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1 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche TEXTO DE APOIO DE ESTATÍSTICA I TEMA II. TEORIA DE AMOSTRAGEM 2.1 Generalidades Na maior parte dos casos o estudo dos fenómenos é feito observando apenas uma parte dos elementos do conjunto, ou seja através de amostras. Por esquema ou tipo de amostragem entende-se o método através do qual se escolhe uma amostra da população, de modo a que os resultados obtidos com base na amostra sejam inferidos à poluição, com base na estatística indutiva. O objectivo da teoria de amostragem é tornar a selecção da amostra mais eficiente, desenvolvendo métodos de selecção de amostras e de estimação que forneçam, a um custo mais baixo possível, estimativas suficientemente precisas para o estudo que se pretende efectuar. Amostragem e Recenseamento A recolha de dados para além da via administrativa, pode ser feita de duas maneiras: Observando todos elementos da população em estudo, e está-se perante um Recenseamento ou Inquérito exaustivo; Observando apenas alguns elementos dessa população (uma amostra), e está-se perante uma investigação ou inquérito por amostragem. A opção, na maior parte dos casos, por inquéritos por amostragem tem a ver fundamentalmente com os seguintes factores: Custo: No inquérito por amostragem os custos são menores na medida em que é observada apenas uma parte da população. Rapidez: A realização e divulgação dos resultados de um inquérito por amostragem é feito em menos tempo, quando uma operação censitária pode durar anos. Precisão e qualidade dos resultados: Os resultados dum inquérito por amostragem bem planeado e executado são geralmente mais fiáveis que os dum censo. 2 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche Esta fiabilidade prende-se com o facto de ser possível num inquérito por amostragem, dada a menor dimensão dos elementos a inquirir, utilizar pessoal mais qualificado e melhor treinado e daí ser possível uma observação mais precisa das características em estudo. O método por amostragem apresenta, no entanto, limitações devido aos erros de amostragem. Na extrapolação dos resultados a partir da amostra para a população, diferentes amostras conduzem a diferentes resultados. Quanto maior for o tamanho da amostra maior será a precisão. Há que considerar também, o facto de os resultados dum inquérito por amostragem serem representativos até um determinado nível de agregação. No censo é possível divulgar resultados a níveis mais desagregados. Os recenseamentos são a base para extracção das amostras e a sua informação é usada para melhorar as estimativas dos inquéritos por amostragem. Campos de utilização dos inquéritos por amostragem Os inquéritos por amostragem são hoje em dia o garante da produção estatística que serve de suporte para a planificação económica e social, em esferas como a pobreza, emprego, produção, saúde, etc. Os inquéritos são também utilizados nos recenseamentos da população para a realização de perguntas extras a uma certa percentagem dos indivíduos ou para acelerar a publicação dos resultados. As amostras são o principal recurso para a produção de estatísticas correntes, por exemplo, o inquérito mensal à indústria, o inquérito mensal aos preços, o inquérito mensal ao turismo. Os estudos de mercado são também realizados com base em inquéritos por amostragem, tais são os casos de previsões eleitorais, inquéritos de opinião, satisfação dos clientes em relação a determinado serviço, etc. Aspectos a ter em consideração num inquérito por amostragem Dada a sua complexidade, o planeamento e execução de um inquérito no geral e neste caso específico por amostragem, requer um cuidado especial nos seguintes aspectos: Objectivos do inquérito – permitem a definição da linha de orientação do estudo e a população da qual se pretende obter informação. 3 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche População a inquirir – uma definição errada da população, conduz a resultados errados do inquérito, na medida em que uma amostra é um subconjunto da população. Dados a recolher – verificar a relevância dos dados a recolher para os objectivos do inquérito, evitando-se assim a omissão de dados essenciais. Grau de precisão desejado dos resultados – os resultados dos inquéritos estão sujeitos a erros de amostragem (devidos a que apenas uma parte da população é observada) e a erros de medição. No caso dos erros de amostragem a solução encontra-se em aumentar o tamanho da amostra e nos de medição usando melhores instrumentos. Métodos de medição – existem várias opções para a recolha