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EDUCAÇÃO AMBIENTAL (16)

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA 
 
SECRETARIA MUNICIPAL DO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
Sensibilizando para o Futuro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina 
Outubro - 2008 
 
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EQUIPE TÉCNICA 
 
 
Adriana Rodrigues Barra Rosa Ferreira 
Professora de Artes e Pedagoga 
 
 
Adilson Nalin Luiz 
Geógrafo 
 
 
Jorge Akira Oyama 
Biólogo/Professor de Ciências 
 
 
Lino Antonio da Silva 
Assessor 
 
 
Queila Maria Lautenschlager Spoladore 
Geógrafa 
 
 
Maria Aparecida da Silva 
Estagiária de Pedagogia 
 
 
Viviane Gomes de Alvarenga 
Estagiária de Biblioteconomia 
 
 
 
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ÍNDICE 
 
 
1. Apresentação..........................................................................5 
 
2. Programa o Rio da Minha Rua ...................................................6 
 
3. Descrição do Kit (material didático)............................................8 
 
4. Principais Conceitos em Educação Ambiental................................9 
 
5. Água no Planeta.....................................................................15 
 
6. Os múltiplos Usos da Água.......................................................17 
 
7. Consumo de Água...................................................................29 
 
8. Ciclo Hidrológico.....................................................................30 
 
9. Água Subterrânea..................................................................31 
 
10. Mata Ciliar............................................................................34 
 
11. Bacia Hidrográfica..................................................................35 
 
12. A Água no Meio Urbano...........................................................40 
 
13. Gestão Inadequada das Águas.................................................42 
 
14. Práticas Sustentáveis nas Bacias Hidrográficas..........................46 
 
15. Sugestões de Atividades.........................................................49 
 
16. Aprendendo a trabalhar com os mapas e DVD...........................76 
 
17. Glossário..............................................................................78 
 
18. Referências Bibliográficas.......................................................81 
 
19. Sugestões de bibliografia e sites..............................................83 
 
20. Anexos.................................................................................85 
 
 
 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
 
 
Em Londrina, bem pertinho de cada um de nós, sempre tem um rio. A presença 
de 84 cursos d´água urbanos, cujas áreas de preservação permanente são conhecidas 
como fundos de vale, marca a cultura ambiental do londrinense, que está profundamente 
enraizada neste conceito. 
 Diante desse panorama, surge o modelo de planejamento ambiental “O Rio da 
Minha Rua”, um programa de endereçamento hidrográfico, uma idéia pioneira e 
inovadora que abre um inédito ciclo de conscientização comunitária. 
 A transformação começa pela identificação das microbacias, levando-se em conta 
as nascentes, os córregos, os rios e os lagos como referência de localização. Assim, cada 
pessoa, empresa, escola, igreja, associação de moradores ou outro tipo de organização 
terá o seu rio para conhecer e cuidar. 
 Esperamos que o material reunido neste Kit, ao ganhar vida pelas mãos dos 
professores, ajude no processo de construção de uma visão ampla e crítica da realidade 
de nossos rios, na perspectiva de estimular reflexões e ações sobre os problemas e as 
potencialidades de cada local. 
 A apostila “O Rio da Minha Rua” não pretende fornecer conceitos fechados, mas 
sim, alguns elementos que podem ser usados na construção coletiva das idéias em 
questão. Através de alguns instrumentos didáticos que poderão servir de auxílio no 
planejamento de suas atividades em sala de aula ou fora dela. 
 Trazem diversas informações e sugestões para o desenvolvimento das atividades 
práticas, como observação, experimentação e registro, além de fontes de pesquisa. 
 As dinâmicas de sensibilização são caminhos para tornar as pessoas conscientes 
da importância da sua atuação individual. Estas atividades promovem reflexões sobre as 
relações humanas, sobre o ambiente natural e construído. 
 Por isso, a Prefeitura de Londrina, convida você, professor, a participar desse 
programa e ser agente de transformação ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. PROGRAMA O RIO DA MINHA RUA 
 
O QUE É? 
 
 O Rio da Minha Rua é um programa de Educação Ambiental que a Prefeitura de 
Londrina através da Secretaria Municipal do Ambiente, propõe às escolas, grupos 
organizados, empresas, igrejas, que queiram desenvolver atividades para recuperar ou 
preservar os rios de Londrina. 
 
QUEM É QUE FAZ? 
 
As pessoas que fazem parte de entidades, escolas, igrejas, empresas são os 
protagonistas do Programa “O Rio da Minha Rua”, com o acompanhamento da equipe da 
Sema. 
 
O QUE SE FAZ? 
 
Estes atores irão conhecer e estudar o rio da sua rua, propondo e realizando 
ações para a preservação e recuperação destes rios. Para mostrar que, com a 
participação de todos, algo é possível fazer. 
 
COM A AJUDA DE QUEM? 
 
Além da SEMA, também vocês poderão pedir aos administradores, profissionais 
liberais, pais, avós, comerciantes ou empresários do bairro, ou para quem estiver 
disposto a ajudar. 
 
COM QUAL METODOLOGIA? 
 
O “Rio da Minha Rua” propõe atividades que levem à descoberta do rio da sua rua, 
através de um modelo de educação ambiental que supere a visão de meio ambiente 
como matéria a ser estudada, como lição esporádica, mas que possibilite e leve as 
pessoas a empenharem-se em transformá-lo num ambiente melhor, tendo como foco o 
rio. 
COM QUAIS INSTRUMENTOS? 
 
O Rio da Minha Rua fornecerá às escolas e grupos interessados um Kit contendo 
uma Apostila para o professor com textos teóricos e sugestões de atividades práticas e 
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de sensibilização, jornal e um DVD com a imagem de satélite de toda a cidade, com a 
identificação das microbacias. 
 
COM QUAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO? 
 
Os grupos poderão se comunicar com a equipe da Sema, ou entre si, por e-mail, 
telefone, pelo site do programa O Rio da Minha Rua ou até solicitar uma visita da equipe 
da Sema até a sua escola. 
 
ONDE QUEREMOS CHEGAR? 
 
É mostrar que, através de pequenas ações, dentro de nossas casas, no bairro, na 
escola, no trabalho, na igreja e na comunidade, é possível ajudar a preservar e recuperar 
um dos recursos mais valiosos para todos nós: a água. 
 
3. DESCRIÇÃO DO KIT 
 
 
O Kit é composto pelos seguintes materiais: 
 
 1 (uma) Apostila do Rio da Minha Rua, contendo textos e sugestões de atividades 
para o professor. 
 
 1 (um) DVD contendo: 
 
• Programa Arc Reader 
• Arc Reader Tradutor 
• Rio da Minha Rua – versão 1.0 – dados 
• Bacia do Ribeirão Cafezal 
• Bacia do Ribeirão Cambé 
• Bacia do Ribeirão Limoeiro 
• Bacia do Ribeirão Lindóia 
• Bacia do Ribeirão Três Bocas 
• Bacia do Ribeirão Jacutinga 
• Dicas Ambientais 
• Apresentação o Rio da Minha Rua 
• Leia-me geral 
 
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4. PRINCIPAIS CONCEITOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Do histórico de ações da EA, três vertentes podem ser identificadas: positivista,construtivista e crítica. Os positivistas buscam enfatizar informações ecológicas em 
detrimento dos processos de ensino-aprendizagem, buscando a mudança de 
comportamentos individuais. Os construtivistas ampliam os espaços da EA trazendo a 
preocupação pedagógica e o cuidado na aprendizagem. A afetividade e a corporeidade 
somam-se à dimensão informativa, buscando elos sociais e ecológicos mais amplos. Por 
sua vez, os que realizam uma educação ambiental crítica preocupam-se com a 
participação e o empoderamento dos grupos sociais, privilegiando a emancipação e 
autonomia numa perspectiva mais política, sem, contudo, negligenciar as informações 
ecológicas e a construção dos conhecimentos. 
A Educação Ambiental pode ser considerada uma práxis educativa e social que 
contribui para a tentativa de implementação de uma sociedade mais igualitária e que 
considera o “ambiente” segundo uma concepção de inclusão do ser humano em todos os 
processos, sendo filosoficamente indistinto do que se denomina “natural”. 
 
 
Plantio de mata ciliar com a comunidade no 
Córrego Sem Dúvida – Londrina/Pr 
Fonte: Sema, 2007 
Atividade com a comunidade no Córrego 
Guarujá – Londrina/Pr 
Fonte: Sema, 2007 
 
AMBIENTE 
 
O conhecimento sistemático sobre o meio ambiente ainda está em construção e, 
por ser um processo dinâmico, é provável que nunca se venha a ter um conceito 
definitivo. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): “muitos 
estudiosos da área ambiental consideram que a idéia para a qual se vem dando o nome 
de meio ambiente não configura um conceito que interesse ou possa ser estabelecido de 
modo rígido e definitivo. É mais relevante estabelecê-lo como uma representação social, 
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isto é, uma visão que evolui no tempo e depende do grupo social em que é utilizado. São 
estas representações, bem como suas modificações ao longo do tempo, que importam: é 
nelas que se busca intervir quando se trabalha com meio ambiente”. 
Visando uma prática pedagógica contextualizada sobre ambiente, é importante 
conhecer as concepções ou as representações coletivas dos grupos de atores sociais que 
causam ou atuam com problemas ambientais, sabendo que estas são dinâmicas e se 
modificam rapidamente. Nesse sentido é importante identificar as representações 
individual e social sobre ambiente, para que se possa conhecer e refletir sobre os 
conflitos entre ser humano– sociedade - natureza. Segundo (ANA, 2006), a dissociação 
entre o que é “humano” e o que é “natural” se tornou corriqueira, sendo mostrada dos 
filmes à mídia cotidiana. De fato, em pesquisa de opinião realizada sobre “O que o 
brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, apenas 30% dos 
entrevistados apontaram que “homens e mulheres” são parte do meio ambiente. Outros 
elementos pouco identificados como integrantes do meio ambiente foram “índios” (25%), 
“cidades” (18%) e “favelas” (16%). Os itens mais facilmente identificados foram “matas” 
(73%), “rios” (72%), “água” (70%) e “animais” (59%). Além disso, para 67% dos 
brasileiros entrevistados “a natureza é sagrada e o homem não deve interferir nela”. 
Uma proposta de análise das representações sociais da relação ser humano–
sociedade–natureza divide as visões em “Naturalistas”, “Antropocêntricas” e 
“Globalizantes” ou “Sistêmica”, conforme descrito no quadro abaixo: 
 
