente, quero dizer que é um grande prazer encarar este desafio com vocês. Faremos um curso de teoria e exercícios voltado para o concurso do TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL ² AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO. Faremos um curso bastante didático, deixando de lado a linguagem excessivamente técnica e a formalidade. Utilizaremos recursos visuais: marcadores de texto, negrito e muitas questões de concurso, no corpo da aula, bem como ao final. As questões são de provas passadas e eventualmente inéditas (elaboradas pelo próprio professor). O objetivo é preparar o candidato para resolução de questões no grau de complexidade que a banca tem atribuído aos certames mais concorridos. Iremos trabalhar todo o conteúdo de Direito Processual Civil exigido no edital, por meio de teoria e exercícios de concursos anteriores e tendo como base a Lei nº 13. 105/2015 ± NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Será um curso de 04 encontros, além deste, em que iremos trabalhar o conteúdo de modo objetivo e com o foco na sua aprovação. JURISDIÇÃO 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 58 x Sobre o Prof. Gabriel Borges O Professor Gabriel Borges é Consultor Legislativo do Senado Federal; pós- graduado em Direito e Relações Internacionais; e leciona a matéria de Direito Processual Civil para concursos desde 2010. Até tornar-se Consultor, foi aprovado em vários concursos públicos. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. ¾ Vamos ao nosso cronograma DISPONÍVEL CONTEÚDO Disponível DA JURISDIÇÃO. Aula 01 Disponível em 31/03/2016 DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL. SOBRE A AÇÃO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DEVIDO PROCESSO LEGAL E SEUS CONSECTÁRIOS LÓGICOS. (PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO JUIZ NATURAL) Aula 02 Disponível em 05/04/2016 DA COMPETÊNCIA. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 58 SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo I: Jurisdição. 02 2. Resumo 42 3. Questões comentadas 45 4. Lista das questões apresentadas 54 5. Gabarito 56 6. Biografia 58 CAPÍTULO I: JURISDIÇÃO Como já vimos logo no artigo 1º, o Novo CPC deve ser interpretado, ordenado e pensado de maneira integrada à Constituição. Evidentemente, este tipo de previsão não seria sequer necessária em razão da supremacia das normas constitucionais, mas não deixa de simbolizar uma nova e importante didática e, acima disso, a tendência contemporânea de atribuir aos princípios o valor diretivo que lhes é inerente aos operadores do Direito, inclusive àqueles que se equivocam ao restringir sua leitura aos dispositivos do Código, como se não houvesse outra fonte de Direito Processual Civil. Há, nesse contexto, uma nova hermenêutica, consubstanciada no § 1º do artigo 5º da Constituição da República, a saber: Aula 03 Disponível em 07/04/2016 DOS ATOS PROCESSUAIS. ATOS JUDICIAIS: DESPACHOS, DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS E SENTENÇAS. Aula 04 Disponível em 12/04/2016 O PROCESSO CIVIL E O CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. MANDADO DE SEGURANÇA, AÇÃO POPULAR E AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 58 Art. 5º [...] § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Cumpre-se interpretar a Constituição como um todo normativo, no qual o Novo CPC é recepcionado e, com base nos preceitos fundamentais, deve-se evitar qualquer tipo de antinomia entre as normas. A partir dessas linhas introdutórias, passemos ao estudo do instituto da Jurisdição. LIVRO I DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS TÍTULO ÚNICO DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS CAPÍTULO II DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. INTRODUÇÃO O conflito é uma característica inerente do ser humano. Quando não havia um Estado organizado, a solução dos conflitos dava-se pela atuação dos próprios interessados - aquele que dispusesse de maior força ou sagacidade vencia a disputa. A solução dos conflitos consolidava-se, desse modo, por instrumentos parciais. A partir da consolidação do Estado, passou a existir um poder central para a solução dos conflitos, o poder estatal. Ao poder judiciário, não 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borgeswww.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 58 participante do litígio, portanto imparcial, atribuiu-se a função de aplicar a lei, em regra abstrata, em busca da pacificação social. Atribuiu-se a ele o chamado poder jurisdicional. Percebam, então, que a consolidação de um poder central veio acompanhada de um sistema que desse segurança jurídica à sua população, sob risco de o poder central ser mera peça de manobra de forças preponderantes. São duas figuras indissociáveis: 1) O Poder Central (Estatal) e 2) a instituição de um controle imparcial da conduta dos jurisdicionados. Imaginem a existência de uma sociedade onde não há segurança jurídica, onde não se sabe ao certo como garantir a propriedade sobre seus bens e a justeza no conflito com seus pares... Esse cenário impediria os indivíduos de buscarem prosperidade porque estariam voltados, a todo momento, para questões de segurança. A jurisdição veio dar ao Estado a legitimidade para agir em nome do interesse público e ao jurisdicionado a segurança jurídica para prosperar. Em seu conceito tradicional, jurisdição é o poder de resolver um conflito entre as partes, substituindo a vontade delas pela da lei. Ela tem como característica a substitutividade, que consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a lide, estaria substituindo a vontade das partes, proibindo a elas de estarem, em regra, fazendo valer a justiça do mais forte. No entanto, não é somente quando há conflito entre as partes que o poder estatal atua, nem é sempre que há substituição da vontade das partes. Na concepção moderna, jurisdição é a atuação estatal ao caso concreto; uma atuação com caráter de definitividade ± diz respeito à imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material ±, objetivando a pacificação social. Assim, a jurisdição consiste no poder conferido ao estado, por meio dos seus representantes, de atuar no caso concreto quando há situação que não pôde ser dirimida no plano extrajudicial, revelando a necessidade da intervenção do estado para que a pendenga estabelecida seja solucionada. