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psicologia da segurança

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CURSO DE GESTÃO DE SEGURANÇA PRIVADA 
 
Disciplina: Psicologia da Segurança 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof: Angela Moreira Utchitel 
(Doutora em Psicologia) 
utchitel@uol.com.br 
angela.utchitel@estacio.br 
 
 
1 
 
 
(Edição revista em julho de 2014) 
 
UNIDADE I​: 
A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA E DA PSICOLOGIA SOCIAL PARA A 
EXPLICAÇÃO E COMPREENSÃO DOS FATOS E EVENTOS SOCIAIS 
 
 
Introdução 
 
Quando usamos o termo ‘Psicologia’ ou mesmo expressões como ‘causas psicológicas’ e 
‘razões psicológicas’, dificilmente nos damos conta de que estamos, com eles, definindo e 
circunscrevendo – de modo específico – uma forma de interpretar e compreender certos 
eventos, acontecimentos, ações e comportamentos humanos. Em outras palavras, temos 
uma ​representação acerca do sentido do termo ​Psicologia​, ​representação ​esta 
naturalizada ​por um uso relativamente compartilhado entre nós e que passou a fazer parte 
do nosso vocabulário usual e do senso-comum. 
É importante ressaltar, entretanto, que, se de um lado, o termo ​Psicologia ​– derivado de 
palavras gregas que significam ‘estudo da mente ou da alma’ – é antigo, de outro, só foi 
mantido ao longo da História do Mundo Ocidental por espelhar a preocupação secular do 
Homem consigo mesmo e com aquilo que o faria um ser diferente dos outros elementos 
da Natureza. Vale lembrar que, desde o século XIX, o termo ​Psicologia tem um significado 
diferente do original, marcado não só pelas transformações sociais que atingiram a 
História Social e a História das Mentalidades ao longo do desenvolvimento do Ocidente, 
mas também pelo advento da Ciência na Era Moderna. 
Hoje, a ​Psicologia ​pode ser genericamente definida como a ​Ciência que estuda o 
comportamento e os processos mentais. 
 
 
 
1.1: ​Conceito de Psicologia: 
 
A Psicologia hoje 
Os assuntos investigados pelo psicólogo incluem, dentre outros, o desenvolvimento, as 
bases fisiológicas do comportamento, a aprendizagem, a percepção, a consciência, a 
memória, o pensamento, a linguagem, a motivação, a emoção, a inteligência, a 
personalidade, o ajustamento, o comportamento normal e desviante (e suas formas de 
tratamento), as influências sociais e o comportamento social. 
A Psicologia é freqüentemente aplicada na clínica, na indústria, na educação, em 
assuntos de consumo e em muitas outras áreas​, sendo tais aplicações uma 
conseqüência do próprio desenvolvimento da Psicologia como Ciência ao longo da 
História do Mundo Ocidental. 
 
 
 
Psicologia: uma Ciência unificada e completa? 
 
2 
 
A Psicologia não é um corpo de conhecimentos nem unificado, nem completo. Os 
cientistas do comportamento divergem, muitas vezes, não só quanto ao objeto primeiro da 
Psicologia, mas também quanto aos métodos para abordá-lo. O próprio desenvolvimento 
da Psicologia como Ciência, ao longo da História do Ocidente, aponta nesta direção. 
Vejamos: 
- Ao ser fundado, em 1879, o primeiro laboratório de Psicologia em uma 
Universidade alemã, o objeto da Psicologia era definido como a análise da 
experiência consciente. Neste sentido, interessava aos pesquisadores verificar de 
que modo os diferentes elementos que compõem uma experiência (sensações e 
imagens) se combinavam e relacionavam para formar uma experiência complexa. 
A estimulação ambiental a que era exposto um indivíduo era analisada e descrita, 
tendo sido na esteira da Fisiologia – que investigava as funções cerebrais – que a 
Psicologia nasceu como Ciência. 
- Inversamente, em Viena, também no final do século XIX, não foi a experiência 
consciente que serviu de base aos estudos e à investigação de Sigmund Freud. 
Para este, o comportamento humano era resultante de motivos e desejos 
inconscientes fora da esfera da consciência dos sujeitos. Também aquilo que 
orientava Freud em seus estudos se diferenciava radicalmente dos psicólogos 
experimentalistas que fundaram a ciência psicológica; o que interessava a Freud 
eram as desordens mentais, ou seja, os processos mentais que estariam na 
origem de múltiplas patologias psíquicas. Também diferentemente de seus 
antecessores, Freud não usou a experimentação como método de pesquisa, mas 
o estudo de casos ou método clínico. Enquanto sistema de pensamento em 
Psicologia, a Psicanálise criada por Freud influenciou e ainda influencia fortemente 
não só os rumos da Psicologia, mas também das Artes, da Literatura e da 
Pedagogia. 
- Ao longo do século XX diferentes escolas de pensamento deram origem a 
diferentes abordagens de pesquisa no campo da Psicologia. Destas, derivaram 
estudos sobre aprendizagem, percepção, comportamento grupal etc. 
 
 
1.2: ​Psicologia Social: campos de aplicação 
- A ​Psicologia Social está referida a um campo de estudo que examina os indivíduos 
em seu enquadramento social e cultural. O modo como o mundo social afeta o 
comportamento dos indivíduos e influi em seus padrões de interação é, deste 
modo, objeto de pesquisa em Psicologia Social. 
- Devemos ter em mente que, se algumas experiências sociais nas vidas das 
pessoas são únicas, ligadas a determinados momentos, outras ocorrem repetidas 
vezes, freqüentemente na mesma seqüência ou, predominantemente, com a 
mesma causa e efeito. Costuma ser sobre estes processos recorrentes que os 
psicólogos sociais se debruçam. 
- No campo específico do relacionamento interpessoal, os principais estudos 
realizados no campo da Psicologia Social surgiram já no início do século XX, 
abordando aspectos referidos mais especialmente aos fundamentos sociológicos 
do comportamento de uma dupla forma: 
3 
 
A) de um lado, os pesquisadores se dedicaram ao estudo dos elementos 
que fundamentariam o comportamento social do indivíduo: a 
socialização, a percepção social e as atitudes; 
B) de outro, se detiveram sobre os elementos que estariam na base do 
comportamento dos grupos: a posição, o status e o papel dos indivíduos 
no grupo, além de estudos sobre liderança. 
 
- Deve ser ressaltado, entretanto, que os estudos mais contemporâneos sobre o 
comportamento social dos indivíduos não deixam de levar em consideração os 
aspectos psicodinâmicos da constituição psíquica, o que significa dizer que a 
forma como a psicanálise aborda a construção subjetiva dos humanos acaba se 
incorporando e se infiltrando nas abordagens acerca do comportamento social dos 
indivíduos, especialmente se o que está em pauta é seu caráter normal ou 
desviante. Como já foi dito anteriormente, a influência da Psicanálise se fez sentir 
de modo decisivo na história do pensamento ocidental ao longo do século XX. 
 
1.3: ​Fundamentos sociológicos do comportamento​: 
 
Por quê é importante para o futuro Gestor em Segurança, seja na área pública ou na 
área privada, estudar os fundamentos sociológicos do comportamento ou, em 
outras palavras, as bases do comportamento social do indivíduo? 
Resumidamente: para entender como se estruturam e se organizam as relações entre as 
pessoas, não só no ambiente de trabalho (entre subordinados, pares e superiores), como 
também com aquelas que são o alvo de sua ação: apopulação (no caso da Segurança 
Pública) e a clientela (no caso da Segurança Privada). 
 
O tema que vamos começar a abordar trata, exatamente, dos principais aspectos que 
tecem a relação social em diferentes contextos. 
Nosso objetivo aqui é apresentar os principais ​conceitos que estão na base do 
comportamento social dos indivíduos​, uma vez que entender as principais bases do 
comportamento social do indivíduo deverá permitir ao Gestor uma melhor leitura ou 
compreensão dos eventos ocorridos ou gerados no interior ou no confronto das três 
esferas sociais mencionadas, ou seja: 
- a que inclui os pares e superiores hierárquicos 
- a que diz respeito à relação com os subordinados 
- e a referida à população (no caso da Segurança Pública) e à clientela (no caso da 
Segurança Privada). 
 
 
1.4: ​Bases do comportamento social do indivíduo 
 
Você pode imaginar a vida sem outras pessoas? Pode se imaginar completamente 
sozinho no mundo? A idéia é assustadora para a maioria de nós, seres humanos. Somos 
criaturas que se agrupam, que dependem umas das outras, física e emocionalmente. A 
vida humana é, inevitavelmente, uma vida grupal: todas as informações históricas que 
temos nos falam de agregados humanos. Por esta razão, quem pretende compreender o 
comportamento humano não pode deixar de considerar o ambiente social em que ele 
4 
 
ocorre. Como já vimos, a ​Psicologia Social é o ramo da Psicologia que estuda os 
comportamentos resultantes da interação entre os indivíduos. 
 
