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II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 PALÁCIO DA LIBERDADE: A Arquitetura resultante do pós intervenção CADORE, ANALU. Unicesumar Curitiba. Departamento de Arquitetura e Urbanismo R. Itajubá, 673 - Portão, Curitiba - PR, 81070-190 analucadore@gmail.com RESUMO O final do século XIX foi marcado por grandes transformações em Curitiba. Com a elevação à capital de província e a chegada das grandes levas de imigrantes europeus, gradativamente o panorama urbano da cidade foi se modificando. Ernesto Guaita, engenheiro-arquiteto italiano, foi um dos nomes mais importantes neste período de expansão e produziu desde planos de urbanismo à concepção dos mais representativos edifícios da cidade. É neste contexto que surge o edifício conhecido como Palácio da Liberdade, hoje sede do Museu da Imagem e do Som de Curitiba PR. Construído inicialmente como residência para um próspero imigrante alemão, Ignácio Weiss, este edifício adquiriu uma grande representatividade e serviu como sede dos mais importantes órgãos públicos do estado, sendo sede do Governo paranaense por mais de 40 anos. Em 2015 o edifício foi reinaugurado após uma obra de restauração e consolidação. Diversos aspectos funcionais foram contemplados, como a reorganização espacial interna e a construção de um edifício anexo para abrigar depósitos e laboratórios. Porém o ponto mais marcante da intervenção foi a demolição de uma ampliação lateral para devolver ao edifício a simetria original que é marca notória nas composições arquitetônicas de Guaita. Com isto, devolveu-se a sua composição volumétrica porém o resultado foi uma arquitetura que não é nem fiel ao original, no que tange às ornamentações e aberturas, nem semelhante ao que se via antes da intervenção gerando, assim, uma “terceira” arquitetura, onde questões como autenticidade e historicidade aparecem lado a lado em uma dicotomia projetual. Palavras-chave: Patrimônio arquitetônico, Patrimônio Histórico, Restauração, Arquitetura Resultante. . II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 INTRODUÇÃO Atualmente Curitiba é um dos maiores centros urbanos do país, sendo uma cidade mundialmente conhecida por suas inovações urbanas. Suas primeiras grandes transformações se iniciaram no momento em deixou de integrar o conjunto das províncias de São Paulo e passou a ser a capital da província do Paraná, em 1858. Esta autonomia permitiu uma grande expansão nas atividades comerciais, o que impulsionou rapidamente o crescimento econômico da capital de província. Assim, as feições da cidade precisavam deixar o ar colonial e passar a representar a nova capital de Estado, com uma economia em franco desenvolvimento. A demanda de construções que atendessem à população, que chegava à cidade atraídas pela prosperidade econômica, associada às levas de imigrantes vindos de diversos países europeus, acabou culminando em uma arquitetura que rapidamente foi abandonando as feições coloniais e tomando ares cosmopolitas. O ecletismo foi o estilo adotado na busca de conciliar estes fatores, onde o desejo de modernização da arquitetura foi viabilizado pelo saber fazer do imigrante e o seu domínio nas novas tecnologias e materiais construtivos, além da bagagem cultural. É neste contexto que aparece o engenheiro italiano Ernesto Guaita, que em 1875 chegou na cidade integrando a equipe de engenheiros que vieram trabalhar na construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá. Após o término das obras, continuou residindo na cidade e pouco a pouco foi firmando-se como um dos principais profissionais da época. Guaita foi o responsável pelos projetos dos edifícios de maior notoriedade na cidade neste período, sendo eles destinados ao poder público ou às residências de nomes de destaque da sociedade curitibana do século XIX. Além disso, atuou também nas transformações urbanísticas, tendo realizado o projeto que previa a expansão da cidade – conhecido como “Nova Coritiba (1885) - que é considerado por muitos um projeto de traços bastante visionários para a época. Três anos depois realizou a primeira planta cadastral de Curitiba. II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 Além dos trabalhos urbanísticos, Ernesto Guaita foi responsável por alguns dos projetos dos edifícios mais importantes do fim do oitocento curitibano. Esta importância está no fato de serem invulgares testemunhos da arquitetura de um período que marcou profundamente o panorama urbano da capital. Atualmente, de autoria de Guaita, e com poucos traços de intervenção, temos os edifícios da Câmara Municipal, a Antiga sede do banco BANESTADO (Hoje Banco Itaú), Palácio Garibaldi e o Palácio da Liberdade, que hoje abriga o Museu da Imagem e do Som do Paraná, sendo este último o objeto deste trabalho. O ECLETISMO CURITIBANO O ecletismo progrediu de forma bastante unificada com o desenvolvimento