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Epidemiologia Mecanismos de resistência do hospedeiro

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Epidemiologia – Mecanismos de resistência do hospedeiro
A resistência é o conjunto de mecanismos de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos ou contra efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Está associada ao estado nutricional, a integridade de pele e mucosas, a capacidade de reação e adaptação a estímulos do meio, a fatores genéticos, ao estado geral de saúde, estresse ou da imunidade.
Resistência inespecífica ou natural: Relacionada com características estruturais e funcionais do próprio hospedeiro, sem participação de recursos imunes.
Resistência específica ou imunidade: Relacionada com fatores humorais e teciduais responsáveis pela resposta imune desenvolvida a partir de ume estímulo específico.
Resistência inespecífica
A resistência natural decorre das características estruturais e fisiológicas do próprio hospedeiro, sem a participação do seu sistema imunológico. É inespecífica, ou seja, não é dirigida a um ou outro agente etiológico em especial, mas protege o organismo contra todos os agentes de doenças que tentaram atingi-lo, como por exemplo:
Barreiras Naturais representadas por elementos estruturais:
Pele: Maior defesa inespecífica do corpo.
Espessura da pele: A pele é constituída por várias camadas. A mais externa e principal responsável pela proteção mecânica do organismo é a epiderme. A epiderme possui várias camadas (estratos) e, conforme, se aproxima da superfície corporal, essas células sofrem queratinização, aumentando a proteção oferecida.
Baixo grau de umidade: A escassez de umidade dificulta a sobrevivência de microrganismos que necessitam de um grau de umidade elevado para sua sobrevivência, como ocorre com muitos fungos.
Descamação contínua do epitélio: As células da epiderme, conforme vão se aproximando da superfície externa do corpo, vão perdendo seus núcleos, se queratinizando, sofrendo achatamento e, ao, final, descamam. Ao descamarem, carreiam consigo microrganismos que se encontram aderidos, removendo-os.
Cobertura da pele por anexos: Espécies animais que possuem a pele revestida por pelos, escamas ou penas, possuem uma proteção adicional aos agentes de doenças, uma vez que dificultam, sobremaneira, que os mesmos atinjam a epiderme.
Secreção sebácea: A secreção das glândulas sebáceas forma uma película gordurosa impermeabilizante sobre a pele.
Secreção sudorípara: Espécies animais que possuem glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo, ao suarem, promovem uma “lavagem” dos elementos estranhos que estiverem aderidos.
Porta de entrada: Traumatismos, cortes, escoriações, mordidas e picadas de animais.
Mucosas: Mais vulnerável por não ser queratinizada
Conjuntiva ocular: a secreção lacrimal provoca a remoção mecânica de elementos estranhos que cheguem aos olhos.
Mucosa respiratória: Há pelos na entrada das narinas que tem a capacidade reterem, já na entrada do trato respiratório, as partículas maiores.
Plexo de tecido linfoide: Compreende uma barreira constituída por macrófagos, presente na porção olfatória do trato respiratório, que impede que os microrganismos inalados penetrem pela mucosa da cavidade nasal, fagocitando-os na entrada.
Revestimento da mucosa respiratória por células muco ciliadas e presença de glândulas mucosas: O epitélio da traqueia e brônquios são revestidos por células muco ciliadas e possui glândulas secretoras de muco. Os cílios retém as partículas estranhas inaladas e o muco as engloba, prejudicando a motilidade de alguns microrganismos e facilitando o processo de expulsão.
Alvéolos pulmonares: Também são revestidos internamente por macrófagos alveolares, que impedem a invasão de elementos estranhos inalados com o ar.
Descamação do epitélio bucal: O epitélio estratificado da mucosa da cavidade oral sofre constante descamação, carregando consigo microrganismos aderidos em sua superfície.
Produção de muco e saliva na boca: O muco engloba os elementos estranhos que chegam à boca e a saliva aumenta seu volume, prejudica a motilidade de alguns microrganismos e facilita o processo de expulsão.
