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Blenda Fernandes PARASITOLOGIA II - P3 PROTOZOÁRIOS - FILO PROTOZOA Origem do nome é do grego “protos” = primeiro, e “zoon” = animal. São eucariontes, unicelulares, possuem organelas pouco especializadas (uma única célula faz todas as funções - respiração, reprodução, excreção, alimentação e locomoção) e heterotróficos (no entanto, alguns realizam fotossíntese). Possuem uma membrana lipoproteica (responsável por fazer a difusão ou osmose), são uninucleados (porém, durante a divisão, podem ser encontrados protozoários com mais núcleos no momento da divisão). Suas organelas podem ser estáticas (sem movimento, como a membrana) e dinâmicas (tem movimento, como cílios e flagelos). Seu citoplasma é dividido em ectoplasma e endoplasma, sendo o primeiro mais na periferia e mais espesso, e o segundo mais central e fino. Locomoção: podem ter flagelos, Este se origina do cinetoplasto e vai até o fim do corpo do protozoário, carregando uma membrana chamada membrana ondulante, formando uma cauda. Sua função é criar movimento, seja da célula ou do líquido ao redor do protozoário. Podem também ter cílios, que são curtos e numerosos, todos se movimentando juntos, gerando locomoção do líquido ou do protozoário. Eles dão impulso ao parasito e são apêndices com movimento constante em única direção. Os protozoários ciliados geralmente estão presente no rúmen dos animais, vivendo em simbiose. Temos também os pseudópodes, que são prolongamentos citoplasmáticos encontrados em amebas. Geralmente emite apenas um prolongamento citoplasmático que o corpo acompanha. Alguns protozoários também podem fazer locomoção por deslizamento através de microtúbulos subpeliculares que permitem locomoção por flexão, deslizamento ou ondulação. ➢ Esporozoários: não tem nenhuma organela de locomoção, tendo formas resistentes. Formas: podem ser esféricos, ovais ou alongados. As três principais formas que são trofozoíto, cisto e gameta. Reprodução assexuada: antecede a reprodução sexuada. - Divisão Binária: núcleo se divide igualmente dando origem a duas células idênticas à mãe, não havendo combinação genética. - Divisão Binária Sucessiva: núcleo se divide várias vezes, sendo todas as células também idênticas a primeira (mãe). - Brotação: brotamento de novas células dentro da célula mãe. No final do brotamento aparenta ter uma morfologia de “chinela” pelo núcleo em divisão. - Endodiogenia: dentro da célula mãe ocorre a formação das células filhas (núcleo e citoplasma) e só depois se rompe a membrana citoplasmática da mãe. - Esquinogonia: esquizonte é uma célula onde ocorrem várias divisões por mitoses formando vários merozoítos com invasão de novas células formando outros. Reprodução sexuada: troca de material genética formando indivíduos diferentes. - Gametogonia: quando o macrogametócito se une com o micro e forma um zigoto, oocisto. - Conjugação: dois indivíduos se unem, trocam material genético e se separam por divisão. Obs: A reprodução pode ser sexuada ou assexuada, a maioria são associados. Nutrição: pode ser holozóica, onde se alimenta de matéria orgânica já elaborada, tira substância já elaborada do hospedeiro, utiliza e joga fora; holofótica, onde se alimenta por luz solar, fazendo fotossíntese, como os fitoflagelados; saprozóica utilizam matéria orgânica e inorgânica dissolvida por líquidos (chamados de osmotróficos), como o Trypanossoma e mixotrófica se alimentam por mais de um método. Respiração: aeróbica (obtenção de energia a partir da metabolização de substratos na presença de oxigênio), anaeróbica (processos metabólicos ocorrem sem a presença de oxigênio), excreção (pode ser pela membrana por difusão ou osmose ou a expulsão por vacúolos contráteis) e secreção (algumas substâncias tóxicas que podem levar a reações celulares e humorais no hospedeiro). Formas de Vida: os protozoários podem ser de vida livre quando vivem no meio ambiente, vida simbiótica quando possuem uma relação íntima com outro indivíduo que se torna obrigatória (os mais comuns são os protozoários ciliados que vivem no rúmen) e de vida parasitária, onde um organismo que vive à custa de outro. Ciclo de vida: podem ser monoxenos, onde precisam de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo ou heteroxeno, utilizando dois ou mais hospedeiros para completar o ciclo. FILO APICOMPLEXA São parasitos obrigatórios, não possuem organelas de locomoção (exceto pela espécie Microgametócito que possui flagelo). Possui o complexo apical, que localiza-se no pólo anterior do seu corpo alongado, tendo como função a adesão e penetração na célula do hospedeiro. É composto de coronoide, anel polar, roptrias e micronemas. Morfologia: a principal forma encontrada é o trofozoíto, sendo esta sua forma ativa. Os micronemas e roptrias secretam algumas proteínas simultaneamente que favorecem a adesão dele no hospedeiro. Além disso, possuem gl densos, apicoplasto, microporo, membrana plasmática, complexo de golgi, núcleo e mitocôndria. - Micronemas: reconhecimento e adesão do parasito aos receptores celulares. - Roptrias: invasão e internalização do parasito na célula - Grânulos densos: remodelação do vacúolo parasitóforo para sobrevivência do parasito. Quando o parasito entra na célula ele a empurra, formando um vacúolo parasitário que serve de proteção. - Apicoplasto: plastídeo responsável pela sobrevivência intracelular do parasito. Faz a síntese de alguns aminoácidos e ácidos graxos. Para penetrar num hospedeiro, o protozoário faz adesão através dos micronemas e roptrias. Começa a entrar na célula empurrando a m. plasmática, formando o vacúolo parasitóforo, onde fica dentro fazendo sua multiplicação e sobrevivência. Após isso, sai da célula. CLASSE SPOROZOA: não possuem organelas de locomoção, não possuem vacúolos contráteis, formam, assexuadamente, esporos resistentes (esporozoítos), e fazem reprodução sexuada e assexuada. ORDEM PIROPLASMIDA Contém as famílias Babesiidae e Theileriidae. São pleomórficos, podendo ser piriformes, ameboides, arredondados ou alongados. Fazem sua locomoção por deslizamento (não possuem flagelos ou cílios). Fazem reprodução assexuada em hospedeiros invertebrados (podendo também fazer sexuada) e reprodução sexuada em vertebrados, esta ocorrendo nos eritrócitos. Precisa dos dois hospedeiros, é portanto um heteroxeno. FAMÍLIA BABESIIDAE: a forma desse parasito varia conforme sua evolução, pode ser arredondada, piriforme ou amebóide. Seu complexo apical é reduzido a um anel polar. Algumas espécies possuem micronemas, conoides e microporo. São desprovidos de pigmento. Pode também ser encontrados em trofozoítos, mais arredondados. Fazem seu desenvolvimento nos eritrócitos. Os merozoítos são haploides, contém um complexo apical e são formados por fissão binária. Ou seja, não há troca de material genético, há apenas divisão simultânea do núcleo e citoplasma (esquizogonia). Parasitam eritrócitos de mamíferos, onde os merozoítos normalmente são encontrados aos pares unidos pela extremidade mais afilada, sendo transmitido pelo carrapato. Faz reprodução por esporogonia (formação de esporos, ocorre no hospedeiro invertebrado), esquizogonia (hospedeirovertebrado) ou gametogonia (reprodução sexuada no hospedeiro invertebrado) CICLO: 1. Durante a picada do carrapato há transmissão do esporozoíto, que penetra na hemácia e se diferencia em trofozoíto; 2 2. Trofozoíto se transforma em merozoíto e inicia divisão binária, se multiplicando. 