 
NATURALISTA 
• Considera meio ambiente como sinônimo de natureza (intocada) e de harmonia. 
• O ambiente engloba os aspectos físicos e biológicos, mas exclui o ser humano 
deste contexto. O ser humano é um observador externo. 
Exemplo de discurso 
Caracteriza-se por dois subgrupos: 
• Espacial: “lugar onde os seres vivos habitam”. 
• Elementos circundantes: conjunto de elementos bióticos (seres vivos) e 
abióticos (ar, água e solo). 
Prática pedagógica 
• Assume uma pedagogia tradicional; 
• Resume-se à transmissão de conhecimentos sobre a natureza 
(meio biótico e abiótico); 
• O ser humano enquadra-se como depredador; 
• Ênfase na metodologia: observação da natureza (conservada ou depredada) 
 in loco. 
ANTROPOCÊNTRICA 
• Evidencia a utilidade dos recursos naturais para “a sobrevivência do ser 
humano” (visão utilitarista). 
• Reconhece a interdependência entre elementos bióticos e abióticos e a ação 
transformadora do ser humano sobre os sistemas naturais, alterando o 
“equilíbrio ecológico”. 
Exemplo de discurso 
• “É tudo que nos cerca: os animais, os vegetais, a água, o solo, o ar, enfim, tudo 
o que possibilita a nossa sobrevivência”. 
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• “É o meio onde vivemos aproveitando todos os recursos que temos para 
sobreviver”. 
Prática pedagógica 
• Assume uma “pedagogia tradicional”; 
• Objetiva a conscientização dos alunos quanto à preservação dos recursos que 
utilizam e dos quais dependem para sua sobrevivência; 
• No estudo da problemática ambiental dá prioridade aos aspectos políticos, 
sociais e econômicos, em função do “ser humano”. 
SISTÊMICA 
• Evidencia as relações recíprocas entre natureza e sociedade. 
• Caracteriza-se por destacar as interações complexas entre os aspectos sociais e 
naturais, como também os aspectos, políticos, econômicos, .filosófilos e 
culturais. 
• O ser humano é compreendido enquanto ser social, vivendo em comunidades. 
Exemplo de discurso 
• “O meio ambiente é a nossa casa, o nosso bairro, a cidade, o país, o planeta, os 
animais, as plantas, a família, a sociedade, as relações entre todos os seres 
vivos e tudo o que nos cerca”. 
Prática pedagógica 
• Assume uma tendência inovadora ou de inovação; 
• Transmissão de conhecimentos sobre a complexidade do meio natural; 
• Visão do ser humano como elemento constitutivo do meio ambiente enquanto 
ser social, vivendo em comunidades; 
• Objetiva a sensibilização dos alunos sobre a necessidade de se preservar as 
interações existentes tanto no meio natural como no meio social e também 
entre eles; 
• Inclui temas e atividades que não fazem parte da rotina pedagógica, 
desenvolvendo conteúdos que não fazem parte do programa oficial (estudos de 
caso sobre a poluição de rios, problemas com o lixo, e reciclagem, discussões 
sobre a pobreza, miséria, saúde); 
• Adota uma perspectiva de abordagem interdisciplinar. 
 
 
 
IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
A visão tradicional de impacto ambiental o classifica como uma alteração no meio 
ambiente, resultante das atividades humanas e que afeta o funcionamento dos sistemas. 
Exemplos desses impactos são freqüentemente registrados e vêm sendo debatidos, como 
a poluição do solo, água e ar; a extinção de espécies; o aquecimento global; o efeito 
estufa; o desmatamento; as queimadas etc. e seus efeitos sobre a saúde humana e os 
ecossistemas. 
Mas será que é só isso? Se os impactos ambientais são só os causados pelo ser 
humano, não estamos reforçando a separação do ser humano da natureza? O que dizer 
de um raio que cai numa propriedade causando um incêndio? Isso causa um impacto 
ambiental? E o que dizer dos efeitos dos fenômenos “naturais” como tempestades, 
terremotos, furacões etc. sobre o funcionamento dos ecossistemas? Deveriam ser 
considerados impactos ambientais? 
Além disso, alguns impactos, que à primeira vista parecem exclusivamente, 
podem também ser originados ou intensificados por ações humanas. Por exemplo, as 
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alterações no ciclo hidrológico, verificadas nas últimas décadas causadas pela 
urbanização, pelo desmatamento, pelas queimadas e pelo aumento da quantidade de 
partículas no ar aumentaram a possibilidade de ocorrência de chuvas mais intensas em 
algumas regiões. 
Nas cidades, que não estavam preparadas para esses eventos, houve um 
aumentodas inundações e, como só foram pensadas ações para “resolver o problema” (e 
não as suas causas), isto gerou, e gera prejuízos econômicos e sociais. 
Mostra-se assim, mais uma vez, a inter-relação entre as ações humanas e o 
ambiente, reforçando o sentimento de pertencimento do ser humano neste planeta. Ao 
mesmo tempo, reforça também sua responsabilidade ambiental (em seu sentido mais 
amplo), já que é a única espécie capaz de ter consciência do que seus atos podem 
provocar sobre o planeta. 
 
Fonte: www.emersonfialho.wordpress.com 
 
 
POBREZA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 
 
Para avançarmos na construção do conceito de impactos ambientais, devemos 
lembrar que este deve ser construído, levando-se em conta a concepção de “ambiente”. 
Se partirmos do princípio que o ambiente inclui o ser humano, então tudo o que diz 
respeito a ele deve ser considerado. Sendo assim, tudo o que causa dano à sua condição 
de vida deveria ser classificado como um “impacto”. 
Nesta concepção, o que dizer das degradações sociais? Não deveríamos 
considerar que toda forma de dano social é uma forma de agressão ao ambiente? A 
pobreza, a fome, a exclusão social, a violência, as guerras não seriam elas, por si sós, 
formas de degradação ambiental? 
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Fonte: www.blogdamartabellini.blogspot.com 
Ocupação irregular com moradias nas margens do rio e conseqüente poluição 
da água 
 
 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
O conceito de desenvolvimento sustentável deriva do entendimento de que o ser 
humano é capaz de ações que depredam o meio ambiente. É difícil dizer quando o ser 
humano se deu conta dessa capacidade, pois a abundância de recursos naturais dava a 
falsa impressão de que seriam infinitos. 
No entanto, na década de 1960, algumas discussões político-científicas 
começaram a chamar a atenção para o fato de que os recursos poderiam não ser infinitos 
e algumas ações humanas tinham efeito negativo direto sobre o funcionamento dos 
ecossistemas. 
Uma das primeiras evidências incontestáveis desses efeitos se deu quando da 
publicação do livro Primavera silenciosa, denunciando os impactos deletérios de 
pesticidas organoclorados (DDT, entre outros) sobre a fauna e flora de um bosque nos 
Estados Unidos, em 1962. 
Dois anos antes, especialistas de diversas áreas haviam se reunido na Itália para 
uma série de reuniões num evento que ficou conhecido como Clube de Roma. O Clube de 
Roma publicou um estudo chamado “Limites do crescimento” no qual se dizia que o 
desenvolvimento científico e tecnológico empregado na época estava em confronto com o 
que o ambiente poderia suportar. 
Nessa época, aparece e ganha importância a Ecologia, campo do conhecimento 
que analisa e discute a relação entre as espécies e o ambiente. Numerosos exemplos de 
degradação ambiental são registrados e cada vez mais esse assunto fica em evidência. 
No esforço de tentar implementar uma ação coordenada para tentar corrigir tais 
problemas, em 1987 a Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento da ONU 
produziu um documento – “Nosso futuro comum” – reunindo delegações de vários 
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países. Ali, se define desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras 
atenderem às suas próprias necessidades”. 
Vamos refletir um pouco sobre isto. É certo que as pessoas têm “necessidades”, 
mas também têm valores e apreciam a liberdade de decidir qual valor atribuir às coisas e 
de que maneira preservar esses valores. Por isso, ver os seres humanos apenas em 
termos de suas necessidades pode nos dar uma visão um tanto insuficiente da 
humanidade. 
Um exemplo para entendermos melhor: imaginemos alguém que considere que 
deveríamos fazer o possível para preservar uma espécie ameaçada de extinção, digamos, 
a coruja-pintada. 
Não haveria contradição se a mesma pessoa declarasse que os nossos padrões de 
vida são independentes da presença ou da ausência de corujas-pintadas, mas que 
acredita que não deveríamos permitir sua extinção por razões que pouco têm a ver com 
a necessidade de manutenção dos atuais e futuros padrões de vida dos seres humanos 
(por exemplo, por seus valores éticos, estéticos, ligados à afetividade, ao sagrado etc.). 
(Fonte: www.ana.gov.br) 
 