Entende-se por ​interação social o processo que se dá entre dois ou mais indivíduos, em 
que a ação de um deles é, ao mesmo tempo, resposta a outro indivíduo e estímulo para 
as ações deste, ou, em outras palavras, as ações de um são, simultaneamente, um 
resultado e uma causa das ações de outro. Estes comportamentos – chamados 
interpessoais ​ou ​sociais – ​podem ocorrer de inúmeras formas. Por exemplo, podem ser 
movimentos físicos (como um soco, um abraço, um aperto de mão...), podem estar 
relacionados a expressões corporais e faciais (um recuo, um olhar desviado...) ou podem 
ser palavras proferidas oralmente ou enviadas de forma escrita. 
É preciso entender também que um ​comportamento interpessoal ​não necessariamente 
se dá apenas quando dois ou mais indivíduos estão juntos. Quando um adolescente, por 
exemplo, na solidão de seu quarto se apronta esmeradamente para um encontro que terá, 
no mesmo dia, com uma garota, está oferecendo um exemplo de comportamento 
interpessoal porque se comporta com referência a outra pessoa, na expectativa de uma 
interação. 
Quando este mesmo adolescente sai da festa e se recolhe tristemente em seu quarto, 
expressando sua frustração porque o encontro não transcorreu como desejava, também 
está respondendo a uma interação já ocorrida; por isto, pode-se classificar este 
comportamento como interpessoal ou social. 
Sendo assim, é fácil verificar que praticamente todos os comportamentos humanos são 
resultantes da interação com os demais. 
 
Observe-se, então, que a definição da Psicologia Social como o estudo dos 
comportamentos resultantes da interação social é muito genérica. Numa tentativa de 
estruturar o vasto campo de interesse da Psicologia Social, alguns estudiosos o dividem 
em dois níveis. No primeiro deles, a atenção recai sobre ​os elementos que 
fundamentam o comportamento social do indivíduo. No segundo, a atenção e o 
interesse recaem sobre a ​compreensão dos processos grupais, investigando as 
influências do grupo sobre o indivíduo. 
 
 
1.4.1 - Socialização 
 
Dá-se o nome de ​socialização ao ​processo pelo qual o indivíduo adquire os padrões 
de comportamento que são habituais e aceitáveis nos seus grupos sociais. É um 
processo que começa na infância e que perdura por toda a vida, fazendo com que as 
pessoas ajam, sintam e pensem de forma muito semelhante aos demais com quem 
convivem. A família se constitui no maior agente socializante. 
A influência da ​cultura da sociedade em que vive um indivíduo é enorme na formação de 
sua personalidade. Quando falamos em ​cultura​, estamos falando de um corpo de 
conhecimentos compartilhados, ou seja, de maneiras características de pensar e agir, de 
hábitos, de metas, de ideais etc. Deste modo, a maneira de ser, pensar e agir de um 
indivíduo está diretamente relacionada com a ‘visão de mundo’ da época e do contexto 
social em que vive. Dito de outro modo, a ​cultura do meio social influencia a construção 
5 
 
subjetiva dos indivíduos: seus motivos conscientes e inconscientes, suas atitudes, valores 
e ideais – produzindo aquilo que genericamente chamamos de ​normas sociais​. 
 
As ​normas sociais têm poderosos efeitos sobre o comportamento, ​gerando 
expectativas compartilhadas sobre o que fazer, dizer, pensar e até sentir. De um 
modo geral, as pessoas honram estas normas, e tendemos a nos sentir constrangidos 
quando violamos estas regras, mesmo que convenções sejam triviais. Em algumas 
situações, o indivíduo pode chegar a se colocar em risco para não ignorar os padrões 
sociais. Um exemplo disto é o do indivíduo que, por se encontrar nu, acha difícil correr 
para fora de casa para escapar de um incêndio. Outro exemplo: cantar alto, mas bem alto, 
em um ônibus ou metrô, quando se está sozinho, ou seja, sem a companhia de um amigo. 
Muita gente dirá que é fácil fazer isto, mas ‘nem uma em cem o faria’, afirmam os 
pesquisadores. 
 
Em termos de aplicação prática, as noções de ​socialização ​e de ​normas sociais 
costumam servir, ​grosso modo​, para que possamos entender que nem todos os 
indivíduos se organizam culturalmente, socialmente e moralmente de maneira unívoca. 
Muito pelo contrário, costumamos ser profundamente marcados, em nossa maneira de 
ser, pelo ambiente cultural em que crescemos. Ainda que, num país, a lei valha 
igualmente para todos, determinando em linhas gerais o que nos é permitido fazer ou não 
fazer, o fato é que existem diferenças na forma de cada um construir-se socialmente e 
estas distinções pesam no formato assumido pelas atitudes dos indivíduos, especialmente 
quando estão em seus grupos de origem. 
 
Qualquer grande metrópole costuma apresentar uma significativa diversidade quando 
observados os diferentes grupos sociais de que é composta. Esta constatação faz com 
que devamos nos lembrar – especialmente quando nossas ações estão dirigidas a 
segmentos da população – que nem sempre o comportamento social, que tais segmentos 
expressam, apresenta sintonia com a maneira como pessoalmente costumamos agir. 
Guiar-se, então, nestes casos, pelo que é lícito ou ilícito do ponto de vista legal pode ser, 
em linhas gerais, um bom parâmetro para que regulemos nossas ações e sentimentos. 
 
 
1.4.2- Percepção Social 
 
Se o processo de ​socialização pode ser genericamente considerado o primeiro 
fundamento do comportamento social dos indivíduos, a ​percepção social ​ou ​percepção 
das pessoas ​pode ser considerada o segundo. 
A ​percepção social diz respeito ao ​processo pelo qual formamos impressões arespeito de uma outra pessoa ou grupo de pessoas. 
Sobre as pessoas, dificilmente formamos impressões desconexas ou isoladas; ao 
contrário, integramos nossa impressão numa opinião unificada, mesmo que para isto 
precisemos ‘inventar’ ou ‘distorcer’ características percebidas. É bem verdade que o 
processo de percepção social é individual. Apesar disto, entretanto, existem semelhanças 
e constatadas recorrências na forma pela qual formamos impressões a respeito de outras 
pessoas. 
6 
 
Em relação a este ponto, pesquisas sugerem, por exemplo, que as ‘primeiras impressões’ 
muitas vezes persistem e dominam nossa percepção do outro. Já se estudou bastante a 
respeito das ​‘primeiras impressões’ e da sua importância. Resumidamente: nós todos 
temos a tendência de fazer, sobre os outros, julgamentos bastante complexos, com base 
em poucas informações. O interessante nisto tudo é compreender o quanto ​as primeiras 
impressões determinam em muito nosso comportamento em relação às pessoas e 
têm probabilidade de se tornarem estáveis, a despeito de novas informações. ​Sobre 
a formação das ‘primeiras impressões’ sabe-se que: 
- A aparência física, por exemplo, é especialmente influente. Pesquisadores 
demonstraram que a beleza física deforma as opiniões favoravelmente em 
diferentes situações. 
- As ‘primeiras impressões’ são apoiadas em sinais não-verbais, tais como 
expressão facial, gesticulação, direção do olhar, tom e altura da fala, ritmo, pausas 
etc. 
- Lembramos e damos importância ao comportamento social fora do comum. 
- Geralmente nos deixamos influenciar em nossa primeira impressão de alguém se, 
antes mesmo de entrar em contato com esta pessoa, uma informação sobre ela 
nos for transmitida. 
 
Dado que as relações entre as pessoas dependem, em muito, das impressões que 
formam umas das outras, a compreensão do processo de percepção social tem muita 
importância para o Gestor de Segurança. 
A este respeito, vale notar que, de um lado, as “primeiras impressões” podem ser 
enganadoras, produzindo pré-concepções que podem embaraçar ou constranger um 
cliente (no caso da Segurança Privada) ou cidadão (no caso da Segurança Pública). Além 
disto, podem tornar às vezes mais difíceis nossas relações com os pares, com os 
superiores hierárquicos ou mesmo com os subordinados, com os quais não empatizamos 
à primeira vista ou num primeiro contato. É importante lembrar que todos nós sofremos 
oscilações de humor e de disposição, sendo necessário, na relação com colegas de 
trabalho, dar, às vezes, tempo ao tempo para formar, a respeito deles, uma impressão 
menos distorcida. 
Por outro lado, sabemos também que a experiência no dia-a-dia com a população acaba 
fazendo com que os profissionais de segurança desenvolvam um certo ‘saber’ sobre a 
postura comportamental do indivíduo afeito ao crime ou ao ilícito. Nestas circunstâncias, 
este ‘saber’ adquirido não deve ser desprezado, especialmente quando relacionado a 
sinais não verbais e a comportamentos sociais fora do comum. 
 
 
 
1.4.3- Conformidade 
 
A ​conformidade ​é definida como uma ​mudança no comportamento e/ou nas atitudes 
resultante de uma pressão real ou imaginária de um grupo​. Estudos sobre a 
conformidade ​mostram o quanto é desconcertante, para muitos indivíduos, perceberem 
dados da realidade de forma diferente da maioria das pessoas. Entretanto, quando as 
percepções produzidas pelos demais são, de algum modo, plausíveis, é muito comum o 
indivíduo conformar-se a ela. 
7 
 
 
A conformidade de um indivíduo a um grupo tende a ser maior, principalmente, na medida 
em que o grupo é percebido por ele como tendo uma capacidade de vigilância (ou seja, 
aptidão para descobrir quem está e quem não está obedecendo) e uma capacidade 
coercitiva (ou seja, o poder de impor penalidades). Ainda que os psicólogos tenham 
encontrado traços de personalidade bastante comuns nos indivíduos mais propensos à 
conformidade – dentre eles, uma tendência a endossar valores convencionais e 
socialmente aprovados e pouca tolerância à ambigüidade – a maioria das pessoas não se 
conforma de modo regular. Com isto, estamos afirmando que aspectos situacionais 
pesam na conformidade, para além das características de personalidade do indivíduo. 
 