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 58 De modo sucinto, Marcus Vinícius R. Gonçalves define Jurisdição FRPR�D��³Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos´���'LUHLWR�3URFHVVXDO�&LYLO�(VTXHPDWL]DGR�� Há entendimento da doutrina de que o poder jurisdicional não se restringe a dizer o direito (juris-dicção), alcança também a imposição do direito (juris-satisfação). Obviamente, não é suficiente esperar que o Estado apenas diga o caminho a ser trilhado, espera-se que o poder estatal faça o direito ser efetivamente aplicado. Por isso, o Estado-juiz, por meio do seu poder jurisdicional, tem a capacidade de impor suas decisões. É um poder coativo. Dúvida: Qual dos três poderes, da clássica divisão montesquiana, é responsável pela jurisdição? Ela é atribuída ao poder judiciário como função típica, mas também a outros poderes, como função atípica. Exemplo: processo de impeachment, que pode ser conduzido pelo legislativo, ou das sindicâncias, pelo poder executivo. Fredie Didier Jr. mantém o conceito abrangente e inovador à Jurisdição em seu novo Curso de Direito Processual Civil, a saber: ³$� MXULVGLomR�p�D� IXQomR�DWULEXtGD�D� WHUFHLUR� LPSDUFLDO� �D�� de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (concretamente) deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g). (Curso de Direito 3URFHVVXDO�&LYLO´��YRO��,�����HG��S������� Esse conceito moderno apresentado por Didier deve ser analisado, pois está de acordo com a realidade das transformações por que passou o Estado. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 58 A inovação mais relevante neste conceito é apontar o exercício da jurisdição a terceiro imparcial, não considerando o Estado detentor exclusivo desse poder/dever. Importante salientar que a imparcialidade não se confunde com a neutralidade. Não existe juiz neutro, pois todo ser humano tem vontade inconsciente, formada por suas experiências ao longo da vida, por sua vivência, traumas, medos, preferências. Sobre a questão, importante registrar que gerou polêmica no Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), sendo que dois enunciados (4 e 5) que tratavam da questão foram posteriormente revisados e cancelados porque consideravam que árbitro também poderia ser detentor de jurisdição: Os enunciados sobre arbitragem foram aprovados por aclamação no FPPC de Salvador; por isso, no FPPC-Rio, tiveram de passar por uma reavaliação criteriosa da assembleia. Disso resultou que alguns foram cancelados. 4 Redação original: ³2� iUELWUR� p� GRWDGR� GH� MXULVGLomR� SDUD� SURFHVVDU�H� MXOJDU�D�FRQWURYpUVLD�D�HOH�DSUHVHQWDGD��QD� IRUPD�GD�OHL´�� �*UXSR�� $UELWUDJHP�����5HGDomR�RULJLQDO��³2�iUELWUR�p�MXL]�GH�IDWR�H�GH�GLUHLWR�H�FRPR�WDO� exerce jurisdição sempre que investido nessa condição, QRV� WHUPRV� GD� OHL´�� (Grupo: Arbitragem) Ainda mais convincente a parte do conceito que considera o aspecto de criação e reconstrução do exercício de se dizer o direito, já que o sistema normativo tende, como temos visto, a uma dimensão mais aberta, transferindo ao órgão jurisdicional a tarefa de completar o sentido da norma, a criação do direito. Feitas essas considerações, vejamos cada elemento elencado no conceito. a) Terceiro imparcial: na solução da lide utiliza-se a técnica de heterocomposição ± o conflito é solucionado por um agente exterior à relação conflituosa original. Os sujeitos do processo submetem a terceiro seu conflito, em busca de solução. Chiovenda 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 58 chama essa heterocomposição de substutividade, sendo esta a característica que diferencia jurisdição das outras funções estatais. Ok! E o que é substutividade? Bem pessoal, como falamos há pouco a substitutividade consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a lide, está substituindo a vontade das partes, já que elas estariam proibidas de, em regra, fazer valer a justiça do mais forte (característica do conceito de jurisdição tradicional). Gabarito: CertoDestaque-se, uma vez mais, que é importante não se confundir neutralidade com imparcialidade. Neutralidade é o mito que se sustenta na possibilidade de o juiz não ter vontade inconsciente; segundo a qual predominaria a vontade dos sujeitos processuais e não o interesse geral da justiça. A imparcialidade, por seu turno, determina que o magistrado não pode ter interesse na lide, bem como possui o dever de tratar as partes com igualdade, garantindo o contraditório em paridade de armas. b) Manifestação de Poder: a jurisdição coloca-se de modo imperativo, aplicando o direito a situações que são levadas ao Estado, ao órgão jurisdicional. c) Atividade criativa: ³cria-se a norma jurídica do caso concreto, bem como se cria, muitas vezes, a própria regra abstrata que deve UHJXODU�R�FDVR�FRQFUHWR�´� �&XUVR�GH�'LUHLWR�3URFHVVXDO�&LYLO�� YRO�� ,�� (TJ ES) Acerca da função jurisdicional, da ação e suas características, julgue o item seguinte. A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-se a vontade privada por uma atividade pública. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 58 Didier Jr., Fredie). As normas não são capazes de determinar todas as decisões dos Tribunais. Há necessidade de interpretação ou confirmação da consistência dos textos normativos quando aplicados ao caso concreto. Dessa forma, cabe aos Tribunais interpretar, construir e distinguir os casos para formulação da decisão. Eles exercem um papel singular na produção normativa. d) Técnica de tutela: a jurisdição é considerada uma importante técnica de tutela de direitos. A proteção jurídica deve contemplar todas as situações jurídicas. e) Situação jurídica concreta: a jurisdição atua em situações concretas. Exemplo: ameaça de lesão a direitos (em que se requer uma tutela inibitória). f) Impossibilidade de controle externo da função jurisdicional: uma das características da função jurisdicional é a capacidade de produzir a última decisão sobre o caso concreto deduzido em juízo: ao caso aplica-se o Direito sem que aja possibilidade de apreciação, controle de outro poder. A jurisdição é controlada, somente, pela própria jurisdição. g) Aptidão para tornar-se indiscutível: sabemos que a coisa julgada é uma situação jurídica referente às decisões jurisdicionais, exclusivamente. Só uma decisão judicial pode vir a ser indiscutível e imutável pela coisa julgada material. No entanto, não podemos deduzir que somente haverá jurisdição se houver coisa julgada, pois esta é uma opção política do Estado. Há casos em que o legislador não retira das decisões a aptidão de submeter-se à coisa julgada, mas isso não aniquila a jurisdicionalidade das decisões. Ora, a coisa julgada é um elemento a posteriori da decisão e, portanto, não pode ser elemento ou característica de existir da decisão. É fato que somente a jurisdição possui a característica da definitividade ± diz respeito ao caráter de imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material (característica do conceito moderno de jurisdição). 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 58 No intuito de preencher todas as possíveis formas de ser cobrado o conceito de jurisdição, vamos compreendê-lo de uma outra perspectiva. A doutrina diz que a jurisdição é o poder que o estado avocou para si de dizer o direito, de fazer justiça, em substituição aos particulares. Podemos, na realidade, dizer que a jurisdição é poder, função e atividade. É poder devido à capacidade de imposição das decisões às partes pelo Estado ± o poder decorre da potestade (força para impor sua decisão) do Estado exercida de maneira definitiva sobre as partes litigantes. Função por cumprir a finalidade de fazer valer a ordem jurídica em face de um conflito. Por último, é atividade por consistir em uma série de manifestações (atos) externas e ordenadas que resultam na declaração do direito e na concretização do que foi pleiteado. Atente-se para o fato de que o poder da jurisdição se subdivide em três espécies: o poder de decisão, o de coerção e o de documentação. No poder de decisão, o Estado-juiz deve conhecer a pendenga judicial, colher provas e decidi-la. É o poder do Estado- juiz de analisar, verificar e decidir o litígio ± poder de decisão. O segundo [de coerção], diz respeito ao poder do Estado-juiz em impor à parte vencida o cumprimento da decisão por ele proferida. O poder de documentação, por sua vez, ocorre quando o Estado-juiz documenta os atos processuais. (DPE BA) No Direito Processual Civil Brasileiro, a jurisdição compreende três poderes, que são o de a) decisão, o de coerção e o de documentação. b) coerção, o de documentação e o de exposição. c) documentação, o de exposição e o de disposição. d) exposição, o de disposição e o de decisão. e) disposição, o de decisão e o de coerção. Gabarito: A 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 58 CPC/2015 LIVRO II DA FUNÇÃO JURISDICIONAL TÍTULO I DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código. Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial. Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; II - da autenticidade ou da falsidade de documento. Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. 1. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS O Estado não detém exclusividade na solução de conflitos. Existem formas alternativas: autotutela, autocomposição, arbitragem. A autotutela (autodefesa) é a forma mais antiga de se resolver conflitos. Ocorre o sacrifício integral do interesse de uma das partes, pelo uso da força da outra parte. Assim, a autotutela ocorre quando a própria parte busca afirmar seu interesse impondo-o à parte contrária. Podemos considerar que a autotutela, de certo modo, permite o exercício de coerção por um particular em defesa de seus interesses. Modernamente, tem-se buscado restringir as formasde exercício da autotutela, transferindo para o Estado as diversas formas de coerção. O Direito prevê casos excepcionais em que pode ser empregada: legítima defesa (art. 188, I, do CC), desforço imediato no 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 58 esbulho (art. 1.210, parágrafo 1o do CC). A autotutela pode ser totalmente revista pelo poder judiciário. A autocomposição consiste no acordo entre as partes envolvidas no conflito para chegar a uma solução, ou seja, o conflito é solucionado pelas partes sem a intervenção de agentes externos no processo de pacificação da lide. A autocomposição ocorre quando há o despojamento unilateral em favor de outrem (da vontade por este almejada); quando há aceitação ou resignação de um dos sujeitos aos interesses do outro ou quando há concessão recíproca efetuada pelas partes. Em tese, não há de se falar em coerção dos indivíduos. As modalidades de autocomposição são três: renúncia, aceitação (resignação/submissão) e a transação. A renúncia ocorre quando o titular do direito, unilateralmente, dele de despoja em favor de outrem. A aceitação, por sua vez, ocorre quando um dos sujeitos reconhece o direito do outro, passando a guiar-se pela plena consonância com este reconhecimento. Já a transação ocorre quando os sujeitos que se consideram titulares do direito pleiteado solucionam a lide por meio de concessões recíprocas. A arbitragem é uma técnica de solução de conflitos em que as partes buscam em uma terceira pessoa a solução do litígio. Dessa forma, a arbitragem ocorre quando a fixação da solução da lide entre as partes é entregue a um terceiro, denominado árbitro, em geral escolhido pelas partes. No direito brasileiro, a arbitragem somente pode se dirigir a acertamento de direitos patrimoniais disponíveis. É o que aduz o art. 1º da Lei ���������TXH� UHJXOD�D�DUELWUDJHP�� ³DV�SHVVRDV�FDSD]HV�GH�FRQWUDWDU�SRGHUmR� valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis�´� A arbitragem possui caráter voluntário podendo ser de direito ou de equidade, a critério das partes, que poderão escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. Igualmente, poderão as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 58 As partes interessadas podem, por exemplo, submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A cláusula compromissória (prévia e abstrata) é a convenção por meio da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. Deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira. Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória. Já o compromisso arbitral (posterior e concreta) é o estabelecimento posterior ao conflito que esse será solucionado por meio da arbitragem. Art. 6º da Lei 9.307/96: Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral. O compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial. O compromisso arbitral judicial celebra-se por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda. O compromisso arbitral extrajudicial é celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 58 A mediação é uma conduta pela qual um terceiro coloca-se entre as partes e tenta conduzi-los à solução autocomposta. DidiHU� DGX]� ³WUDWDU-se de XPD� WpFQLFD� SDUD� FDWDOLVDU� D� DXWRFRPSRVLomR´� �&XUVR� GH� 'LUHLWR� 3URFHVVXDO� Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie). Na mediação, diferentemente do que ocorre na conciliação, o foco não recai no conflito propriamente, mas se desloca para as causas desse conflito. A mediação surge como um instrumento de pacificação social, uma vez que há a perspectiva de solução da lide sem qualquer decisão impositiva e busca-se a preservação do interesse das partes litigantes. O mediador tem a função de conduzir, e não propor soluções ao conflito das partes como o conciliador faz. Os litigantes devem discutir as causas do conflito e chegar a uma solução. Assim, a função do mediador é de induzir as SDUWHV� D� FKHJDU�� SRU� HODV� PHVPDV�� j� VROXomR� GD� OLGH�� ³2� VHQWLPento de capacidade que certamente será sentido pelas partes também é aspecto que torna a mediação uma forma alternativa de solução de conflitos bastante DWUDHQWH�´� �1HYHV�� 'DQLHO� $PRULP� $VVXPSomR�� SJ�� ��� 0DQXDO� GH� 'LUHLWR� Processual Civil) CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO (Tabela com artigos do novo CPC) AUTOCOMPOSIÇÃO A solução negocial, além de ser um meio efetivo de resolução de conflitos, é um elemento de desenvolvimento da cidadania. As partes passam a ser protagonistas na solução do litígio. A autocomposição, assim, pode ser compreendida como um reforço do poder das partes em regular suas relações conflitantes. Vê-se, nestes meios de solução alternativos de conflito, um forte caráter democrático. A Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça normatizou a mediação e a conciliação até a edição do Novo CPC, que dedica um capítulo inteiro a estes meios de solução de controvérsias.00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 58 Dessa forma, pode-se dizer que o sistema brasileiro vem se estruturando no sentido de estimular a autocomposição. Vejamos o que diz o artigo 3º do Novo CPC. NCPC: Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO Mediação e conciliação são, igualmente, formas de solução de conflitos em que um terceiro intervém no processo conflituoso com o intuito de auxiliar as partes envolvidas a chegar à autocomposição. Aqui não cabe ao terceiro resolver a pendenga, como ocorre na arbitragem. Cabe a ele exercer um papel estimulante na solução negocial do litígio. Por isso, não estamos diante de uma espécie de heterocomposição, mas, sim, diante de exemplos de autocomposição, com a integração de um terceiro. As duas formas são os principais exemplos de resolução alternativa de controvérsias. A diferença entre elas é sutil, mas a doutrina as considera técnicas distintas de autocomposição. O conciliador participa da negociação de modo mais ativo. Pode ele, inclusive, sugerir às partes soluções para a pendenga. É indicada, com mais frequência, na solução de conflitos em que as partes não tenham tido vínculo anterior. O mediador, por seu turno, já possui um papel mais amplo. Exerce um papel de comunicador das partes, um facilitador do diálogo. Auxilia os envolvidos a compreender as questões do conflito, para que possam chegar a soluções consensuais. É mais indicada quando já existe uma relação anterior 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 58 entre as partes, como nas relações familiares e societárias. A mediação atinge êxito quando as partes atingem um resultando que gerem benefícios mútuos. NCPC: Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a Neste sentido é importante ler o artigo 165 do Novo CPC. autocomposição. § 1o A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. § 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. As duas modalidades podem ocorrer judicial ou extrajudicialmente. Judicialmente, o mediador e o conciliador serão auxiliares da justiça, o que implica dizer que a eles serão aplicadas as regras relativas a este tipo de sujeito processual, inclusive no que tange às questões de impedimento e suspeição. A mediação e a conciliação podem ocorre em câmaras públicas, em câmaras privadas ou em ambientes mais informais, como nos escritórios de advocacia. NCPC: Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 58 indicação de sua área profissional. Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. Vejamos agora quem pode exercer o papel de mediador ou conciliador. Podem exercer essa função tanto funcionários públicos como profissionais liberais. NCPC: Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. § 1o Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal. § 2o Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. § 3o Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunaljulgar relevantes. § 4o Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados sistematicamente 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 58 pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. § 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. § 6o O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo. Quanto à remuneração ou não dessas atividades, o NCPC prevê tanto a remuneração como atuação voluntária. É importante destacar que a remuneração dessas atividades ajuda no aprimoramento e capacitação destes auxiliares de justiça. NCPC: Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça. § 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal. § 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento. Dúvida: Quem escolhe estes auxiliares? Consensualmente, as partes podem escolher o mediador e o conciliador e a câmara privada para a realização da autocomposição. Se a escolha recair sobre um profissional não cadastrado no tribunal, deverá ser realizado o devido cadastro deste para que ele se habilite a participar. NCPC: Art. 168 do NCPC. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. § 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 58 cadastrado no tribunal. § 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação. § 3° Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. 1.1. CLASSIFICAÇÃO A jurisdição é una e indivisível, mas é comum dividi-la para efeitos didáticos, quanto ao objeto, à hierarquia, ao órgão. Também é dividida em contenciosa e voluntária. Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser civil ou penal. São de natureza civil todas as que não tenham caráter penal. Há doutrinadores que discordam da limitação a essas duas espécies e incluem as outras esferas jurisdicionais na classificação: trabalhista, penal militar, eleitoral. Quanto à hierarquia, classifica-se em inferior ou superior. Inferior é a que tem a chamada competência originária, ou seja, que recebe o processo primeiro; a superior tem atuação recursal. Relativamente ao órgão que a exerce, poderá ser especial e comum. Especial é definida pela Constituição Federal com base na matéria a ser tratada: Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho e Justiça Militar; sendo a comum todo o restante (daí, falar-se em competência residual). A Justiça Comum é composta pela Justiça Federal e pela Justiça Estadual. x JURISDIÇÃO: pode ser nacional ou internacional. Vejamos: x Jurisdição Nacional: UNA Jurisdição Comum Jurisdição Federal e Estadual. Dividem-se em jurisdição civil e penal. Jurisdição Especial Jurisdição trabalhista, eleitoral e militar. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 58 Jurisdição Internacional x Jurisdição UNA: Adotada no Brasil: Poder Judiciário exerce a jurisdição com exclusividade (causas comuns e administrativas). As causas que envolvem o Estado são julgadas pelo Poder Judiciário. x Jurisdição DUAL: Adotada, por exemplo, na França. Tribunais Judiciários (causas comuns) e Tribunais Administrativos (causas administrativas). As causas que envolvem o Estado são julgadas pelo Poder Administrativo. LIVRO II DA FUNÇÃO JURISDICIONAL TÍTULO II DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL CAPÍTULO I DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 58 nacional. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução deunião estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o. A jurisdição também poderá ter natureza contenciosa ou voluntária. Contenciosa é a rotineira; enquanto na voluntária não há, em tese, conflito de interesses (exemplo: homologação de acordo previamente firmado entre as partes). Nessa espécie, o interessado ou interessados buscam a prestação jurisdicional do Estado quando não podem alcançar seus objetivos sozinhos. (TJ ± CE/ Adaptada) Sobre jurisdição e ação é correto dizer que: 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 58 a) Pelo princípio da aderência os juízes e tribunais exercem a atividade jurisdicional apenas no território nacional. Essa atividade é repartida de acordo com as regras de competência. COMENTÁRIOS: A questão está correta. Percebam que o princípio da aderência ligado ao princípio internacional da não ingerência em assuntos de outros povos impõe os limites territoriais do País para exercício da jurisdição pelo Estado-juiz nacional. Gabarito: A (TST) A jurisdição é a atividade desenvolvida pelo Estado por meio da qual são resolvidos conflitos de interesses visando-se à pacificação social. Acerca desse tema, é correto dizer que a jurisdição pode ser classificada em comum ou especial. Gabarito: A (TST) Por seu inegável alcance social, a justiça trabalhista é exemplo claro de jurisdição comum. Gabarito: B (TST) Considerando-se a sistemática federativa vigente no Brasil, a justiça comum é dividida em federal e estadual. Gabarito: A 1.1.1. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA VERSUS JURISDIÇÃO CONTENCIOSA Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código. (Novo CPC) A jurisdição pode ser: contenciosa ou voluntária. Vejamos cada uma delas. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 58 Em regra, a jurisdição contenciosa decorre de processo judicial. Ela é marcada pelo litígio entre as partes, que, por sua vez, termina com a sentença de mérito. Sua decisão pode ser, e comumente o é, traumática porque beneficia uma das partes somente, causando prejuízo à outra. A jurisdição voluntária, também conhecida como administrativa ou integrativa, é uma atividade estatal de integração e fiscalização. Em verdade, não é voluntária: há obrigatoriedade, em regra, de participação do Poder Judiciário para integrar as vontades e, dessa maneira, tornar apta a produção de seus efeitos. As garantias fundamentais do processo são aplicadas à jurisdição voluntária e também aos magistrados, que estão atrelados a dois elementos: a) Inquisitoriedade: o magistrado poderá decidir de modo contrário à vontade das partes. b) Possibilidade de decisão fundada em equidade (art. 723 do CPC): não se observa na decisão a legalidade estrita. A sentença é baseada nos critérios de conveniência e oportunidade. O órgão jurisdicional tem ampla discricionariedade na condução e na decisão do processo em jurisdição voluntária. 