55.. ÁÁGGUUAA NNOO PPLLAANNEETTAA 
 
A água recobre ¾ da superfície do nosso planeta e constitui também ¾ do nosso 
organismo. Entre todos os elementos que compõem o universo, a água é talvez aquele 
que melhor simboliza a essência do homem, desempenhando um papel fundamental no 
nosso equilíbrio. 
Os oceanos, rios, lagos, geleiras, calotas polares, pântanos e alagados cobrem 
cerca de 354.200 km² da Terra, e ocupam um volume total de 1.386 milhões de km³. 
Apenas 2,5% desse reservatório, porém, consiste de água doce, fundamental para a 
nossa sobrevivência, sendo o restante impróprio para o consumo. Além disso, 68,9% da 
água doce estão na forma sólida, em geleiras, calotas polares e neves eternas. As águas 
subterrâneas e de outros reservatórios perfazem 30,8%, e a água acessível ao consumo 
humano, encontrada em rios, lagos e alguns reservatórios subterrâneos, somam apenas 
0,3%, ou 100 mil km³ (cerca de 113 trilhões de m3). 
O volume total de água na Terra não aumenta nem diminui: é sempre o mesmo. 
A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. A 
ameaça da falta de água permanente, em níveis que possam inviabilizar até a simples 
existência, pode parecer um exagero, mas não é. 
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Distribuição de água no mundo 
Fonte: www.ciencia.hsw.uol.com.br 
 
O rápido crescimento da população mundial no século passado e sua concentração 
em grandes zonas urbanas em várias partes do mundo têm provocado à degradação da 
água. Hoje somos cerca de 6 bilhões de pessoas que com outros seres vivos, repartem 
essa água. 
A desigualdade na distribuição das águas, entretanto, faz com que alguns países 
sejam extremamente pobres em água, e outros muito ricos. Países desérticos, como o 
Kuwait, Arábia Saudita e Líbia, e pequenos países insulares, como Malta, Catar e as ilhas 
Bahamas, possuem menos do que 200 m³/ano por habitante, enquanto o recomendado 
pela ONU é de 1.000 m³/hab/ano. 
Regiões como o Canadá, a Rússia asiática, as Guianas e o Gabão têm mais de 
100.000 m³/hab/ano. O Brasil está na categoria servida com 10.000 a 100.000 
m³/hab/ano, e possui 12% da água doce disponível no mundo. No entanto, nossas 
reservas de água potável estão diminuindo. Entre as principais causas estão: crescente 
aumento do consumo e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas por 
esgotos domésticos e resíduos tóxicos da indústria e da agricultura. (Fonte: Apostila das 
Águas, 2004) 
 
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Fonte: www.geografiaparatodos.com 
 
 
66.. OOSS MMÚÚLLTTIIPPLLOOSS UUSSOOSS DDAA ÁÁGGUUAA 
 
A água pode ser utilizada de diversas maneiras. Como é uma substância 
indispensável para a vida, seus usos principais são para a sobrevivência das populações 
humanas e o equilíbrio dos ecossistemas, incluindo-se aí todas as plantas, animais e 
microorganismos. 
A Lei 9.433 de 1997, chamada de Lei das Águas, estabelece que a gestão dos 
recursos hídricos deva proporcionar os usos múltiplos da água em bacias hidrográficas 
brasileiras. Alguns usos da água são: abastecimento para uso doméstico, dessedentação 
de animais e conservação ambiental. Outros usos da água também procuram atender às 
necessidades dos seres humanos, como a água para agricultura (irrigação), para 
aumentar e garantir a produçãode alimentos, para a indústria, produção de energia 
elétrica através das hidrelétricas e navegação para transporte de produtos e pessoas. Em 
caso de escassez de água, o consumo humano e a dessedentação de animais são 
considerados prioritários pela lei brasileira. 
Os usos que consomem a água são chamados usos consultivos, ou seja, são os 
que reduzem o volume da água de rios, lagos e de água subterrânea. Por exemplo, são 
usos consuntivos o abastecimento humano, a dessedentação de animais, a irrigação e o 
uso industrial. 
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Há também os usos que não consomem diretamente a água. Estes são chamados 
usos não consuntivos. São eles: os usos para lazer, navegação e geração de energia. 
Na bacia, a água é captada do rio para satisfazer quatro usos principais: irrigação, 
uso industrial, abastecimento público e energia elétrica. 
 
Fonte: www.aguas.sc.gov.br 
 
A agropecuária é a atividade que mais demanda água (pecuária de leite e corte 
suinocultura, café, cana-de-açúcar, hortifrutigranjeiros), seguida das atividades 
industriais (siderurgia, metalurgia, mecânica, química, alimentícia, álcool, têxtil, 
curtume, papel e celulose). A degradação atual da qualidade das águas é resultado de 
impactos de todas essas atividades, sobretudo, da indústria e da mineração e, em menor 
escala, das propriedades rurais, em função do uso de pesticidas e herbicidas e da erosão 
causada pela falta de manejo dos solos. 
Das muitas áreas cobertas pela Floresta Atlântica, foram transformadas em 
pastagens. 
 
CONSUMO DIRETO DA ÁGUA 
 
ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO 
 
O sistema de abastecimento de água para consumo humano é constituído de três 
componentes: manancial ou fonte de água, estação de tratamento de água e rede de 
distribuição na cidade. 
Cerca de 35% da população brasileira são abastecidos pelos mananciais 
subterrâneos, geralmente em cidades pequenas. Porém, o uso mais freqüente é o dos 
mananciais superficiais, pela maior facilidade de obtenção da água. 
 
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Tratamento de água e distribuição 
Fonte: www.editorasaraiva.com.br 
 
Nas cidades, em geral, a água que vem dos mananciais é canalizada para uma 
Estação de Tratamento de água (ETA), onde são retiradas as impurezas da água para 
garantir padrões adequados ao uso humano. A partir da ETA, a água é distribuída na 
cidade por meio de uma rede subterrânea de condutos de água. Dependendo do 
tamanho da população, poderão existir várias ETAs alimentando diferentes redes. 
Próximo as ETAs existem reservatórios que permitem armazenar água tratada e 
regularizar o atendimento da demanda da cidade, demanda esta que varia ao longo do 
dia e dos dias da semana. 
A porcentagem da população atendida com água tratada no Brasil é de 92,4%, 
com maior proporção nas áreas urbanas. O serviço é realizado por empresas municipais, 
estaduais ou privadas. No Brasil, 82% da população é atendida por serviços estaduais e o 
restante é atendido por empresas municipais e privadas. 
Um grave problema no Brasil é a grande perda de água na rede, da ordem de 
40%, causada pela falta de manutenção das tubulações e pela prática criminosa de roubo 
de água da rede (os chamados “gatos”). Isto gera desperdício e compromete a qualidade 
da água que chega ao consumidor. Além disso, com o aumento do consumo, novas 
fontes de água devem ser utilizadas, aumentando os impactos ambientais e os custos 
para o consumidor que paga suas contas. 
Em Londrina, a Sanepar, (companhia responsável pelo abastecimento de água) 
tem possibilidade de cobrir 100% da população urbana com água tratada. 
Os serviços da Sanepar seguem as exigências do Ministério da Saúde, garantindo, 
portanto, os índices determinados com relação à qualidade da água. Porém, quase 20% 
da água tratada em Londrina acaba sendo desperdiçada de diversas formas. 
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Para que seja mantida a qualidade da água oferecida pela empresa de tratamento 
é necessário que as pessoas façam regularmente a limpeza dos reservatórios residenciais 
(caixa d’água ). 
IRRIGAÇÃO 
 
A irrigação é utilizada na agricultura para suprir de água a plantação, sendo a 
garantia da produtividade agrícola, independente da pluviosidade de um determinado 
ano. Em todo o mundo (e também no Brasil), a agricultura é a atividade que demanda a 
maior quantidade de água, ficando em níveis próximos a 70% do uso da água. Para se 
ter uma idéia, um hectare de irrigação de arroz por inundação pode consumir o 
equivalente ao consumo de 800 pessoas na cidade. 
Os métodos mais comuns de irrigação são por inundação e por aspersão, quando 
a água chega por condutos e depois é distribuída por jatos de água ou por gotejamento, 
em que os sistemas de captação e distribuição levam apenas a quantidade de água 
necessária para manter saudável a plantação. 
A irrigação por inundação e por aspersão tem má relação custo/benefício, uma 
vez que os gastos com energia são altos – a água deve ser captada e bombeada – e 
geram ineficiência, pois ambos os métodos desperdiçam muita água por evaporação. Já o 
método por gotejamento, embora tenha custos mais altos de implementação, é uma 
alternativa mais viável no longo prazo, além de ser menos danoso para os rios e açudes 
por demandar menos água. Porém, há que se considerar que nem todo cultivo permite a 
utilização de sistemas de gotejamento. 
No Brasil, boa parte da agricultura não utiliza sistemas de irrigação. Dos mais de 
70 milhões de hectares cultivados, cerca de 3,5 milhões são irrigados. No entanto, a 
irrigação é feita, em grande parte, segundo os métodos menos eficientes: 53% por 
inundação e 38% por aspersão. 
 
 
Irrigação 
Fonte: www.guarapuava.pr.gov.br 
 
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Apenas uma pequena parcela das plantações no Brasil utiliza irrigação por 
gotejamento. Com o aumento das fronteiras agrícolas, sobretudo no chamado Arco do 
Desmatamento na região de transição Cerrado/Amazônia, a tendência é o aumento da 
demanda por água. As estimativas são de que, até 2050, a área irrigada no Brasil chegue 
a 24 milhões de hectares. 
A região semi-árida brasileira tem um grande desafio no que se refere a 
sustentabilidade: a perda de água por Evapotranspiração chega a 3.500 mm anuais para 
uma precipitação da ordem de 250 a 600 mm. 
Estados como o Ceará têm 60% do seu território com formação cristalina, onde o 
aqüífero praticamente não existe. Em muitas regiões, como no sertão pernambucano, a 
água do subsolo é salobra, o que inviabiliza seu uso sem dessalinizador, equipamento 
muito dispendioso. Este já é um problema real em uma área de 15 mil hectares nessa 
região. Só na bacia do rio São Francisco há cerca de 2.000 hectares salinizados. Nas 
áreas mais distantes de rios e lagos perenes, a agricultura passa a ser um exercício de 
persistência e de alto custo. 
Nas regiões Sul e Sudeste, o uso da irrigação ainda depende de redução de custos 
para a maioria das culturas, à exceção do arroz por inundação no Sul. Grande parte do 
setor agrícola prefere assumir os riscos quanto às estiagens prolongadas, que ocorrem 
somente em alguns anos, do que investir em irrigação. Além disso, há sérios conflitos no 
que diz respeito ao uso da água para agricultura ou para o abastecimento humano, 
principalmente quando a demanda é muito alta como na irrigação de arroz por 
inundação. A solução desse tipo de conflito passa pelo aumento da eficiência dos 
sistemas de irrigação e pelo gerenciamento adequado dos efluentes agrícolas quanto à 
contaminação. 
O consumo também é alto na produção de bebidas e alimentos (para 1 litro de 
cerveja sãonecessários de 4 a 12 litros de água; para a produção de 1 quilo de leite em 
pó ou de queijo são necessários de 3 a 5 litros de água). 
O principal impacto dessas atividades é a redução da quantidade de água dos rios 
e lagos, pela captação, e a piora da qualidade da água em função do lançamento de 
e.fluentes parcialmente tratados ou não tratados. 
Atualmente existe uma prática importante de reuso da água industrial visando 
reduzir esses impactos. O reuso da água na indústria busca reduzir o consumo de água, 
diminuir o retorno de efluentes para o sistema fluvial e diminuir os custos finais do uso e 
tratamento da água. 
 