de dados, tal é o caso da entrevista directa, da entrevista por via postal ou por telefone, etc. Base de amostragem – é a lista das unidades de amostragem (agregados familiares, exploração agrícola, unidade de produção industrial, etc.) Selecção da amostra – a selecção da amostra obedece à definição do tamanho da amostra a partir do conhecimento do grau de precisão desejado, em conjugação com os custos e o tempo relativos à operação. Pré-teste (Inquérito piloto) – é importante testar o questionário e o trabalho de campo de modo a identificar possíveis melhoramentos no questionário e outras dificuldades não previstas inicialmente. Organização e trabalho de campo – em caso de utilização de pessoal de campo, este deve beneficiar de formação sobre os objectivos do inquérito e sobre os métodos de recolha de informação. Deve-se tomar precauções no que se refere à incapacidade do inquiridor em obter informação de certas unidades na amostra. Compilação e análise dos dados – em primeiro lugar registam-se os questionários completos, diminuindo dentro do possível os erros relacionados com a operação. Nos cálculos, deve-se escolher o método de estimação mais adequado. Informação obtida para futuros inquéritos – Terminado um inquérito é possível melhorar a amostra futura a partir dos dados fornecidos sobre as médias, 4 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche desvios, natureza da variabilidade das principais características a medir e acerca dos custos envolvidos na obtenção dos dados. Determinação do tamanho da amostra Num inquérito por amostragem o tamanho da amostra é uma questão crucial e está directamente relacionado com a precisão dos resultados que serão obtidos. Quanto maior for o tamanho da amostra maior precisão terão os resultados, na medida em que o tamanho da amostra estará mais próximo da população e quanto menor for o tamanho da amostra menos precisos serão os resultados. O tamanho da amostra depende basicamente dos factores seguintes: Número de grupos e subgrupos na amostra a analisar Nível de precisão e grau de confiança pretendidos para os resultados Custo da operação e disponibilidade de recursos financeiros Variabilidade da característica em estudo na população. Quanto maior for a diferença entre os elementos da população menor será o tamanho da amostra e quanto mais homogéneos forem os elementos a dimensão da amostra pode ser pequena. 2.2 Métodos de amostragem 5 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche Os métodos de amostragem podem ser não probabilísticos (empíricos) ou probabilísticos (aleatórios). Os métodos empíricos, são de fácil aplicação e baixo custo, mas não permitem em geral tirar conclusões sobre a precisão dos resultados, enquanto que os métodos probabilísticos, cuja base éa Teoria das Probabilidades, permitem calcular a precisão das estimativas obtidas a partir da amostra. Amostragem probabilística ou aleatória Amostragem casual ou aleatória simples É o processo mais elementar e frequentemente utilizado e equivalente a um sorteio de lotaria. Para a sua realização enumeramos a população de 1 a n, fazemos o sorteio de x números dessa sequência, os quais corresponderão aos elementos pertencentes à amostra. Exemplo: Vamos obter uma amostra, de 10%, representativa para a pesquisa da estatura de 90 alunos duma escola: a) Enumeramos os alunos de 1 a 90. b) Escrevemos os números dos alunos, de 1 a 90, em pedaços iguais de papel, colocamos numa urna e após a sua mistura retiramos, um a um, nove números que formarão a amostra. OBS: quando o número de elementos da amostra é muito grande, esse tipo de sorteio torna-se muito trabalhoso. Neste caso utiliza-se uma Tabela de números aleatórios geralmente encontrada nos livros de estatística, construída de modo que os algarismos de 0 a 9 são distribuídos ao acaso nas linhas e colunas. Um outro processo consiste em gerar aleatoriamente pelo computador. Amostragem aleatória estratificada Nos casos em que a população se divide em estratos (sub populações), convém que o sorteio dos elementos da amostra leve em consideração tais estratos, daí obtemos os elementos da amostra proporcional ao número de elementos desses estratos. 