1.1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 1 ± Receptícios: a atividade judicial limita-se a registrar, documentar ou comunicar manifestações de vontade. Exemplo: notificações, protestos. 2 ± Probatórios: a atividade jurisdicional limita-se à produção da prova. Exemplo: justificação. 3 ± Declaratórios: o magistrado limita-se a declarar a existência ou inexistência de uma situação jurídica. Exemplo: da posse em nome do nascituro. 4 ± Constitutivos: a criação, modificação ou extinção de uma situação jurídica dependem da concorrência da vontade do magistrado, por meio de 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 58 autorizações, homologações, aprovações. Exemplo: interdição. 5 ± Executórios: o magistrado deve exercer uma atividade prática que modifica o mundo exterior. Exemplo: alienações de coisas. 6 ± Tutelares: a proteção de interesses de determinadas pessoas que se encontram em situação de desamparo é confiada ao Poder Judiciário ± poderá instaurar os procedimentos ex officio. Exemplo: Nomeação de curadores. Quanto à natureza da jurisdição voluntária, há divergência se ela é de administração pública de interesses privados ou se de atividade jurisdicional. a) Como administração pública ± linha que tem crescido na doutrina brasileira ± parte-se do pressuposto de que a jurisdição voluntária não é jurisdição, mas sim administração pública de interesse privado. Isso porque não existe lide a ser resolvida nem a possibilidade de substitutividade ± o magistrado insere-se entre as partes do negócio jurídico e não as substitui. Além disso, por não ocorrer a jurisdição, não se falaria em coisa julgada, mas em preclusão. b) Como atividade jurisdicional: a jurisdição voluntária tem natureza de atividade jurisdicional. Pode ocorrer relação conflituosa nessa modalidade de jurisdição. Os casos de jurisdição voluntária são conflituosos em potencial e, por isso, submetem-se ao poder judiciário. Vamos, logo abaixo, analisar um pouco mais sobre esse assunto: jurisdição voluntária como administração pública de interesses privados e jurisdição voluntária como atividade jurisdicional. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual CivilTeoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 58 x Jurisdição voluntária como administração pública de interesses privados Na doutrina brasileira, discute-se se a questão de que a jurisdição voluntária não seria jurisdição, mas administração pública de interesses privados realizada pelo Poder Judiciário. Essa construção doutrinaria parte da premissa, como exposto no quadro acima, de que a jurisdição voluntária, por não possuir lide a ser solucionada, não pode ser considerada jurisdição. Também não poderíamos falar em substitutividade uma das características da jurisdição, porque o juiz não substitui os sujeitos processuais, e, sim, insere-se entre os participantes do negócio jurídico. Desse modo, porque não há conflito, não existem sujeitos processuais, só meros interessados. Não havendo jurisdição, não haveria que se falar em ação nem em processo, mas em requerimento e procedimento. Igualmente, não existindo jurisdição, não há coisa julgada, mas preclusão. Diferenças doutrinárias acerca da jurisdição voluntária Ju ri sd iç ão v o lu n tá ri a Doutrina majoritária (clássica) Doutrina minoritária (moderna) Não há jurisdição Há jurisdição Não existem partes no processo, meros interessados Há partes Não há ação nem processo, mas requerimento e procedimento Há processo Não faz coisa julgada, mas preclusão Há coisa julgada 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 58 É uma atividade administrativa É uma atividade jurisdicional Não há substutividade; juiz é administrador Há substutividade: juiz é juiz (TJ - ES) A jurisdição civil pode ser contenciosa ou voluntária, esta também denominada graciosa ou administrativa. Ambas as jurisdições são exercidas por juízes, cuja atividade é regulada pelo Código de Processo Civil, muito embora a jurisdição voluntária se caracterize pela administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais, ou seja, não existe lide ou litígio a ser dirimido judicialmente. COMENTÁRIOS: Correto. Percebam que a banca considerou correta a questão da ausência de litígio na jurisdição, um elemento que destacamos em nossa aula, mas que tem sido combatido pela doutrina moderna. No enunciado da questão, a jurisdição voluntária é também nomeada de administrativa, mais uma característica da doutrina clássica. (TRT 11ª Região/ Adaptada) Sobre jurisdição, é correto afirmar: Nos procedimentos não contenciosos, há função jurisdicional apenas sob um ponto de vista estritamente formal. COMENTÁRIOS: Correto. (QWUH�DV�RSo}HV�RIHUHFLGDV�SHOD�EDQFD��³D´�D�³H´���FRQVLGHURX- VH� FRUUHWD� D� OHWUD� ³F´�� TXH� FLWDPRV�� 'HVVH� modo, o entendimento da banca, clássico e majoritário, é de que a jurisdição voluntária é jurisdição apenas em seu aspecto formal, já que relativamente ao conteúdo pode ser entendida como administração de interesses particulares pelo Poder Judiciário. A Teoria Revisionista, por seu turno, considera a Jurisdição Voluntária uma jurisdição propriamente dita, já que é possível a ocorrência da lide. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 58 Relativamente à existência da lide, o STJ já se pronunciou de acordo com esta teoria, afirmando que o litígio pode ou não estar presente na jurisdição administrativa, mas não é essencial para a propositura da ação. Sentido em que se manifestaram consagrados autores como Alexandre de Freitas Câmara e Fredie Didier. É exemplo de jurisdição voluntária a separação consensual, já que o ato judicial irá conferir validade ao negócio jurídico que se realizar. Mas acidentalmente pode haver conflito na separação consensual; diz-se acidentalmente porque não é parte essencial do negócio jurídico. Percebam a diferença, na qualidade de voluntária, a jurisdição não tem como aspecto essencial a lide, mas é um possível elemento acidental, ou seja, que pode vir a ocorrer num dado momento; enquanto na qualidade de contenciosa, a lide está virtual/real e essencialmente ligada à jurisdição. Didier cita os casos de interdição e de retificação de registro como procedimentos de jurisdição voluntária que normalmente dão ensejo a controvérsias. De fato não são raros os casos em que surgem questões que devem ser solucionadas pelo magistrado, por exemplo, as divergências entre o pai e o menor que queira se emancipar (jurisdição voluntária com lide acidental). ³É por isso que se impõe a citação dos possíveis interessados, que podem, de fato, não opor qualquer resistência, mas não estão impedidos de fazê-lo. São frequentes os casos em que, em pleno domínio da jurisdição voluntária, surgem verdadeiras questões a demandar juízo do magistrado.