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26 psique ciência&vida www.portalespacodosaber.com.br IM AG EN S: S HU TT ER ST OC K Por Paty Fonte e Jean-Jacques Roger Hemery EQUILÍBRIO EMOCIO NAL É INTELIGÊ NCIA Éurgente desenvolvermos competências socioemo-cionais tanto quanto cogni-tivas, promovendo indiví-duos mais felizes e proativos, o que resultará na diminuição dos índices de suicídio, amenizará doenças físicas e psicossomáticas e diminuirá a violência. O mundo tecnológico avan- ça avassaladoramente. É possível CAPA observarmos bebês manipulando telas touch scream de videogames portáteis, smartphones e tablets com uma desen- voltura impressionante. O acesso ao mundo virtual ocorre desde a mais tenra idade e vivemos um bombardeio de estímulos e informações. Assim sendo, a escola como o lugar de conhecimento e o(a) professor(a) como transmissor(a) deste não fazem mais nenhum sentido. Entretanto, in- felizmente, a realidade é que todas as mudanças na sociedade, na infância, nos ambientes e relações de trabalho estão distantes da instituição escolar. A educação formal, arraigada em seus paradigmas, vislumbra como so- lução a quantidade de informações e afazeres infantis. Com isso, é comum uma criança com apenas 4 anos ter uma COMPETENCIAS.indd 26 18/04/2019 18:50 psique ciência&vida 27 Paty Fonte é especialista em Educação Infantil e Pedagogia de Projetos. Autora do livro Competências Socioemocionais na Escola (Wak Editora). Jean-Jacques Roger Hemery é psicólogo clínico, especializado em Gestalt terapia e síndrome do pânico. O mundo moderno exige o desenvolvimento das competências socioemocionais, tanto quanto as cognitivas, o que, resultará em uma próxima geração mais segura e afetuosa IM AG EN S: S HU TT ER ST OC K EQUILÍBRIO EMOCIO NAL É INTELIGÊ NCIA agenda repleta de compromissos, aulas de línguas estrangeiras, de reforço, de es- portes, instrumentos musicais etc. Mal a criança aprende a falar e sua família an- seia pela alfabetização (tantas vezes bilín- gue) e o aprendizado matemático. Desde muito cedo o aspecto cog- nitivo é priorizado. Nesse sentido, as crianças crescem competentes inte- lectualmente e apresentam problemas sérios de fundo emocional. É alarman- te o índice de violência, intolerância e bullying nas escolas. Nosso século é marcado pela tecno- logia e por transtornos emocionais. Assustadoramente, aumentam os índices de problemas psíquicos entre crianças e jovens. Cresce a cada dia o número de jovens que se mutilam. A automutilação atinge adolescentes no COMPETENCIAS.indd 27 18/04/2019 18:50 CAPA www.portalespacodosaber.com.br Brasil e no mundo. Pesquisas indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal. Além disso, em nosso país, as taxas de suicídio cresceram na população em geral, especialmente entre os jovens. O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Entre os homens nesta faixa etária, é o terceiro motivo mais comum; entre as mulheres, o oitavo. Jovens que são cobrados excessiva- mente por sua família para completarem seus estudos e buscarem empregos ren- táveis que lhes possam garantir uma boa vida. Mas o que é ter uma vida boa? É ter dinheiro ou posição social? Sem responder a essa questão temos uma outra camada da população que não atende as exigências escolares, não acumula as informações necessárias, não tem acesso aos mesmos compromissos sociais, nem aos mesmos cursos e aulas, vive à margem da intelectualidade. Será que não são inteligentes o sufi ciente? O que é ser inteligente? Podemos refl etir também sobre aqueles que sem a estrutura fi nanceira necessária persistem, insistem, acreditam em seu potencial e vão além das expecta- tivas, tornam-se bem-sucedidos. O que fez a diferença na vida desses indivíduos? Retornando aos jovens promisso- res, cujos pais investiram desde cedo em suas carreiras, não são exceções os casos daqueles que mesmo com um currículo invejável são rejeitados em entrevistas de emprego, não sabem trabalhar em equipe, são egocêntricos ou manipula- dores, desistem frente aos obstáculos e/ ou não são criativos. Constituição do pensamento infantil O brinquedo estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Proporcio- na aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da con- centração, da atenção. Vygotsky (1987) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tá- til, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. Para ele, através do brincar a criança busca compreender o mundo. Mais comum ainda é conseguir um bom cargo, conforme