urbano, onde as cidades se adaptavam às novas necessidades da população e aos novos programas urbanísticos com o auxílio das inovações das técnicas e dos materiais construtivos. Com o largo crescimento das cidades e as novas demandas da população, passou-se às adaptações das edificações existentes aos novos usos. Então, como reflexo desta nova clientela, os vários estilos eram selecionados ao gosto do cliente, para comunicar o perfil do uso ou do morador do edifício. As composições utilizadas pelos arquitetos do ecletismo possuíam uma espécie de “divisão tipológica-linguística” (SUTIL, 2000, p.30) que serviam para comunicar a atividade que desempenhavam: edifícios públicos possuíam características da arquitetura clássica; armazéns, mercados, pavilhões e fábricas eram construídos com características metalúrgicas, igrejas possuíam características bizantinas ou, mais comumente, góticas. Quando observado o desenvolvimento do ecletismo em Curitiba é possível identificar dois momentos distintos: o primeiro de “consolidação” do estilo, que caracteriza o período onde surgiram na cidade os primeiros exemplares desta arquitetura e iniciaram o movimento de transformação da paisagem urbana. Esta fase seguiu até o final do século XIX. (SUTIL, 2009, p.36) A produção deste período se caracterizou pela forte influência da arquitetura de linguagem clássica, onde percebemos um maior formalismo na composição dos edifícios e na sua ornamentação, bem como os materiais utilizados. Elementos como frontões, colunas, II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 capitéis de estilo clássico, arcos plenos e pórticos, além da formalidade simétrica, são encontrados frequentemente nestas composições. O segundo momento, de “desenvolvimento”, corresponde aos primeiros anos do século XX, mais especificamente as primeiras duas décadas, onde o estilo atingiu seu maior desenvolvimento e se consolidou no cenário urbano não só como estilo arquitetônico, mas também como modo de vida. As edificações características deste período apresentam uma miscelânea cultural maior do que no primeiro período, já que a liberdade compositiva do ecletismo aliava as influências de diferentes culturas numa só composição, juntamente com a utilização de diversos materiais e técnicas construtivas, ou seja: a arquitetura deste período se caracterizava pela maior variedade de estilos compondo uma só arquitetura. Avaliando o contexto histórico-social do período, o ecletismo foi a linguagem que melhor soube traduzir as mudanças que aconteciam no panorama urbano de Curitiba. O poder de comunicação do estilo viabilizaram as transformações que a cidadesofria, no caminho de alcançar um patamar de metrópole em desenvolvimento. O PALÁCIO DA LIBERDADE O edifício conhecido como Palácio da Liberdade foi construído em 1871 para servir de residência do engenheiro e imigrante português Leopoldino Ignácio Weiss e sua família. A monumentalidade e o requinte em detalhes arquitetônicos e ornatos são o maior destaque deste edifício. Vinte anos depois, o edifício foi comprado juntamente com toda a sua mobília, pela Fazenda Nacional e em 1892 passou a abrigar a sede do Governo do Estado do Paraná. O então Palácio da Liberdade foi palco de muitas atividades administrativas do Estado, desde a gestão de Generoso Marques, o primeiro governador eleito, até medos dos anos 30, quando na época da ditadura de Getúlio Vargas passou a ser ocupado pelo interventor Manoel Ribas. II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 Figura 01 - Foto de 1923 Fonte: Arquivos SEEC Autor desconhecido Em 1938, o edifício passou a ser a sede da Chefiatura de polícia do Estado, desempenhando este papel por trinta anos até que, em 1968, deu abrigo à Secretaria do Interior e Justiça. Em 1989, passou a ser a sede do Museu da imagem e do Som, papel que desempenha até hoje. O edifício é tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado do Paraná desde 1977. Seu destaque na paisagem da antiga Rua da Liberdade, sua imponência e requinte, permanecem ainda hoje marcando com a mesma austeridade a atual Rua Barão do Rio Branco. Assim como as demais obras de Guaita, demonstra claramente o ideal da arquitetura eclética do período, que marcou a paisagem da cidade de Curitiba com requintes de uma cidade de grande pujança e prosperidade. Com o passar dos anos foram realizadas diversas obras e acréscimos no edifício, tanto em fachada enquanto planta, que vieram por descaracterizar os traços originais de Guaita. Com fortes influências classicistas, a composição original do edifício era marcada pela simetria e por um partido que muito lembra as villas palladianas de Vicenza, na Itália. II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 Figura 02 - Foto após a ampliação de 1949 Fonte: SEEC Autor desconhecido O edifício permaneceu fechado por mais de dez anos, sendo o museu e seu acervo transferidos do local temporariamente, até