ABASTECIMENTO ANIMAL 
 
O abastecimento animal corresponde a cerca de 5% do consumo de água no país 
e é importante, sobretudo na área rural onde se concentra a maior parte dos rebanhos. 
______________________________ 
 18 
No Brasil, como a maioria dos rebanhos de gado não é confinada, não existe 
sistemas de coleta e distribuição e os animais utilizam a água de rios ou açudes. Já no 
caso das grandes criações de porcos e frango, o abastecimento é constante e necessita 
de instalações especiais. Cerca de 90% do consumo animal é devido ao rebanho bovino, 
sendo que os maiores rebanhos estão na região Centro-Oeste. Para engordar 1 quilo, 
uma vaca necessita de 10 a 14 kg de grãos. 
Uma vaca leiteira necessita beber cerca de 4 litros de água por dia para produzir. 
A questão é que as criações de animais não consomem apenas água para beber. A 
produção de carne e derivados requer água de outras formas indiretas. Atualmente, no 
mundo todo, cerca de dois terços da área plantada (equivalente a 1 bilhão de hectares) 
destina-se à produção de ração animal. Só o gado consome metade desses grãos. 
USO INDUSTRIAL 
 
A rede de abastecimento de água das cidades atende às residências, ao comércio 
e às indústrias. 
O setor industrial é um dos que mais consome água. Algumas indústrias são tão 
“sedentas” que possuem sistema de abastecimento próprio. 
Quase todas as indústrias necessitam de água que pode ser utilizada no sistema 
de limpeza, para refrigeração ou no processo produtivo. O consumo de água é alto em 
muitos casos. 
Por exemplo, para a produção de 1 quilo de papel são necessários de 30 a 200 
litros de água. 
 
 
1 – Estoque de cavacos de madeira 
 
2 – Fabricação da polpa 
 
3 – Branqueamento 
 
4 – Formação da folha 
 
5 - Acabamento 
Processo de fabricação do papel 
Fonte: www.celuloseonline.com.br 
MEDIDAS PARA CONSERVAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA 
 
 
REUSO 
 
Prática moderna para racionalizar o consumo de águas. Como o nome diz, é a 
reutilização das águas por um empreendimento ou residência (por exemplo, águas 
______________________________ 
 19 
usadas no processo produtivo podem ser reusadas para resfriar caldeiras; águas usadas 
após o banho podem ser usadas no vaso sanitário). 
 
RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA 
 
Existem várias medidas de racionalização do uso da água que integram os 
principais usos consultivos. Estas medidas podem atuar sobre o consumo, sobre as 
perdas no sistema de distribuição e no reuso. 
O consumo pode ser reduzido utilizando-se equipamentos adequados e lançando-
se mão da educação. Um exemplo de que é possível economizar através da 
racionalização do uso ocorreu na cidade de Nova York, no início da década de 1990. A 
cidade teve uma crise de abastecimento de água e necessitava de mais 340 milhões de 
litros de água a cada dia, cerca de 7% do uso total da cidade. 
 
Dicas para evitar o desperdício de água 
 
 
 
 
Lavar o carro com balde Reutilizar a água da 
máquina de lavar roupas 
Molhar as plantas com 
regador 
Fechar a torneira 
enquanto lava a louça 
 
 
Este tipo de descarga é 
mais econômica 
Tempo máximo no 
chuveiro: 5 minutos 
Consertar vazamentos Manter a torneira fechada 
enquanto escova os 
dentes 
Fonte: www.sesip.org.br 
A alternativa era gastar US$ 1 bilhão para bombear água do rio Hudson, 
aumentando os impactos ambientais a esse ecossistema, mas a cidade optou pela 
redução da demanda. 
Em 1994, iniciou-se um programa de racionalização, com investimento de US$ 
295 milhões, para substituir 1/3 de todas as instalações dos banheiros da cidade. Todos 
os vasos sanitários que consumiam cerca de 20 litros por descarga, foram substituídos 
______________________________ 
 20 
por outros de 6 litros. Em 1997, quando o programa terminou 1,33 milhões de 
dispositivos foram substituídos em 110.000 edifícios com 29% de redução de consumo 
de água por edifício, reduzindo o consumo em cerca de 300.000 m3 por dia. 
A racionalização nas perdas na distribuição envolve o uso de tecnologia, de 
materiais adequados e manutenção das redes existentes. 
Já está claro para os gestores que os custos com a prevenção de problemas são muito 
mais baixos do que os custos para resolver o problema depois que se instalou. 
Quanto ao reuso, este pode ser indireto, quando a água já usada uma ou mais 
vezes em casas ou indústrias é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e 
utilizada novamente; ou direto, quando o uso planejado e deliberado de esgotos tratados 
é praticado na irrigação ou uso industrial. Ainda acontece a reciclagem interna, que 
consiste no reuso de água dentro das instalações industriais, para economizar água e 
controlar a poluição. 
 
 
CONSERVAÇÃO DA FAUNA E FLORA 
 
A manutenção das florestas e de outros tipos de vegetação originais propicia a 
conservação da biodiversidade, além de alternativas econômicas de exploração 
sustentável dos recursos naturais. Em uma bacia hidrográfica, a cobertura florestal 
contribui de modo decisivo para regularizar a quantidade de água dos cursos d’água, 
para aumentar a capacidade de armazenamento de água nas microbacias, reduzir a 
erosão, diminuir os impactos das inundações e manter a qualidade da água e a vida 
aquática. 
 
Fonte: www.cienciahoje.pt 
O Plano Nacional de Recursos Hídricos ressalta três conceitos essenciais para o 
desenvolvimento de políticas relacionadas com a conservação da biodiversidade no 
Brasil: Bioma, Ecorregião e Biorregião. 
 
 
 
 
______________________________ 
 21 
 
BIOMA 
 
Um conjunto de vida (vegetais, animais e microorganismos) constituído pelo 
agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis regionalmente, com 
condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, 
resultando em diversidade biológica própria. O bioma consiste na unidade biológica 
de maior extensão geográfica, compreendendo vários ecossistemas em diferentes 
estágios de evolução e tendo como elemento de união o tipo de vegetação 
dominante. Com base nessas características são definidos seis biomas no Brasil: 
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. 
 
ECORREGIÃO 
 
Conjunto de comunidades naturais que compartilham a maioria das espécies, com 
dinâmicas, processos ecológicos e condições ambientais similares, mas que são 
geograficamente distintas das demais ecorregiões. Em 2003, o Brasil definiu 25 
ecorregiões aquáticas, compreendendo as principais bacias hidrográficas do país 
por suas características peculiares. 
 
BIORREGIÃO 
 
Unidade territorial de planejamento, incluindo os sistemas ecológicos e as 
populações humanas residentes. São extensas o bastante para manter a 
integridade das comunidades biológicas, hábitats e ecossistemas, e pequenas o 
suficiente para serem facilmente reconhecidas pela sociedade que nelas viver. A 
Biorregião é um espaço geográfico identificado por comunidades locais, agências 
governamentais e entidades científicas interessadas em garantir a sustentabilidade 
de seu processode desenvolvimento, o que inclui fragmentos de um ou vários 
ecossistemas e caracteriza-se por sua cultura humana e sua história. 
 
BIOMAS 
 
 
CONSUMO INDIRETO DA ÁGUA 
 
ENERGIA ELÉTRICA 
 
A energia elétrica pode ser produzida por meio da dinâmica da água, quando esta 
movimenta as turbinas de uma hidrelétrica. A energia produzida é medida em Mwh e 
depende de duas variáveis: a vazão de água do rio e a diferença de nível entre o nível da 
água no reservatório e no rio depois da barragem. A construção de barragens é 
importante para regular o nível de água para a hidrelétrica, garantindo a geração de 
energia mesmo em épocas mais secas. 
A energia elétrica é distribuída pelas regiões do Brasil graças às linhas de 
transmissão, que saem das usinas hidrelétricas e chegam aos centros consumidores de 
energia, a longas distâncias. 
Mwh - Megawatts hora; Mega equivale a 1 milhão, e Watts é uma unidade de medida de 
energia. 
______________________________ 
 22 
Para se ter uma idéia de sua amplitude, o consumo médio per capita por ano no 
Brasil é de 1,55 Mwh (ou 1.550 kwh = Quilowatts hora) 
 
 
Esquema de usina hidrelétrica 
Fonte:www.eletronuclear.gov.br 
 
 
A GERAÇÃO DE ENERGIA E AS LINHAS DE TRANSMISSÃO 
 
A Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional é a maior do mundo em capacidade de 
geração de energia elétrica. 
Construída no rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, gera 89,1 milhões 
Mwh, cerca de 25% da energia consumida em todo o Brasil. 
Embora a usina se localize, na parte brasileira, na cidade de Foz do Iguaçu, no 
Paraná, a energia não abastece esta cidade, mas é enviada por quilômetros e 
quilômetros, por meio das linhas de transmissão, principalmente para abastecer São 
Paulo e Rio de Janeiro, os maiores centros urbanos brasileiros e, portanto, maiores 
consumidores de energia do país. 
 