6 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche Exemplo: Vamos obter uma amostra proporcional estratificada, de 10%, do exemplo anterior, supondo, que, dos 90 alunos, 54 são do sexo masculino e 36 são do sexo feminino. São portanto dois estratos (sexo masculino e sexo feminino). Logo, temos: Sexo População 10% Amostra Masculino 54 5,4 5 Feminino 36 3,6 4 Total 90 9,0 9 Enumeramos então os alunos de 01 a 90, sendo 01 a 54 do sexo feminino e 55 a 90, do sexo masculino e procedemos ao sorteio casual com urna ou tabela de números aleatórios. Amostragem sistemática Quando os elementos da população já se encontram ordenados a selecção dos elementos que constituirão a amostra pode ser feita por um sistema imposto pelo pesquisador. São exemplos as residências de uma avenida, os apartamentos num prédio, etc. Exemplo: Suponhamos uma rua com 900 casas, das quais desejamos obter uma amostra formada por 50 casas para uma pesquisa de opinião. Podemos, neste caso, usar o seguinte procedimento: como 900/50 = 18, escolhemos por sorteio casual um número de 01 a 18, o qual indicaria o primeiro elemento sorteado para a amostra; os demais elementos seriam periodicamente considerados de 18 em 18. Assim, suponhamos que o número sorteado fosse 4 a amostra seria: 4ª casa, 22ª casa, 40ª casa, 58ª casa, 76ª casa, etc. Amostragem por conglomerados Algumas populações não permitem, ou a identificação dos seus elementos é extremamente difícil, sendo porém relativamente fácil identificar alguns subgrupos da população. Em tais casos, uma amostra aleatória simples desses subgrupos (conglomerados) pode ser colhida, e uma contagem completa deve ser feita para o conglomerado sorteado. Agrupamentos típicos são quarteirões, famílias, organizações, agências, edifícios etc. Exemplo: Num levantamento da população de determinada cidade, podemos dispor do mapa indicando cada quarteirão e não dispor de uma relação actualizada dos seus moradores. Pode-se, então, colher uma amostra dos 7 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche quarteirões e fazer a contagem completa de todos os que residem naqueles quarteirões sorteados. Métodos não probabilísticos Amostragem acidental Trata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis de se obter até completar o número de elementos da amostra. Geralmente utilizada em pesquisas de opinião, em que os entrevistados são acidentalmente escolhidos. Exemplos: Pesquisas de opinião em praças públicas, ruas movimentadas de grandes cidades, etc. Amostragem intencional De acordo com determinado critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos que irão compor a amostra. O investigador se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinião. Exemplo: Numa pesquisa sobre preferência por determinado cosmético, o pesquisador se dirige a um grande salão de beleza e entrevista as pessoas que ali se encontram. Amostragem por quotas É o método não aleatório de amostragem mais utilizado e é semelhante ao método de amostragem aleatória estratificada, diferindo apenas no facto de a selecção dos elementos da amostra não ser aleatória. O método é mais usado em levantamentos de mercado e em sondagens eleitorais. Ele abrange três fases: 1. Definir quotas, ou seja, dividir a população em categorias. 2. Seleccionar os elementos, cabendo ao entrevistador tomar a decisão de quem é escolhido. Obriga-se ao entrevistador respeitar as quotas estabelecidas no plano de amostragem. 8 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche Exemplo: Suponhamos que queremos fazer uma pesquisa sobre “quem pratica exercício físico”. É certo que temos que ter em conta a idade, o sexo, o tempo livre, etc. Em primeiro lugar teríamos que saber a proporção existente na população dessas características: Supondo que existem na população 40% de homens e 60% de mulheres. Então, o entrevistador terá de inquirir 40% de homens e 60% de mulheres, o que será a sua “quota”. 9 Texto de apoio de Estatística I Por: Firmino Alberto Guiliche 2.3 Exercícios 1. Um investigador realizou um inquérito por amostragem, cuja população que serviu de base de selecção da amostra não era conhecida. Faça um comentário à volta dos resultados obtidos no inquérito. 2. Quais na sua opinião acha que podem ser os riscos dos inquéritos realizados com base em amostras não probabilísticas. 3. Diga se as afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas: a) Um inquérito por amostragem é oneroso na medida em que acarreta elevados custos de desenho da amostra. b) A divulgação dos resultados de um inquérito por amostragem é feita em menos tempo relativamente a uma operação censitária. c) Os resultados dum inquérito por amostragem são geralmente mais fiáveis porque a inquirição é feita a todos os elementos da população. d) A fiabilidade dos resultados dum inquérito por amostragem depende do tamanho da amostra. e) O nível de desagregação dos resultados dum inquérito por amostragem depende também do tamanho da amostra.
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