3. Há destruição da hemácia e liberação de mais merozoítos, infectando outras hemácias. 4. Durante a alimentação do carrapato há ingestão de hemácias contaminadas. 5. Alguns merozoítos podem se transformar em gamontes. 6. No TGI do carrapato, os merozoítos são destruídos, e os gamontes (gametócitos) se diferenciam em micro (gametas machos) ou macrogametócitos (gametas fêmeas); 7. Micro e macro gametócitos fazem fusão/gametogonia no tubo digestivo do carrapato, formando um zigoto móvel (oocineto) 8. Há penetração do oocineto na parede do intestino do carrapato gerando esporocinetos; 9. Esporocinetos se rompem e, através da hemolinfa, atingem diversas partes do carrapato, podendo ir pro útero (transovariana) ou glândula salivar (reprodução por esporogonia); 10. Há formação de esporozoítos, forma infectante para animais vertebrado. Quando mais merozoítos dentro das hemácias, mais grave é a doença. A babésia é transmitida pela picada do carrapato, portanto, vai ocorrer no momento que o carrapato estiver parasitando o animal. Pode também fazer transmissão transovariana e transovarial. A fêmea adulta monoxena se alimenta de um animal parasitado com a babésia e, antes da sua postura de ovos, vai contaminar sua prole, eclodindo larvas contaminadas. Essas larvas irão parasitar outros animais. Pode também ocorrer transmissão transestadial, que geralmente ocorre em carrapatos heteroxenos. Por a muda ocorrer no solo, a larva infectada passa para ninfa com as formas infectantes e então essa transmite a outro animal quando sobe para se alimentar. ●Babesia bovis: hospedeiro vertebrado são os bovinos e invertebrados o R. microplus. É pequena e a transmissão é feita por larvas do carrapato, sendo que ao fazer muda para ninfa, ela perde infectividade e não consegue mais fazer transmissão ao bovino. Geralmente essa espécie tem parasitemia muito baixa, aparece de 1 a 2 merozoítos dentro de cada hemácia, mas também podem aparecer nos capilares do cérebro, formando troncos e obstrução dos vasos. ●Babesia bigemina: hospedeiro vertebrado são os bovinos e invertebrados o R. microplus também, mas é uma babesia grande. No entanto, a transmissão também pode ser feita pela ninfa e adulto, embora isso ocorra no mesmo hospedeiro. Possui, portanto, alta parasitemia, podendo aparecer de 1 a 2 merozoítos dentro da hemácia. ➢ Importância em bovinos devido a alta morbidade, causa mortalidade principalmente em adultos (bezerros possuem imunidade inata transmitida pela mãe). Gera também prejuízos econômicos. Manter bovinos novos em estado de quarentena/premunição, que funciona como uma “infecção experimental controlada”, fazendo com que ele gere imunidade ao agente. ●Babesia caballi: hospedeiro vertebrado são equinos e asinus, invertebrados é Amblyomma spp (trioxeno), Rhipicephalus sanguineus (trioxeno), Anocentor nitens (monóxeno). Tamanho grande. Presença de 1 ou 2 merozoítos na hemácia. Não é comum no Brasil. ●Babesia canis: No Brasil, a que mais ocorre é Babesia canis vogeli, sendo esta a menos patogênica. É grande, geralmente encontrado 2 merozoítos nas hemácias, mas podem ocorrer infecções múltiplas e serem encontrados até 18 dentro da hemácia em casos de parasitose intensa. A Babesia vogeli é transmitida pelo R. sanguineus, um carrapato trioxeno, que pode fazer infecção transovariana e transestadial. ●Babesia gibsoni É grande, transmitida pelo R. sanguineus, possui parasitemia baixa e geralmente apresenta apenas 1 merozoíto por eritrócito. É mais arredondada e possui um tratamento diferente do convencional para babésia. ●Babesia felis: É pequena, altamente patogênica e costuma acometer felinos com mais de 3 anos de idade. No brasil são raros casos. FAMÍLIA THEILERIIDAE: forma arredondada, ovalada ou bacilar. Possuem complexo apical também reduzido. A micrópila é presente somente em estádios nos eritrócitos, porém os estádios podem infectar eritrócitos, linfócitos histiócitos e eritroblastos. No hospedeiro vertebrado ocorre multiplicação por esquizogonia nos linfócitos, histiócitos ou eritroblastos, originando merozoítos. Pode fazer também cissiparidade nos eritrócitos e não há transmissão transovariana. Além disso, infectam primeiro os lifnóticitos e depois os eritrócitos. 3 CICLO: semelhante ao da babésia, no entanto, primeiro ocorre dentro dos lifócitos, onde faz esquizogonia, formando vários merozoítos. Após, entra nas hemácias e faz multiplicação que nem a babésia, porém sem transmissão transovariana nos carrapatos. ●Theileria equi: os hospedeiros vertebrados são os equinos, os invertebrados podem ser Amblyomma, R. sanguineus, R, microplus e Anocentor nitens. Dentro dos eritrócitos geralmente são encontrados 4 merozoítos em “forma de cruz”. ●Theileria parva: pequena, arredondada, oval ou bacilar. Geralmente há vários merozoítos em um único eritrócito. Hospedeiros vertebrados bovinos e bubalinos. Invertebrados: Rhipicephalus spp. Encontrado nos eritrócitos e linfócitos. ORDEM EUCOCCIDIIDA Merogonia está sempre presente, desta forma, há sempre a formação de merozoítos na célula dos hospedeiros (como os anteriores). São desprovidos de conídes, mas possuem complexo apical (e portanto, anel polar, roptrias etc). É também heteroxeno, necessitando de hospedeiros vertebrados e invertebrados, sendo que estes geralmente são mosquitos. FAMILIA PLASMODIIDAE: são heteroxenos. A merogonia ocorre no hospedeiro vertebrado (formação de merogonia) e a esporogonia e gametogonia ocorrem no invertebrado. Cada microgametócito (gameta macho) origina 8 microgametas flagelados. Estes vão aos macrogametócitos fazer fusão, dando origem ao zigoto. CICLO: tem 4 fases de desenvolvimento, ovos, larva, pupa e adulto. Semelhante ao ciclo da Babesia, mas após chegar na corrente sanguínea, vai para