 
Linhas de transmissão de energia 
Fonte: www.essjtalha.no-ip.info 
A crise no fornecimento de energia ocorrida em 2001 no Brasil foi causada pela 
conjugação de um período crítico de chuva na região Sudeste e de um mau planejamento 
do setor energético, que não teve investimentos suficientes para a construção de novas 
______________________________ 
 23 
linhas de transmissão. Naquele momento, a região Sul estava com os reservatórios 
cheios, enquanto a região Sudeste estava passando por um período longo de estiagem. 
Ou seja, havia possibilidade de geração de energia, mas não havia linhas de transmissão 
para levar a energia para onde a demanda era mais alta. 
 
 
PROCESSO DE GERAÇÃO DE ENERGIA HIDRELÉTRICA 
 
O Brasil é muito dependente das hidrelétricas, já que em média 84% da geração 
de energia elétrica vêm dessas fontes. O país é um dos maiores produtores de energia 
hidrelétrica, com 10% da produção mundial. Porém, o sistema está no limite de 
atendimento da demanda. Os investimentos no setor, desde 1985, foram insuficientes, 
tornando o sistema vulnerável às variações climáticas anuais (secas e cheias). 
Se bem planejada, a hidreletricidade é uma das formas menos impactantes de 
geração de energia. No entanto, a construção de grandes hidrelétricas não deixa de gerar 
impactos ambientais e sociais, principalmente em função dos alagamentos de grandes 
áreas de cobertura vegetal e pela necessidade, muitas vezes, de deslocamento de grande 
número de pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além disso, apesar de não ser considerado um uso consultivo, pode-se ter, em 
regiões áridas e semi-áridas, a redução de até 25% da água pela evaporação ocorrida no 
reservatório. Ou seja, mesmo não havendo consumo direto, a geração de energia por 
hidrelétricas pode reduzir a quantidade de água dos rios. 
Mas não são apenas as grandes hidrelétricas que produzem energia. No Brasil, é 
cada vez mais freqüente a construção de pequenas centrais hidrelétricas para o 
atendimento de demandas específicas. Outra estratégia é a de diversificar as fontes de 
geração de energia, de forma a tornar os países menos vulneráveis a problemas 
associados ao abastecimento por uma fonte de energia elétrica preponderante. 
 
 
 
Usina hidrelétrica de Itaipu –Paraná 
Fonte: www.oeste.forma.com.br 
______________________________ 
 24 
NAVEGAÇÃO 
 
O transporte de pessoas ou de cargas é feito nas chamadas hidrovias, caminhos 
navegáveis dos rios de médio e grande porte. O potencial das hidrovias no Brasil é 
enorme, mas o país nunca deu prioridade a este tipo de transporte, preferindo as 
rodovias. 
Atualmente, a navegação nos rios ainda é limitada, concentrando-se, sobretudo, 
nos da região Norte, onde há grandes rios navegáveis (Amazonas e seus afluentes) e a 
rede de estradas e ferrovias é precária. 
O crescimento da produção agrícola brasileira, que passou de 120 milhões de 
toneladas de grãos (representando 8% da produção mundial), é um dos maiores 
impulsionadores do uso das hidrovias no Brasil. A grande produção, principalmente de 
soja dos estados da região Centro-Oeste, vem sendo exportada pelo rio Madeira, 
passando ao rio Amazonas e daí para o oceano Atlântico e seus portos de destino mundo 
afora. 
77.. CCOONNSSUUMMOO DDEE ÁÁGGUUAA 
 
O uso da água por setores varia de país para país. Em geral, o consumo fica em 
torno de 70% na agricultura (destes 70%, mais da metade do volume se perde por 
escoamento ou evaporação, além de dispendiosas técnicas de irrigação), 20% são 
utilizados na indústria, onde muitas vezes a água é usada com grande ineficiência e 
apenas 10% se destinam para uso doméstico (National Geografic, 2002). 
 
 
Fonte: Apostila das Águas, PML, Sema, 2004 
Esta é apenas uma generalização, visto que em alguns países, as estatísticas 
diferem, por exemplo: 
Na Guiana, 1% do uso de água é para fins domésticos e 99% para fins agrícolas e 
industriais; ao passo que, na Guiné Equatorial, a proporção praticamente se inverte: 
81% do gasto hídrico é para fins domésticos e apenas 19% para fins agrícolas e 
industriais. (COMCIENCIA, 2003). 
No Brasil, a concentração do consumo permanece na agricultura, principalmente 
devido a técnicas ineficientes de irrigação e ao desperdício. O consumo residencial médio 
______________________________ 
 25 
de água por pessoa no Brasil é de 200 litros/dia (LAACTA, 2003), sendo que estes são 
divididos em: 
 Descarga de banheiro: 33% 
 Consumo (cozinhar, beber...) 27% 
 Higiene (banho, escovar dentes) 25% 
 Lavagem de carro 12% 
 Outros 3% 
O consumo de água no planeta também tem crescido ao longo do tempo. No 
século XVIII, o consumo de água não chegava a 500 quilômetros cúbicos atualmente 
este valor é de aproximadamente 5.000 quilômetros cúbicos. 
 
 
Fonte: Apostila das Águas, PML, Sema, 2004 
 
 
88.. CCIICCLLOO HHIIDDRROOLLÓÓGGIICCOO 
 
Apesar da impressão de que a água está "acabando", a quantidade de água na 
Terra é praticamente invariável há 500 milhões de anos. O que muda é a sua 
distribuição, pois a água não permanece imóvel. Ela se recicla através de um processo 
chamado Ciclo Hidrológico, através dos quais as águas do mar e dos continentes se 
evaporam, formam nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e 
neve. Depois escorrem para rios, lagos ou para o subsolo e aos poucos correm de novo 
para o mar mantendo o equilíbrio no sistema hidrológico do planeta. 
 
______________________________ 
 26 
 
Ciclo da Água 
Fonte: www.sesip.org.br 
O ciclo hidrológico caracteriza-se pelo movimento constante da água e por sua 
passagem por diferentes estados físicos (sólido, líquido e gasoso), dependendo da maior 
ou menor quantidade de energia (calor) que a Terra recebe do Sol. 
Parte da água quechega à superfície da Terra evapora-se novamente. O restante 
pode seguir diversos caminhos, envolvendo: 
 a infiltração no solo, ficando disponível para as plantas ou alimentando os lençóis 
freáticos e as águas subterrâneas. 
 o escoamento pelas encostas dos morros formando sulcos e canais de drenagem, 
até atingir lagos, córregos, rios e por fim, os oceanos. 
 a formação de camadas de gelo e geleiras em regiões de clima frio. 
 a absorção pelas plantas e o consumo de água pelos animais. Parte da água 
absorvida retorna novamente para a atmosfera através da transpiração das folhas 
e dos poros dos animais. 
 
O fluxo de água que evapora dos oceanos é cerca de 47.000 km³/ano maior que o 
fluxo que nele cai em forma de precipitação. Esse excedente indica a quantidade de água 
que é transferida dos oceanos para os continentes nos processos de evaporação e 
precipitação. A água retorna aos oceanos através do escoamento pelos leitos dos rios e 
pelos fluxos subterrâneos de água. O tempo de residência da água nos oceanos, definido 
como o quociente entre o volume total de água e a parte transferida dos oceanos para os 
continentes, é de cerca de 20 a 30 mil anos. Porém, toda a água que sai dos oceanos é 
para ele devolvida, sob a forma de precipitação ou de fluxos de água líquida. Portanto, a 
quantidade total de água na Terra permanece constante. (COMCIENCIA, 2003). 
As eventuais "perdas" de água se devem mais à poluição e à contaminação, que 
podem chegar a inviabilizar a reutilização, do que à redução do volume de água da Terra. 
A existência do Ciclo Hidrológico é uma das provas de que o gerenciamento adequado 
______________________________ 
 27 
dos recursos hídricos, e não a "falta d'água", é o maior problema a ser enfrentado pela 
humanidade. 
 
99.. ÁÁGGUUAA SSUUBBTTEERRRRÂÂNNEEAA 
 
Na crosta terrestre, desde as mais áridas planícies até os pontos mais altos do 
relevo terrestre, esconde-se sob a superfície do solo, uma das principais fontes de toda a 
água utilizável pelo homem: os aqüíferos, que contém cerca de 30% da água doce. São 
águas que se infiltram lentamente através do solo e se acomodam, a diferentes 
profundidades, em camadas rochosas, e lá ficam armazenadas. 
O estudo dos fenômenos e leis que condicionam e regulam a ocorrência, 
distribuição e movimento destas águas e os seus efeitos para a vida e para os interesses 
humanos é denominado Hidrogeologia. 
As águas subterrâneas têm um grande diferencial que é a sua qualidade. Esta 
água, para abastecimento público, não necessita passar pelas diversas fases do 
tratamento convencional. Basta apenas a simples cloração para desinfetar. Outra 
vantagem da exploração das águas subterrâneas é que, de modo geral, o impacto 
ambiental é bem menor. A captação deste verdadeiro tesouro é feita em poços tubulares 
profundos. Os poços são perfurados verticalmente com equipamentos apropriados com 
variados parâmetros de profundidade, diâmetro, revestimento e vazão. 
 
 
Água subterrânea 
Fonte:www.sefloral.com.br 
 
Atualmente os serviços de monitoramento das condições de exploração tornaram-
se indispensáveis não somente do poço como unidade isolada, como também da 
______________________________ 
 28 
sustentabilidade do aqüífero e sua proteção ambiental. 
 