Produção de muco no trato digestório: Principalmente nos intestinos; como nas outras estruturas do corpo do hospedeiro, o muco também prejudica a motilidade de alguns microrganismos e facilita o processo de expulsão.
Placas de tecido linfóide nos intestinos: Constituídas por células de defesa que funcionam como uma barreira à invasão de elementos estranhos ao organismo pelos intestinos.
Mucosa urogenital: Também revestida por tapete mucoso que prejudica a motilidade de alguns microrganismos e dificulta sua penetração.
Mecanismos preventivos - Processos fisiológicos e reflexos naturais
• Abano de cauda e orelhas: Impedem que insetos depositem seus ovos (miíases), moscas hematófagas se alimentem, etc.
• Reflexo do músculo cutâneo: Muito desenvolvido nos equídeos; age de modo semelhante ao abano descrito anteriormente.
• Reflexo palpebral: Piscar os olhos é um mecanismo bastante eficiente para evitar que partículas grosseiras atinjam os olhos.
• Reflexos de espirro e tosse: Servem para expulsar aqueles elementos estranhos que ficaram retidos nas células muco ciliadas e que foram revestidos por muco.
• Deglutição: É uma forma de expulsar elementos estranhos que entrem na boca, submetendo-os aos processos digestivos que deverão destruí-los, posteriormente. O homem é capaz de eliminar esses agentes indesejáveis também através da ejeção oral de saliva.
• Vômito: O reflexo de vômito é muito importante para expulsar, rapidamente, agentes irritantes da mucosa, corrosivos, etc.
• Movimentos digestivos do estômago: Servem para aumentar o contato do conteúdo do estômago com o suco gástrico, permitindo a ação do pH estomacal e de enzimas digestivas.
• Suco gástrico: A acidez gástrica torna esse ambiente muito agressivo e impróprio para a sobrevivência da maioria dos agentes etiológicos. No entanto, em alguns casos, é favorável ao agente: ovos de Taenia sp. ao serem banhados, têm sua casca digerida pelo suco gástrico e as oncosferas liberadas.
• Aumento do peristaltismo intestinal: É uma forma de acelerar a expulsão de agentes prejudiciais que alcançaram os intestinos.
• Bile: Apresenta propriedades microbicidas contra vários agentes, mas também tem o inconveniente de contribuir para a ruptura dos ovos das tênias e de favorecer a desinvaginação dos correspondentes cisticercos ingeridos pelo homem juntamente com a carne animal, favorecendo assim tanto a cisticercose quanto a teníase humanas.
• Ácidos graxos da secreção sebácea: Possuem propriedades microbicidas, destruindo uma infinidade de microorganismos patogênicos na pele.
Mecanismos Defensivos
Fatores humorais, metabólicos ou hormonais e reações naturais de defesa.
Fatores humorais
• Linfa: Líquido que se encontra disperso em quase todos os tecidos e espaços intercelulares. Ela recolhe as partículas livres, agentes microbianos e carreia-os para os linfonodos, onde são retidos e submetidos a outros mecanismos de defesa do organismo (são lisados e fagocitados).
• Soro sanguíneo: O soro sanguíneo fresco no organismo do indivíduo, possui fatores com propriedades microbicidas, como é o caso do sistema complemento e de bacteriolisinas, como a lisozima.
Fatores Metabólicos
• Pressão sanguínea: Nutre e oxigena os tecidos, impedindo a atividade de esporos de agentes anaeróbios, os quais são encontrados com frequência de modo inativo nos tecidos animais. Também favorece a eliminação de substâncias e agentes indesejáveis através do transporte e filtração renal.
• Temperatura corporal: A temperatura corporal média dos mamíferos, em torno de 37ºC, é desfavorável à multiplicação de grande parte dos microrganismos. Temperaturas mais elevadas, como nas aves, são ainda mais restritivas aos agentes patogênicos. A febre, que ocorre ao desencadear um processo infeccioso, é uma reação do hospedeiro que limita ainda mais as possibilidades de sobrevivência do agente no organismo do hospedeiro.