Em termos práticos, pode-se supor que a presença efetiva de uma autoridade, seja num 
grupo de trabalho, seja numa operação de rua, funciona de modo a produzir no grupo 
melhores níveis de conformidade, ou seja, de adaptação aos padrões de comportamento 
esperados. 
Entretanto, a questão da conformidade leva a pensar, também, na importância de que 
uma operação possa ‘fazer sentido’ para aqueles que dela se ocuparão; dito de outro 
modo, se a percepção da realidade não for compartilhada pelo grupo, alguns de seus 
membros poderão até executá-la, mas de modo pouco seguro e eventualmente 
desconcertado. 
 
 
 
1.4.4- Obediência 
Quando obedecemos, abandonamos nossos juízos pessoais e cooperamos com as 
exigências das autoridades. Assim como no caso da ​conformidade​, a ​obediência ​ou 
submissão ​pode ser reforçada. De um lado, por forças positivas, como a aprovação, 
prestígio, promoções e recompensas materiais; de outro, pelo fato de os indivíduos 
passarem a evitar conseqüências desagradáveis, como a desaprovação, as multas, o 
ostracismo, a prisão etc. 
Quando todos seguem regras – se estas são justas e sensatas – a vida tende a se revelar 
mais segura. Mas a obediência cega pode ser perigosa. Basta lembrar quantas 
atrocidades, ao longo da História, foram cometidas em nome da obediência, mostrando 
como esta, muitas vezes, entra em choque com princípios morais e humanitários. 
Inúmeros estudos demonstraram que a obediência depende, até certo ponto, das 
características da situação e do indivíduo. De qualquer modo, ficou demonstrado que a 
proximidade da autoridade aumenta o poder da obediência. 
 
 
1.4.5- Atitudes 
 
Entende-se por ​atitude ​a ​maneira, em geral, organizada e coerente de pensar, agir e 
reagir a um determinado objeto que pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas, 
uma questão social, um acontecimento; enfim, qualquer evento, coisa, pessoa, idéia 
etc​. As atitudes podem ser positivas ou negativas e são, invariavelmente, aprendidas. 
As atitudes ​têm três componentes​: 
8 
 
- um ​componente cognitivo​, formado pelos pensamentos e crenças a respeito de 
uma pessoa, grupo ou idéia; 
- um ​componente afetivo​, referido aos sentimentos de atração ou repulsão em 
relação a uma pessoa, grupo ou idéia; 
- e um ​componente comportamental​, representado pela tendência de reação da 
pessoa em relação ao que é objeto da sua atitude. 
Na ausência de qualquer um destes componentes, não se pode falar legitimamente em 
atitude. 
 
É preciso notar, no entanto, que destes três componentes, apenas um é observável 
diretamente: o comportamento. Os outros dois (pensamentos e sentimentos) são inferidos 
a partir dele. Assim, se uma pessoa coleciona artigos sobre os Beatles, compra todos os 
seus discos e procura assistir a filmes e documentários sobre eles,é razoável acreditar 
que também gosta deles e que pensa a respeito deles coisas positivas. 
Não se deve concluir, porém, que a atitude seja sinônimo de comportamento, porque, 
muitas vezes, o comportamento de alguém, numa determinada situação, não é coerente 
com sua atitude. Por exemplo, quando um rapaz afirma à sua namorada que gosta muito 
da mãe dela, não necessariamente tem mesmo uma atitude positiva em relação à 
provável futura sogra. Somente a observação do comportamento global e costumeiro do 
rapaz em relação à mãe da moça, durante um certo período de tempo, poderá responder 
à questão. 
 
Temos atitudes em relação a quase tudo, exceto em relação a dois tipos de objetos: os 
que não conhecemos e os que são de pouca ou nenhuma importância para nós. Por 
exemplo, é de se supor que poucos brasileiros tenham alguma atitude em relação à 
política interna do governo finlandês. 
A importância das atitudes reside no fato do comportamento ser, em geral, gerado pelo 
conjunto de conhecimentos e sentimentos. Assim sendo, conhecendo-se as atitudes de 
alguém, pode-se, ainda que sem segurança absoluta, prever o seu comportamento. Além 
disto, ao se pretender mudar o comportamento das pessoas, deve-se procurar formar 
atitudes nelas ou alterar as já existentes. As campanhas de cidadania e as campanhas 
publicitárias referidas a produtos e serviços operam com este objetivo. 
Uma característica importante das ​atitudes​, entretanto, é a ​tendência para serem muito 
resistentes à mudança​, isto é, depois de adquiridas, as atitudes são difíceis de serem 
mudadas. O preconceito racial permanece bastante vigoroso em várias partes do mundo, 
apesar das inúmeras campanhas anti-segregacionistas. A explicação para isto talvez 
esteja no processo de desenvolvimento das atitudes. Nossas atitudes mais básicas (e que 
vão pesar na aquisição de outras) são aprendidas na infância, através da interação com 
os pais. 
Geralmente, os pais são objetos de atitudes muito positivas da criança, já que eles 
atendem às suas necessidades, proporcionando-lhes bem-estar. Assim, tornam-se os 
principais modelos a serem imitados em suas atitudes. Além disto, mostrar atitudes iguais 
às dos pais é costumeiramente reforçado. 
Não é verdade, entretanto, que as pessoas tenham as mesmas atitudes que seus pais em 
relação a tudo. Ocorre que muitas outras influências se apresentam à medida que a 
criança cresce. Aprendemos atitudes com nossos amigos, escola, igreja etc. 
9 
 
As influências culturais na formação de atitudes são múltiplas, constantes e, às vezes, 
contraditórias. Grupos sociais diversos, organismos estatais e particulares, todos 
procuram fazer com que as pessoas passem a agir da forma que eles propõem. Nem 
sempre nos damos conta destas tentativas de influência, assim como também não 
percebemos sempre as nossas próprias tentativas de mudar ou formar as atitudes dos 
outros. 
A mudança numa atitude tem maior ou menor probabilidade de ocorrer dependendo de 
seu grau de extremismo, dentre outros fatores. Uma atitude extrema, como, por exemplo, 
a de ser radicalmente contra a pesquisa nuclear, tem menos chance de ser alterada do 
que uma atitude pouco extrema. 
 
 
Fontes bibliográficas: 
DAVIDOFF, L. ​Introdução à Psicologia​.São Paulo, McGraw-Hill, 1983. 
PISANI, E. M., BISI, G.P., RIZZON, L. A ., NICOLETTO, U. ​Psicologia Geral​. Petrópolis, 
Ed. Vozes, 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.5: ​O Comportamento do Grupo 
 
 
Vínhamos abordando, até agora, as principais bases do comportamento social do 
indivíduo: o modo como se socializa, as regras e normas sociais que estão na base desta 
socialização, o modo como costuma perceber os demais e formar sobre eles as primeiras 
impressões, além de duas importantes tendências que os indivíduos tendem a demonstrar 
em seu comportamento social: a conformidade ao grupo e a obediência ou submissão às 
figuras de autoridade. 
 
10 
 
Pudemos discutir ainda o próprio conceito de atitude e seu significado social, tendo em 
vista que a atitude de um indivíduo em relação a alguém ou a alguma coisa traz em seu 
bojo múltiplos aspectos. 
Se estes aspectos formam, em seu conjunto, as bases do comportamento social do 
indivíduo, ​o que vamos começar a ver agora está ligado a fenômenos que só podem 
ser observados quando estamos diante de um grupo. 
 
O que estamos querendo dizer é que ​fenômenos como liderança, desempenho de 
papel e posição, dentre outros, só existem porque existe um grupo. Apenas quando 
as pessoas formam um grupo é que a liderança, por exemplo, pode aparecer sob a forma 
de comportamento. 
 
Além disso, o grupo exerce influências importantes no comportamento humano em geral, 
razão pela qual o comportamento do grupo merece ser estudado. 
O campo de estudo que investiga os fenômenos grupais é, muitas vezes, chamado de 
dinâmica de grupo. 
 
1.5.1: Grupo 
O que é um grupo? 
A platéia de um cinema, os metalúrgicos de uma cidade e as pessoas que aguardam o 
ônibus numa esquina são exemplos de grupo? 
A resposta é não. 
 