o fígado, infectando os hepatócitos, onde se transforma em criptozoítos. Estes fazem multiplicação por esporogonia, formando merozoítos, que caem na corrente circulatória, infectam hemácias. Lá dentro se transformam em trofozoítos, fazem fissão binária, geram merozoítos, ocorre diferenciação em gamontes. No TGI do invertebrado se transf em micro e macrogametócitos, realizam fusão e geram oocineto. Este penetra na parede do intestino e se encapsula, formando um oocisto, onde ocorre a reprodução por esporogonia, gerando esporozoítos. Estes rompem e migram para a glândula salivar, podendo contaminar outros animais e o homem. Possui, portanto, a fase pré-eritrocítica, fase que está nos hepatócitos (homem) ou nos macrófagos/células endoteliais (aves) e a fase eritrocítica, onde está nos eritrócitos. ●Plasmodium spp.: há diversas espécies: P. falciparum: provoca febre terçã maligna, acomete o homem; P. vivax causa febre terçã benigna, acometendo o homem também; P. malarie, febre quartã, acometehomem e chimapzé; P. ovale, febre terçã benigna, acomete homem. Etc ● Plasmodium falciparum.: gametócito alongado, trofozoíto oval. ● P. malarie: gametócito em formato “retangular”, trofozoítos transversalmente. ● P. vivax: há trofozoíto em forma de anel grande e gametócito ovalado. Responsável por causar malária no Brasil. Hemácia hipertrofiada e hipocrômica. FAMÍLIA HAEMOPROTEIDAE: são pigmentados, os gametócitos são afilados e contornam o núcleo do eritrócito. Ocorre esquizogonia (em células epiteliais de vasos sanguíneos), esporogonia e gametogonia (nos insetos hematócritos). Também deformam as hemácias. CICLO: semelhante ao do Plasmodium. ● Haemoproteus columbae: gametócitos alongados em forma de salsicha e circundam o núcleo do eritrócito, podendo ter até 2 gametócitos no mesmo eritrócitos, fazem esquizogonia nas células epiteliais dos vasos sanguíneos. Os microgametas possuem 2 flagelos. São pequenos. Hospedeiros vertebrados são pombos e aves silvestres. 4 FAMÍLIA EIMERIIDAE: são coccídios, a doença que causam pode ser chamada de coccidiose. Possui um ciclo direto e são monoxenos (hospedeiro vertebrado). Possuem oocistos (são eliminados nas fezes), que possuem esporocistos e esporozoítos no seu interior. A quantidade de esporocistos e esporozoítos é importante para diferenciação de gênero. Os oocistos são eliminados no hospedeiro com núcleo único e não são infectantes. No ambiente ocorre reprodução assexuada (esporogonia), formando esporozoítos e se tornando infectante. Esses protozoários também fazem merogonia e gametogonia nos enterócitos do hospedeiro. Os merozoítos e esporozoítos se locomovem por deslocamento, já os microgametas podem ter de 2 a 3 flagelos. ● Eimeria spp.: é espécie específico, mais importante em aves e ruminantes, precisando diferenciar do Cystoisospora. É um parasita intestinal, parasitando os enterócitos. Onde se reproduz de forma sexuada (gametogonia) e assexuada (merogonia ou esporogonia). Com a reprodução assexuada (formação de vários merozoítos), ocorre destruição da célula intestinal, destruindo as criptas intestinais, causando diarreia por má absorção e até morte por desidratação. Adultos não apresentam sinais clínicos, apenas liberam o patógeno. Oocistos: forma resistente liberada nas fezes. Sua parede compõe-se por duas camadas lisas, limitadas por uma membrana. Pode ter micróglia (protegida pelo opérculo). O opérculo vai ser rompido no intestino e é por onde os esporocistos saem. Têm um grânulo polar e quando não está esporulado possui um único núcleo, quando esporulado possui 4, sendo estes os 4 esporocistos. Para esporular necessita de temperatura (25 a 30) e umidade adequada (70-80%), além de oxigênio, tornando-se infectante em até 2-3 dias na maioria das espécies. São ovóides, translúcidos, esverdeados, com parede dupla. No ambiente, após alguns dias, o oocisto esporula tendo a formação de 4 esporocistos e 2 esporozoítos dentro de cada, tendo no total 8 esporozoítos (característica importante para diferenciar do Cystoisospora), sendo esta a forma infectante. São bastante resistentes, podem ficar no ambiente por cerca de 1 ano sem serem inativados, são resistentes a diversos desinfetantes, congelamento. É inativado em temperaturas superiores a 35 C, umidade abaixo de 25% e presença de luz solar direta. Podem ficar por até um ano esporulados no ambiente. Esporocistos são ovóides com corpo residual e corpo de Stieda (como se fosse um opérculo para pode sair). Os esporozoítos tem formato de banana com grânulo retrátil em cada extremidade. Os esporozoíto e merozoíto possuem o complexo apical (esporocistos e oocistos não tem). O gênero eimeria também tem o esquizonte ou meronte, estrutura com os merozoítos. Estes se reproduzem dentro dessa cápsula, onde enche de merozoítos. Este esquizonte rompe quando estiver muito cheio, liberando os merozoítos, isso tudo ocorrendo nos enterócito. Os merozoítos podem ser divididos em 1º e 2ª geração, ambos pequenos (sendo isso mais um diferencial do Cystoisospora, pois nestes os de 2ª geração são grandes). P esporozoíto entra na célula, se transforma em trofozoíto por divisão binária formando merozoítos. Ou seja, os de 1ª geração. Quando o esquizonte romper, liberar os merozoítos de 1ª geração, eles vão para outras células, se multiplicam novamente e se tornam os merozoítos de 2º geração. Nas aves pode haver de 3ª geração. Depois dos merozoítos, alguns se diferenciam, por divisão binária em micro ou macrogametócitos, que fazem reprodução sexuada. Dentro do macrogametócito há um microgameta feminino, sendo este arredondado e repleto de grânulos grandes e periféricos, além de um núcleo central imóvel. Há também os microgametócitos, que possuem microgameta com 2 flagelos no seu interior. Os microgametas rompem a parede do microgametócito e saem à procura de macrogametas para fazer a fecundação e formar o zigoto que será eliminado nas fezes. Fases de reprodução: - Assexuda: esquizogonia/merogonia, ocorre dentro do hospedeiro, nos enterócitos. - Sexuada ou Gametogonia: ocorre no hospedeiro, nos enterócitos, há fusão do game masculino com feminino formando um zigoto. Há uma formação de parede ao redor desse zigoto, que é chamado de oocisto e eliminado nas fezes. Após eliminado, esse oocisto nas fezes faz outra reprodução: - Esporogonia: formação dos esporos, na maioria ocorre no ambiente, é chamado de esporulação. 