´� (Didier) Outra distinção que pode ser considerada entre Jurisdição Voluntária e Contenciosa refere-se, ainda, à pretensão. Nesse aspecto, vale destacar: pode haver processo sem lide, mas não há processo sem pretensão. O Juiz exerce a função jurisdicional quando provocado ± esta provocação é que chamamos de pretensão e, por meio dela, dá-se a integração da jurisdição voluntária ou da jurisdição contenciosa. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 58 Não se debrucem em demasia sobre estas contradições, pelo menos, não para o concurso. Como bem disse Leonardo Greco, ³WRGRV�HVVHV� critérios são imperfeitos, porque a jurisdição voluntária abrange uma variedade tão heterogênea de procedimentos, nos quais sempre vamos encontrar o desmentido de um ou de outro desses FULWpULRV´� Leiam este elucidativo acórdão do STJ, em que grifamos os trechos mais importantes sobre a matéria: [...] não parece adequado afirmar categoricamente que na jurisdição voluntária não há bem litigioso e tampouco lide. A mais recente doutrina processualista tem ressaltado o equívoco em se qualificar a chamada jurisdição administrativa de atividade não jurisdicional em razão da suposta ausência de lide. Afirma-se, modernamente, que a jurisdição voluntária não equivale a demanda sem lide. O litígio pode ou não verificar-se no seio da jurisdição administrativa: ele apenas não é essencial para a propositura da ação. [...] Para ilustrar a atenuação que se verifica na diferenciação entre a jurisdiçãovoluntária e a jurisdição contenciosa, transcrevo trecho da obra de Leonardo Greco (GRECO, Leonardo. Jurisdição Voluntária Moderna. São Paulo: Editora Dialética, 2003, p. 23): Apesar das divergências de opinião, há algumas características que geralmente são apontadas pela doutrina para diferenciar a jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária. Na primeira haveria lide, na segunda não; na primeira haveria partes em posições subjetivas antagônicas, na segunda apenas um ou mais interessados concordantes em suas postulações; a primeira incidiria sobre situações fáticas preexistentes, enquanto a segunda teria caráter constitutivo; a primeira seria repressiva e a segunda preventiva; na primeira, a atividade judicial seria substitutiva da vontade das partes, na segunda os interessados dependeriam da concorrência da vontade estatal manifestada pelo juiz, sem a qual não poderiam isoladamente alcançar o efeito jurídico almejado; na primeira o juiz tutelaria direitos subjetivos, enquanto na segunda, meros interesses; na primeira, os procedimentos previstos em lei não seriam exaustivos, na segunda o juiz somente poderia atuar com expressa previsão legal; na primeira haveria formação da coisa julgada, na segunda não; na primeira o juiz estaria adstrito ao pedido do autor, enquanto na segunda o juiz poderia agir de ofício ou adotar providência diversa da que lhe fosse requerida. Todos esses critérios são imperfeitos, porque a jurisdição voluntária abrange uma variedade tão heterogênea de procedimentos, nos quais sempre vamos encontrar o desmentido de um ou de outro desses critérios. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 58 REsp 942.658-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 2.6.2011. 1.2. ESCOPOS DA JURISDIÇÃO O estudo da jurisdição pode ter em consideração os objetivos que persegue. Distinguindo-se em: escopo jurídico, social, educacional e político. O escopo jurídico decorre da efetiva aplicação da vontade da lei, dando fim à lide. Já está vencido o entendimento de que esse seria o único objetivo da jurisdição (aplicação da lei; fim do conflito). No escopo social, pretende-se a pacificação social, de modo que se resolva a lide de caráter social. Nesse escopo, a jurisdição não tem como intenção fundamental a solução do conflito jurídico, mas a solução no plano fático, que traga a maior satisfação possível às partes. A transação consiste, assim, em excelente modo de alcançar esses objetivos, porque ocorre a partir da cessão mútua de interesses e tende a extinguir o conflito sem imposição severa a alguma das partes (solução do conflito (fático); satisfação das partes). O escopo educacional deriva da função de divulgar (ensinar) a todos os jurisdicionados, incluindo-se ± obviamente ± as partes envolvidas no processo, quais os seus direitos e deveres. É escopo bem amplo, que ganhou importância nos julgados contemporâneos, que se revestem de verdadeiro caráter didático. Os mais importantes julgamentos são acompanhados por meios de comunicação, que os tornam acessíveis a grande número de indivíduos (divulgação dos direitos e deveres de todos os jurisdicionados). O escopo político, por sua vez, prisma pelo bom funcionamento jurisdicional que eleva a credibilidade do Estado perante os indivíduos e, desse modo, estimula a participação democrática por meio do processo (estimula a participação democrática). 