Um grupo, ainda que formado por vários indivíduos, só pode ser considerado como 
tal quando seus componentes, além de estabelecerem contato uns com os outros, 
têm consciência de que têm algo significativamente em comum​. Interesses, crenças, 
tarefas, características pessoais podem ser, dentre outros aspectos, este ‘algo em 
comum’. Entretanto, nem todos os grupos têm a mesma natureza, sendo possível 
distinguí-los em alguns aspectos: 
 
​Dá-se o nome de ​Grupo Primário àquele que, além de satisfazer os critérios 
mencionados acima, caracteriza-se pela ​existência de laços afetivos íntimos e 
pessoais unindo seus membros. Em geral, é pequeno e perpassado por um 
comportamento interpessoal informal e espontâneo; nos grupos primários, os fins comuns 
não são explícitos e podem ser reduzidos à própria convivência grupal. Como exemplos 
de grupos primários, podemos citar a família e a turma de amigos. 
Pode-se dizer que a importância dos grupos primários reside, principalmente, no fato de 
se constituírem na fonte básica da aprendizagem de atitudes e da formação da 
personalidade dos indivíduos. 
 
Diferentemente, os ​Grupos Secundários são aqueles que se caracterizam por relações 
mais formais e impessoais. Neste caso, ainda que o grupo não tenha, por si só, um fim 
em si mesmo, se constitui num meio para que seus componentes atinjam fins externos ao 
grupo. Portanto, ​nos grupos secundários, o objetivo que entra em jogo para cada 
indivíduo é a base para sua constituição. 
Dentre outros, são exemplos de grupos secundários: uma turma de alunos, uma equipe 
de trabalho, um time esportivo. 
11 
 
 
Em geral, todos nós participamos de vários grupos, alguns primários e muitos 
secundários. 
Tanto o grupo primário quanto os secundários, nos quais nos inserimos ao longo da vida, 
impõem a seus membros direitos e deveres que implicam em diferentes funções e 
distintos níveis de responsabilidade, além das várias expectativas geradas, por estesencargos, nos demais membros – o que significa dizer que cada membro de um grupo 
possui uma ​posição​, um ​status ​e um ​papel. 
 
 
 
1.5.2: Posição 
 
Genericamente, a ​posição diz respeito ao ​conjunto de direitos e deveres do indivíduo 
no grupo. 
Deste modo, fazer parte do corpo de gestores de uma empresa corresponde a uma 
posição. Por outro lado, ocupar a posição de Gestão de Segurança ou de Gestão 
Financeira implica em responsabilidades e deveres diferentes. 
No campo específico da Segurança, há ainda distinções quanto às responsabilidades e 
deveres, em função da Gestão se destinar à Segurança Pública ou Privada. Além disto, 
entre o Gestor e seus subordinados, sabemos também que deveres e direitos serão 
diferentes. 
Em função disso, pode-se dizer a posição ocupada por um indivíduo em grupos formais 
recobre o universo de suas funções e responsabilidades. 
 
 
1.5.3: Status 
 
Aparentado com o conceito de ​posição​, o ​status se refere ao ​valor diferencial de cada 
posição dentro da empresa ou instituição. 
A importância atribuída a cada posição costuma ser indicada por símbolos que, nas 
sociedades contemporâneas, vão desde o escritório mais confortável e espaçoso, até o 
direito a uso de automóvel da empresa, moradia financiada por ela etc. De um modo 
geral, quanto maior o status de uma posição, maior o espectro de benefícios oferecidos. 
 
 
 
1.5.4: Papel 
 
Quando falamos em ​papel ​estamos nos referindo ao ​comportamento esperado do 
indivíduo, em função da ​posição ​que ocupa e do respectivo ​status ​que esta tem no 
grupo e na instituição ou empresa. 
Vocês mesmos têm um papel quando estão na posição de alunos deste curso, e outro 
bem diferente quando estão ocupando suas funções profissionais. Muitos daqueles que, 
no trabalho, já ocupam posições de chefia e têm de deliberar sobre ações de terceiros e 
responsabilizar-se por inúmeras decisões, ao se sentarem na sala de aula 
automaticamente passam a adotar uma postura mais receptiva e menos deliberativa, na 
12 
 
medida em que estão aqui não para deliberar, mas para aprender e aperfeiçoar 
conhecimentos específicos. 
 
 
 Os conceitos de Posição e Papel têm importância fundamental na atividade de Gestão. 
De um lado, deve-se considerar que, ao se referir ao conjunto de deveres e 
responsabilidades, a Posição deve sempre estar muito clara e definida, incluindo-se aí a 
relação com outras esferas da empresa. 
Quanto ao Papel, uma vez definida a Posição, devemos sempre lembrar que, em função 
desta última, uma expectativa a nosso respeito será inevitavelmente criada por nossos 
subordinados e superiores. 
Deste modo, uma boa definição da Posição facilita a assunção do Papel. 
 
 
 
1.5.5: Liderança 
 
De modo geral, dá-se o nome de ​liderança ​à ​influência exercida por um membro do 
grupo aos demais. 
Para alguns pesquisadores da área social, a ​liderança depende da existência do grupo 
para se manifestar. Assim, afirmam que ninguém ​é líder – apenas ​atua ​como tal em 
determinadas situações. 
Para outros pesquisadores, no entanto, mais do que dizer respeito a um fenômeno grupal, 
a ​liderança ​está referida a um aspecto pessoal. 
Para os que acentuam o grupo, liderança pode ser sinônimo de prestígio, de realização de 
atividades importantes para o grupo, ou de uma relação emocional entre o líder e o grupo. 
Para os que acentuam o indivíduo, a liderança pode significar a posse de algumas 
características de personalidade, tais como domínio, controle emocional e da 
agressividade, empatia etc. 
 
A diversidade de noções contidas nestas acepções mostra a dificuldade de encontrar um 
único sentido para que o termo ​líder seja aceitável para todos os interessados no tema da 
liderança. 
 
Apesar disto, podemos levantar alguns pontos a partir do tema da ​liderança​: 
A liderança é chamada de ​informal ​quando ​o líder emerge naturalmente de dentro do 
grupo. Pode surgir em situações de emergência; como exemplo, podemos citar situações 
(inundações, incêndios etc) em que um grupo de pessoas se vê em apuros e acaba 
escolhendo um indivíduo como o mais apto para coordenar as tentativas de salvamento. 
Entretanto, a liderança informal pode surgir também em situações mais amenas, sendo 
comum que um time de futebol formado por amigos automaticamente se deixe liderar por 
um deles. 
 
A chamada ​liderança formal​, diferentemente da anterior​, ​ocorre quando a designação 
do líder é feita por uma instância superior. Num time de futebol, por exemplo, a 
liderança informal pode ganhar um caráter formal quando o líder informal é designado 
13 
 
‘capitão do time’ pelo treinador. Em outras situações, no entanto, pode haver confronto 
velado entre o líder formal e o informal de um grupo. 
 
A liderança pode, ainda, ser chamada de ​situacional​, na medida que ​alguém é 
escolhido como líder para um tipo específico de tarefa e não para outro. No caso de 
uma equipe de agentes de segurança, por exemplo, a prática da delegação de liderança 
situacional a um agente, por seu chefe ou supervisor, costuma ser comum, pesando na 
escolha de um membro em particular para esta posição suas aptidões específicas, 
atitudes e traços de personalidade. 
 
Vale também salientar que estudos desenvolvidos no campo da Psicologia Social e 
Organizacional classificam o ​estilo de liderança​ de três modos: 
​Autocrático​: neste estilo, ​o líder ou chefe toma sozinho a decisão e determina toda a 
atividade do grupo. De um modo geral, os líderes que adotam este estilo acreditam e 
apostam na autoridade de que são investidos. Centralizam em si as decisões e a 
determinação das tarefas e responsabilidades de cada um, sem colocá-las em questão 
com aqueles que vão executá-las. 
​Laissez-Faire ​(que significa ‘deixar rolar’ ou ‘deixar correr-solto’) ​ou ​Liberal​: neste estilo​, 
o líder outorga ao grupo de subordinados total liberdade de ação e decisão​. Na 
verdade, neste estilo são muito mais os indivíduos, e não o grupo como um todo, que 
tomam as decisões. 
​Democrático​: neste estilo, ​o grupo como um todo toma a decisão pelas ações​. O 
líder dirige o grupo com apoio e colaboração, interpretando e sintetizando o pensamento e 
os anseios de seus subordinados. 
 
Vale salientar que estes diferentes estilos de liderança tendem a se adaptar a diferentes 
tipos de atividade profissional. 
 
 
Os traços dos líderes 
As primeiras pesquisas sobre liderança procuraram identificar as características dos 
líderes. Muitos estudos procuraram verificar os traços físicos, intelectuais ou de 
personalidade do líder para compará-los aos de seus seguidores. Infelizmente, entretanto, 
os resultados obtidos ao longo de muitos anos de pesquisa acabaram se mostrando 
contraditórios e inconclusivos, até porque os traços evidenciados para o exercício da 
liderança num tipo de situação acabaram se mostrando diferentes dos de outro líder em 
situação diferente. 
Por conta disto, a seleção de líderes – especialmente para o comando de atividades e 
tarefas específicas – deve considerar a adequação de uma pessoa para o tipode função 
que vai desempenhar. 
Questões envolvidas nas situações em que é necessário designar um líder para 
comandar uma ação em especial (liderança situacional) fazem com que, muitas vezes, os 
Gestores de Segurança se decidam a encaminhar para um treinamento em chefia e 
liderança alguns de seus melhores subordinados. Sobre este ponto, vale a pena lembrar 
que: 
- Pouco se tem conseguido, em termos de aperfeiçoamento, através de projetos de 
treinamento que se limitam a apresentar as ‘regras de liderança’. 
14 
 
- Uma abordagem situacional no treinamento costuma dar melhores resultados. 
- Treinamentos em equipe também costumam gerar melhores resultados do que 
treinamentos individuais. 
 