 
 IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDAASS ÁÁGGUUAASS SSUUBBTTEERRRRÂÂNNEEAASS 
 
• Os aqüíferos têm importância estratégica e suas funções são ainda pouco exploradas, 
tais como: produção, armazenamento, transporte, regularização, filtragem e 
autodepuração, além da função energética, quando as águas saem naturalmente 
quentes do subsolo; 
• Os usos das águas subterrâneas são crescentes: abastecimento, irrigação, calefação, 
balneoterapia, engarrafamento de águas minerais e potáveis de mesa e outros. 
 
 
 FFAATTOORREESS QQUUEE AAFFEETTAAMM AA QQUUAALLIIDDAADDEE DDAASS ÁÁGGUUAASS SSUUBBTTEERRRRÂÂNNEEAASS 
 
• A exploração excessiva, que pode provocar o esgotamento dos aqüíferos; 
• A contaminação das águas subterrâneas por efluentes sanitários e industriais, 
agrotóxicos, fertilizantes, substâncias tóxicas provenientes de vazamentos como, por 
exemplo, tanques de combustível. 
 
 
Contaminação de Água Subterrânea 
Fonte: www.e-geo.ineti.pt 
 
 
 ÁÁGGUUAA SSUUBBTTEERRRRÂÂNNEEAA NNOO BBRRAASSIILL 
 
O Brasil possui grandes reservas subterrâneas (da ordem de 112 mil Km2). Estima-
se que 51% do suprimento de água potável do Brasil sejam originários dos recursos 
hídricos subterrâneos. 
O aqüífero Guarani, maior reservatório subterrâneo de água doce das Américas e 
um dos maiores do mundo, está localizado na Bacia Sedimentar do Paraná, abrangendo 
______________________________ 
 29 
quatro países: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. De seus 1,2 milhões de Km2, cerca 
de 840 mil Km2 (71% do total) está em território brasileiro, envolvendo os estados de 
Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, 
Paraná e Rio Grande do Sul. 
 
1100.. MMAATTAA CCIILLIIAARR 
 
 A mata ciliar é uma das formações vegetais mais importantes para a 
preservação da vida e da natureza, ela serve de proteção aos rios e córregos. Pode-se 
dizer que a mata ciliar é a formação vegetal que cresce às margens dos cursos d'água. 
 Importância 
 
Por localizarem as margens dos corpos d’água (rios), possuem muita importância, como 
por exemplo: 
• Manutenção da qualidade da água, inclusive para o consumo humano; 
• Estabilização das margens de rios, lagos, etc.; 
• Controle de temperatura, luz, e de entrada de nutrientes no ecossistema aquático; 
• Refúgio e fonte de alimento para a fauna silvestre, inclusive a aquática; 
• Constituição de modelos da organização natural desse tipo de vegetação; 
• Formação de uma rede de distribuição da biodiversidade, permitindo inclusive a 
conexão de fragmentos florestais não ripários; 
 
 
Mata ciliar preservada 
Fonte: www.mataverde.files.wordpress.com 
 
 Ausência das Matas Ciliares 
 
As matas ciliares foram e continuam sendo destruídas, criando inúmeros problemas, 
como: 
______________________________ 
 30 
• Formação de grandes extensões de solos nus, provocando a erosão; 
• Assoreamento do leito do rio, intensificando as inundações; 
• Aumento da poluição aquática, principalmente pelo carreamento de agrotóxicos; 
• Perda de espécies da flora e fauna, tanto terrestres como aquáticas; 
• Comprometimento das nascentes de água. 
 
1111.. BBAACCIIAA HHIIDDRROOGGRRÁÁFFIICCAA 
 
 
Bacia hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus 
afluentes e sub-afluentes. Trata-se de uma área da superfície terrestre, delimitada pelos 
pontos mais altos do relevo, na qual a água proveniente das chuvas escorre para os 
pontos mais baixos do relevo formando um curso de água (rio) ou lago. É como o piso 
que recolhe toda a água que cai em determinado local e a encaminha para as partes 
mais baixas (ralo). 
A idéia de bacia hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes, 
divisores de águas e características dos cursos de água principais e secundários, 
denominados afluentes e sub-afluentes. 
Uma bacia hidrográfica evidencia a hierarquização dos rios, ou seja, a organização 
natural por ordem de menor volume para os mais caudalosos, que vai das partes mais 
altas para as mais baixas. 
As bacias podem ser classificadas de acordo com sua importância, como principais 
(as que abrigam os rios de maior porte), secundárias e terciárias, segundo sua 
localização, como litorâneas ou interiores. 
É muito importante entender o conceito de bacia hidrográfica. Ele é a base de 
toda a gestãodas águas no Brasil. Ao adotar a bacia hidrográfica como delimitação 
territorial para a gestão das águas, se está respeitando a divisão espacial que a própria 
natureza fez. A bacia passa a ser a unidade de planejamento, integrando políticas para a 
implementação de ações conjuntas, visando o uso, a conservação e a recuperação das 
águas. Ocorre, porém, que a delimitação territorial por bacia hidrográfica pode ser 
diferente da divisão administrativa, ou seja, da divisão por estados e municípios. Nesse 
sentido, a gestão por bacia hidrográfica pode proporcionar uma efetiva integração das 
políticas públicas e ações regionais, o que por si só é bastante positivo. 
PARANÁ 
Apresenta uma malha hidrográfica em extensão de mais de 100 mil quilômetros, 
divididos em 16 bacias hidrográficas. 
 Bacia Hidrográfica do Paranapanema 1 
 Bacia Hidrográfica do Paranapanema 2 
______________________________ 
 31 
 Bacia Hidrográfica do Paranapanema 3 
 Bacia Hidrográfica do Paranapanema 4 
 Bacia Hidrográfica de Itararé 
 Bacia Hidrográfica das Cinzas 
 Bacia Hidrográfica do Tibagi 
 Bacia Hidrográfica do Pirapó 
 Bacia Hidrográfica do Ivaí 
 Bacia Hidrográfica do Paraná 1 
 Bacia Hidrográfica do Paraná 2 
 Bacia Hidrográfica do Paraná 3 
 Bacia Hidrográfica do Piquiri 
 Bacia Hidrográfica do Iguaçu 
 Bacia Hidrográfica da Ribeira 
 Bacia Hidrográfica Litorânea 
 
BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO PARANÁ
Iguaçu
Piquiri
Paraná 3
Ivai
Tibagi
Litorânea
Ribeira
Itararé
Cinzas
Pirapó
Paraná 2
Parana 1 Paranapanema 1
Paranapanema 2
Paranapanema 3
Paranapanema 4
 
Fonte: Apostila das Águas, PML, Sema, 2004 
 
 
 
 
LONDRINA 
O município de Londrina é formado por 14 bacias hidrográficas que abrangem as 
áreas urbanas e rurais. 
 
______________________________ 
 32 
 
Bacias hidrográficas de Londrina – Área de expansão urbana 
Fonte: Sema, 2008 
 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jacutinga 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Engenho de Ferro 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Limoeiro 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Três Bocas 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Apertados 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Remancinho 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Volta Grande 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Marrecas 
 Bacia Hidrográfica do Córrego do Gavião 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Figueira 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Barra Funda 
 Bacia Hidrográfica do Rio Apucaraninha 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Três Bocas Mirim 
 Bacia Hidrográfica do Rio Apucarana 
 
 
BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS DE LONDRINA 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jacutinga 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lindóia 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quati 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Água das Pedras 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Limoeiro 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Cambé 
 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Cafezal 
______________________________ 
 33 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO JACUTINGA 
Afluentes: 
 Córrego do Jacú 
 Córrego "Sem Nome" 
 Córrego Itaúna 
 Córrego Poço Fundo 
 Córrego Pirapózinho 
 Córrego Mosel 
 Córrego Sem Dúvida 
 Arroio Primavera 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO LINDÓIA 
Afluentes: 
 Córrego Páreo 2 
 Córrego Ouro Verde 
 Córrego do Topo 
 Córrego Paraty 
 Córrego do Veado 
 Córrego Cabrinha 
 Córrego João Paz 
 Córrego Vezozzo 
 Córrego Mineral 
 Ribeirão Quati 
 Córrego Bom Retiro 
 Córrego Ibiá 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ÁGUA DAS PEDRAS 
Afluentes: 
 Córrego Londrina 
 Córrego do Fumo 
 Córrego dos Crentes 
 Córrego Palmital 
 Córrego Esperança 
 Córrego do Aí 
 Córrego Jaci 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO LIMOEIRO 
Afluentes: 
 Córrego "Sem Nome" 
 Córrego Barreiro 
 Córrego Cafezal 
 Córrego "Sem Nome" 
 Arroio Diamante 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO CAMBÉ 
Afluentes: 
 Córrego da Mata 
 Córrego Colina Verde 
 Córrego Capivara 
 Córrego Tucanos 
 Córrego da Piza 
 Córrego do Monjolo 
 Córrego Bem-Te-Vi 
 Córrego Roseira 
 Córrego São Lourenço 
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 34 
 Córrego Cristal 
 Córrego Araripé 
 Córrego "Sem Nome" 
 Córrego Cacique 
 Córrego Baroré 
 Córrego Rubi 
 Córrego Água Fresca 
 Córrego do Leme 
 Córrego Guarujá 
 Córrego das Pombas 
 Córrego Carambeí 
 Córrego Pica-Pau 
 Córrego Tico-Tico 
 Córrego do Inhambu 
 Córrego da Chapada 
 Córrego dos Piriquitos 
 Córrego Pampa 
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO CAFEZAL 
Afluentes: 
 Córrego Unda 
 Córrego São Domingos 
 Córrego Uberaba 
 Ribeirão Esperança 
 Córrego Cebolão 
 Água da APUEL 
 Água do Acampamento 
 Córrego "Sem Nome" 
 Córrego do Sabiá 
 Água do Tatu 
 Córrego do Pica-pau Amarelo 
 Córrego das Andorinhas 
 Córrego "Sem nome" 
 Córrego Tamareira 
 Córrego Saltinho 
 Córrego Água Clara 
 Córrego Ponte Seca 
 Córrego Jerimú 
 Córrego "Sem Nome" 
 Córrego "Sem Nome" 
 