1.3. PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 58 1.3.1. INVESTIDURA O Poder Judiciário possui um caráter inanimado e, por isso, necessita escolher pessoas para representar o Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional. Investido do poder jurisdicional, o juiz (sujeito escolhido para ser o agente público representante do Estado), também chamado de Estado-Juiz, é o responsável pela solução da lide. No Brasil, existem duas maneiras de obter a investidura: o concurso público (art. 93, I, CF) e indicação do Poder Executivo (quinto constitucional ± art. 94 da CF). x Somente a autoridade investida de poder jurisdicional pode exercer a jurisdição. x Tanto a jurisdição civil, voluntária como a contenciosa é exercida pelos Juízes, em todo o território nacional ± a jurisdição é UNA. (Furnas) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Assim sobre jurisdição é correto afirmar que a jurisdição a) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional. b) civil é contenciosa e involuntária e é exercida pelos juízes, em todo o território nacional. c) civil é voluntária, exercida pelos juízes de paz, em todo o território nacional e internacional. d) militar, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes estaduais, em todo o território nacional. e) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional e internacional. COMENTÁRIOS: 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 58 Letra a é a correta. A jurisdição, seja contenciosa ou voluntária, é exercida pelos juízes. Os juízes são investidos de jurisdição para atuar em todo o território nacional conforme sua competência. O erro da letra B está em mencionar jurisdição involuntária, modalidade que não existe. Na letra C, o erro está em mencionar os juízes de paz como aqueles investidos de jurisdição. Erro da letra D: A jurisdição militar é da competência dos Juízes- Auditores, integrante da Justiça Militar da União (vide Lei nº 8.457, de 4 de setembro de 1992), não pelos juízes estaduais. Erro da letra E: Os juízes nacionais não têm jurisdição internacional. Gabarito: A Gabarito: D 1.3.2. TERRITORIALIDADE A autoridade dos juízes será exercida nos limites territoriais do seu Estado. Assim, a jurisdição é exercida em um dado território (art. 60 e 255). (Procurador Maricá-RJ) A jurisdição é entendida como o: a) poder do juiz em prolatar sentenças b) poder do juiz em efetivar pretensões c) poder do juiz em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional d) poder-dever-atribuição do Estado em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional e) poder do STF, na solução superior das demandas. COMENTÁRIOS: Único item com resSRVWD� DGHTXDGD� p� D� OHWUD� ³'´�� -i� TXH� D� MXULVGLomR� confere ao Estado-juiz mais do que um poder, mas um dever, uma atribuição de prestar atutela jurisdicional pleiteada. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 58 Existem, no entanto, exceções ao princípio da territorialidade. Situações em que o juízo poderá praticar atos fora de sua comarca ou seção judiciária. Um exemplo é a citação pelo correio (art. 247, caput, NCPC). x Esse princípio é uma forma de limitação do exercício da jurisdição. 1.3.3. INDELEGABILIDADE Deve ser analisado por meio de dois prismas, o externo, tendo a Constituição Federal atribuído a função jurisdicional ao Poder Judiciário, não SRGH�GHOHJDU�WDO�IXQomR�D�RXWURV�SRGHUHV�RX�yUJmRV��([FHomR��³IXQomR�HVWDWDO� DWtSLFD´��H�R� LQWHUQR��HP�TXH�D�FRPSHWrQFLD�DWULEXtGD�D�XP�yUJmR� MXULVGLFLRQDO� para analisar uma demanda não poderá ser delegada a outro. x O exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Não é possível delegar o poder decisório a outro órgão, pois violaria a regra da competência e o princípio do juiz natural. No entanto, existem hipóteses de delegação a outros poderes judiciais, como o poder de execução das decisões. 1.3.4. INEVITABILIDADE O princípio da inevitabilidade ocorre em dois momentos distintos. Primeiro, quando os sujeitos do processo sofrem a vinculação obrigatória ao processo judicial, ou seja, uma vez integrantes da relação jurídica processual, os sujeitos não podem, independendo de concordância ou vontade, deixar de cumprir o chamado jurisdicional. Segundo, em consequência da integração obrigatória, os sujeitos ficam em um estado de sujeição ± suportam todos os efeitos da decisão judicial, mais uma vez, independentemente de gostar ou concordar com ela. x Devem as partes submeter-se à decisão do órgão jurisdicional. 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 58 1.3.5. INAFASTABILIDADE De acordo com o inciso XXXV do art. 5o da CF, a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de direito. O acesso à ordem jurídica adequada não pode ser negado a quem tem justo direito ameaçado ou prejudicado. Esse princípio também pode ser analisado sob o aspecto da relação entre a jurisdição e a solução administrativa de conflitos. Nessa visão, o sujeito não é obrigado a utilizar os mecanismos administrativos antes de provocar o poder judiciário em razão de ameaça de lesão ou lesão ao direito. No entanto, há exceções, como: x Nas questões desportivas: art. 217, § 1° da CF: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. x O juiz não pode invocar a lacuna da lei e deixar de julgar o processo. x Não é necessário esgotar as vias administrativas para provocar o Poder Judiciário. O interessado pode procurar tanto a via administrativa como a judiciária. 1.3.6. JUIZ NATURAL O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira relacionada ao órgão jurisdicional e a segunda com a pessoa do juiz ± a imparcialidade do magistrado. O primeiro aspecto do princípio quer assegurar que os processos sejam julgados pelo juízo competente, ou seja, que a competência constitucional preestabelecida seja cumprida. Já o segundo aspecto surge para garantir que o juiz responsável pelo julgamento da demanda seja imparcial. Trata-se da essencial exigência de imparcialidade que permite que o julgamento do processo seja justo. Em razão dessa segunda faceta, as leis 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 58 processuais estabelecem as causas de impedimento e suspeição do magistrado. x Hipóteses de Impedimento do Juiz Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. x Hipóteses de Suspeição do Juiz 00000000000 00000000000 - DEMO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 58 Art. 145. Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes
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