 
1.5.6: Grupos de Trabalho 
 
É fácil deduzir, pelo que foi visto até aqui, que a interação das pessoas no grupo pode 
exercer forte influência no comportamento dos indivíduos dentro do grupo. 
O grupo pode influenciar o comportamento de seus membros de várias maneiras, tanto 
levando à maior coesão e produtividade, quanto ao oposto, ou seja, a sentimentos 
escassos de integração e baixa motivação para o trabalho, com decréscimo do 
desempenho do grupo como um todo. 
A ​coesão dos grupos varia muito de grupo para grupo, estando uns firmemente unidos e 
outros frouxamente ligados. 
Diferentes definições de ​integração ou ​coesão ​têm sido propostas. Apesar disto, pode 
ser considerado como um teste real de integração de um grupo a capacidade de, sob 
pressão, poder conservar sua estrutura de funcionamento. Em outras palavras​, um grupo 
demonstra estar realmente integrado quando consegue manter-se, sem 
desorganizar sua estrutura. Neste caso, a hierarquia é preservada e as funções 
específicas de cada um são respeitadas, especialmente ao atuar sob condições de 
pressão, tanto internas quanto externas. 
Do ponto de vista dos membros de um grupo, a integração é grande quando todos são 
leais ao grupo, esforçam-se para mantê-lo e estão de acordo quanto a seus objetivos e 
aos meios para realizá-los. 
 
 
Fontes bibliográficas: 
 
CARTWRIGHYT, D. / ZANDER, A. ​Dinâmica de Grupo - Pesquisa e Teoria. São Paulo, 
Herder Editora. 
PISANI, E. M., BISI, G.P., RIZZON, L. A., NICOLETTO, U. ​Psicologia Geral​. Petrópolis, 
Ed. Vozes, 1990. 
TIFFIN, J./ McCORMICK, E. J. ​ Psicologia Industrial.​ São Paulo, Herder Editora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II: 
PROCESSOS BÁSICOS DO COMPORTAMENTO 
 
 
 
Introdução: 
 
O caminho que percorremos até aqui concentrou-se em aspectos psicológicos referidos 
ao comportamento social dos indivíduos. Foram destacados tanto os elementos que 
formam a base do comportamento do indivíduo no grupo, quanto os fenômenos e 
processos que, nascidos da interação grupal, afetam o comportamento individual. 
 
Na Unidade do Programa que vamos agora iniciar, estaremos examinando o 
comportamento humano a partir de um outro ponto: nosso objetivo será o de destacar os 
processos psicológicos básicos que permitem que cada indivíduo conheça, compreenda, 
sinta e se movimente no ambiente à sua volta. 
 
Entender estes processos torna-se fundamental para o Gestor de Segurança, tendo 
em vista que é sempre com material humano que terá, fundamentalmente, que lidar. 
 
 
 
2.1: ​Percepção: 
 
Embora já tenhamos utilizado anteriormente o termo ​percepção – ​quando tratamos da 
percepção social​, ou seja, dos aspectos psicológicos que pesam na impressão primeira 
que fazemos a respeito dos demais – o uso que faremos aqui do termo ​percepção ​dirá 
respeito ao ​modo como apreendemos e interpretamos as sensações que nos 
chegam através dos órgãos dos sentidos. 
Se nossos sentidos podem ser considerados como nossas ‘janelas para o mundo’ ao nos 
trazerem informações, o fato é que não ‘lemos’ simplesmente as mensagens tal como nos 
são entregues. 
No caso da vista, por exemplo, não tomamos conhecimento do fato de que nossos olhos 
registram impressões de cabeça para baixo e invertidas da esquerda para a direita, e que 
estas imagens mudam continuamente enquanto nossos olhos se movem. Tampouco 
temos consciência de nosso cérebro recebe duas imagens diferentes, uma de cada olho. 
O fato é que ​as informações recebidas por nossos órgãos dos sentidos são 
elaboradamente transformadas, de modo a percebermos o mundo de maneira 
organizada em relação a certos padrões de sentido. 
16 
 
 
 
A ​percepção define-se como o processo de organizar e interpretar os dados 
sensoriais recebidos (​sensações​), para desenvolvermos tanto a consciência do 
ambiente que nos cerca, quanto a consciência de nós mesmos. Percepção implica, 
portanto, em interpretação. 
A ​percepção ​inclui sensações acompanhadas de significados que lhes atribuímos como 
resultado de nossa experiência anterior. Dito de outro modo, na percepção nós 
relacionamos os dados sensoriais com nossas experiências anteriores, o que lhes confere 
significado. 
Falar em experiência anterior implica em falar de aprendizagem. Prova disto é o fato de 
estímulos idênticos serem percebidos de modo tão distinto por indivíduos de diferentes 
sociedades. Uma criança esquimó, por exemplo, é capaz de distinguir numerosos tipos de 
neve. Indo mais longe, sabemos o quanto o treinamento especializado é capaz de 
aprimorar a percepção: os radiologistas, por exemplo, são capazes de identificar pontos 
específicos nas imagens acinzentadas de um Raio-X; um estudioso em sócio-linguística 
pode distinguir e identificar claramente o local de origem de um falante. Da mesma forma, 
espera-se que um agente de segurança possa, por exemplo, perceber, antes dos demais, 
os indícios de eclosão de um delito ou tumulto. 
 
A percepção supõe algumas ​atividades cognitivas​.​ Dentre elas: 
- A ​a​tenção​: ​na fase primária do processo perceptivo, a pessoa decide para o que 
irá ​atentar. Sempre que se presta ​atenção é mais fácil encontrar sentido nas 
informações. 
- A ​memória também entra no processo perceptivo de diversas formas. Afinal, para 
decifrar o sentido de uma informação, é necessário comparar continuamente estes 
dados com aqueles referidos às lembranças de experiências semelhantes. 
 
Além destas atividades cognitivas, o ​estado psicológico de quem percebe também se 
constitui num fator determinante da percepção. Em outras palavras, ​os ​motivos, 
emoções e expectativas ​fazem com que a pessoa perceba preferencialmente certos 
estímulos do meio ambiente. Assim, quem estiver procurando um indivíduo de camisa 
vermelha em meio à multidão, tem uma disposição perceptiva temporária para 
vestimentas vermelhas. Do mesmo modo, quem tem fome sente-se mais atraído por 
estímulos comestíveis e tende a percebê-los mais facilmente. A mesma coisa acontece 
com tendências relativamente permanentes, como os interesses profissionais das 
pessoas: por exemplo, ao visitarem uma mesma cidade, um médico, um botânico, um 
arquiteto e um especialista em segurança pública dificilmente nos darão, desta cidade, 
uma mesma descrição. Aspectos da situação percebidos por um acabam passando 
completamente despercebidos paraoutros. Também é verdade, no plano das 
expectativas, por exemplo, que quando estamos esperando alguém chegar, podemos 
‘ouvir’ esta pessoa chegando várias vezes antes que ela apareça. Do mesmo modo e pela 
mesma razão, em uma leitura podemos não nos dar conta da falta de certas palavras ou 
da troca de algumas letras, porque esperamos naturalmente que elas estejam presentes. 
 
Complemento 1: 
Um fator psicológico que influi, em muito, no nosso desempenho e interfere no agenciamento de acidentes de trabalho é a 
atenção. Em pesquisa recente, Daniel Goleman (2014, “Foco”, Editora Objetiva) reconhece que “diante de tantas distrações 
17 
 