5 Ciclo evolutivo propagativo: acontece em aves, possuem três tipos de merozoítos, um formará o macrogametócito, outro o microgametócito e um sem diferenciação leva à merozoítos de 3ª geração, que depois se transformam em macro e microgametócitos, estes fazem reprodução sexuada (fusão), formando um zigoto, oocisto não esporulado que é eliminado nas fezes. Ciclo proliferativo: acontece nos ruminantes, só tem de 1ª e 2ª geração, que saem, invadem outra célula, multiplicam-se e todos se diferenciam em macro ou microgametócitos, que fazem reprodução sexuada, formando zigoto para chegar a oocisto. Este é liberado no ambiente para que seja ingerido por outro animal. Consigo diferenciar as Eimerias pelo seu tamanho e formato dos esporocistos, esporozoítos, local e aspecto das lesões, o tempo mínimo de esporulação (horas ou dias) e imunidade protetora. Eimeria em aves: Em frangos é a doença parasitária mais reportada e mais importantes. Os oocistos são resistentes a desinfetantes comuns e é uma doença auto limitante (ao se infectar uma única vez, independente de sinal clínico, elimina nas fezes e não vai ter mais a Eimeria). Necessário saber que é possível diferenciar as Eimerias pelo tamanho e dimensão, mas não é necessário decorar valores de tamanho. ⇨ Eimeria tenella: atinge somente o ceco, causando espessamento e sangramento devido à destruição dos enterócitos. É altamente patogênica, microgametócitos maduros contêm pequenos núcleos com dupla membrana porosa, dispostos na periferia do citoplasma. Microgametas possuem 2 flagelos. Esporula em cerca de 18 horas, o que dificulta o controle da doença,por ter uma disseminação muito rápida. PPP de cerca de 7 idias. ⇨ Eimeria máxima: maior de todas, patogenicidade moderada, parasita o intestino médio (jejuno), causando lesões em formato de “petéquias”. Sinais clínicos são perda de peso, espessamento da parede, fazes com aspecto muco-sanguinolento e eliminam poucos oocistos nas fezes. Esporulação leva em torno de 30 horas. PPP de 6 dias. ⇨ Eimeria acervulina: são menores e mais alongadas. Ocorrem principalmente no duodeno, quanto mais anterior no ID, piores serão as lesões que são em estrias esbranquiçadas. Tem baixa patogenicidade, esporulação e PPP rápidos (4 dias), diminuindo a absorção de nutrientes, causa severa na redução no ganho de peso. ⇨ Eimeria mitis: menor e mais arredondada de todas. Eimeria em outros animais: Podem acometer perus também, acometendo regiões diferentes do intestino conforme a espécie. Em ruminantes acomete principalmente animais jovens, porém nos ovinos e caprinos têm problemas ainda maiores, pois afeta todas as idades. Idade, imunidade, clima, manejo, fatores relacionados ao parasita, espécie parasito (cepas/espécies mais patogênicas) e espécie animal influenciam na doença. ⇨ Eimeria ovinoidalis: mais patogênica para os ovinos, localizada no íleo e ceco, principalmente. Possui formato oval, é geralmente incolor. Esporulação 1-3 dias. PPP 12-15 dias. ⇨ Eimeria alijevi: acomete caprinos no ID e IG, tendo PPP de 7-14 dias. É impossível a erradicação da Eimeria, pois sempre está se disseminando no ambiente. Pode ocorrer em suínos também, porém, não são tão importantes. Causa diarreia, afetando leitões principalmente no pós-desmame, devido ao stress e diminuição da imunidade. Parasita coelhos, nos ductos biliares, sendo a Eimeria Stieda, a principal. ⇨ Tem mais um monte de espécie, ver no slide. RESUMO: Na Eimeria, o oocisto tem uma dupla parede, onde dentro tem 4 esporocistos e 2 esporozoítos. É monoxeno, faz reprodução sexuada (gametogonia) e assexuada (esquizogonia), que forma os merozoítos. No ambiente, o oocisto faz reprodução assexuada (esporogonia), formando esporocistos. Se não for esporulado não é infectante, precisa dos esporozoítos para isso. ● Cystoisospora spp.: Possui um oocisto ovóide, translúcido, meio esverdeado, parede também é dupla, com esporocistos e esporozoítos quando esporulados, porém são 2 esporocistos e 4 esporozoítos dentro de cada esporocisto (totalizando 8). Quando não está esporulado possui um núcleo central, sendo idêntico à Eimeria (não dá para identificar sem estar esporulado). A esporulação leva de 2 a 3 dias. Acomete principalmente os carnívoros (felinos e cães) além de ser um dos principais parasitos do suíno, tendo importância porque sua frequência é maior 6 que a Eimeria, sendo mais patogênico para o suíno. As fases de desenvolvimento desses gêneros também são iguais à Eimeria. A única diferença é que aqui, os merozoítos de 2ª geração são grandes, pois todas as outras fases são iguais. Os cistos podem ser encontrados em hospedeiros paratênicos (hospedeiros não habituais que ingerem o oocisto). Neste hospedeiro não ocorre nenhum tipo de reprodução, mas o parasito continua viável e para isso incista. Se um roedor ingere um oocisto esporulado de cachorro, o oocisto rompe no TGI e libera esporozoítos, que migram para órgãos, principalmente nos linfonodos mesentéricos e encistam. Se por acaso um cão ingerir este roedor, se infectará, pois lá há o esporozoíto. No entanto, se não há a presença do roedor, o ciclo ocorre da mesma maneira (igual ao da Eimeria). ● Cystoisospora canis: oocistos grandes, elípticos ou levemente ovalados. Não tem micróglia, grânulo polar e corpo residual. Possuem lóbulo pequeno na membrana interna na parede e esporozoítos grandes. Esporulam em 2 dias a 20ºC. Acomete principalmente cães filhotes, causando diarreia. Podem ter roedores como hospedeiros paratênicos e podem ser encontrados tanto no intestino delgado quanto grossso. O PPP é de 9 a 11 dias. ● C. ohioensis: também acomete cães, mas é menor, podendo ser diferenciado da espécie anterior. Também pode ter hospedeiros paratênicos: camundongos. ● C. felis: acomete felinos. Oocistos também são ovalados, translúcidos amarelos a acastanhados, sendo também grandes e muito parecidos com o C. canis. Os esporozoítos são elípticos, a membrana é lisa e incolor. Os hospedeiros são os felinos, mas pode ter também HP. Localizado no intestino delgado, ceco e cólon. Causa uma diarreia auto-limitante, que se cura sozinha. No entanto, o animal está eliminando parasito e se auto-infectando. No HP a infecção é generalizada, porém não se multiplica, apenas se incista nos linfonodos do mesentério. O estágio cístico é constituído de um único esporozoíto, sendo chamados de cistos unizoideos. ● C. rivolta: hospedeiros felinos, podem ter roedores, caninos e bovinos como HP. Localiza-se no ID, cólon e ceco, e é menor que o C. felis. ● C. suis: um dos principais parasitos de suínos, acontece principalmente na fase de desmame, mas geralmente os leitões se contaminam na maternidade, com o ambiente defecado e fezes da mãe contaminada (que não necessariamente apresenta sinais clínicos). Pode também se contaminar no pós desmame, onde os leitões ficam em