1122.. AA ÁÁGGUUAA NNOO MMEEIIOO UURRBBAANNOO 
 
A qualidade das águas disponíveis para os diferentes usos pelo homem depende 
do uso e da ocupação dos solos em torno dos mananciais e de toda a bacia hidrográfica 
das quais esses mananciais fazem parte. 
A qualidade das águas é resultante das condições naturais da bacia hidrográfica e 
das atividades humanas desenvolvidas nessa região. Atualmente, mais de 80% da 
população brasileira reside em cidades. O rápido crescimento da população vivendo em 
zonas urbanas exerce uma forte pressão sobre a demanda de recursos hídricos nestes 
meios. O crescimento populacional é um fator crítico, já que gera uma maior necessidade 
______________________________ 
 35 
de bens de consumo, alimentos e água, aumentando conseqüentemente a emissão de 
poluentes industriais e uso de agrotóxicos e outros insumos para incrementar a 
produção. 
 Condições naturais 
Em uma bacia hidrográfica preservada em suas condições naturais são importantes a 
estrutura do solo e a cobertura vegetal. As águas da chuva escoam na superfície do solo 
carregando suas partículas para o manancial. Dependendo então, do tipo de solo e 
características da vegetação, teremos quantidades maiores ou menores destas partículas 
de solo sendo encaminhadas para os rios. As águas da chuva, solo e vegetação são 
também importantes na formação e manutenção dos mananciais subterrâneos (freático e 
profundo) de uma região. 
 Interferência das pessoas 
O ser humano pode comprometer a qualidade da água de diversas maneiras: 
a. Em relação ao grau de ocupação do solo da bacia: 
A construção de casas, prédios ou indústrias numa determinada bacia, pode 
provocar a contaminação de suas águas de diversas maneiras. A principal e a mais 
comum é o esgoto jogado diretamente nos rios. Outra possibilidade de contaminação é 
através da construção de fossas próximas a corpos d’água. A permeabilidade do solo 
permite a contaminação ao longo dos anos. 
Os resíduos sólidos ou lixos acumulados em áreas urbanas podem ser carregados 
para os rios, lagos e represas pelas águas das chuvas. As águas das chuvas também 
podem carregar partículas de fezes de animais dos telhados e calçadas para dentro dos 
mananciais. Quanto maior for o grau de ocupação do solo maior será o risco de 
contaminação do manancial. 
b. Prática de atividades poluidoras na área da bacia: 
A instalação de indústrias ou atividades como a mineração também pode colocar 
em risco a qualidade da água em um manancial. Substâncias químicas nocivas podem 
ser geradas e atingirem diretamente os corpos d’água, ou podem se depositar no solo, e 
com o tempo, se as chuvas alcançarem os mananciais, pode colocar em risco a saúde da 
população que é abastecida poressa água. 
c. Aplicação de defensivos agrícolas: 
Biocidas e fertilizantes, provenientes das atividades agropecuárias, contaminam 
diretamente ou indiretamente o manancial prejudicando a qualidade da água. 
d. Criação de animais: 
A concentração de animais em áreas da bacia hidrográfica acarreta no acúmulo de 
esterco que pode ser carregado pela chuva para os mananciais, comprometendo a 
______________________________ 
 36 
qualidade da água, aumentando os teores de nitrogênio e fósforo e o risco de coliformes 
fecais. 
Nem só da falta d'água nasce o problema do abastecimento. A má qualidade da 
água disponível muitas vezes é um fator determinante no quadro de escassez, sobretudo 
nas grandes cidades onde a poluição compromete os mananciais e acarretam inúmeros 
outros problemas, dos quais os mais visíveis são as enchentes e as doenças infecciosas. 
A gravidade do assunto pode ser percebida pelo que diz o estabelecido na Eco92: 
"aproximadamente 80% de todas as doenças de origem hídrica e mais de um terço das 
mortes em países em desenvolvimento são causadas pelo consumo de água 
contaminada". 
 
1133.. GGEESSTTÃÃOO IINNAADDEEQQUUAADDAA DDAASS ÁÁGGUUAASS 
 
A má gestão no uso das águas tem gerado grandes conseqüências para a 
qualidade e a quantidade da água, para a fauna e flora aquáticas e para o funcionamento 
dos ecossistemas, além de gerar graves efeitos sobre a saúde humana. 
Alguns dos principais impactos são: o desmatamento das matas ribeirinhas, a 
mineração (que altera física e quimicamente os ecossistemas aquáticos), a extinção de 
espécies locais, a introdução de espécies exóticas (que alteram o equilíbrio natural dos 
ecossistemas) e o lançamento de rejeitos resultantes de atividades agrícolas (fertilizantes 
e agrotóxicos), industriais e domésticos. 
Estes impactos podem gerar conseqüências diretas e indiretas sobre os 
ecossistemas aquáticos. 
Por exemplo, o assoreamento (soterramento de lagos e rios) é gerado pelo uso 
inadequado do solo e pelo emprego de práticas agrícolas antiquadas. A eutrofização 
(aumento da quantidade de nutrientes nas águas, seja de origem natural ou cultural) 
pode produzir a proliferação indesejada de algas, cianobactérias e plantas aquáticas, 
além do aumento de doenças de veiculação hídrica. 
 
RELAÇÃO ENTRE ÁGUA E SAÚDE HUMANA 
 
A relação entre água e saúde vem se tornando cada vez mais complexa com o 
crescimento demográfico, a ocupação desordenada e a aglomeração populacional em 
grandes cidades e no entorno dos corpos d’água. 
O fato de existirem mais pessoas requer mais água, o que pressiona os recursos hídricos 
próximos. 
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 37 
Nos últimos cem anos, a população mundial triplicou, enquanto o consumo de 
água ficou seis vezes maior. Essa incrível demanda faz com que novas fontes de água 
sejam exploradas continuamente e que 1,3 bilhões de pessoas no mundo não tenham 
acesso à água potável. 
No Brasil não tem sido diferente. Em 1940, a população brasileira era de 40 
milhões de habitantes, dos quais 12,8 milhões viviam em núcleos urbanos, enquanto a 
maioria da população vivia na zona rural. Sessenta anos depois, a população brasileira 
aumentou 4,5 vezes e a relação inverteu-se: em 2000, mais de 80% da população 
brasileira viviam nas cidades. 
O fato de existirem mais pessoas requer mais água, o que pressiona os recursos 
hídricos próximos. 
Além disso, a expansão não planejada das cidades muitas vezes ocorre em áreas 
de mananciais de abastecimento humano, produzindo efluentes que são lançados sem 
tratamento nos rios e córregos, inviabilizando o uso destas águas. 
 
DADOS DA FALTA DE SANEAMENTO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO 
BRASIL 
 
•Mais de 80% dos esgotos no Brasil são lançados sem tratamento em rios, lagos e 
no mar. 
•60 milhões de brasileiros não têm acesso a saneamento básico. 
•3,4 milhões de residências não têm água encanada, o que atinge 15 milhões de 
brasileiros. 
•1/3 dos municípios com menos de 20.000 habitantes não tem água tratada. 
•16 milhões não possuem coleta de lixo. 
 
Como cerca da metade da população mundial não tem acesso a tratamento de 
esgotos domésticos, a falta de saneamento é, sem dúvida, o principal problema a ser 
enfrentado, sobretudo nos países em desenvolvimento. Nesses países, as doenças 
relacionadas com a água respondem por 90% de todas as doenças infecciosas que 
acometem a população, e pelo menos 4 milhões de pessoas morrem a cada ano por 
doenças de veiculação hídrica. 
 
DADOS DO SANEAMENTO BÁSICO EM LONDRINA 
O atendimento com o serviço de rede esgoto hoje, em nossa cidade cobre 
72,58%, sendo que todo o esgoto coletado é 100% tratado. A porcentagem de pessoas 
beneficiadas com água tratada atinge 99,03%. (Fonte: Sanepar, 2008). 
______________________________ 
 38 
DOENÇAS RELACIONADAS COM A ÁGUA 
 
Os principais agentes causadores das doenças veiculadas pela água são os 
protozoários (amebíase e giardíase), as bactérias (leptospirose, cólera, febres tifóide e 
paratifóide) e os vírus (hepatite infecciosa). Outras são transmitidas diretamente por 
organismos vetores ou indiretamente através de hospedeiros que se desenvolvem na 
água e cujos agentes patogênicos podem viver ou não na água (como a esquistossomose 
causada pelo verme Schistosoma mansoni) que se aloja no corpo do hospedeiro 
intermediário, o caramujo. 
Para evitar tais problemas, a água destinada ao consumo deve ser sempre 
convenientemente tratada. Além disso, deve-se evitar qualquer contato com focos de 
água poluída. O problema é maior para a população menos favorecida, que vive às 
margens dos córregos, rios e canais poluídos na periferia das cidades. 
Todos são co-responsáveis por sua boa saúde. Assim, é preciso tomar alguns 
cuidados para protegê-la: lavar a caixa d’agua a cada seis meses, não deixar acumular 
água em latas, vidros e pneus e evitar usar água de córregos (mas se tiver que usá-la, 
tentar fervê-la e/ou colocá-la em um filtro antes de bebê-la). Os cuidados com a higiene 
pessoal e com a limpeza da casa também são fundamentais para reduzir o risco de 
adoecimento. 
 