trazidas pelas redes sociais, smartphones etc, está cada vez mais difícil conseguir se concentrar”. Para este pesquisador, 
“como consequência de uma geração que interage mais com máquinas do que com pessoas, as empresas precisam ficar 
mais atentas e passar a ensinar seus funcionários a se concentrarem mais no que estão fazendo” (fonte: Jornal O Globo, 
02/02/2014 – oglobo.com.br/boachance). 
Se não podemos discordar das impressões do pesquisador, a pergunta que fazemos é: como ensinar funcionários a ter 
mais concentração, se a atenção e a concentração estão ligadas a questões emocionais – ansiedade, medo, otimismo, 
pessimismo etc? Por outro lado, podemos reconhecer que o pesquisador tem o mérito de levantar um ponto importante 
referido à atenção. Diz ele: “há um paradoxo sobre a atenção: não prestamos muita atenção a ela. O conteúdo da nossa 
atenção costuma estar voltado para aquilo em que estamos pensando, à tarefa que estamos realizando, aos nossos 
objetivos, mas nunca à atenção em si. Pode soar estranho, mas não prestamos atenção à atenção” (fonte: Jornal O Globo, 
02/02/2014 – oglobo.com.br/boachance). Aqui, então, uma sugestão importante para todos: prestar mais atenção na 
atenção. Isto e possível e é viável, sinalizando os momentos em que nos distanciamos – emocionalmente – daquilo que 
deve, profissionalmente, ser o foco de nossa atenção. 
Este aspecto da dispersão e da falta de atenção levou, recentemente, as empresas da construção civil de Brasília, em 
parceria com o Sindicato da Construção Civil, a limitarem e restringirem o uso de fones de ouvido e aparelhos celulares no 
canteiro de obras (http://www.seconci-df.org.br/site/html/jornais/SeconciCartilha_WEB.pdf). 
No trânsito, o uso de celulares ao dirigir também é proibido. Vamos às razões: ao atender o celular em quanto dirige, o 
motorista está usando a audição e não a atenção dirigida para guiar o carro. “Dizer que é fácil fazer as duas coisas ao 
mesmo tempo não é verdade: o cérebro precisa fazer contas, calcular ações e desviar a atenção do controle visual e motor 
para o auditivo. As reações ficam mais lentas e isso propicia a ocorrência de acidentes. A audição é decodificada em uma 
área no cérebro e a visão, em outra. Ou seja, ele faz duas coisas quando deveria fazer uma só”, explica o oftalmologista 
Eduardo de Lucca, que integra o corpo clínico do IMO (Instituto de Moléstias Oculares) 
(http://www.celulares.etc.br/celulares-e-transito-por-que-e-tao-perigoso-dirigir-e-falar-ao-celular-ao-mesmo-tempo.html). 
Para os especialistas que se dedicam ao tema, “com o celular no ouvido, o motorista reage de forma mais lenta. Dificilmente 
olha para o retrovisor, assume uma trajetória errática na via, reduz ou ultrapassa a velocidade compatível com o tráfego. 
Avança o sinal, tem dificuldade para trocar marchas e simplesmente não vê as placas de sinalização no trânsito. Cada uma 
dessas situações já poderia desencadear um acidente. Agora imagine o potencial de estrago da combinação delas...”, 
afirma o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares 
(http://www.celulares.etc.br/celulares-e-transito-por-que-e-tao-perigoso-dirigir-e-falar-ao-celular-ao-mesmo-tempo.html). 
Estes exemplos nos mostram a importância da atenção e o perigo que a ausência desta representa, especialmente quando 
as atividades laborais envolvem algum tipo de risco implícito, seja no uso de máquinas, equipamentos e elementos 
químicos potencialmente perigosos. (extraído de Palestra sobre Prevenção de Acidentes de Trabalho. Angela Utchitel) 
 
Chamamos de ​ilusões às interpretações falsas da realidade. Ilusões e alucinações são 
fenômenos diferentes. A ​alucinação ​é uma experiência sensorial sem a existência de um 
objeto. 
As ilusões perceptivas são relativamente comuns porque tendemos a acreditar mais na 
nossa experiência anterior do que nas informações fornecidas pelos sentidos. 
 
Ainda que a ​percepção seja marcada por tantas variáveis na sua expressão individual, 
ela diz respeito a um processo cognitivo que resulta de uma série de princípios 
universais e praticamente invariáveis​. 
A ​constância perceptiva​, por exemplo, permite que percebamos um objeto com todas as 
suas propriedades (tamanho, cor, forma etc), independentemente da distância que nos 
separa dele e da luminosidade que incide sobre ele. Por esta razão, ao olharmos do alto 
de um edifício para os carros que trafegam na rua, não interpretamos que os carros 
diminuíram de tamanho, apesar da imagem retiniana que captamos. Do mesmo modo, 
vemos uma moeda como redonda mesmo quando a vemos lateralmente. A constância 
perceptiva está intimamente associada à aprendizagem. 
Um segundo princípio da organização perceptiva é denominado ​Relação Figura-Fundo​. 
Por causa desta relação, os objetos são apreendidos de modo integrado, e não como uma 
mera soma de estímulos. Qualquer percepção que tenhamos – visual, auditiva, tátil etc – 
é organizada por esta relação figura-fundo. Afinal, para que possamos perceber qualquer 
coisa, é preciso, primeiro, que esta coisa (figura) se destaque de um todo (fundo). 
No estabelecimento do que será ​figura ​para cada um de nós numa percepção, pesam 
aqueles fatores anteriormente já mencionados: motivos, emoções, interesses e 
expectativas. ​Na referência ao treinamento de agentes de segurança, sugere-se que 
18 
 
eles sejam orientados a alternar os planos de seu olhar em relação à área a ser 
vigiada (mais perto / mais longe), precavendo-se do risco de não perceber condutas 
e movimentos mais distanciados do foco natural de seu olhar. 
 
Os aspectos aqui arrolados sobre a ​percepção permitem entender sua importância no 
campo da Segurança: 
. Para os Gestores, a importância reside justamente no fato de poderem compreender a 
complexidade do processo perceptivo e suas inevitáveis variações individuais. Além disto, 
permite entender porque ​percepção e atenção andam juntas​, fazendo da última uma 
aptidão sempre desejável nos agentes. 
 
 
Fontes bibliográficas​: 
DAVIDOFF, L. ​Introdução à Psicologia​.São Paulo, McGraw-Hill, 1983. 
PISANI, E. M., BISI, G.P., RIZZON, L. A., NICOLETTO, U. ​Psicologia Geral​. Petrópolis, 
Ed. Vozes, 1990. 
 
 
 
2.2: ​Emoção 
 
Não é fácil conceituar a emoção. Não podemos observá-la diretamente. Inferimos sua 
existência através do comportamento. 
O termo ​emoção​ ​é usado com referência aos sentimentos e estados afetivosem geral. 
A maioria dos estudiosos admite a presença de ​dois aspectos em toda emoção​: 
a) experiência subjetiva ligada às cognições (pensamentos) e 
sensações (prazer ou desprazer) 
b) expressividade que se manifesta através de uma série de 
respostas (verbais, gestuais) que são acompanhadas de reações 
fisiológicas (batimentos cardíacos, tensão corporal etc). 
 
 
Portanto: 
Emoções são estados internos caracterizados por cognições, sensações, reações 
fisiológicas e comportamento expressivo específicos. Tendem a aparecer de forma 
súbita e ser de controle difícil. 
A ​ansiedade e a raiva são alguns estados emocionais básicos e, ao longo de nosso 
desenvolvimento, geralmente aprendemos a expressar nossas emoções. A expressão 
equilíbrio emocional ou ​controle emocional costuma ser usada na referência aos 
indivíduos que apresentam formas socialmente aceitas de expressão emocional. O desvio 
acentuado em relação às normas sociais estabelecidas para a expressão das emoções 
pode ser sinal de desajuste emocional. 
 
 
Três indicadores são usados para identificar as emoções​: 
 
a) Relatos verbais​ fala ou escrita a respeito daquilo que é sentido. 
19 
 
b) Observação do comportamento observação dos gestos, da postura corporal, 
expressão facial etc. 
c) Indicadores fisiológicos dizem respeito à verificação das alterações fisiológicas 
e orgânicas que ocorrem durante os estados de emoção. Os principais indicadores 
fisiológicos são: 
. aumento da condutividade elétrica da pele 
. alteração na pressão, volume e composição do sangue 
. mudança no ritmo cardíaco 
. aumento da exsudação cutânea (sudorese) 
. mudança na dimensão das pupilas 
. alteração na secreção das glândulas salivares 
. tensão e tremor musculares 
 
 
A palavra ​temperamento ​é freqüentemente usada para designar as diferenças individuais 
na expressão das emoções. Em função disto, é freqüente ouvirmos que fulano é ‘frio’ ou 
que sicrano tem um temperamento ‘esquentado’. Tais expressões tentariam dar conta das 
diferenças pessoais na expressão das emoções, definindo fulano como alguém pouco 
emotivo e sicrano como alguém mais intenso e agressivo. 
 
Se tentarmos analisar a ​relação entre ​emoção e desempenho​, veremos que a influência 
das emoções sobre o desempenho se dá de modo que a excitação emocional, até um 
determinado grau, melhora o desempenho. Este fato explica porque é comum os 
treinadores e técnicos esportivos fazerem uma preleção antes do jogo de seu time, 
preleção esta que inclui, invariavelmente, um certo incentivo à rivalidade para com o time 
adversário. Este procedimento é comum também em equipes policiais e tem por intuito 
despertar entre os membros uma certa indignação em relação a ato praticado por uma 
quadrilha, fugitivo ou acusado. No campo específico da segurança privada, este 
procedimento se aplica a situações extraordinárias (em que a prevenção dá lugar à 
investigação) e pode ser aplicado em reuniões de estabelecimento de rotinas, com vistas 
a sensibilizar os vigilantes para a importância de seu trabalho. 
 
É importante ressaltar, no entanto, que ​além de certo grau, a emoção tende a 
prejudicar o desempenho, interferindo, principalmente, no funcionamento normal 
das faculdades mentais e capacidades motoras. No campo da segurança, por 
exemplo, situações que impliquem em risco, podem afetar a atividade motora, a 
capacidade de mira, a percepção dos fatos, além da memorização dos acontecimentos e 
o próprio relato posterior dos acontecimentos. 
 