os diversos problemas em sua estrutura serem sanados. Em 2003 o edifício já não conseguia mais comportar as atividades do museu, tanto pela falta de espaço quanto pelo acelerado estado de deterioração em que se encontrava. Após um criterioso levantamento arquitetônico e documental e um diagnóstico preciso das condições físicas do edifício, deu-se início ao projeto que visava não apenas restabelecer a integridade do imóvel mas também retomar a simetria através da remoção de uma ampliação na lateral e de acréscimos feitos ao longo dos anos e das inúmeras reformas sofridas. O processo de restauração do edifício foi finalizado em 2015 e o museu e seu acervo puderam retornar ao seu local. Figura 03: fachada antes da ultima intervenção de restauro Acervo da autora 2010 II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 A INTERVENÇÃO A intervenção realizada no edifício foi mais facilmente percebida em sua fachada. Houve demolição dos acréscimos que descaracterizavam a composição original de Guaita, onde a simetria era um traço marcante. A intervenção buscava principalmente a contenção e estabilidade do edifício, mas também foram contemplados no projeto a necessidade da ampliação dos espaços de suporte, a demolição de um anexo existente, também em acelerado estado de degradação e a proposta de um novo edifício anexo, com melhores condições de funcionamento. Figura 04: fachada após a intervenção Acervo da autora 2017 O objetivo desta intervenção, segundo os autores do projeto, era devolver ao edifício suas características estilísticas originais para que este pudesse ser enquadrado corretamente dentro do movimento histórico ao qual pertence. Sendo um edifício de grande importância e representatividade para a cidade e para o estado, não só pelo seu histórico de atividade mas pela composição incomum de fachada e ornamentação, recuperar suas características originais devolve a ele uma relevância acima das esferas locais e também como marca da produção de Guaita, que foi um profissional de suma importância na construção e consolidação de Curitiba como capital, cuja produção e biografia ainda permanecem carentes de estudos aprofundados. Pensando no direcionamento principal da restauração, a questão sobre a demolição e remoção de acréscimos é um ponto que merece uma demorada consideração, uma vez que II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 estes acréscimos foram realizados pouco tempo (as primeiras intervenções datam de 1892) após a inauguração e já permaneciam no imaginário popular como sendo a estética característica da edificação. Portanto, remover os acréscimos é de certa forma alterar parte do percurso histórico do edifício no tempo. Quando pensamos em conceitos como autenticidade e integridade, devemos avaliar qual a instância que se visa priorizar neste processo. A busca de uma preservação histórica, de fato, não fomentaria uma intervenção com remoções de acréscimos, ao mesmo tempo que uma postura mais voltada para a questão da autenticidade arquitetônica e estilística endossa tais alterações, tomadas através de um juízo de valor onde se coloca na balança qual o aspecto da preservação que é o mais adequado para a correta preservação do imóvel e, consequentemente, de sua história. Observando o edifício concluído, notamos que a arquitetura resultante não foi nem exatamente fiel ao original - onde na lateral direita havia uma entrada de garagem com portão trabalhado em ferro e hoje permanece fechada, havendo no local uma janela que imita as demais esquadrias do pavimento térreo - e nem manteve a porção coberta sobre este espaço. O que se observa é que houve um cuidado em não repetir o mesmo acabamento em massa na quina onde houve a remoção, que traria a simetria e unidade original, mas também resultaria em um ato de falso histórico. Confrontando o produto da intervenção com as teorias de restauro, é notável que não houve um critério norteador na postura adotada no projeto. Segundo os responsáveis, no processo projetual procurou-se seguir as recomendações da Carta de Veneza. Aconteceram remoções, alterações e adições, mas não se identifica um traço significante de leitura do conjunto. Em alguns momentos buscou-se uma autenticidade na retomada da simetria da fachada, mas ao mesmo tempo, houve concessões sobre a permanência de elementos que não pertenciam ao projeto original. A questão da autenticidade fica comprometida e a leitura arquitetônica também. O resultado desta intervenção foi, se assim pode-se dizer, uma terceira arquitetura. Não é totalmente fiel ao projeto original - talvez por falta de alguns dados históricos – nem manteve II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 a estética já conhecida do edifício, que por tanto tempo esteve presente no imaginário coletivo da população. A intervenção em questão teve um foco muito mais voltado à problemática da composição simétrica do que de fato