contato com outros leitões e outras mães. Ocorre diarreia, podendo gerar até a morte dos animais. Os oocistos são pequenos, parede lisa, fina e incolor. Pode ser encontrado no ID (jejuno e íleo) e IG (este em caso de hiperinfecção), causando atrofia de vilosidades, gerando a diarreia e desnutrição do animal. FAMÍLIA CRYPTOSPORIDAE: Gênero Cryptosporidium, possui várias espécies, e é uma importante zoonose. Acomete crianças idosos e imunossuprimidos, filhotes, idosos, em humanos pode levar até a morte. A principal forma de transmissão é pela água ou alimentos contaminados, sendo que na água são muito resistentes, não sendo eliminado nem mesmo pelo cloro, o que torna mais difícil o controle da doença. São monoxenos, parasitos obrigatórios de vertebrados, não são espécie específicos, a espécie que infecta o cão pode afetar tanto homem quanto bovinos, por exemplo, além de poder afetar aves e répteis. Não tem esporocistos, dentro do oocisto só tem esporozoítos, sendo que já são eliminados assim nas fezes. Não tem período de esporulação no ambiente, facilitando ainda mais a disseminação. Sua evolução ocorre na periferia das células do hospedeiro, não causando destruição do enterócito, mas atrofia sim, causando diarreia por absorção. Nas aves pode ser encontrada também no trato respiratório além do gastrointestinal. Os oocistos e esquizontes tem uma saliência com a função de adesão. Os oocistos não possuem esporocistos e os microgametas são desprovidos de flagelos. Uma vez no animal/pessoa, este sempre estará infectado, não há tratamento. Porém, não significa que apresentará sinais clínicos sempre, estes se manifestam em estágios de imunodeficiência (importante em animais de zoológico pelo stress ou diabéticos, por exemplo, que estão sempre com a imunidade comprometida). 7Os oocistos são bem pequenos, tendo 4-8 micrômetros de tamanho, muito pequenos, difícil visualização. Pode-se diferenciar espécies pelo tamanho, mas não é feito, justamente por ser muito pequeno. A diferenciação é feita por sequenciamento genético. São muito resistentes, é praticamente inútil o uso de desinfetantes antissépticos, aquosos ou germicidas para eliminar os oocistos. São destruídos com formol, vassoura de fogo ou aquecimento por tempo prolongado. Geralmente o oocisto eliminado nas fezes tem uma parede grossa. Possui um meronte repleto de merozoítos, que também possuem complexo apical, com toda suas estruturas. Há cerca de 30 espécies que são zoonoses, sendo a principal o C. parvum, que é também a mais patogênica de todas, gerando mais prejuízos. Localiza-se no trato gastrointestinal (esôfago, faringe, ID), sendo que nas aves pode também ser encontrado no sistema respiratório. O período pré patente é muito pequeno (2-12 dias), facilitando a disseminação. Animal ingere, no trato gastrointestinal o oocisto rompe e libera os esporozoítos, que penetram na célula do intestino e fazem reprodução assexuada (esquizogonia), formam merozoítos, que se diferenciam, fazem reprodução sexuada e formam zigoto e oocisto. Esse oocisto já tem os 4 esporozoítos lá dentro, e podem ser de parede grossa, eliminados nas fezes, e parede fina, que libera mais esporozoítos no intestino do animal, pois rompe a parede fina. Isso é chamado de auto infecção, constante no animal. Pode haver 2 tipos de infecção, sendo estas o Estado portador (animal clinicamente saudável, capaz de eliminar oocistos intermitentemente durante anos, infectando o ambiente) e Estado clínico (não há ruptura da célula, mas há destruição das microvilosidades, gerando redução na absorção de alimentos). FAMÍLIA SARCOCYSTIDAE: também possui esporozoítos e complexo apical, sendo considerado um coccídeo. Possui 5 gêneros: Sarcocystis, Toxoplasma, Neospora, Hammondia e Besnoitia. Os oocistos desta família possuem 2 esporocistos com 4 esporozoítos, iguais aos do cystoisospora mas são bem menores. São todos iguais, se encontrar nas fezes não tem como diferenciar do o Sarcocystis que o oocisto é um pouco diferente morfologicamente. São coccídios, fazem o ciclo intestinal tendo a contaminação por ingestão, muito similar aos outros protozoários entéricos. São heteroxenos, por isso pode haver uma fase extra intestinal, devido à presença de hospedeiro definitivo (reprodução sexuada, os oocistos estão nas células intestinais do HD) e intermediário (reprodução assexuada em diversos tecidos), pode ocorrer na corrente sanguínea e diversos órgãos. Os dois hospedeiros são vertebrados, geralmente o hospedeiro definitivo é o predador. ●Sarcocystis spp.: a última geração de meronte forma cistos. Os cistos podem ser alongados ou esféricos, estando na musculatura estriada esquelética ou cardíaca, cuja espessura e forma da parede variam com a espécie (geralmente bem espessa). Dentro do cisto tem diversos bradizoítos, sendo estes mais alongados e de replicação mais lenta, considerados a forma crônica da doença. O oocisto é liberado nas fezes e, para ser infectante, precisa esporular no ambiente. Nas fezes podemos encontrar o oocisto ou esporocisto, pois a esporulação ocorre no trato gastrointestinal, e como a parede do oocisto é muito fina, pode romper no intestino, liberando esporocistos. Obs: os gêneros podem ser diferenciados pela parede do cisto. CICLO: O hospedeiro definitivo se contamina quando ele ingere tecido animal contaminado com o cisto do Sarcocystis. Neste cisto tem vários bradizoítos, então, no TGI do hospedeiro definitivo ele rompe e libera os bradizoítos que penetram no enterócito. Não precisam se multiplicar, já se diferenciam em micro e macrogametócitos, sem precisar formar merozoítos. Estes gametócitos fazem reprodução sexuada, forma um zigoto que vira oocisto. Este esporula no TGI e, por ter parede fina, pode romper no próprio trato, sendo liberado só os esporocistos ou oocistos nas fezes. Os hospedeiros intermediários ingerem os oocistos ou esporocistos e no TGI, o esporocisto ou oocisto rompe liberando esporozoítos, que penetram nos enterócitos, viram merozoítos. Estes fazem replicação e migram para diversos órgãos. Depois de várias divisões, se transformam em bradizoítos e incistam, permanecendo no tecido animal por toda sua vida, até que o hospedeiro definitivo faça ingestão deste, repetindo o ciclo. 