Fatores Hormonais
• Hormôniosda tireóide: Há uma relação direta entre os níveis de tiroxina no organismo do hospedeiro e a resistência dele contra agentes infecciosos. No hipotireoidismo, há uma baixa na resistência do indivíduo.
• Hormônios estrogênicos: Asseguram um bom suprimento de glicogênio na vagina, o qual é metabolizado pelos lactobacilos da microbiota vaginal, produzindo ácido lático, que inibe a proliferação de inúmeros agentes.
• Processo inflamatório: O processo inflamatório tem por finalidade bloquear o agente agressor na porta de entrada (no ponto de penetração), para impedir sua disseminação pelo organismo do hospedeiro.
Natureza da resistência
Espécie: características genéticas determinam a susceptibilidade. Exemplos: os equídeos são susceptíveis a anemia infecciosa equina, as aves são susceptíeis a doença de New castle.
Raça: características genéticas determinam a susceptibilidade
Sexo: Características anatômicas. Por exemplo a brucelose em bovinos tem maior ocorrência em fêmeas.
Idade: Por exemplo a diarreia por rotavírus e coronavírus é mais frequente em animais neonatos, a brucelose em animais púberes (Sexualmente maduros) e a mastite bovina em vacas mais idosas que apresentam maior susceptibilidade a infecção.
Efeito fisiológico pode influenciar na susceptibilidade: Deficiências nutricionais, fadiga, estresse, gestação e lactação.
Densidade (lotação de animais/área): Relacionado com o manejo dos animais: o excesso de animais por área leva ao maior risco de contaminação e transmissão da doença.
Resistência específica ou Imunidade
A imunidade é o estado de resistência, específica, associada à presença de anticorpos com ação específica sobre o microorganismo. Somente ocorre após o estímulo do agente no hospedeiro. Pode ser:
1-Passiva
O hospedeiro recebe de modo natural ou artificial, anticorpos específicos gerados previamente no organismo de outro hospedeiro. São utilizados em condições especiais, quando há necessidade de proteção imediata como mordedura por animal raivoso ou suspeito, picada por animal peçonhento ou quando o hospedeiro não tem condições de responder adequadamente ao estímulo imunitário (recém-nascidos ou imunossuprimidos).
Passiva Naturalmente adquirida: Transmitida da mãe para o filhote, como a que recebe o feto através da passagem de anticorpos da mãe pela placenta e do recém-nascido, através da ingestão de colostro, que contém grande quantidade de anticorpos que foram produzidos no organismo materno.
Passiva Artificialmente transferida: Administração de soros hiperimunes que são produzidos por outro indivíduo, que pode, inclusive, ser de espécie diferente do receptor. São utilizados em condições especiais, como:
-Quando há necessidade de proteção imediata;
-Quando o hospedeiro, por si próprio, não tem condições de responder adequadamente ao estímulo imunitário;
-Quando o soro é produzido na mesma espécie animal do receptor, recebe o nome de soro homólogo quando é produzido em espécie animal diferente, é denominado soro heterólogo (somente a imunidade humoral pode ser transferida).
2-Ativa 
Naturalmente adquirida: Consequência de uma infecção com ou sem manifestação clínica. Tende
a ser duradoura e o indivíduo fica sensibilizado para uma resposta de memória imunológica a um contato posterior com o mesmo antígeno.
Artificialmente induzida: É induzida em decorrência da administração de antígenos preparados artificialmente dotados de características imunogênicas, mas desprovidos da capacidade de induzir doença. A duração da imunidade é variável Algumas vacinas dão imunidade forte e prolongada, enquanto outras produzem uma imunidade fraca e curta Também pode levar ao desenvolvimento de memória imunológica.
Induzida através da vacinação: A duração da imunidade é variável. Algumas vacinas dão imunidade forte e prolongada (ex.: febre amarela, sarampo), enquanto outras produzem uma imunidade fraca e curta (ex.: gripe, leptospirose). Pode levar ao desenvolvimento de memória imunológica.
Inoculação de anticorpos específicos: Soro hiperimune ou imunoglobulina humana.

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