 
 
Doenças transmitidas pela água Higiene Pessoal 
Fonte: www.canalkids.com.br 
 
A água utilizada para vários fins, normalmente é devolvida para o meio ambiente 
parcialmente ou totalmente poluída, (com substâncias tóxicas ou microorganismos 
patogênicos), comprometendo a qualidade dos recursos hídricos, e aumentando o risco 
de transmissão de doenças. 
As doenças decorrentes da falta de saneamento básico são responsáveis por cerca 
de 65% do total de internações nos hospitais públicos e conveniados do país. Desta 
forma, podemos deduzir que os investimentos realizados em saneamento representam 
economia na saúde. 
______________________________ 
 39 
Toda população tem o direito aos serviços de saneamento básico que consiste: 
• No tratamento da água, tanto da estação de tratamento como nas residências; 
• Na coleta e no tratamento do esgoto doméstico e industrial; 
• Na coleta e no tratamento do lixo. 
Doenças Agente Via de contaminação Sintomas 
Cólera bactéria 
oral, frutos do mar 
(ostra,siri,algas), peixes 
diarréia intensa, 
náuseas, vômitos 
Leptospirose bactéria oral, percutâneo 
febre, dores pelo corpo, 
pele amarelada (icterícia) 
Amebíase protozoário oral 
cólicas intestinais, 
diarréias, fraqueza 
Giardíase protozoário oral 
cólicas intestinais, 
diarréias, fraqueza 
Hepatite A vírus oral 
febre, fraqueza, pele 
amarelada, fezes claras, 
urina escura 
Dengue vírus picada de mosquito 
cansaço, dores 
musculares e nas 
articulações,manchas 
vermelhas pelo corpo, 
sangramento (boca e 
nariz) 
Febre Amarela vírus picada de mosquito 
febre alta, calafrios, 
vômito escuro, dores 
(musculares, cabeça, 
estômago), sede 
Malária vírus picada de mosquito 
febre alta (intervalos de 
48 ou 72 horas) e 
calafrios 
Lombriga (Ascaridíase) verme oral 
 cólicas intestinais, 
fraqueza, diarréia 
Amarelão (Ancilostomíase) verme oral 
 cólicas intestinais, 
fraqueza, diarréia, 
palidez da pele (anemia), 
fezes com sangue 
Esquistossomose verme oral, percutâneo 
inchaço no abdome, 
cólica intestinal, 
fraqueza, diarréia 
Micose fungo cutâneo 
manchas pelo corpo, 
coceiras 
Fonte: Apostila das Águas, PML, Sema, 2004. 
______________________________ 
 40 
 
1144.. PPRRÁÁTTIICCAASS SSUUSSTTEENNTTÁÁVVEEIISS NNAASS BBAACCIIAASS HHIIDDRROOGGRRÁÁFFIICCAASS 
 
As práticas sustentáveis para o ambiente urbano envolvem: (a) racionalização do 
uso da água, reduzindo as perdas e diminuindo os volumes dos efluentes, por exemplo, 
através do reuso da água; (b) tratamento dos efluentes domésticos e industriais; (c) 
preservação dos mecanismos naturais de escoamento, infiltração e conservação dos rios 
urbanos; (d) recuperação de áreas degradadas, sempre que possível; (e) Gestão 
integrada da bacia hidrográfica urbana. Estas práticas são essenciais para evitar os 
problemas atuais e futuros. 
O principal problema brasileiro no que se refere às práticas sustentáveis para o 
ambiente urbano é a falta de tratamento de esgotos domésticos e industriais. Esse 
tratamento envolve a coleta nas casas e indústrias, tratamento adequado e a disposição 
final nos rios. Atualmente apenas 50,4% do total do esgoto gerado são coletados e deste 
total apenas 25,4% são tratados, ou seja, menos de 15% do esgoto gerado são tratados. 
Há, portanto, necessidade de mais investimentos, em caráter emergencial, neste setor. 
 
 
Estação de Tratamento de Esgoto 
Fonte: www.sabesp.com.br 
 
Para a redução das enchentes nas áreas urbanas é necessária a realização de 
novos loteamentos, preservando as condições naturais de escoamento do solo. 
Utilizando-se planos de infiltração, pavimentos permeáveis ou mesmo armazenando a 
água que cai sobre áreas impermeáveis (possibilitando, inclusive, seu reuso), podem-se 
reduzir a quantidade de retenção de águas, evitando inundações e a erosão do solo. 
A gestão integrada da bacia urbana é essencial para planejar o uso do solo em 
consonância com o abastecimento, o esgoto sanitário, a drenagem urbana, os resíduos 
sólidos e os sedimentos, conferindo as condições de sustentabilidade ao ambiente 
urbano. 
______________________________ 
 41 
 
PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL 
 
A sustentabilidade do desenvolvimento rural depende, entre outros fatores, da 
disponibilidade de água e da conservação ambiental. A fruticultura e a cafeicultura, em 
algumas regiões, têm mostrado rentabilidade que torna viável o investimento, 
principalmente graças ao número de safras em um mesmo ano. 
Por outro lado, esses empreendimentos exigem uma precisa regularização da 
água durante períodos longos, já que o plantio é permanente. 
A sustentabilidade deste processo no longo prazo dependerá do aprimoramento 
tecnológico. 
É importante ressaltar, porém, que é necessário educar e treinar a população para 
reduzir a contaminação dessa água, mantendo-se limpos os telhados, calhas e a 
cisternas e clorando a água adequadamente. Na última década, em outras regiões, 
sobretudo no Sul do Brasil, a adoção das práticas de plantio direto melhorou a 
sustentabilidade ambiental de áreas agrícolas, com considerável aumento no nível dos 
aqüíferos, em função da maior infiltração da água, além da redução da erosão do solo. 
 
Plantio direto de milho 
Fonte: www.aboaterra.com.br 
 
PRINCIPAIS MEDIDAS PARA PREVENIR, ELIMINAR OU MINIMIZAR O PERIGO 
DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS PELA ÁGUA 
 
 Proteção dos mananciais – todas as áreas da bacia destinada a manancial de 
abastecimento precisam ser protegidas, principalmente as áreas marginais, evitando-se 
todo o tipo de poluição, como o lançamento de esgotos domésticos, a criação de animais, 
deposição de resíduos sólidos e ocupações irregulares realizadas pelo homem. 
 Tratamento adequado da água para o consumo humano e manutenção constante do 
sistema de distribuição de água às residências. 
______________________________ 
 42 
 
 
Tratamento de Água – Sanepar/Londrina 
 
 Não beber nem tomar banho em águas contaminadas ou tratadas de forma irregular. 
 No caso de abastecimento realizado pela água de poço é necessário analisar 
previamente a qualidade da água, tratá-la com o cloro ou fervê-la para o consumo e 
asseio pessoal. 
 
OBS.: Os textos expostos nesta apostila basearam-se nos seguintes documentos: Ministério do Meio 
Ambiente – Caminho das Águas (Cadernos do Professor 1 e 2), 2006 e Prefeitura do Município de Londrina 
– SEMA – Apostila das Águas, 2004. 
 
 
15. SUGESTÕES DE ATIVIDADES 
 
 
AATTIIVVIIDDAADDEE 11 
EM QUE BACIA HIDROGRÁFICA EU MORO? 
 OBJETIVO: 
Construir a percepção de que todos nós moramos em uma bacia hidrográfica. 
 PROCEDIMENTOS: 
Procure descobrir em que Bacia Hidrográfica está situada a sua casa. 
Se ninguém por perto souber responder a essa pergunta, você pode ajudar mudando 
a pergunta. 
A água da chuva que cai na nossa rua vai para qual rio? E assim pode ficar mais fácil 
para responder. 
 CONCLUSÕES: 
A água que nós e nossos vizinhos usamos é a mesma, tem a mesma origem. 
______________________________ 
 43 
A unidade que provoca isso é a bacia hidrográfica. 
O esgoto que sai de nossa casa e dos vizinhos vai para o mesmo rio. 
Todos devem ter o mesmo cuidado com aquilo que é comum. 
 
AATTIIVVIIDDAADDEE 22 
DDEECCAANNTTAADDOORR 
 
 OBJETIVO: 
Determinar como a densidade afeta o movimento da água. 
 MATERIAIS: 
• tigela de vidro com capacidade de 2 litros 
• sal 
• copo medidor (250 ml) 
• colher medidora ou colher de sopa (15 ml) 
• corante azul 
 PROCEDIMENTOS: 
Encha o copo com 200 ml de água. 
Adicione 6 colheres (90 ml) de sal na água e mexa. 
Despeje em gotas o corante de forma que a água fique bem azul. 
Encha a tigela com água pela metade. 
Observe a tigela pela lateral conforme você despeje a água salgada e azul. 
 RESULTADOS: 
A água colorida direciona-se para o fundo da tigela formando ondas embaixo da água 
limpa. 
 PORQUÊ? 
A densidade corrente é o próprio movimento da água para a diferença na densidade 
da água. Toda a água marítima contém sal, mas quando dois corpos de águas se 
misturam, a água que contém mais sal se posicionará embaixo da água mais leve, ou 
seja, a que contém menos sal, inicialmente, permanecerá em cima até que ocorra a 
mistura. 
Diversos outros fenômenos que ocorrem na natureza, principalmente associados ao 
lançamento de esgotos e efluentes em lagos, são semelhantes a esse. 
 
AATTIIVVIIDDAADDEE 33 
CCOONNSSTTRRUUIINNDDOO UUMM HHIIGGRRÔÔMMEETTRROO 
 
 OBJETIVO: 
Construir um equipamento que ajude a medir a umidade do ar 
______________________________ 
 44 
 MATERIAIS: 
• Uma lata pequena vazia 
• Dois termômetros 
• Um pedaço de tecido absorvente 
• barbantes ou elásticos 
 PROCEDIMENTOS: 
Faça um buraco a 6 cm do fundo da lata. 
Encha a lata com água até o buraco. 
Grude os dois termômetros do lado externo da lata com barbante ou com elástico. 
Um termômetro deve ter seu bulbo imediatamente acima do buraco. 
Embrulhe o bulbo do termômetro que está acima do buraco com o pedaço de tecido. 
Empurre um pedaço do

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