8 ● Toxoplasma spp.: : Possui 3 estágios, sendo esporozoítos (dentro do oocisto, forma esférica, delgada, núcleo único quando não esporulado e 2 esporocistos e 4 esporozoítos quando esporulados), taquizoítos (corrente sanguínea, encontrados na fase aguda da doença - são como os merozoítos, mas mais ativos) e bradizoítos. São heteroxenos, tendo hospedeiro intermediário (roedores) e definitivo (felinos). Causa toxoplasmose, atualmente considera-se que 80% da população humana tem anticorpos contra o toxoplasma, então já se infectaram ao menos uma vez na vida, não necessariamente tiveram sinais clínicos. É uma zoonose comum. São muito semelhantes à Eimeria, a forma de identificação é pelo hospedeiro, pois pelo oocisto não dá. Taquizoítos: forma ativa da doença, replicam-se rapidamente por divisão binária. Forma de “banana”, núcleo mais ou menos central. Podem ser encontrados agrupados no citoplasma de células do sistema mononuclear fagocitário ou podem estar livres em líquidos tissulares. Extremidade posterior mais arredondada e a anterior é mais pontiaguda (onde tem o complexo apical). Microtúbulos: locomoção por deslizamento do protozoário. Bradizoítos: quando agrupados, formam os cistos. Núcleo próximo a extremidade posterior, multiplicação lenta parecido com taquizoíto. Cisto: tamanho varia, contorno circular, parede fina, forma crônica (toda vida). Podem estar presentes em qualquer órgão, principalmente cérebro, coração, fígado. São resistentes, mas são inativados ao congelamento, descongelamento; cozimento acima de 66°C e a dessecação destroem os cistos e bradizoítos, mas podem sobreviver por meses a 4°C. ● Toxoplasma gondii: HD são os felinos e HI os mamíferos e aves. Possui 3 genótipos (linhagens: I, II e III), sendo pacientes com HIV (Tipo I), Infecção congênita (I e II Brasil, Colômbia e Peru não há o genótipo II, predominando o genótipo I) e Cepas isoladas de animais (Tipo III). No HI pode estar em diversos órgãos (preferência por SNC, coração, fígado e pulmão), no HD é encontrado no TGI (ID), outros órgãos na forma cística. Formas de transmissão: ingestão de oocisto esporulado (eliminado nas fezes do gato, não causa doença se não estiver esporulado), ingestão de cisto (no hospedeiro definitivo quando ingere um hospedeiro intermediário com cisto), taquizoíto (principalmente através do leite na fase aguda da doença) ou transmissão placentária (se for infectado durante a gestação, quando estiver migrando entre órgãos, pode migrar para a placenta). CICLO: no hospedeiro definitivo será semelhanteà Eimeria e Cystoisospora. O oocisto é liberado pelo HD no ambiente através das fezes, onde esporula (24-48h após a esporulação), se tornando infectante. O HI ingere o oocisto esporulado junto com água e alimentos contaminados. No TGI do HI o oocisto rompe liberando os esporozoítos, que penetram na parede do intestino, se transformando em taquizoítos (“merozoítos mais ativos”). Os taquizoítos se replicam rapidamente, caem na corrente circulatória e migram para diversos órgãos, onde vai fazendo reproduções assexuadas, se multiplicando. Após fazer várias divisões binárias, se transforma em bradizoíto, que incista, ficando no hospedeiro para o resto da vida. Os sinais clínicos dependem de onde se incistou, por exemplo, no músculo provavelmente não vai ter sinal. O HI também pode se infectar se ingere bradizoítos através da carne mal cozida (ex: humanos comendo carne mal passada). Humanos se infectam mais dessa maneira ou através de oocisto na verdura e legumes mal passados. Importância na MV: ovinos, caprinos, equinos e suínos terão problemas reprodutivos, caso se infectem durante a gestação, podendo ter morte embrionária, aborto, fetos mumificados, podem nascer filhotes fracos/refugos. Além disso é uma importante zoonose. Em bovinos não causam aborto e não tem muita importância, quem causa aborto é o Neospora. ● Neospora spp.: semelhante ao toxoplasma. Também possui 3 estágios (esporozoítos, taquizoíto e bradizoíto). Não é possível diferenciar seu oocisto do toxoplasma, ambos possuem parede fina, forma esférica, tamanho semelhante e 9 mesma quantidade de esporocistos (2) e esporozoítos (4). Taquizoítos também bem semelhantes, podem ser ovoides, lunares ou globulares dependendo da fase de divisão onde estão. Invadem as células formando um vacúolo parasitóforo. Bradizoítos também parecidos, se multiplicam lentamente por endodiogenia. Os cistos são geralmente circulares, com parede lisa e grossa, seu tamanho varia conforme seu tempo de vida. Hospedeiros definitivos são cães ou canídeos silvestres. Os intermediários podem ser qualquer mamífero ou aves. A localização depende, no HI pode estar em diversos tecidos, enquanto no HD fica no intestino. Assim como no toxoplasma, o cão elimina por um período muito curto o Neospora, porém alguns autores acreditam que o animal possa se infectar e eliminar novamente. ❖ Na fase aguda da doença encontra taquizoíto, na forma crônica encontra cistos. Formas de Transmissão: iguais ao toxoplasma. Na transmissão transplacentária, se a vaca estiver gestante, atinge o útero, placenta e feto, levando a morte fetal ou infectando os bezerros, que nascem fracos ou normais. Se nascer uma fêmea normal, ela estará infectada, podendo transmitir para seu feto. Ciclo: no cão, HD, é o mesmo ciclo do Toxoplasma. Caso um bovino faça ingestão do oocisto eliminado pelo HD, os esporozoítos penetram na parede do intestino, transformam-se em taquizoítos e migram para diversos órgãos, incluindo o útero, atingindo placenta e feto, também migra para SNC e coração, ficando encistado lá para o resto da vida. FILO SARCOMASTIGOPHORA Possuem organelas de locomoção, podendo ser flagelos ou pseudópodes. Normalmente são intracelulares e fazem reprodução sexuada e assexuada. Há 3 subfilos: sarcodinas (amebas), opalinata (protozoários ciliados - não patogênicos) e mastigophora. SUBFILO MASTIGOPHORA: se locomovem por flagelos, que podem ser anteriores e/ou posteriores. A quantidade destes pode variar conforme o gênero. Podem ser extra ou intracelulares. Podem ter forma variável em uma mesma espécie. Possuem diversas organelas que ajudam na diferenciação do gênero (axóstilo, pelta, costa, membrana ondulante, citóstoma e cinetoplasto). Principal forma de reprodução é assexuada por divisão binária. - Axóstilo: suporte e movimento. É flexível, constituída de microtúbulos - Pelta: também serve para suporte e é constituída de microtúbulos. - Costa: sustentação, associado à membrana ondulante, que auxilia na locomoção junto dos flagelos. - Membrana ondulante: auxilia na locomoção junto dos flagelos. ORDEM TRICHOMONADIDA: ● Histomonas spp.: forma redonda ou alongada. Possui núcleo único circular e um único flagelo nascendo no cinetossomo próximo ao núcleo. A pelta e axóstilo são presentes e mitocôndria ausente. São pleomórficos, sua forma tamanho variam conforme o estágio onde está. Tem uma única espécie, o H. meleagridis. Este possui forma redonda ou alongada, tem um