Complemento 2: 
 
Um elemento emocional muito presente na nossa vida – na vida de praticamente todos nós – é a ansiedade. A ansiedade 
corresponde a um mal-estar difuso, aparentemente sem explicação, mas causador de desconforto e, às vezes, de 
alterações orgânicas: palpitação, sudorese etc. Pois bem, a ansiedade costuma ser gerada por fatores emocionais que, via 
de regra, não dominamos e não controlamos do ponto de vista da consciência. A ansiedade, quando potencializada e 
intensa, afeta nosso desempenho, prejudicando-o. Mas, se a ansiedade está presente na vida da grande maioria dos 
humanos – os níveis de ansiedade é que variam, de mais leves a mais intensos – o medo (outro fator que interfere no nosso 
comportamento e desempenho) é outra coisa. 
20 
 
O medo, diferentemente da ansiedade, é causado por algo real e, ao mesmo tempo que nos protege, fazendo com que 
tenhamos reações de fuga face ao perigo, também faz com que nos atrapalhemos e interrompamos nosso raciocínio e 
nosso desempenho. (extraído de Palestra sobre Prevenção de Acidentes de Trabalho. Angela Utchitel) 
 
Em situações de interrogatório e acareação, é comum os investigadores atentarem para 
os sinais capazes de revelar se o interrogado está falando a verdade ou se está mentindo. 
Vale, nestas ocasiões, observar atentamente a presença de alguns indicadores 
fisiológicos (gestos repetidos, tiques, sudorese, alterações respiratórias) e se as respostas 
se coadunam com uma rede coerente de idéias. Vale lembrar, também, que pessoas 
inocentes, mas muito ansiosas, tendem a se deixar afetar nestas situações, não por 
estarem mentindo, mas porque estão sob forte tensão emocional. 
 
É este mesmo ponto que torna o uso do ​Polígrafo ou ​Detector de Mentiras ​tão 
discutido. Este aparelho, inventado em 1930 por Leonard Keller, baseia-se no registro de 
reações fisiológicas autônomas (ritmo de respiração, ritmo cardíaco, pressão sanguínea, 
temperatura da pele e resposta galvânica da pele) à situações provocadoras de emoções. 
A estrutura de um interrogatório com o uso do Polígrafo iremos estudar mais tarde. Por 
ora, vale pensar que há criminosos que não sentem ansiedade e culpa. Por outro lado, 
como já indicamos, há pessoas ansiosas que podem ter dificuldade em atestar sua 
inocência apenas a partir dos indicadores fisiológicos. 
 
Fontes bibliográficas: 
DAVIDOFF, L. ​Introdução à Psicologia​.São Paulo, McGraw-Hill, 1983. 
PISANI, E. M., BISI, G.P., RIZZON, L. A., NICOLETTO, U. ​Psicologia Geral​. Petrópolis, 
Ed. Vozes, 1990. 
 
 
 
2.3: ​Aprendizagem 
 
 
As reações dos seres humanos ao longo da vida vão sendo continuamente modeladas 
por ​processos de aprendizagem​. Estes ocorrem sem que haja necessariamente uma 
tentativa ou intenção deliberada de aprender, isto é, de mudar o comportamento. 
 
 
De um modo geral, a ​aprendizagem ​é definida como uma mudança relativamente 
duradoura no comportamento, induzida pela experiência. Claramente, entendemos 
que a aprendizagem incide desde muito cedo em nossas vidas: aprendemos a falar, a 
andar, a subir escadas, a escrever, a ler, a raciocinar etc. Aprendemos, também, a andar 
de bicicleta e a nadar, e continuamos aprendendo ao longo da vida, em função daquilo 
que escolhemos como atividade profissional. Assim, enquanto alguns escolhem aprender 
a desenhar, projetar prédios ou estradas e a calcular forças e densidade dos materiais 
para construir casas, prédios ou pontes, outros escolhem aprender a manejar 
instrumentos cirúrgicos, a conhecer em detalhes a anatomia humana, a distinguir nas 
imagens produzidas por um aparelho de ultrassomou de Raios X aquilo que permite 
chegar a um diagnóstico. 
21 
 
Do mesmo modo, um Gestor de Segurança está inserido num campo de saber que 
inclui aprendizagem técnica específica; seus subordinados, por sua vez, devem 
também ser portadores de conhecimentos e habilidades específicas​. 
 
 
Ao tratarmos do tema da aprendizagem a seguir, estaremos mapeando as diferentes 
formas de aprendizagem que a Psicologia já pôde identificar. Veremos, através destas 
formas, que ​não aprendemos as coisas sempre da mesma maneira​. Dependendo do 
tipo de atividade a ser aprendida, um tipo de processo de aprendizagem será requisitado. 
Antes, contudo, de passarmos à caracterização destes diferentes processos de 
aprendizagem, é importante atentar para o fato de que ​a aprendizagem não pode ser 
diretamente observada, tendo em vista que é um processo que ocorre dentro do 
organismo. Deste modo, o que de fato podemos observar é o ​Desempenho​. Este, sim, 
pode ser medido e avaliado. 
 
Outro ponto importante a ser salientado é que as mudanças de comportamento 
observadas numa pessoa não podem ser atribuídas exclusivamente à aprendizagem. O 
cansaço, a motivação, o uso de drogas e as emoções também alteram, por exemplo, o 
comportamento e, conseqüentemente, o desempenho. Entretanto, em contraste com a 
aprendizagem, os efeitos da fadiga, das drogas, da motivação e das emoções tendem a 
ser breves. 
 
 
 
Processos ou tipos de aprendizagem: 
 
a) Condicionamento Clássico: 
É o tipo de aprendizagem decorrente da associação de um estímulo inicialmente 
neutro a um tipo de resposta específica do indivíduo. 
Nos animais domésticos, é muito fácil observar este tipo de aprendizagem: nossos 
cães e nossos gatos rapidamente associam determinados sons da cozinha ou do saco 
de ração ao fato de ser o momento em que serão alimentados. Assim, não precisam 
necessariamente sentir o cheiro do alimento para salivarem. 
Em nossas atividades da vida prática, este tipo de aprendizagem também é muito 
comum. Associar a luz vermelha do sinal de trânsito ao movimento de pisar no freio 
quando estamos dirigindo é efeito da aprendizagem por condicionamento clássico. 
Na atividade de segurança, todos os hábitos desenvolvidos pelos agentes, em 
função de sinais ou percepções específicas, assim como a automatização de 
procedimentos provavelmente surgirão como conseqüências da aprendizagem 
por condicionamento clássico. 
 
b) Condicionamento Operante: 
Este tipo de aprendizagem ocorre quando uma ação nossa é reforçada por uma 
situação favorável ou pelo elogio proferido por uma outra pessoa. A aprendizagem, 
neste caso, diz respeito a uma modificação na freqüência de uma resposta ou ação. 
Entretanto, da mesma forma que a resposta ou ação pode ter a freqüência aumentada 
22 
 
pelo elogio, pode ter a freqüência diminuída se o resultado esperado da ação não for 
nem tão bom, nem elogiado por terceiros. 
Por esta razão, no exercício da atividade de liderança junto a supervisores e agentes, 
cabe aos gestores avaliar periodicamente as ações de seus grupos e 
subordinados, valorizando as ações bem-sucedidas e chamando a atenção do 
grupo para as causas das ações mal-sucedidas ou inócuas​. 
 
c) Aprendizagem por Ensaio-e-Erro​: 
Este tipo de aprendizagem se caracteriza pela eliminação gradual das tentativas que 
levam ao erro e à manutenção dos comportamentos que tiveram o êxito desejado. O 
Ensaio-e-Erro, diferentemente do Condicionamento Operante, envolve a intenção do 
aprendiz desde o início. Este tipo de aprendizagem é o mais comum no 
desenvolvimento de habilidades motoras. É por Ensaio-e-Erro que aprendemos, por 
exemplo, a andar de bicicleta. ​É por Ensaio-e-Erro que nossos agentes aprendem 
a atirar com alto grau de precisão. 
 
d) Aprendizagem por Imitação ou Observação​: 
É um processo de aprendizagem resultante da observação dos atos de uma outra 
pessoa, escolhida ou destacada como modelo. Observando-se mutuamente as 
pessoas adquirem um vasto número de comportamentos que incluem uso de 
vocabulário, estilos de discurso, rotinas físicas, procedimentos, desempenho de 
papéis etc. ​Colocar um subordinado novato acompanhando um veterano 
costuma ser rotina nos órgãos governamentais de segurança pública. Não há 
porque ser diferente na segurança privada. 
 
e) Aprendizagem por ​Insight: 
Insight é o termo utilizado para designar uma mudança repentina no desempenho. 
Popularmente, ‘insight’ significa ‘estalo’. A presença de uma solução por ​insight não 
exclui a presença de outras formas de aprendizagem. Entretanto, o ​Insight surge 
como a resposta certa para a resolução de uma situação complexa e pode contar com 
os seguintes elementos facilitadores: dispor, previamente, de todos os elementos 
componentes da solução; presença de uma motivação razoavelmente forte para 
resolver o problema; nível de inteligência favorecido. ​Pode-se pensar que a solução 
de uma investigação, muitas vezes, resulta de um processo de ​Insight, na 
medida em que esta solução, frequentemente, implica, simplesmente, em poder 
juntar, corretamente, todas as peças disponíveis. 
 
f) Aprendizagem por Raciocínio: 
O raciocínio é considerado um processo análogo ao Ensaio-e-Erro, mas de natureza 
mental. O processo de raciocínio inicia-se a partir de uma motivação relacionada à 
necessidade de resolver um problema. Segue-se uma análise para determinar em que 
consiste a dificuldade e formulam-se hipóteses, ou seja, sugestões de soluções ou 
possibilidades de soluções. À hipótese mais adequada será aplicado um procedimento 
para solucionar o problema. 
Pode-se pensar que ​a atividade de Gestão de Segurança inclui o raciocínio, 
especialmente quando cabe ao Gestor – junto a seus pares, ou com seus 
23 
 
subordinados – trabalhar com logística e/ou definir novas estratégias de ação 
ou novos procedimentos em função de dificuldades, sinistros ou impasses. 
Cabe, ainda, ressaltar que estudos experimentais sobre o tema sugerem que: 
- a memorização de informações não atrapalha a capacidade de raciocinar, sendo 
mesmo um requisito importante para a habilidade de raciocinar; 
- experiências anteriores bem sucedidas a partir de um raciocínio aplicado a um 
problema torna mais provável o uso do raciocínio em novas situações; 
- a rigidez de pensamento é um fator que dificulta o raciocínio, ao passo que a 
flexibilidade facilita o raciocínio. 
 