o previsto, mas não se manter nele. Basta um olhar atento e sensível para notar que as emoções infl uenciam o nos- so cotidiano e que não há como fugir. O mesmo olhar que atenta às diferenças, às peculiaridades dos seres humanos. Seres que são avaliados com as mesmas provas, são ensinados com os mesmos livros e atividades, são tantas vezes comparados, inferiorizados, rotulados. Reflexão A sociedade da informação precisa parar e refl etir. A refl exão requer coragem, esforço próprio que visa o au- toconhecimento. Não é possível acei- tar como verdade absoluta tudo que se vê. Visão das informações massifi cadas e engessadas que perpassam gerações nos bancos escolares. Visão das famí- lias tradicionais e etnocentristas. Visão do que é mais difundido e “curtido” nas redes sociais. Visão daqueles que querem vender à custa da sua falta de refl exão. Como bem deixou de legado o grande mestre Rubem Alves: “Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. O ato de ver não é coisa na- tural, precisa ser aprendido”. As velozes transformações tecnoló- gicas e sociais afetaram nossa capacida- de de ver e refl etir? Segundo Morin (2000a), as concep- ções de verdade única e de supremacia da razão, pilares da ciência moderna, não se sustentam diante da velocidade das transformações sociais, da pluralidade da produção cultural humana, do reconheci- mento da condição histórica do homem. [...] não é absolutamente um pen- samento que elimina a certeza pela in- certeza, que elimina a separação pela inseparabilidade, que elimina a lógica para permitir todas as transgressões. A caminhada consiste, ao contrário, em fa- zer um ir e vir incessante entre as certe- zas e as incertezas, entre o elementar e o global, entre o separável e o inseparável. Com o desenvolvimento das competências socioemocionais, a tendência é a diminuição dos índices de suicídio, doenças e violência COMPETENCIAS.indd 28 18/04/2019 18:50 psique ciência&vida 29www.portalespacodosaber.com.br A educação formal, arraigada em seus paradigmas, vislumbra como solução a quantidade de informações e afazeres infantis. Com isso, é comum uma criança com apenas 4 anos ter uma agenda repleta de compromissos são construídas por uma extensa e com- plexa rede de conhecimentos e com- portamentos relacionados ao sucesso ou ao fracasso de um empreendimento. Parhomenko (2014) as define, dentro do contexto europeu, como a capaci- dade de gerenciamento de comporta- mentos, permitindo que os indivíduos se envolvam e relacionem-se harmonio- samente com outras pessoas dentro de um contexto social. Portanto, os seres humanos desenvolvem mecanismos que lhes permitem lidar com as mais va- riadas situações impostas pela vida, na superação dos problemas, desde que te- nham crenças e habilidades socioemo- cionais que lhes deem suporte para isso. Perseverança, resiliência, determi-nação, colaboração, autocontrole, curio- sidade, otimismo e confiança indepen- dem do nosso intelecto, da nossa cultura e formação. O desequilíbrio emocional sabota as mentes eruditas através de ansiedade exagerada, atitudes explosivas e/ou di- ficuldades no trabalho em equipe e no relacionamento com as diferenças. É nítida a importância de promo- vermos alfabetização emocional desde a mais tenra idade. Você se considera alfabetizado emocionalmente? É fundamental para qualquer ser humano viver em sociedade e estabelecer vínculos saudáveis consigo mesmo e com os outros. Educar emocio- nalmente implica for- talecer o indivíduo, resgatar valores, APRENDIZAGENS E INTERAÇÕES COM O ENTORNO SOCIAL para saber mais O ser humano nasce muito frágil e depende totalmente do meio ambiente para sobreviver. Do ponto de vista orgânico, o bebê precisa de alguém que o ali- mente, o limpe, o proteja. Do ponto de vista psíquico, o bebê humano precisa das relações que estabelece com outros seres humanos para se constituir enquanto sujeito (Winnicott, 1975) e para desenvolver as funções psicológicas superiores próprias da raça humana (Vygotsky, 1991). Ou seja, nós nos constituímos enquan- to seres humanos nas e pelas aprendizagens promovidas pelas interações com o entorno social. O homem torna-se humano porque aprende. É um ser histórico e social, cada geração acumula e amplia os conhecimentos das gerações. [...] Não se trata de opor um holismo global e vazio ao reducionismo mutilan- te; trata-se de ligar as partes à totalidade (Morin, 2000a, p. 212). É preciso vislumbrarmos o ser hu- mano integral e único para alcançarmos o que propõem Alves e Morin. O ser que