único flagelo partindo próximo ao corpo parabasal, próximo ao núcleo. O flagelo nasce no cinetossomo próximo ao núcleo. Atinge aves em geral e pode ser localizado no ceco ou fígado. - Estágio invasor: é encontrado em lesões recentes dos cecos e fígado e na periferia das lesões antigas. São muito ativos, amebóides e possuem pseudópodes (utilizados para fazer a alimentação). Seu citoplasma é claro e refringente. Não tem flagelos. - Estágio vegetativo: encontrado no centro das lesões cecais e fígado. É extracelular e menos ativo que o estágio invasor. Nutrição por pinocitose e difusão com secreção de enzimas proteolíticas. - Estágio flagelado: também chamado de trofozoíto, se localiza na luz do ceco e é amebóide. Possui 1 flagelo só e possui de 1 a 4 corpos parabasais. CICLO: infecta o ovo do Heterakis gallinarum, quando a ave ingere este ovo, se infecta também com o Histomonas. O ciclo não ocorre através de ingestão do trofozoíto no ambiente, pois este é muito sensivel e seria facilmente inativado, dificultando o ciclo. 10 Ciclo Heterakis: a ave se infecta quando ingere o ovo embrionado ou pode ingerir as minhocas (que também podem ingerir o ovo), no TGI da ave o ovo rompe, libera larva, faz a muda até se transformar em larva adulta. Fica no ceco se alimentando, faz reprodução sexuada e eliminando ovos nas fezes. O Heterakis adulto (fêmea principalmente) durante a alimentação pode ingerir os trofozoítos do Histomonas que estão na luz do ceco, estes trofozoítos migram para o aparelho reprodutor do Heterakis e atingem os ovos, infectando-os. A fêmea do Heterakis faz a postura de ovos e dentro destes está o Histomonas. Ciclo Histomonas: na maioria das vezes está dentro do ovo do Heterakis, no TGI da ave o ovo rompe, libera a larva do Heterakis, que faz a muda se transformando em adulto, libera também o Histomonas, que penetra na parede do intestino e faz uma serie de divisão binária. Alguns podem voltar para luz cecal sendo eliminados nas fezes ou a fêmea do Heterakis acaba se alimentando desses trofozoítos e outros podem atingir a circulação sanguínea e param no fígado, onde fazem a reprodução assexuada geralmente lesão no fígado. PPP cerca de 15-21 dias. Acomete perus de todas as idades. A galinha é considerado um reservatório. Mortalidade 50-100% em perus e 25% nas galinhas. ● Tritrichomonas foetus spp.: possui 3 flagelos livres na extremidade anterior e um flagelo recorrente que se torna livre na extremidade posterior (sustentado pela membrana ondulante). A membrana ondulante possui o mesmocomprimento do corpo e é disposta dorsalmente e um filamento acessório em situação paralela ao flagelo recorrente. Tem núcleo oval, grande e situado no terço anterior do corpo. Axóstilo hialino e rígido com uma extremidade alargada e circundado por um anel de cromatina onde emerge do corpo. Corpo parabasal cilíndrico, localizado entre o núcleo e um anel de cromatina. CICLO: Os machos geralmente são assintomáticos e contém os parasitos no prepúcio, contaminando a fêmea atravś da cópula. No trato reprodutivo da fêmea o parasito vaz uma série de divisões binárias, pode atingir o útero, levar à uma endometrite, além de morte fetal caso esteja gestante. No macho também ocorre essa reprodução no prepúcio. É uma doença que vai acabar sendo extinta pelo uso de reprodução artificial. Importância na MV: problemas reprodutivos – principalmente bovinos, levando a repetição de cio, abortos. O gênero Trichomonas pode ser encontrado no homem nas espécies Trichomonas vaginalis, T. tenax, T. hominis, Trichomitus fecais. A diferença deles é pelo tamanho, quantidade de flagelos e se este é posterior ou anterior. ORDEM DIPLOMONADIDA: possuem núcleos e órgãos duplicados, pois possuem simeria bilateral. FAMÍLIA HEXAMITIDAE: 6 a 8 flagelos, dois núcleos, axóstilos e corpos parabasais ás vezes presentes, simetria bilateral. ● Giardia spp.: monoxeno, pode ser encontrado na forma de cisto (nas fezes) ou trofozoíto (ID). No homem atinge principalmente crianças em creches, causando diarreia. Quando tem muito, a giárdia forma uma camada de protozoários no intestino, impedindo absorção de nutrientes/água/alimentos. Os cistos são ovalados com 2 a 4 núcleos, consegue ver fibrilas remanescentes das organelas do trofozoíto. Os trofozoítos possuem corpo piriforme ou ovoide, extremidade anterior arredondada e posterior afilada, superfície dorsal convexa. Superfície ventral tem o disco redondo, pelo qual se fixam na parede do intestino, não são intracelulares. O trofozoíto possui 2 núcleos anteriores, dois axóstilos paralelos e medianos, 8 flagelos (2 anteriores, 2 medianos, 2 ventrais, 2 posteriores). Os flagelos têm origem em uma série de cinetossomos. 11 ● G. duodenalis: mamíferos, é zoonose. Única espécie encontrada até hoje na água. Localizam-se no ID (duodeno). A transmissão será pela ingestão do cisto, presente com a água ou alimentos contaminados. A reprodução é por divisão binária que ocorre no intestino. CICLO: animal ingere o cisto, no intestino esse cisto vai excitar, liberando 2 trofozoítos, que através do disco ficam aderidos a parede do intestino fazendo uma série de divisão binária. Alguns destes encistam formando o cisto que será eliminado nas fezes. Importância na MV: zoonose, diarreia intermitente no hospedeiro ORDEM KINETOPLASTIDA Podem ter 1 ou 2 flagelos, tem uma única mitocôndria. Possui cinetoplasto (DNA mitocondrial próximo ao corpúsculo basal) e cinetossoma (corpúsculo basal, onde ocorre a inserção dos flagelos) FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE: podem ter membrana ondulante. São heteroxenos, sendo que precisa de um hospedeiro invertebrado e um vertebrado. Fazem reprodução assexuada por cissiparidade simples ou múltipla, podendo esta ocorrer ou no hospedeiro vertebrado ou invertebrado, conforme a espécie. Pode ocorrer a formação de rosetas na reprodução (ligação de protozoários em forma de flor). Podem ser foliáceos ou arredondados. A posição do cinetossoma/glândula basal varia conforme a espécie, sendo um diferencial (pode ser anterior, posterior ou próximo ao núcleo). O cinetoplasto geralmente acompanha o cinestossoma, estando próximo a ele. Além dos flagelos, possuem também microtúbulos que ajudam na locomoção. Estes estão em número variável e localizam-se sob a membrana externa. O Trypanossoma pode apresentar-se as seguintes formas durante seu ciclo evolutivo: Amastigota: mais presente nos Trypanosoma Cruzi. Essa fase possui forma circular, ovoide ou alongado, é menor que as outras fases. Núcleo excêntrico, cinetoplasto presente, flagelo reduzido e desprovida de flagelos livres. No