Complemento 3: (Notas sobre Flexibilidade) 
 
- Flexibilidade - O ritmo e a competitividade do mercado de trabalho, obriga a estarmos permanentemente preparados para 
a mudança. Saber decidir com rapidez, estar aberto a novas ideias e modos de trabalho, ter facilidade em assumir funções 
fora das suas tarefas habituais, cada vez mais imprescindíveis (Job Rotation). 
http://www.psicologia.pt/profissional/emprego/ver_artigo.php?id=114&grupo=1 
- Todos temos tendência natural para fazer as coisas da forma que nos são mais fáceis ou familiares, e isto não tem 
problema nenhum. No entanto, para determinadas situações ou cenários pode ser redutor e apresentar-se como um 
obstáculo à realização de alguns objetivos ou tarefas.http://www.escolapsicologia.com/como-melhorar-a-sua-flexibilidade-de-pensamento/ 
- A flexibilidade é uma competência emocional que compõe 2/3 das competências necessárias para conseguirmos êxito em 
nossas vidas. Liderança, desafio e flexibilidade estão intrinsicamente ligados. 
A revista Você S/A, na sua edição 165 de março de 2012, aponta as competências que as empresas mais buscam nos 
candidatos. A flexibilidade é a mais requisitada seguida da boa comunicação, liderança, alta energia e pensamento 
estratégico. Esta capacidade de adaptação se torna fundamental no atual cenário de negócios, onde as empresas 
percebem a necessidade de adequação frente às constantes mutações. Passa a ser uma competência imprescindível na 
composição das equipes profissionais. 
Quando Raul Seixas compôs: “Prefiro ser essa Metamorfose Ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre 
tudo” retratou bem a importância que a flexibilidade exerce sobre o desenvolvimento humano. Flexibilidade é uma palavra 
que vem do latim tardio “flexibilitare” e significa, em seu sentido mais amplo, capacidade de adaptação, seja a situações 
voláteis ou na superação de obstáculos. 
Os líderes adaptáveis são capazes de lidar com várias demandas simultaneamente sem perder seu foco ou energia, e 
sentem-se à vontade com as ambiguidades inevitáveis da vida organizacional. Podem ser flexíveis na adaptação aos novos 
desafios, ágeis na adequação à mudança contínua e maleáveis em suas ideias diante de novas informações ou realidades. 
Esses indivíduos são abertos a reflexões sobre novas ideias, sendo também favoráveis a alterações que propiciem 
melhorias. Não descartam ajustes estratégicos ou novos rumos, desde que passem pelo crivo coerente da análise apoiada 
na flexibilidade. Afinal, ser flexível não é desfazer-se dos questionamentos ou avaliações muitas vezes indispensáveis na 
tomada de decisões que implicam no cumprimento das atividades. 
Cada vez mais esses profissionais são procurados pelas empresas, pois se tratam de indivíduos que realmente agregam 
valor, devido a sua postura receptiva a mudanças. São esses os indivíduos capazes de rever posições, conceitos, 
planejamentos, estratégias e atitudes.​ ​http://www.progresso.com.br/opiniao/flexibilidade-uma-competencia-emocional 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE III 
ESTRUTURA E DINÂMICA DA PERSONALIDADE 
 
Introdução 
 
Muito provavelmente, todos vocês já ouviram um pai orgulhoso dizer que seu filho tem 
‘muita personalidade’. Certamente também já ouviram de alguém, geralmente ressentido 
com outra pessoa, dizer sobre esta que ela ‘não tem personalidade. O que estas pessoas 
24 
 
estão querendo dizer? Pode ser que o pai esteja dizendo que seu filho exerce uma 
influência marcante sobre os amigos, e que a outra pessoa, quem sabe, está querendo 
afirmar que seu conhecido não sustenta suas opiniões em todas as situações. 
O que parece claro, nestes exemplos, é que a palavra ​personalidade está sendo usada de 
modo informal, estando referida a um atributo ou característica da pessoa. Assim, o termo 
personalidade​, em seu sentido comum e não científico, estaria ligado à impressão que 
cada um causa nos outros. 
 
E ​os psicólogos, o que entendem por ​personalidade​? 
Entendem o termo de maneira múltipla, variando as perspectivas em função daquilo que é 
privilegiado como estando no centro da questão. 
Assim, para a Psicologia, a ​Personalidade​ ​pode estar referida: 
1- Aos vários traços e características do indivíduo, tanto inatos quanto adquiridos, 
referindo-se o termo ​personalidade​ a tudo que somos. 
2- Aos hábitos e características adquiridos como resultado de interações sociais que 
promovem o ajustamento do indivíduo ao meio social. Neste caso, não só a 
personalidade se manifestaria em situações sociais, como seria impensável falar 
de ​personalidade​ sem considerar os contextos sociais. 
3- Àquilo que organiza, integra e harmoniza todas as formas de comportamento de 
um indivíduo, determinando-lhes um certo grau de coerência. A ​personalidade 
ganha, aqui, a dimensão de um conceito dinâmico​, ​sendo a personalidade de um 
indivíduo sempre capaz de receber novas influências e adaptar-se a novas 
circunstâncias. 
4- À realidade individual, que marca e distingue um ser do outro. A ​personalidade ​é 
aqui concebida a partir do conjunto de todos os aspectos próprios do indivíduo, 
pelos quais ele se distingue dos outros. 
 
 
A partir de todas estas concepções, pode-se dizer que a Psicologia entende por 
Personalidade ​o conjunto total de características próprias a cada indivíduo, 
características que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage 
costumeiramente ao meio. 
 
Em outras palavras, a ​personalidade está referida a padrões relativamente constantes e 
duradouros que permitem a um indivíduo, perceber, pensar, sentir e comportar-se e que 
parecem dar às pessoas identidades separadas. 
O conceito de ​personalidade é um dos mais amplos em Psicologia, abrangendo 
praticamente todos os tópicos estudados por esta ciência. 
 
3.1: ​A formação da personalidade 
 
A ​configuração da personalidade de um indivíduo desenvolve-se a partir de fatores 
genéticos e ambientais. 
Os ​fatores genéticos estão referidos à carga de gens que respondem pela estrutura 
orgânica e pelos processos maturacionais. Estes últimos marcam o crescimento físico e o 
desenvolvimento fisiológico em diferentes momentos da vida, gerando progresso e 
involução em relação a alguns aspectos. Assim, da carga genética depende a eclosão, 
25 
 
por exemplo, de caracteres sexuais no corpo, bem como a determinação da cor da pele, 
dos cabelos e mesmo da altura. A hereditariedade não se constitui em causa direta do 
comportamento e sua influência se dá de forma indireta, através das estruturas orgânicas 
pelas quais respondemos aos estímulos. 
Os ​fatores ambientais incluem tanto o meio físico como o social. Além das condições 
físicas e ambientais que exercem influência sobre o desenvolvimento da personalidade, 
cabe salientar que a forma pela qual uma criança é esperada – aquilo que se diz sobre ela 
e o lugar que lhe é reservado no contexto familiar – é determinante na formação de sua 
personalidade. Deste modo, porque ‘somos falados’, antes mesmo de nascermos e de 
aprendermos a falar, nossa personalidade é muito mais determinada pela linguagem do 
que por aquilo que nos marca em termos orgânicos. 
 
Muitos psicólogos são unânimes em considerar que as primeiras experiências na vida de 
uma pessoa são as mais importantes na formação da personalidade. Freud e a maioria 
dos estudiosos nos informam como a estrutura da personalidade é fixada nos primeiros 
cinco anos de vida. 
Neste período, deslizamos não só de uma fase de indiferenciação dos objetos do mundo 
para uma outra fase, em que os objetos da realidade passam a fazer parte de nossa 
realidade psíquica. Neste período, dependemos integralmente do outro que cuida de nós, 
mas, só aos poucos, vamos começando a distinguir este outro como alguém de quem 
dependemos para viver. 
A identificação deste

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