o valor de autenticidade. Olhando de uma forma mais simplificada, acredita-se que a decisão daremoção tenha-se dado muito mais por questões econômicas do que por preocupações estilísticas, já que a recomposição completa da fachada, seguindo o partido original (com a lateral direita servindo como acesso de veículos) demandaria um projeto muito mais especificado e com a elaboração de elementos substitutivos para representar os elementos – como a bandeira de ferro sobre a abertura da garagem, no mesmo estilo e material da bandeira do acesso de serviço da lateral esquerda, que permanece no local até hoje. De fato, a principal marca da arquitetura de Ernesto Guaita e do período é a simetria. Segundo os autores do projeto, o fato de que a alvenaria que fechava a sacada na porção lateral direita do edifício se encontrava com sério comprometimento estrutural por conta de vários pontos de infiltração e que, no processo de prospecção, foram encontrados os ornamentos originais sob o forro deste ambiente, o que acabou por endossar a decisão da demolição, já que não havia justificativa de reintegrar a alvenaria deste espaço e que sua cobertura dificultava a composição do telhado original, executado conforme um sistema construtivo alemão completamente inédito na cidade. A questão da demolição foi ainda mais proeminente com o pensamento de estabelecer uma unidade de leitura da produção arquitetônica do período, ainda mais em se tratando de Guaita, uma vez que seus demais projetos na cidade possuem uma integridade compositiva de fachada – principalmente – que permite uma unificação da produção deste autor e consequentemente fomenta estudos sobre a arquitetura eclética de origem imigrante que se produziu em Curitiba no período pós emancipação. O fato do surgimento desta chamada “terceira arquitetura” é comum ao se observar a arquitetura que resulta das intervenções a que são submetidos diversos edifícios históricos no Brasil. O que se percebe é que na maioria dos casos a questão estética acaba sendo sacrificada por conta de os autores dos projetos não possuírem uma visão de conjunto II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 sobre o edifício e muitas vezes não estabelecem uma linha de atuação clara no projeto. Remoções e adições são quesitos extremamente delicados justamente porque sua opção indiscriminada e injustificada compromete todo um percurso histórico de um edifício ou de um conjunto urbano, dificultando ou até muitas vezes inviabilizando ações de tombamento e preservação por estarem completamente descaracterizados. A questão é delicada não somente a partir do ponto de vista técnico mas também sob a visão da população local e sua identificação com o edifício e seu impacto no entorno, com a significação do elemento histórico como legado de sua cultura e identidade enquanto grupo social. Quando ocorre a supressão de elementos – mesmo que não-originais – que já compõem o imaginário da população como parte integra do edifício, acontece uma ruptura na conexão cultural das pessoas com o edifício. No caso do Palácio da Liberdade, muitas pessoas questionaram a intervenção pois, para muitas delas, a adição era parte autêntica do edifício e não entenderam sua remoção, uma vez que muitas delas já são nascidas após a adição do espaço e que o argumento de recuperação das características originais não se verifica claramente como norte do projeto. É neste ponto em que esta arquitetura resultante mais causa confusão do que esclarece. É neste momento em que a quebra de conexão cultural, de identidade com o bem histórico pode ser irreparável. E é também neste momento em que presenciamos o nascimento de um “novo” edifício, que inicia neste momento sua trajetória no imaginário das novas gerações onde a curiosidade sobre a intervenção pode suscitar novos estudos sobre o edifício, o autor e a cidade. Cabe a nós, então, lançar um olhar sobre esta arquitetura resultante da ação da intervenção de restauro, dentro de suas características projetuais e trazer à tona o raciocínio crítico sobre a questão de preservação arquitetônica e da memória urbana. Como a ação restaurativa pode contribuir ou não para a manutenção deste ideário que permite com que a população de uma cidade crie identidade com o edifício restaurado enquanto patrimônio vivo de sua história. E da importância do profissional da restauração e preservação em conhecer as lições teóricas e buscar sempre a harmonia entre o novo, o velho, e o uno. II Simpósio Científico do ICOMOS Brasil Belo Horizonte/MG - de 25 a 28/04/2018 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ICOMOS. Carta de Veneza. IPHAN. RIEGL, Alois. O culto moderno dos monumentos: a sua essência e a sua origem. Editora Perspectiva. São Paulo, 2014. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Editora UNESP. São Paulo SP. 2001. BRENNA, Giovanna Rosso Del. 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