caso das Leishmanias é encontrado dentro do macrófago. Promastigota: forma mais alongada, o cinetoplasto e cinetossoma estão na metade anterior do corpo, o núcleo na metade do corpo e o flagelo livre emergindo na extremidade anterior do corpo. Epimastigota: encontrado nos Trypanosomas. Possui uma forma mais alongada com cinetoplasto e cinetossoma próximos e anteriores ao núcleo. O núcleo está localizado próximo a metade do comprimento do corpo. O flagelo emerge na meio do corpo, e se torna livre na extremidade anterior e há presença de membrana ondulante. Tripomastigota: forma alongada, suas extremidades são pontiagudas. O núcleo fica localizado na metade do corpo, enquanto cinetoplasto e cinetossoma estão próximos à extremidade posterior do corpo. Flagelo emergindo na parte posterior, ficando livre na parte anterior, com membrana ondulante. ● Trypanosoma spp.: possui aspecto folíacio, o flagelo está na margem da membrana ondulante, podendo ser encontrado nas formas amastigota (nos vertebrados), epimastigota (invertebrados) e tripomastigota (vertebrados e invertebrados). São divididos em duas seções: - Seção Stercoraria: Reprodução do parasito no intestino do hospedeiro invertebrado, sendo eliminado pelas fezes dos insetos. A contaminação ocorre por contaminação com estas fezes. Ex: T. cruzi., T. theileri, T. melophagium. - Seção salivaria: acomete a maioria dos animais. Os tripomastigotas podem se multiplicar no tubo digestório, probóscide e glândulas salivares. Durante a picada do inseto irá inocular o parasito, transmitindo para os mamíferos. Ex: T. vivax, T. congolense, T. brucei brucei, T. evansi, T. equiperdum. ● T. equiperdum: também conhecido como sífilis equina, atinge o trato reprodutivo dos equinos. Raramente será transmitidos por insetos, e sim por contato durante a cópula. É monofórmico, sendo encontrada apenas a forma tripomastigota (não há inseto envolvido no ciclo, por isso não possui a forma epimastigota). ● T. evansi: também chamado de “mal das cadeiras”, no Brasil só se encontra a forma tripomastigota. O ciclo completo ocorre na África, com a mosca Tsé-Tsé, não presente no Brasil. Desta forma, aqui a única reprodução que 12 ocorre é a reprodução assexuada por divisão binária, no sangue. A contaminação se dá de um equino para outro por insetos hematófagos, porém sem haver um ciclo nesse inseto, que funciona como um vetor e não hospedeiro. Pode também ser transmitido por morcegos e agulhas contaminadas. ● T. vivax: acomete principalmente bovinos, vem aumentando o número de casos, se disseminando entre os estados, exceto SC e PR. Também não tem inseto no seu ciclo, sendo transmitido por vetores (insetos, agulhas contaminadas etc), está apenas na forma tripomastigota (no Brasil), pois não ocorre o ciclo no inseto. Na África ocorre também a forma epimastigota. O transporte de animais entre estados ajuda na disseminação do protozoário. Caso a doença atinja estados que não estão contaminados, haverá surtos e morte de muitos animais, pois estesnão estão com a imunidade preparada, diferente de animais provenientes do Pantanal, onde a doença é endêmica. A extremidade posterior varia de forma, podendo ser larga, terminar em forma rombuda, afunilar abruptamente. CICLO: no T. evanci e T. vivax. Animais infectados com tripomastigotas na corrente circulatória fazendo divisão binária. O inseto, que no Brasil é um vetor, pois não ocorre reprodução nele, ingere tripomastigotas durante sua alimentação. Quando for se alimentar de outro animal, transmite pra este. PPP: 4-10 dias. ● T. cruzi: apresenta-se nas formas tripomastigota (pequena e em forma de C), epimastigota e amastigota (podem ser encontradas no m. cardíaco). Possui cinetoplasto grande e subterminal, com extremidade posterior pontiaguda. No Brasil ocorre o ciclo completo, com hospedeiros invertebrados (barbeiros, podendo ser Panstrongylus, Triatoma e Rhodnius) e vertebrados (humanos, animais domésticos e silvestres). Humanos também podem ser contaminar por alimentos contaminados, principalmente açaí e cana de açucar. Por infectar várias espécies de animais, podemos ter 3 tipos de ciclos: ciclo silvestre, ciclo paradoméstico, e doméstico. CICLO: eliminação do protozoário através das fezes do barbeiro. Pode inocular através da picada (os tripomastigotas entram pelo orifício da picada). Os triatomíneos caem na corrente sanguínea, penetram em alguma célula e se diferenciam em amastigota, que realizam divisão binária e se diferencia em tripomastigota, rompendo a célula e caindo na corrente sanguínea. Os barbeiros ingerem sangue, durante a alimentação, que possui tripomastigotas. No intestino do inseto, este se diferencia em epimastigota, que faz divisão binária, se diferencia novamente em tripomastigota e é eliminado nas fezes. ● Leishmania spp.: possui flagelo, encontra-se na forma amastigota, encontrada nos macrófagos; e promastigota, encontrada nos insetos. Cães são os principais reservatórios e contaminantes pros humanos. Na forma promastigota o corpo é alongado, duas extremidades afiladas sendo a anterior larga e a posterior mais pontiaguda, o flagelo é inserido na região anterior ficando livre. A forma amastigota que se encontra nas células dos hospedeiros vertebrados (macrófagos principalmente), não se visualiza o flagelo pois ele é atrofiado. O gênero ainda pode ser classificado em 2 subgêneros, de acordo com a localização dos promastigotas no intestino do inseto. Subgênero Viannia (desenvolvimento limitado ao intestino médio e anterior) e subgênero Leishmania (desenvolvimento nas regiões posterior, média e anterior). As únicas espécies que podem causar Leishminiose visceral são a L. donovani, L. chagasi (ou L. infantum), todas as outras causam a tegumentar. No Brasil as principais encontradas são a L. braziliensis, L. guyanensis, L. amazonenses. ● L. chagasi: cães e homem são hospedeiros vertebrados/reservatórios. O protozoário se multiplica no interior de macrófagos, que acabam sendo destruídos, causando a liberação dos parasitas que invadem macrófagos vizinhos. ● L. brasiliensis: cães e homem HV, Phlebotomus e Lutzomyia como HI. Também possui as formas amastigota (cães e homem) e promastigota (insetos). CICLO: forma promastigota no intestino ou esôfago dos insetos (a reprodução só ocorre no intestino, podem migrar para o esôfago do inseto). Quando este for se alimentar transmite o parasito. No HV eles se multiplicam no interior dos macrófago. Quando os insetos forem se alimentar de um hospedeiro contaminado, pode ingerir os parasitos pelo sangue ingurgitado. 13
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