desenvolve seu cére- bro a partir de experiências de vida. Experiências essas relacionadas aos seus cinco sentidos, a sua capacidade de inte- riorizar-se e também de relacionar-se. O ser que reconhece suas capacida- des e sabe quais são seus limites. O ser que busca ampliar as diversas habilidades, mas identifica aquilo que faz de melhor e sente prazer nisso. O ser que é resiliente e aprende com os erros, ressignificando-os. O ser que estende a mão, dá as mãos, pois sabe que não fará nada sozinho, en- tão coopera mais e compete menos. O ser que teve a oportunidade de brincar na infância. Nas escolas A nova Base Nacional Comum Cur-ricular (BNCC) incluiu o ensino das competências socioemocionais nas escolas. Mais do que uma exigência do- cumental, é uma necessidade. Todavia, nós, adultos, não temos como ensinar algo sem antes aprendermos. Portan- to, para desenvolvermos habilidades socioemocionais nas crianças e jovens, antes temos que nos per- mitir desenvolvê-las em nós. Enquanto adultos, estamos abertos e receptivos para tal? É fundamental nos cons- cientizarmos que apenas a razão não supre a forma- ção profissional de um indivíduo, levando em consideração as necessi- dades humanas que cada um apresenta, sejam elas emocionais ou sociais. As habilidades socioemocionais Hoje é possível observar bebês manipulando telas touch scream de videogames, smartphones e tablets com muita desenvoltura COMPETENCIAS.indd 29 18/04/2019 18:50 CAPA 30 psique ciência&vida www.portalespacodosaber.com.br O desequilíbrio emocional sabota as mentes através de ansiedade exagerada, atitudes explosivas e/ou dificuldades no trabalho em equipe e no relacionamento com as diferenças. É importante promover alfabetização emocional desde cedo IM AG EN S: S HU TT ER ST OC K E FR EE PI K o senso de respeito, de solidariedade e responsabilidade. E isso pode propor- cionar mudança signifi cativa nas próxi- mas gerações. A escola é o grande espaço socializa- dor e não se traduz na frieza dos conteú- dos disciplinares, mas na junção do cog- nitivo com o emocional. Aprendemos na interação, pela emoção e não apenas pelo intelecto. Nossos sentimentos norteiam um desenvolvimento efetivo ou não. Se nos sentimos felizes, seguros e confi antes, isso refl ete-se positivamente na vida esco- lar e, futuramente, na vida profi ssional. Como mensurar uma aprendiza- gem socioemocional? É possível avaliar se um indivíduo aprendeu ou desen- volveu habilidades socioemocionais? Quais são as principais habilidades so- cioemocionais a serem desenvolvidas? Identificação Muitas são as discussões acadêmi-cas em torno da identifi cação e da mensuração das competências socioemocionais e quais deveriam ser desenvolvidas no espaço escolar. São inúmeras pesquisas delimitando diver- sas habilidades – a amplitude das carac- terísticas de personalidade humana é enorme! É necessário realizar uma ta- xonomia que permita recortes e afuni- lamentos para defi nir e organizar focos de trabalho pedagógico. Potencializar emoções Habilidades socioemocionais levam em consideração como o indivíduo consegue refletir sobre suas emo- ções, quando precisa tomar decisões intrapessoais e interpessoais. É, por- tanto, uma capacidade reflexiva de lidar com as emoções e potencializar características ímpares do seu eu nas relações com o outro. Nesse oceano de possibilidades nem sempre conseguiremos avaliar ou men- surar o aprendizado das competências socioemocionais, mas existem mudanças comportamentais nítidas que vão norte- ando professores, pais e educadores. Imaginemos que uma criança apre- senta um comportamento agressivo e, com as atividades propostas, aos poucos demonstra mais afabilidade. Imagine- mos um jovem desinteressado pela esco- la que com aulas inspiradoras demonstra maior interesse ao ter chance de expres- sar sua criatividade. São infi nitas as possibilidades de explorarmos o tema visando mudanças positivas. O ideal é que se estabeleça uma re- lação de ensino-aprendizagem na qual todos possam interagir, compartilhar e complementar diferentes ideais e posi- ções, mas respeitando e enriquecendo o diálogo a partir da diversidade de pensa- mentos, sentimentos, sonhos, esperan- ças e trajetórias que os caracterizam. A sala de aula não é e não deve ser MOVIMENTO DE VOLTA, DE RETORNO A SI para saber mais Areflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interro-gando a si mesmo. Não somos SOMENTE seres pensantes. Somos seres que AGI- MOS no mundo. Por isso, tente responder a três grandes grupos de per- guntas: Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensar o que pensamos, para dizer o que dizemos, para fazer o que fazemos? O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando dizemos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fa- zemos? Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a in- tenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos? Essas três questões podem ser resumidas em: O que é pensar, falar e agir? Assim refletimos filosoficamente, como nos ensina Chaui. COMPETENCIAS.indd 30 18/04/2019 18:50 psique ciência&vida 31www.portalespacodosaber.com.br IM AG EN S: S HU TT ER ST OC K E FR EE PI K um contexto terapêutico. Portanto, desenvolver habilidades emocionais na escola não diz respeito a diagnosticar ou tratar o que quer que seja. Refere-se, outrossim, a resgatar a multiplicidade de aspectos inerentes a qualquer vivên- cia humana. Não temos como separar razão e emoção. É impossível estudar ou traba- lhar e deixar os sentimentos em casa. En- tão, basta não negarmos as emoções, mas atentarmos ao universo de sensações, emoções, sentimentos,pensamentos, ações presentes enquanto estudamos e/ ou trabalhamos. Quando identificamos, conhecemos e sabemos lidar com nosso mundo in- terior, estruturamos o melhor caminho para a realização das atividades que nos propomos realizar. É importante salientar que defen- der que o desenvolvimento das habili- dades socioemocionais seja promovido no ambiente escolar não implica isentar a família, a sociedade, as políticas públi- cas. É preciso fortalecer toda a socieda- de para que cada elo possa cumprir o seu papel e colaborar com os demais em suas funções. Gottman propõe cinco passos para aqueles pais que ainda não o são tornem-se preparadores emocionais: 1- Perceber as emoções das crianças e as suas próprias; 2- Reconhecer a emoção ANÁLISE FATORIAL para saber mais No meio acadêmico, pesquisadores têm se debruçado nessa tarefa e hoje há um certo consenso em organizar as habilidades socioemocionais em cinco grandes domínios: os chamados Big Five. “Os Big Five são constructos latentes obtidos por análise fatorial realizada sobre respostas de amplos questionários, com perguntas diversificadas sobre comporta- mentos representativos de todas as características de personalidade que um indi- víduo possa ter. Quando aplicados a pessoas de diferentes culturas e em diferentes momentos no tempo, esses questionários demonstraram ter a mesma estrutura fatorial latente, dando origem à hipótese de que os traços de personalidade dos seres humanos se agrupariam efetivamente em torno de cinco grandes domínios” (Santos; Primi, 2014, apud Abed, 2014, p. 114). Os cinco domínios propostos nos Big Five são: Openness (abertura a experiências) – estar disposto e interessado pelas experiências – curiosidade, imaginação, criatividade, prazer pelo aprender… cOnscientiOusness (cOnscienciOsidade) – ser organizado, esforçado e responsável pela própria aprendizagem – perseverança, autonomia, autorregulação, controle da impulsividade… extraversiOn (extrOversãO) – orientar os interesses e energia para o mundo exterior – autoconfiança, sociabilidade, entusiasmo… agreeableness (amabilidade - cOOperatividade) – atuar em grupo de forma cooperativa e colaborativa – tolerância, simpatia, altruísmo… neurOticism (estabilidade emOciOnal) – demonstrar previsibilidade e consistência nas reações emocionais – autocontrole, calma, serenidade… Chama muito a atenção o fato de as iniciais em inglês das cinco categorias dos Big Five formarem a palavra ocean. O oceano é uma metáfora maravilhosa para as habili- dades socioemocionais: imensidão, profundidade, mistério, zonas abissais, às vezes uma marola reconfortante e calma, às vezes um maremoto devastador. como uma oportunidade de intimida- de e orientação; 3- Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança; 4- Ajudar as crianças a verbalizar as emo- ções; 5- Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções para seus problemas. Aceitemos, então, o desafio de traba- lhar e desenvolver sentimentos, em nós e naqueles com quem convivemos, pois como deixou de legado o grande mestre Rubem Alves: “Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno”. Talvez seja esta a chave para o sucesso que tanto almejamos na área de educação e da vida. Cresce a cada dia o número de jovens que se mutilam no mundo todo. Pesquisas indicam que 20% dessa faixa etária sofrem desse mal COMPETENCIAS.indd 31 18/04/2019 18:50
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